Capítulo 02: o rato.
Oi bombomzinhos, espero que gostem desse segundo capítulo, aproveitem bastante e deixem muitos mimos. Boa leitura!
━━━━━━◇x◇━━━━━━
Jungkook estava no chão com os olhos fechados, ouvindo toda a confusão ao seu redor. A culpa cutucou sua consciência, tal como um ratinho mordendo um pedaço de queijo. Talvez ''roendo'' fosse um termo mais exato, uma vez que a consciência não lhe dava folga.
Naquele momento, a consciência o lembrava, que era cruel de sua parte, permitir que acreditassem em algo que não acontecera. Mas simplesmente não podia confessar agora.
Precisava ganhar um pouco mais de tempo, para pensar numa desculpa por ter gritado.
— Deixe-me passar! Ele está bem? Alguém ligou para a emergência? Jeon, querido, fale comigo!
Horton, é claro. Alarmado, preocupado. Por ele. Que gracinha... Ele deveria lhe dar um sinal para mostrar que estava bem. Estava prestes a pôr fim ao joguinho, quando dedos firmes e fortes pressionaram gentilmente seu pescoço. Não eram os dedos gordinhos de Horton.
— A pulsação está forte — disse uma voz próxima a ele. O dono dos dedos, sem dúvida. — Ele só desmaiou.
A voz lhe pareceu familiar, mas Jungkook não conseguiu se lembrar de onde a ouvira. Um braço deslizou sob seus joelhos, outro sob os ombros, e ele sentiu que estava sendo erguido do chão.
Como se realmente estivesse desacordado, soltou os braços para os lados e a cabeça pendeu contra o ombro de seu salvador. E que ombro! Com certeza, não era o ombro do Horton. E aquele sujeito era cheiroso.
— Para onde posso levá-lo? — Ele perguntou com uma voz potente.
— Bem — Horton hesitou com a voz apavorada. — Tem um sofá no banheiro! Leve-o para lá.
Pobre Horton. Jungkook lutou contra o desejo de abrir os olhos e confessar a farsa.
— Você não acha melhor chamarmos os paramédicos?
— Não é preciso, Sr. Sang. Ele vai ficar bem.
Onde já ouvira aquela voz? O homem o levantara sem esforço, o que significava que ele era forte. Jungkook ficou morrendo de vontade de dar uma espiada, para ver se ele era tão bonitão quanto soava.
A porta do banheiro fez o rangido de costume, quando seu campeão passou por ele sem dificuldades e o colocou sobre o sofá macio. Alguém colocou um travesseiro sob sua cabeça.
— Sr. Sang — disse o homem num tom autoritário. — O senhor pode ficar. Mas peça que todos os demais saiam e feche a porta.
— Não deveríamos chamar os...
— Ele vai ficar bem. Prometo.
Jungkook sabia que estava bem, mas como o estranho sabia? E por que Horton estava acatando suas ordens?
— Todos fora, por favor — Jungkook ouviu-o dizer. — Rápido pessoal. Obrigado. Está tudo sob controle. Obrigado.
Enquanto Horton estava ocupado com a porta, Jungkook sentiu seu salvador se aproximando até quase encostar a boca em sua orelha. O hálito quente causou-lhe um friozinho na espinha. A pele arrepiou, o coração disparou, mas ele não se entregou.
— Se verde é a cor da cura, qual é a cor para fingimento?
Jungkook abriu os olhos.
— Você! Do elevador... O Sr. Darling. Por que está...
— Jungkook? — Sang veio correndo e colocou-se a seu lado.— Jungkook querido, o que houve? Foi algo que você comeu?
— Eu estou bem, Sang — ele assegurou. — Só desmaiei e...
— Não, você não desmaiou — anunciou Taehyung, olhando diretamente para ele, ousando desafiá-lo.
— O que o faz pensar que não?
Taehyung o estudou por um momento, e ele se deu conta de que deixar de negar era o mesmo que fazer uma confissão.
— Quando uma pessoa desmaia, a cabeça pende e ela vai direto ao chão — explicou ele, com ar de triunfo nos olhos. — Dado o pequeno espaço de seu camarim, com todos aqueles móveis...
— Desculpe — ele o interrompeu. — Meu camarim foi cuidadosamente decorado de acordo com o feng shui.
— Mas você — ele retomou a fala. — Deu um jeito de cair bem no meio do cômodo, sem bater o belo rostinho na penteadeira, nem na estante de livros, nem na mesinha do café, nem na arara de roupas.
Belo rostinho! Jungkook tentou bancar o indiferente, mas foi difícil. Taehyung estava dizendo que ele era bonito?
— Sua pulsação está forte, e você está muito corado para alguém que acabou de desmaiar. Você estava assustado — ele afirmou. — Talvez apavorado. A pergunta é, por quê?
— Você é médico, por acaso?
— Não. Por que você gritou e simulou o desmaio?
— Simulou? — Repetiu Horton, seu tom totalmente incrédulo e preocupado. — Jungkook?
Uma coisa era certa, ele não ia explicar nada para nenhum dos dois, muito menos para o desconhecido. Ele já sabia muito mais do que devia. Além do mais, podia estar trabalhando para os Corcoran. O pai de Chung Corcoran era um homem poderoso, influente, vingativo.
— Eu... Vi um rato — murmurou com a voz trêmula, arregalando os olhos. — Tenho um medo irracional de ratos. Intratável. Patológico. Foi uma sorte eu não ter sofrido uma parada cardíaca.
Taehyung torceu os lábios e contraiu os olhos.
— Você gritou e desmaiou porque viu um rato.
Ele bufou, mostrando que não acreditava, mas Jungkook não se importou. Tudo o que queria era voltar ao seu camarim e dar mais uma espiada pela janela. O movimento no prédio vizinho chamara sua atenção... E lá estava ele. Chul Corcoran. A poucos passos, olhando de volta para ele, com as mãos nos bolsos, a cabeça levemente inclinada para o lado, uma fisionomia indecifrável no belo rosto.
O choque de vê-lo parado ali, o fez gritar e recuar alguns passos. Foi então que ele tropeçara na penteadeira e caíra de joelhos. Ao ouvir o som de passos se aproximando, encolhera-se e fechara os olhos, tentando ganhar tempo... Tempo para que seu coração se acalmasse, para reorganizar os pensamentos, para imaginar que tudo fora uma miragem e não seu pior pesadelo.
Ele olhou para Sang e de volta para Taehyung.
— Foi um rato. Estava olhando para mim, com cara de mau. — Depois de ter inventado a história do rato, ele tinha de seguir adiante.
— Um ratinho de duzentos gramas olhou para você com cara de mau, e então você gritou e desmaiou.
Taehyung estava com um olhar cruel agora, e o problema era que ele pesava bem mais que duzentos gramas. Mas e daí? Ele pouco se importava. Quem poderia afirmar se ele havia ou não visto um rato? A verdade era muito complicada de explicar, e mesmo que encontrasse uma maneira, se contasse à pessoa errada o resultado poderia ser desastroso.
Por todos esses motivos, Jungkook não confiava em quase ninguém além de si mesmo, e de Woojin.
— Obrigado por ter me socorrido, mas o senhor pode ir agora, cuidar da sua vida.
Deu um sorriso para dispensá-lo. Como ele não havia acreditado na história. Não que Jeon ligasse para isso. A melhor coisa a fazer, era simplesmente se livrar do intruso. O que quer que ele estivesse fazendo na KALM, não tinha nada a ver com ele e certamente nunca mais iriam se ver outra vez.
— Oh! — Exclamou Horton, como se tivesse despertado de um sonho. — Jungkook, eu preciso apresentá-los. Com toda a confusão, me esqueci... Bem, este é Kim Taehyung Darling. Ele é detetive particular. Eu o contratei para descobrir quem está fazendo confusão no seu cenário.
Jungkook sentiu o estômago se contorcer e os joelhos fraquejarem. Felizmente estava deitado.
— Não acho que isso seja necessário, Sang. Tudo não passou de uma brincadeira. Ninguém se feriu.
— Discordo, querido. Creio que esses incidentes precisam ser investigados. E, bem, contratei Taehyung para ficar de olho em você, para ser seu guarda-costas.
— Não! — Ele protestou. — Nada de guarda-costas. Isso é ridículo. Além do mais, prezo minha privacidade, Horton, você sabe disso.
— Mas Jungkook, é só até que...
— Absolutamente não!
Ele se levantou. Droga, era só o que lhe faltava, um sujeito seguindo-o por toda parte, vigiando seus movimentos. Não, nunca. Jungkook começou a andar de um lado para outro.
— Vou visualizar minha luz branca protetora — disse, com os dedos sobre as têmporas. — Vou me cercar de luminosidade branca e mergulharei nela. Ficarei bem. Nada de guarda-costas.
— Mas eu o contratei...
— Então o demita. — Ele se impacientou. — Nada de guarda-costas.
Jungkook caminhou até a pia e abriu a torneira, jogando água no rosto. Pelo canto do olho, viu que Kim Taehyung o analisava. Ele parecia ser um homem muito inteligente, e a última coisa que Jeon precisava em sua vida era de um homem esperto... Que pudesse descobrir tudo.
Ele pegou uma folha de papel-toalha e enxugou o rosto.
— Sr. Kim, por favor, não leve isso para o lado pessoal...
— Pode me chamar de Taehyung.
Jungkook revirou os olhos e sorriu.
— Eu não quero e não preciso de guarda-costas. O senhor provavelmente carrega uma arma, e eu tenho aversão a elas.
— Como tem por ratos?
— Muito pior. Não quero essas coisas próximas da minha aura.
— Mas Jungkook...
— Está tudo bem Sr. Sang — Taehyung interrompeu o protesto de Horton. — Vamos deixar o Sr. Jeon envolto em sua luz protetora. Enquanto isso, vamos ao seu escritório para discutir os incidentes no set de filmagem. Se o senhor não quer um guarda-costas, então não vamos forçar nada.
Muito fácil, pensou Jungkook. Ele desistira fácil demais, e não parecia ser do tipo que costumava desistir.
— Eu gostaria de olhar o camarim de Jungkook — disse Taehyung, assim que entraram na sala de Horton. — Poderia mantê-lo longe de lá por uma hora e meia, mais ou menos?
— Claro que sim. Você acha que ele está bem, Taehyung? Quero dizer, acho que é possível um rato subir até o trigésimo primeiro andar deste prédio, sem uma máscara de oxigênio e sem sofrer uma hemorragia cerebral.
— Ou ele pode estar mentindo.
— Jungkook nunca mente, por isso tenho certeza de que ele deve ter visto algo que o assustou.
— Todo mundo mente, Sr. Horton. O motivo da mentira é o mais importante.
O estonteante homem de cabelos castanhos e corpo sexy mentira, não restavam dúvidas. Como policial, ele havia aprendido a ler rostos, gestos, ouvir o tom de voz, prestar atenção às palavras escolhidas. Jeon Jungkook mentira. E ele sabia que Taehyung sabia.
Apanhe-me se você puder, os olhos de Jungkook haviam provocado. Será um prazer, Taehyung aceitara o desafio.
— Vou convocar um homem para ficar de olho no Sr. Jeon — Kim prometeu.— Mas isso será um segredo entre nós, certo?
— Como? Ah, sim, claro. Entendi. Será o nosso segredo. Ótimo Taehyung. Mas como pretende fazer isso? Ele deixou claro que não quer um guarda-costas.
— Uma pena, pois ele arrumou um. Só que ainda não sabe.
Ele mentira sobre o motivo do desmaio, mas não tinha como fingir os batimentos cardíacos acelerados. Algo o havia assustado, feito seu coração disparar.
Taehyung queria saber o que era.
Minutos depois, Taehyung estava no camarim de Jungkook, enquanto ele discutia com Horton o próximo programa na sala dele. No camarim havia espaço suficiente apenas para a penteadeira com o espelho, iluminado por uma fileira de lâmpadas e alguns poucos móveis, além da arara de roupas.
Os livros de receitas que ele escrevera, estavam arrumados sobre uma mesa, próximos a um buquê de rosas com florzinhas brancas minúsculas. Ele se lembrou de que Ji-Ah as chamava de ''mosquitinho''. Apesar de ser apertado, o local era fresco e bem iluminado.
Agachado, verificou os rodapés e cantinhos. Não encontrou marcas de ratos na madeira, nem sinal de que o camarim tivesse sido visitado por alguma criatura não bem-vinda. Taehyung se levantou e caminhou até a janela. Era grande o bastante para permitir que uma quantidade considerável de luz natural, inundasse o local através das vidraças transparentes.
Aquele lado do edifício dava para um prédio de escritórios, alto e estreito, cujo interior via-se escrivaninhas e cubículos, pessoas escrevendo ou digitando em teclados de computador.
Qualquer um que se aproximasse da janela, poderia ver com clareza o que acontecia no prédio em frente. Jungkook teria visto algo em uma daquelas janelas que o assustara?
Ele tirou um bloquinho do bolso e fez algumas anotações. Assim que o guardou de volta no bolso, Horton enfiou a cabeça pela porta entreaberta.
— Ele saiu para almoçar — sussurrou sorrateiro. — Encontrou algo?
— Algumas coisas. Talvez sirvam, ou não.
— Ótimo. Ótimo. O que faremos agora, Taehyung?
— Agora vou colocar o melhor homem da Paladin no caso.
— Você disse o seu melhor homem? E quem é ele?
Com um último olhar pela janela, Taehyung virou-se para Horton e encontrou seu olhar ansioso.
— Eu — disse ele.
━━━━━━◇x◇━━━━━━
Que os jogos comecem.
O que estão achando da fic?? Beijos e até o próximo capítulo.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen2U.Com