Capítulo 7
O grupo retornou às Terras do Reino quando o céu ainda tingia-se de tons dourados, anunciando um novo dia. O cheiro de fumaça ainda impregnava o ar, e os corpos cansados deixavam pegadas lentas na terra batida.
Kovu caminhava ao lado de Kiara, mas o silêncio entre os dois era pesado. Ao chegarem próximos à Pedra do Rei, Kiara parou e fitou o horizonte. Kovu se aproximou, e então ela falou:
— Eles voltarão, Kovu. Shaba... Hadari... Eles não recuam para desistir. Só para planejar o próximo ataque.
Kovu assentiu, os olhos escurecendo com preocupação.
— Eu sei. E não é só isso que me preocupa.
Kiara o olhou de soslaio, a expressão dura suavizando.
— Está pensando no nosso filhote?
— Estou. Ele não merece nascer num reino com medo. Eu quero que cresça livre. Que corra pela savana sem precisar olhar por cima do ombro.
Kiara se aproximou mais de Kovu, encostando a cabeça no ombro dele enquanto a brisa leve da savana passava por entre as crinas dos dois.
— Você acha que é menino ou menina? — perguntou Kovu, quebrando o silêncio com um sorriso leve no canto dos lábios.
Kiara soltou uma risadinha baixa.
— Menina. Tenho certeza.
Kovu arqueou a sobrancelha, surpreso.
— Tanta certeza assim?
— Uhum. Ela já me dá uns chutinhos com atitude. Vai ser valente, determinada. Igual...
Kovu riu.
— Igual à mãe dela.
Kiara ergueu a cabeça, rindo também.
— E você? Aposta em quê?
— Menino — respondeu ele, com um olhar sonhador. — Vai ter seu jeitinho teimoso... e a minha cara. Ou talvez o contrário.
— A sua cara? — brincou Kiara, fazendo uma careta fingida. — Tadinho...
Kovu fez um olhar fingidamente ofendido.
— Ei! Vai ser um filhote lindo, seja qual for o lado que puxar.
— Isso é verdade — disse ela, tocando a própria barriga com carinho. — E a cor da pelagem, o que acha?
Kovu olhou para o céu por um instante, pensativo.
— Se for menina, acho que vai ser dourada como você. Como o sol ao amanhecer.
Kiara sorriu, tocada.
— E se for menino?
— Talvez ele venha com a minha cor. Mais escuro, como as noites da savana. Forte e silencioso.
— Gosto disso. Um filhote da luz e um filhote da noite. Como se o nosso amor estivesse equilibrando tudo — disse Kiara, encostando novamente em Kovu, que envolveu-a com a cauda num gesto protetor.
— Não importa como venha — disse ele, com voz suave. — Só quero que chegue em paz.
— Vai ter isso, Kovu. Porque nós vamos dar tudo de nós pra garantir esse futuro. E ele — ou ela — vai ser amado desde o primeiro segundo. Por nós. Por todos.
— E vai ser forte. Porque vai ter o coração de dois reinos dentro de si — murmurou Kovu.
Kiara fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Naquele instante, os medos do futuro pareciam mais distantes. Só o presente importava: ela, Kovu, e a vida que crescia dentro dela.
Kovu deu uma leve lambida no alto da cabeça de sua esposa, e juntos, continuaram observando o pôr do sol tingindo a savana com tons de promessa.
Enquanto isso, Vitani se afastava do grupo para verificar os arredores, como era seu costume. Seu corpo estava em alerta, mas sua alma estava silenciosa — como se esperasse algum julgamento que nunca vinha.
— Vitani! — chamou Simba.
Ela virou-se e caminhou até ele e Nala. Os dois a aguardavam com expressões calorosas, olhos cansados mas gratos.
— Você nos protegeu quando mais precisávamos — disse Nala, com a voz cheia de orgulho.
— E não só a nós — completou Simba —, mas a todo o reino. Obrigado, Vitani.
Ela se curvou levemente, constrangida.
— Só fiz o que qualquer um de nós teria feito.
Nesse momento, Kovu e Kiara a avistaram e se aproximaram, e Kovu a encarou com respeito genuíno.
— Você segurou a retaguarda quando tudo poderia ter desmoronado. Você nos deu a chance de manter a linha de frente. Obrigado, Vitani. Do fundo do coração.
— Obrigada mesmo — disse Kiara, sorrindo. — Meu coração ficou mais leve sabendo que você estava conosco.
Vitani piscou algumas vezes, tentando disfarçar a emoção.
— Sempre estarei.
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Mais tarde, sob a sombra da Pedra do Rei, Simba, Nala, Kiara e Kovu estavam reunidos. A conversa era séria, mas havia também um sentimento de renovação.
— O reino precisa mais do que força bruta — disse Kovu. — Precisa de vigilância, estratégia. Precisa de alguém que compreenda a guerra, mas deseje a paz.
— Você está pensando em Vitani? — perguntou Simba.
Kovu assentiu.
— Ela deveria ser nomeada oficialmente como guarda do reino. Não como substituta da antiga guarda, mas como a primeira de uma nova era.
Antes que Simba pudesse responder, Sarabi se aproximou, com aquele olhar imponente e sereno que atravessava gerações.
— Concordo — disse ela, com firmeza. — Vitani já tem o coração de uma guardiã. Está mais do que na hora de reconhecer isso.
Os demais assentiram com orgulho.
— Já que todos entraram em um acordo sobre a nova guarda, irei atrás de Vitani para fazer o convite formal. — Kiara olhou para Kovu solicitando que ele a seguisse.
Kovu e Kiara foram juntos até Vitani. A leoa descansava sozinha, olhando a savana em silêncio. Quando viu os dois se aproximando, franziu a testa, preocupada.
— Fiz algo errado?
— Pelo contrário — disse Kovu, sorrindo.
Kiara deu um passo à frente, os olhos brilhando.
— Vitani, por tudo que fez, e por tudo que é, queremos te convidar a ser oficialmente a guarda do reino. Não apenas uma guerreira... mas nossa defensora, nossa sentinela. Aquela que guarda os nossos futuros. Você... aceita?
Vitani arregalou os olhos, sem palavras. Por um instante, o silêncio reinou. Então ela sorriu, os olhos marejando.
— Eu... eu aceito. Sim. Sim, eu aceito!
{Quebra de tempo – Final da tarde daquele dia}
Com o sol dourando as pedras e a savana em tons de fogo suave, Vitani foi oficialmente nomeada Guarda do Reino. Simba entoou as palavras sagradas dos reis antigos, e todos os leões presentes rugiram em homenagem à nova protetora. Kiara e Kovu estavam ao seu lado, e até os mais jovens a observavam com admiração.
Vitani ergueu a cabeça com orgulho, sentindo que, pela primeira vez, pertencia verdadeiramente àquele lar.
[ Dias depois]
O céu estava escurecendo quando um rugido poderoso e agudo cortou o ar. Kiara, envolta em dor e urgência, havia iniciado o trabalho de parto.
Kovu foi o primeiro a ouvir e correu ao seu encontro com o coração acelerado.
— Kiara! Estou aqui!
A família real entrou em movimento. Nala rapidamente assumiu o controle, afastando as outras leoas com firmeza, enquanto Sarabi e Simba se posicionaram à entrada da Pedra do Rei, prontos para qualquer emergência.
Vitani mantinha a guarda externa, os olhos atentos, mas o coração aflito.
Dentro da caverna, Kiara se contorcia em dor, mas mantinha a força de uma leoa rainha. Nala a orientava com calma e carinho, e Kovu permanecia ao seu lado, firme, oferecendo apoio e afeto com a pata sobre a dela.
— Você consegue, Kiara — sussurrava ele, com a voz embargada de emoção.
Horas pareceram se passar, até que, finalmente, um forte e feroz preencheu a caverna.
— É uma menina! — anunciou Nala, emocionada.
Logo depois, outro choro. Um choro agudo e claro que surpreendeu à todos.
— E um menino! — sorriu, limpando os filhotes com cuidado.
— Dois?! — Vitani levantou as orelhas surpresa e curiosa querendo ver seus sobrinhos.
Kovu mal conseguia conter as lágrimas. Kiara, exausta, sorriu aliviada ao ver os dois filhotes se aninharem junto a ela.
A pequena leoa tinha a pelagem escura, marcada pelas cores de Kovu. O leãozinho, por outro lado, herdara a tonalidade dourada de Kiara, como um reflexo da luz do reino.
— Eles são perfeitos — murmurou Kiara, encostando a cabeça em Kovu.
Ele ronronou, emocionado, os olhos marejados.
— Erramos nos palpites. — Kovu brincou, tirando uma risada de Kiara.
Do lado de fora, quando o choro dos filhotes ecoou pela savana, os leões rugiram em celebração.
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Oioi pessoal, espero que tenham gostado do capítulo, inclusive já tem outro no rascunho para ser postado amanhã
Não esqueçam de comentar e votar porque isso me ajuda a saber o feedback de vocês com a história :D
Estou revisando uma história antiga minha e arrumando seus capítulos, quem tiver interesse em dar uma olhada nela, ela se chama The Sword and Love.
Beijoss
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