🏎️𖦹 ׂ 𓈒(﹙˓"I CANT PUBLISH THIS" ˒﹚)
Layla Montenelli POV

Era quase meia-noite.

O Quarto do AirBnB estava mergulhada num silêncio que eu não sabia se era do corredor... ou só meu. Podia ser dos dois...

O tablet repousava no colo, e o cursor do Word piscava na tela como se zombasse de mim:

"Antonelli: o futuro da Mercedes?"
Um título genérico.
Seguro.
Impessoal.
O tipo de coisa que qualquer jornalista escreveria.

Mas não eu.
Não agora.
Não depois de tudo.

Depois da gala.
Depois da curva 7.
Depois do corredor apertado do motorhome e daquela frase que me tirou o chão.

"Se quiseres fugir de novo... vai ter de ser mais rápido."

A verdade? Já não havia fuga possível.

Comecei a escrever. Não o artigo que esperavam. Mas o que ele merecia.

"Kimi Antonelli é o tipo de piloto que te engana no início.
Silencioso, quase inexpressivo fora do carro, dá a sensação de que nada o afeta.
Mas é só uma ilusão."

"Porque o que há por trás do capacete é intensidade pura — o tipo que não se mede em entrevistas ou estatísticas."

"Aprendi que ele odeia perder, mas não por orgulho. É porque dá tudo.
E quando dá tudo, perder não é só um resultado. É uma ferida."

"Aprendi que ele lê silêncios.
Que ouve mais do que responde.
Que observa o que ninguém vê — e lembra."

"E que há algo mais difícil para ele do que um erro numa curva: admitir que se importa."

"Antonelli não é só o futuro da Mercedes.
É o agora de alguém que não consegue mais fingir que isso é só trabalho."

Fechei os olhos.

Apaguei o parágrafo final.
Guardei numa pasta que nomeei apenas com uma letra: "K."

Porque não estava pronta para publicar.
E talvez nunca esteja.

Mas agora, ele está escrito.
E isso, para mim... já é perigoso o suficiente.
Eu nunca poderia publicar isto!

🏎️𖦹 ׂ 𓈒(﹙˓ ! ˒﹚)

A sala estava cheia. Câmaras, microfones, jornalistas. Ar condicionado no máximo, mas mesmo assim sentia calor.

Kimi estava à frente. Sentado ao lado de George Russell e Toto Wolff.
O típico cenário de uma conferência pós-corrida. Só que desta vez, tudo parecia ligeiramente... fora do lugar.

Porque ele estava a olhar para mim.

Disfarçado. De soslaio. Mas estava.

Talvez porque eu ainda não lhe tinha falado desde aquele corredor.
Talvez porque ele sentia — como eu sentia — que algo tinha mudado.

Ou talvez... ele soubesse que eu tinha escrito. Não! Esse texto estava bem guardado!

"Layla Montenelli, F1 Report," anunciei ao levantar o microfone.
A voz saiu mais firme do que eu esperava.

"O que é que esta corrida te ensinou sobre ti próprio, Kimi?"

O leve levantar da sobrancelha dele foi quase imperceptível. Quase.

Mas eu vi.

Ele sabia que aquela pergunta vinha de outro lugar. Não era só jornalismo. Era uma provocação discreta. Uma tentativa de o fazer dizer, ao menos uma vez, aquilo que sempre guarda.

"Que mesmo quando sabes onde vais, ainda podes sair da pista," respondeu ele, calmo. "E que às vezes, a distração não vem de fora. Vem de dentro."

Ninguém percebeu o subtexto.

Só eu.

George olhou de lado, meio confuso. Toto bebia água. As câmaras gravavam como se fosse só mais uma resposta de piloto jovem a aprender com os erros.

Mas nós dois sabíamos.

Aquilo era um recado.

Fechei o bloco de notas. Agradeci.
Sentei-me de novo. Sem olhar para ele.
Mas senti os olhos dele em mim.

E senti uma certeza:
Se eu o estava a evitar para não cair... ele estava a seguir-me para me empurrar.