A brisa marinha acariciava meus cabelos enquanto caminhávamos pela praia deserta, sob a luz prateada da lua. A viagem de formatura, repleta de risadas e aventuras, tinha nos unido de uma maneira indescritível. Alex, com seus olhos intensos e sorriso cativante, era minha companhia constante desde então.
Lembro-me da primeira vez que nossos olhares se cruzaram naquela jornada de descobertas acadêmicas. Seu jeito descontraído e a paixão compartilhada por experiências únicas nos conectaram instantaneamente. Enquanto as ondas sussurravam segredos e promessas de um futuro incerto, começamos nossa própria jornada.

Um ano se passou desde aquela viagem, e Alex e eu mergulhamos em um amor que parecia transcender o tempo. No entanto, um véu de mistério pairava sobre sua família. Apenas esboços fugazes sobre seus pais, uma mudança repentina para outro país, e a impossibilidade de apresentá-los a mim, como se estivessem fora de alcance.
Alex, guardião de segredos familiares, nunca abriu as portas do passado. Cada tentativa minha de sondar sobre sua história familiar esbarrava em respostas evasivas. Eu, que sempre fui transparente e aberta, sentia-me às vezes à margem de uma narrativa não contada.

A oportunidade de conhecer sua família parecia distante, já que eles residiam em um país distante e não havia previsão de retorno. O desejo de apresentar-me aos seus entes queridos flutuava no ar, mas as circunstâncias pareciam conspirar contra esse encontro.
Enquanto o sonho de me tornar parte de sua família parecia cada vez mais distante, eu e Alex arrumamos um emprego e alugamos nossa casa. Estamos morando juntos já faz um certo tempo, e Alex é o amor da minha vida.
Não imagino nada nos separando.

{ ■ Quebra de tempo ■}

Estive atarefada durante toda essa manhã, me levantei correndo sem ao menos conseguir me despedir de Alex. Tomei um café da manhã corrido, escovei meus dentes, tomei um banho rápido, coloquei uma roupa simples porém bonita e corri para a reunião que me aguardava da empresa.
Passei toda a minha manhã por lá, e após a reunião, eu emendei com meu trabalho de forma integral, o que resultou em uma volta tardia para casa.
Quando retornei, Alex já havia preparado a janta e estava em meu aguardo. Ele sempre cozinha para nós dois pois alega que minha comida é pior do que um veneno de rato, e sinceramente, não posso mentir, a cozinha nunca foi minha área dominante.
Cumprimentei meu namorado com um selinho, fui até nosso quarto onde deixei minha bolsa com meus utensílios, troquei de roupa e em seguida encontrei novamente com ele em nossa copa. Nos sentamos lado a lado e começamos a comer, hoje no entanto, esse silêncio estava me incomodando.
Alex parecia desconfortável e preocupado, mexendo sem parar no garfo de modo que chegou a ser irritante. Segurei em sua mão vagarosamente para que ele parasse os repetidos movimentos e o olhei, quebrando o silêncio.

— O que foi, Alex?
— Tenho uma coisa pra te falar... - Respirou fundo-.
— Sou toda ouvidos. - Soltei o garfo da mão dele, sultimente-.
— Minha família viajará para cá amanhã, e pediram para eu ceder a casa temporariamente para que pudéssemos... todos ... ficarmos juntos. - Disse pausadamente e agoniado -.
— Vou conhecer sua família?! - Meu astral levantou imediatamente, e soltei um sorriso alegre e contagioso-.
— Vai... - Respondi incomodado, porém Isolde não percebeu. A mesma me abraçou fortemente, provavelmente pensando ser algo que eu havia planejado-.
— Finalmente! Eu tô tão animada! - Apertei ele um pouco mais forte em meu abraço, após um curto período soltei Alex e voltei a comer, super animada e imaginando como seria-.

Alex》

Foi com um misto de nervosismo e expectativa que recebi a notícia de que minha família decidira retornar ao país que eu agora chamava de lar. Era uma reviravolta inesperada, e com ela, uma mistura de sentimentos contraditórios floresceu dentro de mim. O reencontro seria inevitável, e eu desejava compartilhar a vida que construí com Isolde com aqueles que compartilhavam meu sangue.
A proposta de temporariamente dividir nossa casa era tanto um gesto de amor familiar quanto um desafio. Minha mente inquieta se questionava se Isolde, que sempre foi meu porto seguro, estava pronta para encarar os laços familiares que se desenrolavam diante de nós.

Contudo, havia uma sombra mais densa nessa reunião familiar. Meu irmão gêmeo, Axel, um retrato distorcido de mim mesmo. Sua personalidade arrogante, insensível e territorialista criava uma nuvem de tensão em cada interação. Axel, sempre ávido por competição, via em mim não só um irmão, mas um rival. Seus métodos, por vezes abusados e sem educação, eram como uma tempestade se aproximando.
Compartilhei com Isolde a notícia da vinda de minha família e a mesma recebeu muito bem a notícia, aliás, era seu sonho se vincular aos meus parentes. Porém, não compartilhei as advertências veladas sobre Axel, na qual ela nem sabia a existência.  Estou pensando em como vou prepará-la para o desafio que se avizinhava.
Estou em alerta sobre a alta probabilidade de meu irmão tentar roubar não só a atenção, mas também o amor que construímos juntos. Os ciúmes dele eram como uma fera faminta, sempre à espreita.

A incerteza sobre como Isolde lidaria com a presença de Axel me assombrava. Contudo, em meio à preocupação, a certeza do nosso amor era a chama que eu acreditava poder iluminar mesmo as sombras mais densas do nosso passado e as ameaças que se delineavam no horizonte.

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Beijo beijo