CAPÍTULO ÚNICO
2012 PALAVRAS
Obra inspirada nos personagens das seguintes obras= O despertar de Lúcifer ( minha obra ) com personagens da obra Tempo de Odiar (autora Vpinoe15)
Queimando em Ti
O Inferno em Los Angeles...
Ano 2999. Los Angeles já não era mais a cidade dos anjos. Agora, era o quintal dos mortos. A infecção havia tomado quase toda a população. Zumbis famintos andavam pelas ruas, os gritos eram trilha sonora e o ar cheirava a carne podre e gasolina.
Os poucos sobreviventes se dividiam em grupos armados: os Tigers, liderados por Mary Abigail Robinson, eram compostos por guerreiros linha-dura, paranoicos e com munição até nos bolsos da cueca; e os Survivalists, comandados com frieza tática por Meg Butler, eram um bando mais organizado, quase militar. As duas líderes, Abby e Meg, se odiavam com a intensidade de um míssil em queda livre. Após mais de um ano de combates, traições e perdas, a única coisa que ainda dividiam era a desconfiança mútua. Abby era pura impulsividade e raiva destilada. Meg era gelo e cálculo. Juntas? Um barril de pólvora prestes a explodir.
Nefelim, um anjo caído, estava entediado. Havia tentado separar Lúcifer e Charlotte por pura birra demoníaca, claro que um poço de ganancia de querer o trono infernal. Falhou. Em vez de chorar glitter negro, resolveu brincar em outro tabuleiro. E que tabuleiro! Los Angeles era um caos à altura de seu humor debochado.
Apareceu com seu corpo de fazer escultura chorar. Gominhos, sorriso cafajeste, olhos dourados de sol do inferno e um deboche que faria qualquer padre pedir demissão. Observava Mia Campbell, que tinha acabado de fazer um estrago: liderou uma horda de zumbis que destroçou meia base dos Survivalists. O sangue voava como fogos de artifício, cérebros explodiam em câmera lenta. Abby atirava de um telhado, Meg gritava ordens, e Mia, rindo, guiava os monstros como quem conduz um desfile de carnaval.
Nefelim passou a língua pelos dentes, como quem saboreia uma visão deliciosa.
— Uau... a chocolate é bem gostosa; murmurou com um sorriso lascivo. E adora um banho de sangue e uns gritinhos desesperados, igualzinho a mim...
Mas então ele viu Mia lançar um olhar para Abby.
Um daqueles olhares que não se disfarça nem com um capacete. Charmosa, provocante, quase felina. Nefelim gargalhou sozinho, inclinando-se para frente com os olhos brilhando de ironia:
— Ahhh, Mia Campbell... já entendi tudo. Você gosta da mesma fruta que eu gosto. Ele estalou os dedos no ar. Isso vai ser divertido.
Foi aí que Nefelim leu a mente de Abby. Viu a imagem vívida de Alvarez sendo esfaqueada ... uma mulher que lutava com garra, unhas, dentes. Uma mulher desleal, sim, mas destemida. Que não hesitou em ferir Meg, a melhor amiga, e o crush, como se sentimentos fossem descartáveis.
E foi nesse instante que o sorriso de Nefelim cresceu.
Com um estalar de dedos mentais, ele usou seu poder. Voltou no tempo. Salvou Alvarez das mãos de Abby, segundos antes da lâmina atravessar sua carne, e a arrastou para longe.
— Segunda chance, loirinha. Me agradeça depois.
E bum. Estavam de volta no caos de 2999. Alvarez, confusa e com sangue seco nos dedos, não entendeu nada. Nefelim? Ria.
Alvarez se encaixou ao caos como quem veste um vestido de gala para um baile infernal. E, claro, não demorou a transformar o grupo de Abby em um campo minado de traições. O que antes era apenas tensão latente virou um espetáculo digno do próprio submundo.
Ela não apenas espalhou discórdia como quem joga cartas marcadas, mas também fez o jogo parecer natural. O grupo se virou contra si próprio antes mesmo de perceber sua influência. Nefelim, acostumado a ver destruição, observava Alvarez com um brilho cínico nos olhos. Se ele tivesse uma árvore genealógica confiável, talvez desse uma olhada para confirmar se a mulher não era mesmo sua prima distante. Mas ele suspeitava que até o inferno teria medo de reivindicá-la.
Em questão de dias, Alvarez semeou dúvidas entre Meg e Mary, transformando amizade em paranoia, mas ela foi esperta e usou o tio de Meg para plantar muita discórdia. Com um simples levantar de sobrancelha e um sussurro venenoso, conseguiu convencer recrutas a trair seus próprios aliados.
Alvarez ...ela não só desmontava grupos, ela os fazia querer se desmontar sozinhos.
Meg, a racional do grupo, já não via lógica em nada:
— Por que a Abby está agindo estranho? Ela me chamou de Meggy. E depois me deu um café! Ela odeia café! Os olhos dela arregalaram como se estivesse diante de uma abominação bíblica.
Mia que estava ali no batalhão mesmo sem que muito lhe aceitasse, ainda tinha a proteção e o aval de Abby, ela que nunca desperdiçava uma oportunidade de dramatizar, murmurou entre dentes:
— Certeza que ela está apaixonada. Ou talvez tenha te envenenado. Entre amor e veneno, eu escolheria o veneno.
Mary apenas cruzou os braços e bufou.
— No fim das contas, dá no mesmo. Só muda o tempo de sofrimento.
Meg ainda tentava decifrar o comportamento estranho de Abby quando Mia, sempre afiada, jogou um comentário casualmente venenoso no ar:
— Ah, você reparou que Abby anda mais carinhosa, né? Mia disse, mexendo distraidamente no próprio cabelo. Achei curioso.... Ontem mesmo vi ela experimentando uma cueca vermelha. Fica muito bem nela, viu?
O mundo de Meg parou por um segundo. A lógica racional evaporou. O olhar dela se estreitou.
— O quê? Sua voz saiu cortante.
Mia sorriu maliciosamente e tomou um gole do próprio café.
— Só estou dizendo.... Algumas pessoas mudam, quando têm interesses novos. Quem diria que Abby seria do tipo que se preocupa com a roupa íntima? E com um olhar inocente que não convencia ninguém, completou: Mas claro, pode ser só um capricho.
Mary olhou para Mia e balançou a cabeça, sabendo exatamente o que ela estava fazendo.
Alvarez observava tudo de longe, deliciando-se com o estrago. Era uma obra de arte trágica, cínica e exatamente como ela gostava. Apenas observava, satisfeita. O caos estava plantado. Ela sabia que Meg não estava preparada pra o deboche de Mia, e de longe ria.
Enquanto isso, Nefelim observava tudo. Invisível, mas sempre presente. Odiava admitir, mas começava a.... gostar daquela humana. Alvarez, com seu olhar de seu olhar de gelo, da forma como chutava um zumbi na cara, da maneira como sorria antes de explodir um acampamento.
E então veio o auge do caos. Alvarez não apenas jogou crianças-bombas no acampamento de Meg, mas fez questão de assistir ao espetáculo como quem admira fogos de artifício em uma noite festiva. O impacto foi imediato. Explosões cortaram o silêncio da noite, a fumaça ergueu-se como uma cortina sombria, e o horror pintou cada rosto presente.
Os gritos eram uma sinfonia dissonante de dor, pânico, traição. Pedaços voavam no ar como destroços de uma civilização condenada. Sophia foi arremessada para o chão, um corte profundo rasgando sua perna, enquanto lutava para se manter consciente. Mia, tomada pelo desespero, correu em sua direção, tropeçando sobre destroços e carne chamuscada. Mas o socorro nunca veio.
Nefelim, sempre apreciador da destruição calculada, observava a cena com um olhar quase entediado. E quando notou que uma bomba caía suavemente ao lado de Mia, ele soprou...não com urgência, mas com a delicadeza de quem manda uma folha ao vento. O projétil deslizou centímetros, o suficiente para alcançar o alvo.
A explosão veio como uma segunda sentença de morte, arremessando Mia contra os destroços. O impacto a silenciou de imediato. Alvarez sorriu de canto. O inferno estava servido.
Na fuga, Alvarez encosta-se numa parede imunda, arfando. A fumaça ainda pairava no ar como um véu tóxico, e o cheiro de sangue era quase reconfortante. O mundo estava ruindo, mas ela... sorria.
— Cadê você, cafajeste celestial?
A resposta veio com o calor que antecede um incêndio.
Ele surgiu da sombra como se a própria escuridão o tivesse cuspido. Camisa aberta, pele brilhando sob a luz opaca das chamas ao longe, olhos dourados que queimavam como brasas vivas. O sangue no rosto dela contrastava com a curva do sorriso que ele tanto adorava. Selvagem. Perigosa. Linda como um vício.
— Vim ver se minha loira ainda tem todos os membros; ele disse, num tom rouco, carregado de prazer e provocação.
Ela não respondeu. Apenas avançou.
O beijo veio como um ataque ... dentes, língua, desejo. Nada era delicado entre eles. Não havia espaço para doçura num mundo em colapso. Havia só o agora. O toque urgente. O grunhido abafado. As mãos dele marcando sua cintura como se quisesse gravá-la em carne e fogo.
— Você é minha obra-prima; ele sussurrou contra seus lábios partidos, a voz como lava escorrendo.
Eles se jogaram num canto escuro, entre entulhos e ecos de explosões. Não precisavam de cama, de tempo, de permissão. O mundo podia acabar estava acabando e mesmo assim, nada importava além do calor entre os dois.
As roupas ficaram tortas, semiabertas, como obstáculos desprezíveis diante da fome dos corpos. Ele a segurava como quem domina uma fera ou como quem teme que ela desapareça. Ela mordia o lábio, arfava contra o pescoço dele, e seus olhos diziam tudo o que a boca não precisava falar.
Ele sussurrava em línguas antigas, proibidas, esquecidas pelos deuses. Palavras que nenhum humano deveria ouvir, mas que faziam o coração dela disparar, o corpo tremer, o sangue ferver.
Ela era destruição. Ele, a faísca.
E naquela noite, no meio da guerra, eles arderam.
Na manhã seguinte ...
O acampamento dos Tigers era um pandemônio. Barracas em chamas, gritos dilacerando o ar, corpos em brasa tentando escapar do impossível. Zumbis cambaleavam entre os escombros, puxando pernas, rasgando carne. Meg, com uma espingarda nas mãos trêmulas, tinha os olhos tão cheios d'água quanto de ódio. Mary lutava para tirar Abby dos destroços, enquanto Sophia gritava, presa sob um pilar de ferro retorcido.
Do alto de uma colina enegrecida pela fumaça, Nefelim observava. O prazer em seu rosto era quase sensual, perverso. Como quem contempla uma obra de arte finalizada com sangue e fogo. Ao lado dele, Alvarez. O pescoço ainda sujo de sangue seco em cima do chupão que já estava roxo, o olhar saciado, a boca marcada. A respiração dela era lenta, mas o corpo pulsava com a memória do toque dele. Ainda sentia o gosto do inferno entre os dentes.
Ele passou a mão pela cintura dela, devagar. Um gesto que dizia:
"Você é minha. "
Ela não respondeu: apenas inclinou-se contra ele, como quem entende que mesmo monstros também se pertencem.
Mas então, o ar mudou.
Veio uma voz. Grave. Impossível. Ecoou entre os ventos, arranhando a realidade como garras num vidro.
— Nefelim... já é hora.
O calor do momento esfriou. Ele fechou os olhos, como se algo dentro dele quebrasse em silêncio.
— Sim, meu senhor. Já estou voltando.
Alvarez se virou, como quem levou um tiro.
— Vai embora?
Ele hesitou por um segundo. E nesse segundo, o mundo parou. O caos lá embaixo continuava, mas entre eles havia um vazio que nem o inferno conseguiria preencher.
— O rei me chama, docinho. O inferno tem seus compromissos.
— E eu? Ela deu um passo à frente, os olhos brilhando com algo que ela odiaria admitir ser medo. Quem vai me proteger aqui?
Ele se aproximou. O calor entre os dois reacendeu como pólvora sob faísca. A mão dele segurou a nuca dela, puxando devagar, os rostos tão próximos que o ar ficou espesso.
— Você não precisa de proteção, loirinha. Você é a própria tempestade.
O beijo veio. Lento. Quente. Não como uma despedida, mas como um pacto. Ele a tomou com a mesma intensidade, com que havia tomado sua alma naquela noite escura entre ruínas. Beijou-a como quem sabe que o mundo vai ruir, mas enquanto os lábios estiverem juntos, ainda há algo sagrado ali ou profano o bastante para ser eterno.
— Enquanto eu existir, serei o fogo que queima em você. Matando, destruindo. Vou estar no seu sangue, nos seus gritos, no estalar das suas bombas. Serei a brisa quente antes da explosão. Ninguém toca em você, Alvarez. Ninguém. Você é minha.
Ele tocou a testa dela com a dele, o olhar dourado se apagando devagar.
— E quando eu voltar, vamos queimar o mundo juntos. Sem freios. Sem redenção. Só nós. Como boas almas perdidas.
Um estalo seco.
E ele se foi.
Deixando apenas o cheiro de enxofre... e a promessa não dita de que o inferno voltaria para buscá-la.
Fim
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