🏎️𖦹 ׂ 𓈒(﹙˓"WHAT TEXT?! ˒﹚)
Kimi Antonelli POV

Os motores já estavam desligados. Os capacetes guardados. A imprensa dispersava-se como ondas suaves depois de uma corrida turbulenta.

Mas ela...
Layla.

Ela estava ali ao lado da box. A falar com o George, supostamente. A sorrir, supostamente.
Mas eu via.

O sorriso não chegava aos olhos.

Desde que a tal amiga dela chegou — Sarah —, algo mudou. Layla andava mais contida, mais cautelosa.
O tipo de silêncio que não era normal nela.
Não comigo.

Quando passou por mim no paddock mais cedo, desviou o olhar.

E agora, enquanto anotava qualquer coisa no tablet dela, o polegar batia no canto do ecrã. Um padrão nervoso. Sempre no mesmo ponto.

O mesmo movimento que ela fazia quando estava prestes a fazer uma pergunta difícil. Ou esconder alguma coisa.

George continuava a falar, mas eu não ouvia.
Fixei o gesto dela. O toque repetido, como se hesitasse em abrir... ou apagar algo.

Fui até lá.

"Layla," disse, sem pensar.
A voz saiu mais baixa do que pretendia.

Ela levantou o olhar.
A respiração prendeu-se no peito.

"Olá," murmurou, o tom suave, mas... estranho. Como se tivéssemos recuado um passo.

Pisquei os olhos, lentamente.
Observei cada detalhe.

O tablet meio virado.
O brilho vermelho no canto do ecrã — gravação interrompida há pouco.
O nome de uma pasta no topo: só uma letra.

"K."
Ela virou a tela de repente. Rápido demais.

"Precisas de alguma coisa?" perguntou, tentando soar natural.

Balancei a cabeça.
Quis perguntar. Mas não consegui.

Em vez disso, disse:
"Estás diferente."

Ela hesitou. Um segundo. Talvez dois. Depois sorriu.
"Talvez só cansada."
Mas não era cansaço.

🏎️𖦹 ׂ 𓈒(﹙˓! ˒﹚)

O hospitality estava tranquilo. Raro. Era o intervalo entre sessões de imprensa e reuniões técnicas. O tipo de vazio que eu gostava. Que me dava espaço para pensar.

Ou melhor — para não pensar nela.

Ou tentar.

Layla tinha desaparecido por uns minutos. Disse que ia buscar café.
Ficou tempo demais fora.
Como se estivesse a evitar algo.
Como se estivesse a evitar a mim.

Foi então que Sarah se sentou à minha frente com um sorriso confiante, equilibrando uma garrafa de água entre as mãos.

"Não pareces tão frio como ela escreve."

Levantei o olhar, devagar.
"O quê?"

Ela piscou. Travou o gesto com a garrafa. Um segundo de pânico brilhou-lhe nos olhos. "Esquece. Nada. Eu... estava só a brincar."

Não tirei os olhos dela. "O que é que disseste?"

Sarah respirou fundo. Endireitou-se. Tentou recuperar a pose leve.

"Só estava a dizer que... bem, a Layla tem uma forma muito específica de escrever sobre ti. Não no sentido literal. Quer dizer, ela escreve sobre todos. Só que—"
Ela mordeu o lábio.
Já era tarde.
Disse demais.

Inclinei-me um pouco. "Ela escreveu sobre mim."

Sarah hesitou. Tentou recuar. Mas os olhos dela já diziam tudo."É só um rascunho. Nada publicado. E tu sabes como é. Jornalistas escrevem para processar. Nada de mais."

Nada de mais.
Nada de mais.

As palavras ecoaram como pancadas secas.

E então lembrei-me.
A pasta com a letra "K."
O desvio de olhar.
A distância nova.
O silêncio.

Ela escreveu.
Sobre mim.
E está a esconder.

Sarah, percebendo o que tinha feito, suspirou. "Kimi... ela nunca quis que tu soubesses."

Levantei-me "Pois."
E saí dali.