🏎️𖦹 ׂ 𓈒 CHAPTER 004
🏎️𖦹 ׂ 𓈒(﹙˓"AN ALMOST" ˒﹚)
Layla Montenelli POV
A sala de entrevistas estava praticamente vazia. O George tinha saído com o assessor, os câmaras desmontavam os refletores, e o zumbido dos bastidores diminuía pouco a pouco, como um motor a arrefecer.
Fiquei ali, ainda com o tablet na mão, a rever notas que eu já conhecia de cor. Era só uma desculpa para não sair.
Para esperar.
Sabia que ele vinha.
E ele veio.
Kimi Antonelli, andando com calma, sem o fato de corrida — agora de hoodie Mercedes e calças de treino, como se a noite anterior tivesse sido um sonho e este fosse o lado real da história.
"Fugiste rápido depois da entrevista," ele disse, encostando-se à parede ao meu lado.
"Sou jornalista. Fugir é parte do trabalho," respondi, sem olhar para ele.
Pausa.
"Além disso, não queria mais perguntas."
Ele inclinou ligeiramente a cabeça.
"Você não querendo mais perguntas? Mas agora não há câmaras."
Suspirei. Olhei para ele. "Então? Vais aproveitar o silêncio para falar... ou para continuar a olhar como se fosses descobrir a minha estratégia de corrida?"
Ele deu aquele meio sorriso discreto que aprendi a traduzir.
"Não tenho pressa."
Silêncio de novo.
Mas um bom silêncio.
Um silêncio cheio de tudo o que se tinha acumulado desde a gala.
Eu virei de frente para ele. "Ontem não foi só champanhe, pois não?"
Kimi não respondeu logo. Aproximou-se um passo. Pequeno
Calculado.
Como na saída de uma curva apertada.
"Não," ele disse, com a voz baixa. "Foi você."
Fiquei sem resposta por dois segundos inteiros. O tablet nos meus braços parecia pesar o dobro. "Não costumo ser assim," confessei. "Desarmada. A rir daquele jeito. A dançar..."
"Gostei," ele interrompeu.
"De eu estar ridícula?"
"De te ver sem defesas."
Ele estava mesmo ali. Tão perto que eu podia ver o reflexo das luzes nos olhos dele.
O Kimi Antonelli — o piloto controlado, reservado, máquina de foco — estava a olhar para mim como se eu fosse o seu único erro permitido.
"Se te beijar agora," ele murmurou, "vais transformar isso numa citação jornalística?"
A pergunta pairou no ar entre nós como o calor antes de uma tempestade.
Meu coração reagiu antes da mente.
Disparou.
Mas não me mexi.
Não avancei.
Nem recuei.
Apenas encarei-o, com um sorriso leve nos lábios — e o caos absoluto por dentro.
"Não," respondi. "Mas ias perder o mistério."
A pausa dele foi breve, quase imperceptível. Mas eu vi. O olhar baixou por um segundo — da minha boca para o chão, depois voltou.
"E tu gostas do mistério, não é?"
A voz dele era calma, mas carregada.
"Gosto do que ainda não sei decifrar."
Mais um passo dele — agora quase colado ao meu ombro, sem tocar. O tipo de aproximação que diz mais do que qualquer toque.
"Então não decifres depressa," ele sussurrou.
Afastei ligeiramente o rosto, só para não cair na tentação de me perder ali mesmo.
"Cuidado, Antonelli," disse num tom leve. "Se continuares assim, posso mesmo escrever sobre ti."
Ele sorriu, de canto. "Duvido que consigas escrever o que não consegues admitir."
Olhamo-nos por mais um momento. Longo. Elétrico. Quase insuportável.
Mas ninguém se moveu.
Porque o quase — o que poderia ter sido — era mais perigoso do que o que realmente seria.
Ele recuou um passo.
Não por medo.
Mas por controle.
Como um piloto que sabe que a corrida ainda vai longe.
"Vejo-te na próxima," ele disse. Simples. Quase frio. Mas os olhos... os olhos diziam tudo.
"Claro," respondi. "Estarei lá. A ver-te correr.."
Ele assentiu. Virou-se. Saiu.
E eu? Fiquei ali. Imóvel.
Com um sorriso idiota nos lábios, o coração aos pulos e a certeza absoluta de que aquela história...
ainda estava só na volta de aquecimento.
🏎️𖦹 ׂ 𓈒(﹙˓! ˒﹚)
Era dia de corrida.
Tudo preparado.
Setup afinado.
Foco absoluto.
Era suposto ser mais um domingo de trabalho.
Mas o que não devia estar ali, estava.
Layla.
De vestido midi e blazer creme por causa do vento que estava, crachá da imprensa a balançar, tablet numa mão, microfone na outra. Sorridente.
Descontraída.
Letal.
E pior — a rir com o Bearman.
Eu estava de capacete na mão, pronto para a reunião com os engenheiros, quando a vi ao longe, encostada à grade da zona de imprensa, encostada demais ao número 87. Ollie falava com as mãos, ria alto.
Ela ria também.
Aquele riso.
O mesmo da gala.
O mesmo que tinha ficado na minha cabeça desde então.
"Está tudo bem, Kimi?" perguntou meu engenheiro.
Assenti.
Menti.
A entrevista nem era comigo.
Nem sequer era pessoal.
Mas algo dentro de mim apertou como uma curva feita cedo demais. Senti um calor subir pelas costas, como se estivesse com o fato de corrida antes da hora.
E depois veio o erro.
Na volta 14, ainda a pensar nela.
Na curva 6, meio segundo distraído.
Na curva 7, bloqueei a travagem.
Passei reto.
Saí de pista.
Perdi duas posições. E o rádio explodiu no meu ouvido.
"Push, Kimi, push! O que aconteceu?"
Mas eu sabia.
Não foi o carro.
Não foram os pneus.
Foi ela.
🏎️𖦹 ׂ 𓈒(﹙LAYLA MONTENELLI'S POV˒﹚)
A entrevista com o Ollie tinha acabado há cinco minutos, mas eu ainda estava a rir de uma piada qualquer sobre o fato de corrida dele quando ouvi os gritos nas boxes.
"Antonelli passou reto. P3 agora!"
O monitor atrás do staff da Sky confirmava: erro na curva 7.
Congelada, olhei direto para o ecrã.
Vi o replay.
O carro da Mercedes a sair largo.
A perder tempo.
A perder tudo.
"Merda," sussurrei sem querer.
Ollie riu. "É raro ele errar."
"É," respondi. "Muito raro."
O estômago afundou.
E de repente, o riso com o Ollie não tinha mais graça nenhuma.
Porque no fundo, eu sabia.
Ele viu.
E aquilo não foi só distração.
Foi ciúmes. Eu acho
E eu não devia gostar disso.
Mas gostei.
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