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AMIRA.








Se Núcleo e Welly pudessem me ver agora, certamente eles estariam se envergonhando ou planejando algum tipo de maldição horrível para colocarem em mim. Deveria estar me sentindo péssima por mentir na cara dura para todos eles. Mas não me sinto. O que esperavam de mim? De uma espécie alienígena conhecida por mentir e trapacear? Essas são umas das poucas coisas que sou muito boa: enganar.

Para eles meu pai biológico e minha avó estão mortos, o que não é verdade. Para eles eu fui capturada pelos Galra, enquanto tentava voltar para o meu planeta, o que não é verdade também. Para eles eu quero lutar uma guerra que não é minha e derrotar Zarkon, o que, mais uma vez, não é verdade.

O que todos não precisam saber sobre mim é que minha avó é uma pessoa horrível e ela está viva. Meu pai é um humano chamado Takashi Shirogane e ele não só está vivo, como também é o paladino negro. Minha mãe morreu no meu parto. Fui capturada pelos Galras, porque estava tentando rastrear o meu pai e que sou uma pessoa que detesta guerras ou conflitos. Essa sou eu de verdade e não a imagem de pobre coitada que vendi para toda equipe Voltron.

Eu só disse o que eles queriam ouvir, para que assim pudesse me juntar à equipe e ficar próxima ao meu pai. Não sou uma pessoa horrível. Ou pelo menos gosto de me imaginar assim. Claro que nutro um carinho e uma amizade sincera com Pidge. Eu me importo com ela. Mas não acho que estou pronta para contar a eles toda a verdade sobre mim. E nem sei se eles aguentariam ouvi-la toda palavra por palavra.

O que eles fariam se descobrissem metade das coisas que escondo sobre minha vida e meu passado?! Por mais que eles pareçam amistosos, tenho certeza que se soubessem mais sobre minha vida, eles certamente não iam me querer por perto. Sequer eu gostaria de me ter por perto depois de tudo o que fiz...

Cada um deles, da equipe, todos têm esperança. Ou talvez seja só ilusão de que uma guerra com boas intenções vale a pena ser lutada. No entanto, não é assim que eu vejo do lado de fora. Uma guerra sempre será uma guerra. Pessoas inocentes sempre se ferem ou morrem pelos ideais exacerbados que são vendidos por diversos falsos líderes. Guerras apenas trazem miséria e sofrimento, não trazem paz ou muito menos glória. Tire um tirano do poder e outro aparecerá em seu lugar.

Pensei que continuaria fora de uma participação direta nesse conflito com os Galras, quando abandonei e enterrei o meu passado. Acho que Núcleo e Welly estão me punindo com as crueldades do destino, ao não só me fazerem reencontrar meu pai, como também tentarem me colocar novamente no meio de um fogo cruzado, do qual nunca quis me envolver.

Não menti ao dizer que quero ajudar, mas quero ajudar porque meu pai biológico está nisso, porque acho que essa é a nunca forma de estar próxima a ele nesse momento. Mas, devo admitir, que está no meio dessa guerra não me agrada nenhum pouco, não é uma guerra minha e tampouco quero luta-la. Essa sempre será a minha decisão final desde que abandonei minha vida antiga. Eu abandonei meus companheiros e algo mais próximo do que já cheguei a ter de uma família, por quê... Já vi de perto o que uma luta direta com os Galras é capaz de fazer.

A questão não é vencer ou perder, mas quem vai se ferir ou morrer no processo. E a coisa mais certa numa guerra é que haverá mortes. Quantas pessoas queridas, amigos ou companheiros, estaremos dispostos a sacrificarem por algo tão sem sentido? Eles acham que uma guerra é algo fácil. Um brinquedo divertido. Mas não é. A guerra é apenas um massacre entre pessoas não se conhecem, em prol de outros que se conhecem, mas não se massacram. É apenas uma jogada politica arriscada e desnecessária. Nunca gostei de nenhum tipo de conflito e por isso sempre procurei me manter neutra em todos eles.

Agora estou em um dos quartos do Castelo Navio e começo a olhar preocupada para o teto. Eles me aceitaram na equipe porque posso ser útil e desde ontem Pidge se encarregou de apresentar todos eles, um por um e tive que fazer um esforço quase sobrenatural para fingir que não sabia quem era quem. Até mesmo fingir que não sabia o que era o Voltron e seus paladinos, fazendo minha amiga perder um tempo fundamental me explicando o que era.

Eu sei. Deveria receber o prêmio de melhor mentirosa e atriz do universo. No entanto, acredito que às vezes mentiras são necessárias e tirar proveito da ignorância deles sobre meu povo, também pode ser necessário. Coran estava certo. Draconianos não podem mentir em seus juramentos à Welly e Núcleo, mas mestiços podem fazê-lo sem nenhuma consequência, porque não são de origem totalmente pura. Acredito que essa parte os alteanos não tinham em seu banco de dados sobre os registros draconianos.

Na noite anterior, ainda recordo-me da cara de espanto de cada um deles, ao perceberem que Hunk e eu iniciamos uma pequena disputa de quem conseguia e terminava de comer a montanha de gosma verde - algo que os alteanos chamam de "comida". O gosto não era bom, mas em comparação a tantas gororobas que já comi pelo espaço a fora, aquela gosma não ficava entre os piores. Mas estava tão faminta que sequer recusei o prato.

Havia comido aquela montanha de gosma tão rápida que não deixado nenhum resíduo dela sobrar no prato, enquanto Hunk sequer havia começado comer e, por isso, todos os presentes na sala de jantar me olharam surpresos e perplexos. Acho que na Terra as fêmeas não devem ser capazes de comerem tanto. Na minha espécie os draconianos têm três estômagos diferentes, o que nos possibilita comer a mais do que qualquer outro ser e estocar mais gordura nos possibilitando ter mais energia em nosso metabolismo severamente avançado.

Ainda estava fraca pelos Galras terem extraído minha radiação cósmica e por isso precisava recuperar minha energia o mais rápido possível, ao estimular meu próprio corpo a produzir novamente minha radiação. Não gosto da ideia de ficar vulnerável ou ser totalmente humana, mesmo que ainda sei alguns truques e golpes de lutas fundamentais, sem minhas habilidades draconianas sou só humana. Ou "bolo de carne", já que era assim que os outros draconianos se referiam aos humanos e a mim. Digamos que o fato de ser uma mestiça não era muito bem aceito por ninguém no meu planeta.

"Você me envergonha". Automaticamente ouço as palavras e a voz da minha avó ressoarem pela minha cabeça, o que me faz trincar os dentes com raiva. Não da minha avó, mas sim, de mim. Eu preciso ser melhor e preciso me esforçar mais do que qualquer outro draconiano, porque sou uma mestiça. A minha raça preza mais do que tudo a pureza do sangue. E eu não sou pura.

Sou despertada dos meus pensamentos, quando ouço o barulho do deslizar da porta do quarto, que Allura me deu em seu Castelo Navio, é aberta deslizando rapidamente para o lado. Por um momento fico na defensiva com os ombros tensos por força do habito, mas ao olhar bem para a figura loira baixinha que está parada ali, imediatamente meus ombros relaxam e consigo ver uma Pidge com um sorriso amistoso, parada bem ali.

Confesso que fico aliviada por ela ter superado rapidamente o fato de ter escondido dela meu segredo sobre ser parte alienígena, pois de fato era bom e até mesmo reconfortante ter uma amiga como ela por perto. Uma pessoa inteligente o suficiente e que ame tecnologia e ciência tanto quanto eu. Uma pessoa como eu, da qual valha a pena gastar meus tiques da minha longa vida conversando sobre assuntos interessantes.

- Oi! - Ela diz entrando no meu quarto, enquanto trato de sentar-me na cama a olhando fixamente, um pouco curiosa. - Tem certeza que não quer vestir alguma roupa da Allura ou minha? - Pergunta ajeitando o óculos de grau e olhando com os olhos dourados para minhas vestes imundas e com algumas partes destruídas ou queimadas.

Ser uma prisioneira dos Galra e ainda tentar ser impecavelmente bela é uma coisa totalmente impossível. Sei que estava totalmente imunda e totalmente desnutrida, tenho de admitir que tive dificuldade em dormir em uma superfície macia e confortável de um colchão, pois havia me acostumado a dormir com a dureza e solidez que eram o chão da minha cela. Na noite anterior apenas tomei um banho pela primeira vez em meses e vesti minhas roupas destruídas e imundas de novo. Tanto, Allura e Pidge me ofereceram trajes limpos e novos, mas acabei por recusá-los, por motivos bem específicos.

Faço uma pequena careta perante a pergunta.

- As roupas alteanas femininas são caretas demais para mim. E as suas são pequenas para meu tamanho. - Sou sincera com as minhas palavras.

Pidge é muito baixa e até mesmo pequena demais, para que eu possa caber em suas roupas com toda minha altura e membros largos. Já as roupas de Allura, que cabem perfeitamente em mim, são caretas demais e não fazem meu estilo, na verdade, sinto vontade de estraçalhar elas com minhas garras. Prefiro ficar com meus trapos ao ter que usar algo que não me agrade. Sou um pouco orgulhosa? Sim!

- Além do mais, sei que vocês vão até a lua de trocas hoje, a procura de lentes de teludav. E eu vou com vocês. - Disparo me levantando e alongando meus braços, no momento em que uma feição surpresa se forma no rosto da minha amiga.

Pidge está de queixo caído e ajeita nervosamente seus óculos de grau.

- Como você... - A interrompo antes mesmo que ela consiga terminar sua pergunta sobre como sabia que eles iam até as luas de trocas, uma vez que não estava na sala de controle quando Coran anunciou isso para todos.

- Meus sentidos são sensíveis e mais desenvolvidos. Posso sentir cheiros de forma aprimorada, ver a longas distâncias e enxergar no escuro e, inclusive sou capaz de ouvir tudo dentro de um raio de dois quilômetros de distância. - Cruzo os braços por detrás da minha cabeça. - Por isso consegui ouvir a conversa de Coran com vocês, sem estar por perto ou espiando.

- Ow! Isso é incrível! - Pidge dispara animada. - Podemos usar suas habilidades para espionar qualquer um e ainda obter informações fundamentais!

Arqueio a minha sobrancelha esquerda e um pouco confusa digo:

- Tá legal...

Sei que deveria contar para eles que as Luas de Trocas já não existem mais da forma como Coran as descreveu. Não são mais mercados clandestinos ou ilegais frequentados e administrados por piratas espaciais ou trapaceadores conhecidos como Unilus. Isso já faz mais de dez mil anos e também agora são apenas shoppings espaciais normais, quase como iguais aos que tem na Terra. A diferença é que nos shoppings espaciais há várias espécies diferentes de alienígenas e na Terra... Bom, só há "bolo de carne".

Claro que poderia contar para eles essas informações, mas se o fizesse, eles saberiam que sei mais do que aparento e poderia levantar suspeitas desnecessárias contra mim, então minha melhor opção era continuar tirando proveito da ignorância deles ao meu favor, me fazendo de tão desinformada quanto eles. O que é uma vergonha para meu intelecto superior e mais desenvolvido tanto perante aos humanos quanto os alteanos, por favor, nós draconianos temos um cérebro grande com sete partes diferentes, enquanto humanos só têm duas partes e os alteanos apenas três.

Então sim, ser uma pessoa ignorante e até mesmo desinformada é quase que uma tortura gigantesca para mim.

- Bom eu só vim aqui te ver antes de partirmos... Mas... - Pidge dá uma pequena pausa. - Já que você vai com a gente, é melhor a nós irmos para a nave logo. O Lance conseguiu pegar o melhor lugar na frente junto com o Coran, o que quer dizer que vamos ter que nos apertar na parte de trás como sardinhas enlatadas. - A loira se apressa para sair do meu quarto e ir andando rapidamente pelo corredor.

Seu comentário me faz ri.

- Eu gosto de sardinhas desde que você me deu porque não gostava aquela vez. - Digo após a porta do meu quarto se fechar me apressando também para acompanha-la.

- Sabe... Eu bem que deveria ter desconfiado, quando vi que você não só comeu as sardinhas como a lata também. Naquele tempo só pensava que você era estranha, não uma alienígena.

Dou um sorriso de lado.

- O que posso fazer? Sou parte draconiana e os draconianos comem qualquer coisa viva ou morta. - Digo em um tom de brincadeira, mas vejo que Pidge fica com os ombros tensos. Logo entendo o porquê. - O que não significa que vou devorar você e a equipe. Não sou tão selvagem assim. - Já adianto me explicando e vendo um suspiro aliviado sair dos lábios da loira.

- Ufa... Acho que posso dormir tranquila com essa informação.





***





No momento em que me encontro na parte de trás da pequena Nave é quando percebo a que Pidge se referia ao se apertar feito sardinhas enlatadas. A parte da neve onde estávamos era totalmente apertada e desconfortável demais para minhas pernas longas e grandes, graças a minha altura. Hunk e Pidge estavam sentados a minha frente, enquanto Keith estava sentado ao meu lado, me encarando algumas vezes tentando disfarçar, o que realmente não surtiu muito efeito uma vez que eu tinha percebido.

Aquele lugar era abafado e muito fechado. Geralmente odeio lugares assim. Eles me deixam nervosa e agitada. Talvez porque minha experiência com lugares apertados e fechados não tenha sido das melhores no passado. Balanço minha perna demasiadamente, tentando lidar com a minha ansiedade de estar logo fora dali, até mesmo sinto meu corpo transpirar desnecessariamente. Tento disfarça as coisas que estou sentindo por causa do meu pavor de lugares como esse, esperando que nenhum deles ali tenham notado isso.

Por um momento, tento me distrair do meu nervosismo com meus pensamentos complexos que vagam até a imagem do Shiro, meu pai. É tão estranho olhar para ele e pensar "aquele ali é o meu pai". Talvez devesse ter contado de primeira que ele era meu pai... Não! Claro que não péssima ideia, aliás. Dizer assim tão diretamente... Não seria bom. E se ele não recebesse a notícia tão bem quanto eu espero? Se ele desmaiasse? Quando alguém desmaia nem sempre é bom. Primeiro preciso sondar o terreno, me aproximar aos poucos e só aí... Só então eu falo quem eu sou de verdade. Esperei muito tempo para reencontra-lo e agora estou perto dele, mesmo que ainda seja como uma desconhecida, mas isso para mim basta. Por enquanto.

- Olá? Passageiros estão me ouvindo? - A voz de Coran ressoa pelos alto-falantes da Nave da parte onde estamos e me desperta dos meus pensamentos e reflexões profundas sobre minha paternidade e minha distração do meu nervosismo.

- É tão confortável aqui! Tem mais espaço para as pernas e o banco é bem quentinho. - Lance faz questão de se vangloriar, esfregando em nossas caras que ele está na frente e "no melhor lugar" da nave, enquanto nós, não estamos.

Confesso que nunca senti tanta vontade de chutar o traseiro de alguém como estava com vontade de fazer isso com o paladino azul.

- Cheio de marra, só porque tá indo na frente. - Resmunga Hunk e apesar de não falar nada, eu concordo internamente, assim como sei que Keith e Pidge também concordam, mesmo não dizendo nada.

- Essas luas de troca são ambientes muito perigosos. Fiquem alerta. - Diz Coran nos alertando. - Não usem armas ou comunicadores de qualquer espécie. - Sua voz é rígida. - Eu também trouxe alguns disfarces... - Ele fala tão calmamente, algo que me faz temer internamente.

E é nesse instante em que nós quatro nos entreolhamos com um misto de surpresa e medo. Ele não vai me fazer vestir alguma fantasia ridícula, certo?!





***





Errado.

Quando estamos finalmente dentro das "luas de troca" é o momento certo em que percebo o quão ridículos todos nós estamos por causa das roupas ridículas que Coran nos obrigou a vestir dizendo que era um "disfarce". Se isso que nós estamos usando é um disfarce, então eu sou um unicórnio, pois a última coisa que esses trapos fazem é disfarçar a alguém, na verdade, eles apenas servem para chamar atenção desnecessária.

Vejo uma criança alienígena com a pele verde, passar ao nosso lado de mãos dadas com a mãe, enquanto ri e debocha das nossas aparências. Juro que tive de me segurar para não ir até o pirralho, roubar seu sorvete e ainda o comê-lo na frente dele, enquanto me divertia com o garoto chorando por seu sorvete. É; não me dou muito bem com os filhotes espaciais. Odeio crianças. Talvez porque minha experiência com outras crianças draconianas da minha idade não tenha sido das melhores, na época elas eram extremamente cruéis e perversas. Receio dizer que de todas as criaturas, monstros ou abominações que vivem no universo, crianças certamente são os piores seres dentre eles.

Penso seriamente que talvez deveria ter contado para Coran sobre as Luas de Troca não existirem mais e agora, serem na verdade shoppings espaciais atualmente. Pelo menos desse jeito teria me poupado dessa humilhação e vergonha toda. Fala sério! Nós seis parecemos algum tipo de banda de rock antiga e brega que existia na Terra séculos atrás ou uma versão pós-apocalíptica tribal que via muitas vezes os personagens usarem nos filmes. Tudo bem que uma vez há dez mil anos, esses trajes seriam os corretos para virem aqui. Mas agora, com a "modernidade", definitivamente não é o mais adequado.

Tanto Keith, quanto eu estávamos usando uma capa marrom gigante com capuz. Enquanto ele usava uma máscara para esconder a parte superior do seu nariz para cima, eu usava um lenço vermelho escondendo a parte do meu nariz para baixo. Coran usava um casaco azul grande bem velho e ainda tinha um falso tapa-olho em seu olho direito. Lance usava uma quantidade de pano absurda, com um cachecol extravagante e um óculos de grau falso. Hunk usava um colete de couro ridículo e uma máscara mais ridícula ainda. Pidge infelizmente era a pior de todos nós, usando não só uma máscara de gás, mas também óculos laranja neon. Fora os acessórios chamativos e desnecessários, ainda tínhamos as roupas velhas e bem antigas, que cheiravam a mofo.

- Ah... Coran? - Pidge chama o ruivo. - Essa Lua de Troca aqui parece muito com um shopping normal...

É um shopping mesmo. - Digo em pensamento, revirando os olhos. Sentindo o tecido do pano vermelho (que Coran insistiu em me fazer colocar escondendo a parte do meu rosto do nariz para baixo) pinicando e irritando minha pele. Na verdade, todo aquele tecido que o alteano me fez vestir, não só me deixa desconfortável, como também possui um cheiro duvidoso, fazendo questionar-me internamente onde é que foi que aquele bigodudo ruivo achou esses trapos. Sinceramente, os trapos que minhas roupas anteriores se encontravam, estavam certamente melhor do que esses.

- É... Parece um pouco mais limpo do que me lembro... - Comenta Coran. - Mas fiquem atentos! Os Unilus ainda são comerciantes impiedosos. Não desgrudem de seus sacos de moedas.

Mais limpo? Por favor, agora eles tem até escada rolante e lojas muito bem organizadas.

- Eu não tenho nenhuma moeda. - A voz de Hunk sai um pouco abafada pela máscara ridícula que está usando. No entanto, ele está certo, nenhum de nós ali tem alguma moeda.

Sequer eu tenho algum tostão e olha que vim arrumar roupas novas. Porém, melhor do que qualquer pessoa; sei como arrumar dinheiro fácil e qualquer coisa que desejo nesse lugar, afinal, sou uma draconiana. E os draconianos são ótimos em conseguir coisas de maneira fácil e sutil com trapaças, enganações e mentiras. Eu sei, esse jeito pode ser considerado moralmente errado pelos humanos, mas não estamos na Terra, certo? Então a moral e ética deles não prevalecem por aqui.

Se quiser sobreviver no universo, mentir, trapacear e enganar são os três requisitos fundamentais.

- Melhor assim. - Coran responde o paladino amarelo.

- Gente, vamos logo acabar com isso. - Keith diz visivelmente impaciente, provavelmente deve estar odiando essas fantasias tanto quanto eu.

- Isso mesmo. - Coran concorda. - Amigos vamos nos separar e procurar as lentes de teludav. - Sugere. - Vamos nos reencontrar no relógio gigante daqui a uma vaga. Não se atrasem e tentem se misturar. - E após dizer isso, o alteano sai andando pelo shopping como se tudo estivesse bem e ele próprio não estivesse se sentindo totalmente ridículo naqueles trajes.

Quando finalmente vimos o engenheiro desaparecer entre as pessoas, nós cinco trocamos alguns olhares significativos que todos nós entendíamos muito bem o que cada olhar de cada um de nós queriam dizer. Em um instante estávamos perto do relógio espacial no centro da praça do shopping e no outro estávamos na lixeira mais próxima nos livrando daquelas roupas e acessórios ridículos, os jogando dentro da lata de lixo. Já que aquelas coisas estavam por cima das nossas roupas que estávamos usando antes dessa ideia estúpida do Coran.

No momento em que nos livramos daquelas roupas, todos nós nos separamos com cada um indo para uma direção oposta do outro. Enquanto, Cora, Keith, Hunk, Lance e Pidge iriam procurar pelas lentes de teludav, eu iria atrás da única coisa que vim para cá. Dinheiro fácil. Shoppings espaciais podem ser lugares divertidos e até mesmo de entretenimento ou compras para grande parte dos povos alienígenas, mas a única coisa que eles tinham e ninguém percebia; era que em lugares assim, geralmente eram cheios de jogos de azar. E nada melhor do que um jogo de azar para um trapaceiro conseguir dinheiro fácil.

Geralmente em shoppings assim sempre há algum sorteio ou algum tipo de jogo semelhante com um bom prêmio. Comumente esses prêmios são vales compras com valores muito altos em qualquer loja dali.

Os altos falantes do shopping ressoam uma música com batidas relaxantes e até mesmo um pouco lenta demais para meu gosto. No instante em que continuando andando por ali perto da praça de alimentação, onde vejo de longe Hunk devorando tudo o que vê pela frente, mas também meu olhar é capaz de capturar a visão de uma aglomeração de pessoas e um palco com uma grande roleta cheia de pequenos papeis.

Várias pessoas estão ali, estão em êxtase e sou capaz de ver que em cada um dos seus olhares há uma fagulha de expectativa e esperança. Não demoro constatar que o que acontece ali é nada mais que um sorteio. Um sorteio de um vale compras em qualquer loja do shopping de 400.000 gacs. E claro que, não perderia essa oportunidade de "roubar" esse prêmio. Ainda estou fraca pela extração da minha radiação pelos Galras, mas acredito que ainda deve me restar um pouco de energia para fazer uma simples e fácil trapaça.

Pego um pedaço de papel qualquer que encontrei jogado no chão, parecia ser à conta da comida de alguém na praça de alimentação, mas isso não importava. Apenas precisava me concentrar no papel e na roleta cheia de papeis com diferentes números para serem sorteados. É uma habilidade simples, todo draconiano aprende no seu primeiro eclipse. É apenas um truque barato de enganação e ilusão.

Eu sei. Não é justo fazer isso que estou prestes a fazer, no entanto a vida não é justa e eu preciso desse dinheiro.

Enquanto mantenho meus olhos fixos no papel, tentando me concentrar - o que se torna uma tarefa difícil quando se é uma criança draconiana e está com pouca radiação. Mas percebo que no instante em que vejo uma luz vermelha iluminar as bordas do papel na minha mão, é quando tenho a certeza que a energia que me resta é o suficiente para o pequeno truque. Continuo tentando manter meu foco e isso impulsiona a luz começar a crescer desenfreadamente até que tão rápido quanto um flash ela consegue cobrir todo o local do sorteio com todas as pessoas ali.

Todos eles não são capazes de ver a luz e o brilho escarlate ou até mesmo perceberem que estão dentro de uma área encantada minha, na qual posso enganá-los da forma que eu bem entender. Apenas draconianos ou aqueles com a clarividência poderiam ser capazes de ver a verdade por detrás da ilusão, mas acredito veemente que nesse lugar não tenha ninguém que se encaixe nessas duas categorias e por isso não ouso fraquejar ou voltar atrás com o meu plano. Agora todos eles estavam dentro da minha ilusão, eu poderia facilmente enganá-los.

A roleta cheia de papéis do sorteio finalmente para de girar e o apresentador pega um dos papéis. Todos eles ali, ainda continuam alheios a mim e a minha habilidade e por isso como não são capazes de detectarem nada, as pessoas ali, apenas continuam como se nada tivesse acontecendo. Sinto meus olhos arderem, provavelmente estão com a íris vermelha graças ao meu encantamento. De repente no papel que seguro em minha mão surge um número qualquer, ele brilha com um vermelho neon, mas logo o brilho desaparece deixando apenas a cor negra no número impressa sobre o papel. 13. Número treze. E quando ouço a voz do apresentador ressoar pelos altos falantes, é quando sei que sou a ganhadora.

- E o vencedor é aquele com o número treze! Meus parabéns! - O apresentador diz todo sorridente e alegremente.

A verdadeira pessoa que conseguiu o número treze teve seu número trocado por qualquer outro e assim passando automaticamente seu número para mim, sem ela sequer notar ou perceber. O número treze foi apagado da sua memória, enquanto a ilusão durar. É como se ela não lembrasse ou recordasse de que havia pegado o papel com o número do grande prêmio antes de mim. Um truque de ilusão simples. Mas como minha energia não está totalmente forte; é provável que a ilusão não dure por muito tempo e logo a pessoa verdadeira que tirou o número treze se recorde que foi ela mesma a ganhadora, não eu. Assim causando uma grande confusão. Entretanto, acreditava veemente que quando minha ilusão acabasse; eu já estaria fora daqui.

E foi com esse pensamento em que ousei dizer alto e em bom som:

- Eu sou o número treze. - Disse forçando um sorriso falso, enquanto todos os olhares recaíram sob mim.





***





Já havia perdido a conta de quantos gacs meu vale compras tinha me restado. Afinal, já tinha gastado com várias coisas diferentes, isso incluía um violão terráqueo que comprei em uma loja que vendia produtos da Terra aqui no shopping, comprei esse instrumento musical porque sempre quis aprender a tocar. Os humanos podem até não terem um cheiro agradável para nós, draconianos, com um olfato sensível, mas tinha que reconhecer que aquilo que eles chamavam de música era realmente algo extraordinário e apaixonante para mim. Tão diferente das melodias que ouvia comumente no meu planeta e em outros lugares do universo. Pelo que fiquei sabendo, minha mãe também gostava.

Como tinha comprado muitas coisas aleatórias e diferentes, como sendo muita coisa para carregar, fui sujeitada a comprar algo que me auxiliasse no carregamento das minhas compras. Havia comprado uma mochila "guarda-treco", ela era pequena, mas não se enganem pela aparência, pois no interior dela não respeitavam a leis da física, o que queria dizer que você podia guardar qualquer coisa de qualquer tamanho ali e ela nunca ficaria teoricamente pesada ou cheia. Convenhamos que essa mochila esteja sendo muito útil para guardar e carregar tudo que estou comprando.

Na mesma loja onde comprei o violão - que nesse momento estava dentro da mochila -, vi algumas roupas novas e as comprei também. Precisava me livrar dos trapos atuais que se encontram as roupas que estou usando, substituindo-as por roupas novas e que certamente tinham mais a minha cara e meu estilo.

Não tive dificuldade para encontrar os banheiros e quando atravessei a porta, a primeira coisa que fiz foi olhar para o meu reflexo deprimente no espelho. Meu cabelo estava mais longo do que o normal, já estava batendo abaixo das minhas nádegas e eu estava ainda com fortes olheiras e aparentava um aspecto cansado, talvez deva dar aos créditos à noite mal dormida por não estar mais acostumada a dormir em um colchão confortável e macio.

Joguei minha mochila sob a pia procurando as roupas que comprei e também o chamado "embelezador 3000", que tinha comprado em uma loja qualquer de bugiganga e tecnologia alienígena, com a promessa de que aquele produto podia fazer qualquer coisa com o seu cabelo, desde que você imaginasse o que queria. Quando tirei as novas roupas que tinha comprado elas eram totalmente típicas da confecção terráquea, acho que o tempo que passei na Terra foi o suficiente para me acostumar com as roupas e a moda do planeta, assim me desacostumando a usar minhas outras roupas típicas do meu planeta e da base de operações. Posso até mesmo afirmar que me acostumei com a minha forma humana, a mesma forma que antes era considerada repugnante no meu planeta.

Escolhi uma jaqueta acho que o nome correto na Terra seria "jaqueta bomber" ou algo do tipo - Camille vivia usando uma dessas o tempo todo - na cor preta com alguns bordados nas costas, uma calça jeans na mesma cor e de preferência com rasgados nos joelhos. Os tênis havia escolhido qualquer um na cor branca e peguei também regata na cor roxa. Essa última eu não tinha escolhido por acaso como foi o caso do sapato. Roxo, para os draconianos, representa a busca constante por glória e sucesso. E certamente era isso que sempre estava em busca desde o dia em que nasci e minha mãe morreu.

Minha avó e todos os draconianos sempre viam como fraca. A assassina da própria mãe. Ou como eles preferiram me apelidar "bolo de carne imundo". Sempre tive que provar meu valor, provar que sou digna, provar que mereço estar viva. A memória ainda é fresca na minha mente de quando tinha oito anos. Earys, minha avó, havia perdido toda a paciência comigo e contra minha vontade me colocou em uma nave qualquer e me mandou para Kolivan, um Galra e líder da espada de Marmora, uma organização secreta que busca derrubar e combater toda a tirania causada por Zarkon com o povo Galra e com o resto do universo.

"Não quero essa abominação de volta até que você a concerte. Você me deve isso, Kolivan". E mais uma vez, nesse dia, ouvi a voz severa e rude da minha avó ressoar em meus ouvidos. Kolivan e os outros Galras rebeldes por um tempo foi o que poderia chamar de família ou de lar. Kolivan me treinou e me ajudou a melhorar minhas táticas de luta e batalha e até mesmo por algum tempo, aprendi a chama-lo de pai. Mas isso foi antes, antes de tudo ruir... Engulo o seco com dificuldade e balanço a cabeça para os lados na intenção de espantar esses pensamentos e essas lembranças. Tudo aquilo ficou no passado, agora tenho que me concentrar no presente e nada mais.

Seguro o tal embelezador 3000 e vejo se ele realmente funciona, ao imaginar um novo cabelo para mim. Tão rápido quanto um raio, a bola tecnológica prateada acende com uma luz turquesa e rapidamente ela começa a voar ao meu redor com o aparecimento de mãos e braços robóticos, como se tivesse vida própria. Uma das mãos robóticas segurava uma tesoura e a outra segurava um pente. E antes que pudesse dizer alguma algo, aquela coisa vai direto para o meu cabelo começando a corta-lo e pentear os meus fios negros com força, o que obriga uma careta desgostosa a surgir na minha face.

Penso em me livrar daquela coisa, mas temo que se fizer isso, aquela coisa me deixe careca e por mais que a ideia de confiar me cause desconforto, ainda sim, decido continuar parada e deixar aquela bola terminar, seja lá o que estivesse fazendo com o meu cabelo. Encaro o reflexo do espelho a minha frente, na tentativa falha de tentar ser capaz de ver o que aquilo estava fazendo com meu cabelo, mas infelizmente, apenas vejo o vulto do embelezador 3000 voar sem parar ou sequer ficar quieto. Aquela coisa era muito rápida, apenas conseguia visualizar os fios do meu cabelo caindo um a um no piso do banheiro. Fecho os olhos com força e apenas começo a torcer para que aquela coisa não faça nada de errado com o meu cabelo.

De repente o barulho para e tudo fica em silêncio.

Arqueio a sobrancelha antes de abrir lentamente meu olho esquerdo, com certo de receio do que vou encontrar ao me encarar novamente no espelho. Mas, quando meu olhar recai sob o meu reflexo, instantaneamente arregalo os olhos surpresa com o que vejo. E por mais que odiasse surpresas, essa certamente era uma surpresa boa. Meu cabelo estava... Estava bonito...

Quero dizer, se antes ele estava opaco e sem vida, agora ele estava brilhante e quando passei os dedos entre os fios, sou capaz de sentir sua maciez. Meu cabelo está um pouco curto batendo um pouco acima da metade das costas e as pontas onduladas do meu novo cabelo estão completamente roxas, enquanto o topo ainda continua com a cor natural dos meus fios negros e o novo corte repicado me faz sorri involuntariamente. Tenho que admitir, aquela bola flutuante valeu cada gac que gastei ao compra-la.

O novo visual me deixa um pouco animada, devo confessar. Mas antes de sair do banheiro me certifico de pegar todos os emaranhados de fios do meu cabelo cortado no chão e jogar na lata de lixo, juntamente com as minhas roupas velhas, enquanto guardo o tal embelezador 3000 dentro da mochila e a coloco sob o ombro.

No momento em que saio do banheiro acabo me esbarrando em alguém e imediatamente ouço o chiar de um metal se chocando contra o chão.

- Me desculpa. - Nós dois dissemos em coro e ao ouvir e reconhecer a voz vagamente familiar, quando ergo meu olhar, me certifico de que a pessoa quem esbarrei era nada menos que Keith.

Quando inclino para o lado vejo o que está por detrás dele, percebo instantaneamente que o paladino vermelho, assim como eu, tinha acabado de sair do banheiro masculino - o qual ficava na direção oposta do feminino. Mas no momento em que volto meu olhar para o Kogane, percebo que os olhos violeta escuro dele me encaram fixamente. Como se estivesse me analisando ou não me reconhecendo.

- Amira? - Ele chama arqueando as sobrancelhas, com um misto de surpresa e estranheza.

- Eu mesma. - Digo de forma obvia.

- Você está diferente... - Ele comenta ainda me encarando. Talvez fosse minhas roupas novas e meu cabelo novo que estavam causando essa estranheza nele.

- Decidi mudar um pouco... - Dei de ombros. - Ganhei um sorteio de um vale compra de 400.000 gacs em qualquer loja daqui e resolvi aproveitar. - Explico mentindo um pouco sobre como consegui o dinheiro, afinal ele não precisava saber que trapaceei.

- Entendi. - Disse ainda mantendo seu olhar fixo nos meus olhos. - Ah... Você está bem?

Uno minhas sobrancelhas confusa, não entendendo o que ele quer dizer.

- Como assim?

- É que quando estávamos na parte de trás da Nave, percebi que você estava um pouco nervosa e agitada.

- Isso quer dizer que você estava me olhando o tempo todo sem que eu percebesse? - Perguntei arqueando a sobrancelha e novamente mentido.

Claro que percebi os olhares insistentes dele sobre mim, no entanto, não sabia que ele tinha percebido minha pequena crise interna nervosa por estar em um lugar tão apertado. Mas, uma parte de mim queria saber o porquê desses olhares e por isso, decidi usar a tática do "jogar verde", algo que Camille havia me ensinado na academia.

Tão rápido quanto um raio, vejo o rosto pálido de Keith assumir uma coloração vermelha. Acho que é isso que os humanos chamam de "corar" e até que ele ficou bonitinho com o rosto assim. No entanto, antes que o paladino vermelho pudesse me responder, nossa conversa é subitamente interrompida por um Hunk que aparece do nada, se aproximando de nós com a respiração ofegante, atraindo totalmente nossa atenção.

Espera... Ele está usando um avental de cozinha?!

- Tenho que me esconder! - Ele diz desesperado, olhando para ambos os lados. - Galera! Ele está atrás de mim! - Fala completamente desnorteado, enquanto segura o braço de Keith e meu, com cada uma das mãos e aproxima seu rosto exageradamente do nosso, me obrigando sentir seu hálito que tinha uma mistura curiosa de hortelã com pimenta.

O que será que ele andou comendo?

- Quem? - Perguntamos Keith e eu juntos.

Então ouvimos um barulho de um motor de uma máquina e ao olharmos para o nosso lado esquerdo, vemos um Galra com um uniforme de segurança do shopping, pilotando um segway flutuante e sem rodas.

- Olhem só! São os pirata número dois e número três! - O Galra diz com um sorriso perverso. - É meu dia de sorte.

- Olhem lá! - Uma multidão aparece por detrás do segurança e meu coração para de bater quando reconheço alguns rostos, graças a minha boa memória fotográfica. - É a trapaceira do sorteio! Foi ela que usou magia para roubar nosso vale compras! - Um cara com a pele laranja e chifres, grita apontando o dedo para mim.

Ah não! Droga! Droga!

Eu sabia que meu poder estava fraco, mas não tão fraco ao ponto para ele durar tão pouco tempo. O verdadeiro ganhador já deveria ter lembrado que foi ele que tirou o número treze e não eu. Olho desesperadamente para minhas mãos, tentando usar mais meus poderes, mas apenas uma pequena luz vermelha aparece tão rápido e desaparece entre meus dedos. Fazendo-me perceber que estou sem meus poderes e totalmente fodida. Claro que talvez se eu me mostrasse como uma draconiana, eles poderiam me deixar em paz... Ou talvez não, quando percebessem que estou sem meus poderes.

É, acho que minha melhor opção é ignorar os olhares de julgamento de Hunk e Keith e sair correndo.

- Os outros dois devem ser comparsas! - Uma garota ruiva com piercings e quatro braços grita. - Peguem eles!

Apenas seguro a alça da minha mochila com força e me ponho a correr, juntamente com Keith e Hunk, logo atrás de mim.

- Você não disse que tinha ganhado?! - Keith berra atrás de mim, acho que ele não ficou muito feliz sobre a mentira que disse a ele.

- Mas eu ganhei! - Rebato sem olhá-lo. - Trapaceando... Mas ganhei!

- Fala sério! A gente vai morrer por linchamento! - Hunk grita desesperado.

Estávamos correndo tão rápido, mas era claro que poderia correr mais rápido do que um humano normal, mas sem minha reserva de radiação estrelar, eu não sou nada além de uma humana comum. O que só mostra o quão azarada eu sou.

Quando passamos em frente à loja de produtos terráqueos, onde comprei meu violão e minhas roupas, vemos Lance e Pidge parados ali, mas apenas continuamos a correr. Não era hora de parar.

- Vamo vazar galera! - Hunk grita, ainda correndo atrás de mim.

- A segurança e uma multidão furiosa está vindo aí! - Keith grita em seguida.

Não ouso olhar para trás, mas ainda sou capaz de ouvir a voz maquiavélica do segurança e os gritos raivosos da multidão.

- Aí estão os outros! - O Galra grita.

- Eles devem ser piratas espaciais! - Alguém grita. - Devolvam nosso vale compras!

Ao olhar de relance para trás vejo Pidge e Lance correndo atrás de nós com uma... Vaca?! Onde varlok (infernos) eles encontraram uma vaca no meio do espaço sideral?!

Continuamos correndo até nos aproximar do parapeito de metal e vidro do andar que estávamos do shopping, que estava alguns metros bem altos do chão. Se pularmos dali, certamente vamos morrer. Quero dizer, Lance, Hunk, Pidge e Keith vão, porque ao contrário deles, posso me regenerar rápido, mesmo estando com poucas reservas, graças ao meu lado draconiano.

Estava realmente pensando que aquilo poderia ser o nosso fim, até que Lance parecer que teve uma ideia, ao subir na vaca que estava flutuando numa prancha voadora.

- Galera subam na Cowtenecker! - Grita o paladino azul, ajudando Pidge a subir na vaca.

Mas como Keith, Hunk e eu estávamos mais a frente, tivemos que parar e esperar que Lance e Pidge passassem em nossa frente com a vaca sob a prancha voadora. E então, quando a vaca atravessou o parapeito e estava flutuando em pleno ar, nos pulamos sob a vaca, saltando para fora dos limites do parapeito. Keith estava com sua mão direita sendo segurada por Pidge, enquanto Hunk estava segurando no rabo da vaca e eu estava abraçando uma das patas dela para não cair daquela altura aterrorizante.

- Compraram uma vaca? - Hunk perguntou.

- Ela vinha de graça! - Pidge o responde, antes de Keith, Hunk e eu, conseguirmos montar nas costas da vaca, enquanto o segurança e a multidão furiosa ainda nos perseguiam.

Passei os braços rapidamente pela cintura de Hunk, segurando com o máximo de força para não cair. E como se tudo estivesse em câmera lenta, estamos voando um pouco acima de Coran, que acaba de sair de uma loja e nos encara perplexo, quase incrédulo pelo o que estava vendo.

- Ali o Coran! - Pidge grita apontando para o alteano.

- Temos que ir Coran! - Keith grita, enquanto o ruivo bigodudo começa a correr atrás de nós.

No momento em que a nossa "vaca voadora" começa a descer até a altura do chão onde o alteano se encontra, Keith estica o braço o ajudando a subir no nosso novo meio de transporte.

- Consegui as lentes de escaltrire! - Comemora.

- Escaltrite? Espere um tique! - O vendedor da loja, que Coran acabou de sair, grita indignado.

- Sem devoluções meu senhor! - O ruivo grita de volta, dando um pequeno aceno para o cara de quatro braços.

Antes que possamos prestar mais um pouco de atenção ou nos distrair, a voz do segurança Galra e da multidão furiosa, nos desperta e ainda nos lembra de que estamos sendo perseguidos. E ainda correndo um sério risco de linchamento coletivo, graças a mim.

- Voltem aqui! - Eles gritam em conjunto.

Outras pessoas gritam assustadas, enquanto Lance, que está "pilotando" a vaca na frente, se inclina de um lado e para o outro, desviando e evitando bater contra alguém ou algum desavisado que está alheio a nossa pequena fuga. Temo que essa perseguição não acabe e por isso; pego minha mochila, abrindo-a e enfiando minha mão dentro dela, procurando por alguma bugiganga útil que comprei, para nos ajudar a sair dessa situação que os humanos definiriam como "gato e rato".

Quando finalmente acho o que procuro, no momento em que estamos dentro do túnel, atiro o pequeno cilindro de plutanito na entrada do túnel - a qual acabamos de atravessar. Ao mesmo tempo em que ao se chocar contra o chão, o cilindro de vidro frágil se quebra e no instante em que seu conteúdo se encontra com o ar, automaticamente uma parede de gelo começa a crescer do chão até o topo do túnel, nos separando e impedindo assim, o segurança e da multidão furiosa continue nos perseguindo ou até mesmo nos alcance.

- Muito bom Amira! - Pidge grita olhando para mim e sorrindo.

Eu apenas devolvo o sorriso.

O segurança e a multidão para de nos perseguir, graças à parede de gelo seco que se formou, os impede de fazê-lo.

- Que droga! - Exclama o Galra. - É melhor fugirem mesmo! - Ameaça, entre os gritos furiosos da multidão atrás dele. - E nunca mais apareçam aqui na minha jurisdição, piratas!

Lance fica de pé sob a vaca, olhando para trás, enquanto dá um sorriso presunçoso perante a ameaça, porque o segurança e a multidão não podem mais nos perseguir.

- Ah! Não podem nos seguir agora, não é?! - Zomba cheio de si.

Por ele estar distraído zombando do segurança e da multidão, o paladino azul, acaba por não ver a pequena mureta que há no teto e quando Lance se vira para frente, já é tarde demais. Ele havia batido o rosto com tudo na mureta de concreto do teto e graças ao impacto o McClain é jogado ao chão, enquanto geme de dor.

- E essa é a vingança do Varkon! - O segurança atrás comemora.

Enquanto isso; respiro um pouco aliviada por não ser linchada e também por estar com todas as coisas que "comprei", o que me faz abraçar possessivamente minha mochila. Pelo menos não perdi nada importante.

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