🏎️𖦹 ׂ 𓈒(﹙˓"JEALOUSY "  ˒﹚)
Layla Montenelli POV

O paddock parecia mais silencioso do que devia. Ou talvez fosse eu — com os ouvidos a zunir por dentro, depois de ver o replay da curva 7 vezes demais.

A equipa da Mercedes passava de um lado para o outro. Ninguém queria falar com ninguém. Kimi tinha ficado em P4.
Para os outros, ainda era respeitável.
Para ele?
Uma catástrofe.

Eu não devia ir atrás dele.
Mas fui.

Subi a pequena escada para o motorhome da equipa, tablet colado ao peito, como se isso me desse imunidade. Não me anunciou ninguém — fui direto ao fundo do corredor, onde sabia que ele se isolava sempre que queria desaparecer.

E lá estava ele.

De costas. De hoodie preta, cabelos ainda molhados do capacete. As mãos apoiadas na bancada. Tenso. Quase imóvel. Como se estivesse a manter-se inteiro à força.

"Devias estar a entrevistar o George," ele disse sem se virar.

"Já entrevistei," respondi, apoiando-me na parede.

Silêncio.

"Vais querer que eu explique o erro?"
A voz dele era fria.
Demasiado fria para alguém que ardia por dentro.

"Não."
Pausa.
"Eu sei por que erraste."

Ele virou-se então. Devagar. Os olhos cravados nos meus.

"Então diz."

Respirei fundo. Mantive a postura. Profissional. Ligeiramente irritada. Ligeiramente afetada.

"Tu viste-me com o Bearman."

Ele franziu os lábios, como se tentasse não sorrir.
Ou não explodir.
Um dos dois era.

"É isso que vais escrever? 'Piloto Mercedes distrai-se porque jornalista fala com rival britânico'? Vai dar bons cliques."

"Não. Não vou escrever nada."
Cruzei os braços.
"Porque eu também fiquei distraída. E ninguém precisa saber."

Silêncio outra vez.
Denso.
Saturado de tudo o que não se disse naquela noite na gala, naquela entrevista, naquele quase.

Ele deu um passo em frente. Mas parou.
A meio metro de mim.
Longe o suficiente para não tocar.
Perto o suficiente para ser insuportável.

"Não gosto de perder," ele disse, com a voz baixa. "Ainda menos quando sei porquê."

"E gostas de não ter o que queres?"

O olhar dele vacilou.
Mas só por um instante.

"Eu costumo ir atrás."

Ficámos assim. Olhos nos olhos. Sem tocar. Sem ceder. Cada palavra, uma faísca num tambor de gasolina.

Mas ninguém avançou.

Ainda não.

Ele passou por mim devagar. Encostou o ombro ao meu por um milésimo de segundo — talvez por acidente. Talvez não.

E antes de sair do corredor, disse, quase num murmúrio:
"Se quiseres fugir de novo... vai ter de ser mais rápido."

🏎️𖦹 ׂ 𓈒(﹙˓!   ˒﹚)

O som das botas dele a afastarem-se pelo corredor ainda ecoava nos meus ouvidos quando fechei os olhos por um segundo.

"Se quiseres fugir de novo... vai ter de ser mais rápido."

Aquela frase não devia ter tanto peso.

Mas teve.

Eu conheço esse tipo de homem. Silencioso, metódico, impassível ao olhar de todos — até que alguém, sem querer, descobre onde ele parte. E pior: parte-o de volta.

A verdade?
Não era sobre ciúmes.
Era sobre ele ter visto demais.

Ele viu o riso que eu não mostro.
Ouviu a voz que uso quando estou nervosa.
Leu o espaço entre as minhas perguntas — e respondeu a todos.

E agora... não era só mais uma entrevista.

Era pessoal.
Era perigoso.

Eu estava a cair.
E pior: sabia exatamente a quem culpar.

🏎️𖦹 ׂ 𓈒(﹙˓KIMI ANTONELLI POV˒﹚)

Desci as escadas do motorhome como se estivesse a sair de uma zona de DRS emocional. Coração ainda acelerado. Mandíbula tensa.

Ela sabia.
Ela viu.

Vi nos olhos dela. Não precisava de confirmação. O pior de um erro na pista não era perder posição — era entregar fraqueza.

E naquele corredor, eu tinha entregue tudo.

Poderia ter dito mais. Poderia ter tocado nela. Poderia ter beijado — mas não fiz. Porque não quero algo rápido. Não quero um momento.

Quero o jogo todo.

E isso é o mais assustador.

Porque com ela... nada é simples.
Layla não é só bonita. Ou esperta.
Ela é o tipo de desafio que muda tudo. Que te faz correr diferente. Pensar diferente.
Perder diferente.

E mesmo assim, eu voltaria à pista por ela.
Mesmo que fosse para me despistar de novo.