Capítulo 6
Vitani desviou o olhar para o horizonte, onde o céu começava a tingir-se de tons alaranjados e rosados.
— É estranho... Passei tanto tempo lutando e odiando. Agora que finalmente há paz, não sei o que fazer comigo mesma. — Confessou, sua voz carregada de incerteza.
Sarabi a observou com um olhar compreensivo.
— A paz traz desafios diferentes, Vitani. Às vezes, é mais difícil encontrar seu lugar em tempos tranquilos. Mas você já faz muito pelo reino. Seu valor não se resume a batalhas.
Vitani sorriu, embora de forma hesitante.
— Acho que ainda estou aprendendo isso. Quando a luta é tudo o que se conhece, mudar é... complicado.
Sarabi assentiu, os olhos sábios fixos na jovem leoa.
— Complicado, sim, mas não impossível. O fato de você estar aqui, falando sobre isso, já é um passo. Encontrar seu lugar leva tempo, mas você conseguirá.
O silêncio recaiu entre elas novamente, mas era um silêncio mais leve, carregado de entendimento. Vitani respirou fundo e fechou os olhos, deixando que o vento embalasse seus pensamentos. Finalmente, voltou a encarar Sarabi com determinação renovada.
— Talvez eu possa ajudar Simba e Nala mais de perto. O reino sempre precisa de protetores, mesmo em paz.
—Você seria perfeita para isso. — Sarabi sorriu, satisfeita.
Nesse momento, um grito estridente cortou o ar. As leoas se ergueram imediatamente, os instintos alertas. Não demorou para que Simba, Nala, Kovu e Kiara surgissem correndo na direção do som.
— O que foi isso? — Kovu questionou, os músculos tensos.
Simba olhou para a direção do chamado.
— Parece que veio das Terras do Fogo. Vamos averiguar.
Sem hesitação, Vitani deu um passo à frente.
— Vou com vocês.
Simba assentiu, confiante.
— Precisamos de todas as forças. Vamos.
Em poucos instantes, o grupo partiu em disparada, a savana passando veloz sob suas patas enquanto o céu começava a escurecer, nuvens pesadas se formando no horizonte. O vento agora carregava um cheiro metálico e amargo, um prenúncio de perigo.
Enquanto corriam, Kovu trocou um olhar firme com Kiara.
— Fique perto de mim.
Ela sorriu desafiadora.
— Só se você conseguir me acompanhar.
Ele respondeu com um sorriso tenso, mas o brilho nos olhos mostrava orgulho pela coragem dela.
O grupo atravessou a savana até que um brilho avermelhado iluminou o céu distante. Chamas altas e dançantes marcavam o território hostil das Terras do Fogo. As sombras grotescas dos arbustos queimados oscilavam sob a luz pulsante, criando um cenário ameaçador.
Vitani arregalou os olhos.
— O fogo voltou? Mas estávamos em época de chuvas!
Nala franziu o cenho.
— Isso não é um incêndio comum. Alguém provocou isso.
Simba rosnou baixinho, os olhos atentos às sombras.
— Se for o que estou pensando... temos um velho inimigo por perto.
O grupo avançou, os corações acelerados pela tensão. O fogo rugia ao redor, e o calor era sufocante. Em meio às chamas e ao caos, uma figura emergiu: um leão cinza grande e musculoso, com cicatrizes que marcavam um passado violento. Seus olhos âmbar brilhavam com um ódio antigo.
— Finalmente nos encontramos, Simba — rugiu a voz rouca.
Simba encarou o estranho com um olhar duro.
— E quem seria você?
O leão sorriu, um sorriso frio e ameaçador.
— Meu nome é Hadari. Eu servi sob Scar. E vim reclamar o que é meu por direito.
Kovu avançou um passo.
— Scar está morto. E o reino pertence a Simba.
Hadari rosnou.
— Scar foi traído, mas seu legado ainda vive. Vou derrubar essa falsa paz e retomar o que deveria ser nosso.
Simba ergueu a cabeça, postura firme.
— O reinado de Scar trouxe dor e destruição. Você não encontrará apoio aqui.
Hadari deu um passo à frente, as chamas projetando sombras sinistras sobre ele.
— É o que veremos.
O rugido que se seguiu reverberou pela savana, um chamado de guerra ecoando pelo reino.
A batalha estava para começar.
O rugido de Hadari ecoava ainda nos ouvidos de todos quando as sombras ao redor começaram a se mover. Leoas surgiram dentre a vegetação queimada, os olhos brilhando sob a luz das chamas. Eram ágeis, fortes, e cada uma carregava no corpo as marcas de batalhas passadas. Do outro lado, as leoas de Simba — lideradas por Nala, Vitani e Kiara — avançaram com firmeza, formando um círculo protetor ao redor de seus líderes.
Nala e Kiara fixaram seus olhares adiante, observando as leoas adversárias se aproximarem. Mas algo em especial chamou sua atenção: uma figura mais imponente se destacava entre as guerreiras de Hadari. Era uma leoa prenha, mas não por isso menos feroz. Seu corpo estava coberto de cicatrizes que atravessavam seu rosto e flancos, seu olhar era frio e cruel, olhos escuros e intensos que brilhavam com fúria contida.
Ela caminhou com altivez até Hadari, parando ao seu lado com a postura de uma rainha em meio à guerra.
— Essa é minha companheira, Shaba — disse Hadari, com orgulho sombrio.
Shaba fixou os olhos em Kiara como se pudesse incendiá-la apenas com o olhar enquanto a desafiava em silêncio. Kiara não recuou, mas seus olhos estreitaram-se, atentos. Kovu deu um passo à frente, entre elas, sem dizer nada. Kiara aceitou a proteção, mas se manteve firme.
Então, o caos começou.
Com um rugido ensurdecedor de Nala, as leoas de ambos os lados investiram. Garras rasgavam o ar, corpos rolavam na terra, e os rugidos de fúria preenchiam a noite. As chamas lançavam sombras dançantes sobre os combatentes, tornando o cenário ainda mais caótico.
Kovu se movia como uma muralha viva, desviando ataques, enfrentando adversários com determinação feroz. Sua única prioridade era manter Kiara a salvo. Mesmo assim, o número de leoas era esmagador.
Simba, até então contido, avançou com um rugido poderoso, abrindo caminho entre as leoas inimigas. Com força e sabedoria, defendia seu povo como nos tempos antigos, cada golpe dado com precisão e honra. Seus olhos ardiam com a chama de um verdadeiro rei em batalha.
— Este reino é protegido! — bradou, derrubando um oponente com um golpe certeiro.
Ao seu lado, Nala lutava com a ferocidade de quem já enfrentou guerras e sobreviveu. Vitani se destacava, usando sua velocidade para derrubar adversárias mais fortes.
Kiara, por sua vez, não ficou parada. Quando uma leoa inimiga investiu contra uma de suas companheiras, ela rugiu e se lançou sobre a adversária, derrubando-a com um golpe no flanco. Com habilidade, desviava de ataques e contra-atacava com determinação.
— Este é o meu reino! — gritou, atingindo uma leoa que tentava flanqueá-la. — E eu não vou permitir que o tomem!
Kovu sorriu ao vê-la lutar. Seu orgulho era visível, mesmo no meio do caos.
Mas então, algo mudou.
Um estrondo profundo sacudiu o chão, interrompendo a fúria do combate. Era como o rolar de trovões, mas sem nuvens. Das profundezas da mata carbonizada, uma horda de elefantes surgiu, correndo em direção ao conflito, assustados pelo fogo e pelo cheiro de sangue. Trombetas furiosas cortaram o ar, e suas trombas agitadas derrubavam árvores queimadas com facilidade.
As leoas interromperam o combate num instinto imediato de sobrevivência. Algumas recuaram, outras apenas ficaram imóveis, tensas. Até Hadari se virou com surpresa, enquanto um jovem elefante passou por entre os combatentes, trombeteando em pânico.
Simba deu um passo à frente, a voz firme e alta o suficiente para ser ouvida apesar da confusão.
— Isso é o que a guerra causa! Destruição, medo! Mesmo os animais que não têm nada a ver com nossa disputa estão sendo levados ao pânico!
Hadari rosnou, mas seus olhos mostravam uma hesitação crescente.
— Você acha que alguns elefantes assustados vão impedir o que é justo?
Simba o encarou, calmo, mas firme como uma rocha.
— Não há justiça na vingança, Hadari. O que você quer não existe mais. Scar está morto, e o mundo mudou. Só resta você decidir se vai viver nesse novo mundo... ou ser destruído com o antigo.
Hadari rosnou, olhos incandescentes, mas algo em seu semblante vacilou.
— Não finja que você entende... Scar me salvou. Me deu um propósito. Eu lutei por ele até o fim.
Simba se aproximou, olhos firmes, mas cheios de compaixão.
— E eu lamento por isso. Mas o legado de Scar era feito de dor e medo. Você pode honrar sua dor de outra forma.
Antes que Hadari pudesse responder, Shaba caminhou para a frente, seus olhos ainda fixos em Kiara. A mesma ignorou as palavras de Simba, como se não houvesse mais som além do sangue em seus ouvidos.
— Cuide bem dela, Kovu — disse com voz baixa e ameaçadora — porque na próxima vez que nos encontrarmos, eu não estarei grávida.
Ela avançou um passo, mas Kovu rosnou alto, com os músculos tensos e o olhar de um leão que não vacilaria. Shaba hesitou, encarando-o por mais um instante, depois virou-se sem dizer mais nada.
Hadari a observou por um instante e, sem mais uma palavra, sinalizou para sua tropa.
As leoas de Hadari começaram a recuar. Algumas ainda trocavam olhares desafiadores com as leoas de Simba, mas não havia mais luta em seus passos. O grupo desapareceu entre as sombras, levando o cheiro de fumaça e rancor com eles.
— Isso não acabou — murmurou Hadari, antes de desaparecer entre as sombras da savana.
O grupo de Simba ficou em silêncio por alguns segundos. Os corações ainda batiam acelerados, mas a tensão começava a se dissolver.
— Todos bem? — perguntou Simba, olhando ao redor.
— Algumas feridas leves — respondeu Nala, ofegante — mas estamos de pé.
Vitani se aproximou de Kiara, tocando seu ombro com o focinho.
— Você foi corajosa. Mesmo com medo, ficou firme.
Kiara sorriu com suavidade, cansada.
— Só porque eu sabia que não estava sozinha.
Nala encostou a testa na dela com carinho.
— E nunca vai estar.
Kiara se aproximou de Kovu, encostando a cabeça no peito dele. Ele ronronou levemente, aliviado.
— Você lutou como uma rainha — murmurou.
— E você como meu rei — respondeu ela, sorrindo.
O grupo de leões e leoas se reuniu, conferindo os feridos, ajudando-se mutuamente a se reerguer. As chamas já começavam a se apagar com o vento noturno, e o céu, antes carregado, agora exibia estrelas tímidas, rompendo a escuridão.
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Oioi pessoal, desculpa o sumiço, meu computador estava com problema e minha vida de estudante da área da saúde estava novamente uma grande loucura kkkk Espero que tenham gostado
Por favor, não esqueçam de votar nos capítulos e comentar para eu saber o feedback de vocês e para divulgar a história!
Perdão por qualquer erro que encontrarem durante a leitura, estou postando de madrugada e minhas vistas estão bem cansadas essa hora rs.
beijooss
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