Truyen2U.Net quay lại rồi đây! Các bạn truy cập Truyen2U.Com. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Chapter 2.

Os cinco originais não se encontravam há bastante tempo. Não que eles não se falassem sempre que pudessem ou que três deles não estivessem na mesma equipe. Bobby, Jean e Scott eram parte da nova equipe dos X-Men, como sabemos, mas Warren estava muito ocupado sendo um dos rostos de Krakoa no ramo empresarial, enquanto Hank... bom, vamos dizer que as coisas entre ele e Jean não estavam as melhores.

- É a primeira vez em anos que vamos ter comida humana em casa. - Scott comenta com um sorriso de canto na boca enquanto terminava de temperar o cordeiro com o moedor de pimenta. - Sentiu saudades de um bom filé?

- Vou ser criticada se disser que sim? - A ruiva responde a pergunta do marido com outra. Também sorria enquanto picava os legumes e jogava todos na frigideira. - Além do mais, o cordeiro cozido é o prato especial da Primeira Classe. Lembra que Bobby e Warren colocavam pimenta demais para que só eles comessem?

- Mal sabiam eles que eu adoro coisas quentes. - Ele diz com um sorriso travesso, o que surpreende sua esposa.

Ela arqueia uma sobrancelha para Scott, soltando uma gargalhada incrédula.

- Sério? Piadas com fogo?

- O quê? Todos podem chamar minha mulher de cabeça-quente, mas eu não posso achá-la... - O Summers dá alguns passos largos pela cozinha, passando o nariz pelo pescoço da Summers enquanto a mesma estava de costas. - ... quente?

- Para com isso, Scott. - Jean murmura, tentando ignorar a forma como ficou arrepiada. Não parava de sorrir. - Eles já estão chegando. Consigo ouvir as reclamações de Hank daqui.

Scott não fecha a cara, mas demonstra sua insatisfação com um grunhido que sai da garganta.

- Certas coisas nunca mudam, hm? Os três sempre nos atrapalhando.

Após meia hora de cumprimentos e abraços, os Cinco X-Men Originais estavam assentados à mesa do casal Summers.

- E então? Como vão as coisas na equipe? - Warren pergunta momentos antes de enfiar uma garfada de cordeiro na boca. Ele comia com a etiqueta de um herdeiro bilionário, que era o que ele realmente era, então...

- Vão muito bem! - Bobby se apressa em responder mesmo sem ter acabado de mastigar. Era óbvio que a etiqueta do Homem de Gelo não era igual à do Arcanjo. - Scott e Jean são tipo nossos pais, enquanto Angie, eu e o resto somos tipos os filhinhos deles que os seguem na batalha por um mundo melhor.

Jean, ainda risonha, revira os olhos ao tomar um gole de vinho.

- Por mais que a metáfora me coloque como pai de um dos caras que me viram passar pela puberdade, não está muito distante da nossa dinâmica. - Scott diz com a voz grossa, imprimindo um tom de brincadeira quase imperceptível para quem não o conhecia. Jean amava o ver daquele jeito. Tão confiante e desinibido. Quase como se as coisas fossem trocadas e ele pudesse ler sua mente, Scott se vira para ela. - Né, amor?

A ruiva acena com a cabeça, apoiando a mão sobre a de Scott, que estava sob a mesa.

- Com certeza! Retomar os X-Men foi a melhor ideia que tivemos desde que Krakoa nasceu. Além de dar continuidade ao legado, temos a chance de ajudar nas mudanças que realmente contam para os mutantes mais pé no chão, sabe? Tanto os que estão aqui, conosco, quanto os que estão lá fora. É um alívio poder ser útil depois de meses como membro do Conselho.

- E a X-Force? - Warren pergunta com casualidade. É claro que ele não sabia. Quando Jean nada diz por alguns momentos, se vira para Hank. O mutante peludo, por sua vez, se reserva a saborear um gole de vinho. - Vocês fizeram parte da mesma formação, não? O que aconteceu? Quase não falam da X-Force no empresarial. Sei que é a intenção, mas sinto falta da ação, saca? Quando eu participei as coisas eram bem malucas, cara... - Ele comenta, meio risonho e temeroso, sobre uma coisa que só ele parecia saber bem a fundo. Em contrapartida...

- Melhor não tocar nesse assunto, penoso. - Responde o mutante gelado.

Warren franze as sobrancelhas douradas, confuso. Vira os olhos para Jean. É aí que percebe que tocou em um assunto delicado.

- Foi mal, Jean, eu não sabia... quer dizer, ainda não sei o que aconteceu, mas foi mal.

- Relaxa, Warren. Não é como se você fosse telepata, né? - Tenta ser engraçada para quebrar o clima, mas esse nunca foi o seu forte. Tudo o que faz é deixar ainda mais claro o quanto estava incomodada com a situação. Solta um pigarro - Enfim...

O doutor McCoy solta outro, apoiando seus talheres sobre o prato com elegância.

- Por quê o silêncio? Warren é nosso amigo. Tem o direito de saber das nossas divergências.

- É, Hank, mas a questão é que Jean já está passando por estresse o suficiente. - Scott responde, ríspido.

- E Deus nos proíba de cometer tamanha heresia, não é, Scott? É quase como o décimo primeiro mandamento. Não irritarás a telepata ômega, muito menos falarás o que ela não quer ouvir.

Jean fecha os punhos e, finalmente, se vira para o Fera. Bem tarde, Warren começa a perceber os claros sinais de animosidade entre seus amigos. Jean não abraçou Hank quando ele chegou. Na verdade, sequer se cumprimentaram.

- Por quê não fala o que está em sua mente, doutor McCoy? Nos ilumine com sua inteligência infinitamente superior. - Ela diz com o mínimo de sutileza.

Quase como um jogo de tênis, Hank rebate.

- Bom, por onde começo? A mesma ladainha de sempre na qual você se eleva ao posto de deusa da moralidade e nos julga do alto de seu pedestal ou com a sua falta de disponibilidade para entender pontos de vistas diferentes do seu? Quer dizer, para uma líder com o seu calibre e retórica, francamente, eu esperava mais diálogo do que arremessos telecinéticos para lá e pra cá.

- Me perdoe, Henry, mas não estou acostumada a ter que lidar com meus amigos mentindo para mim enquanto perseguem suas próprias agendas egoístas e megalomaníacas.

- E onde está a megalomania em querer proteger nossa casa, por obséquio?! Você ajuda Krakoa da forma que consegue. Com seus poderes e princípios. Eu tenho os meus e, honestamente, nossos superiores não poderiam estar mais satisfeitos com isso.

- Como se o Conselho Silencioso fosse parâmetro!

- Isso não vem ao caso, Jean! O Professor me apoiou em tudo o que eu fiz e não me arrependo nem um pouco disso.

- Eu sei que não se arrepende. - A ruiva responde com rispidez, quase como um rugido contido, enquanto desvia o olhar para o próprio prato. - Você fede a orgulho e arrogância.

- Chega! - Scott se levanta da cadeira, erguendo alguns tons de voz junto com ele. Dá um olhar de repreensão ao mutante azul e depois à Jean. - Os dois. Nós os chamamos aqui para discutirmos um assunto mais importante, se lembra?

Warren e Bobby parecem respirar com facilidade pela primeira vez desde que a discussão entre Fera e Jean começou. O gelado literalmente bate palmas.

- É, isso! Por que nos chamaram aqui, hein? - Ele arregalou seus olhos azuis cristalinos, levando ambas as mãos para a boca. - AI, MEU DEUS! JEAN TÁ GRÁVIDA?

Todos se viram para a ruiva que lutava para recobrar sua calma. E assim ficam. Até mesmo Scott. Jean franze o cenho para o marido.

- Não! Eu não estou grávida. - Responde, finalmente saindo do seu estado irritadiço. - Chamamos vocês aqui porque acho que fomos alvo de um ataque psíquico que apagou nossa memória quando ainda éramos os únicos X-Men.

O silêncio segue. Mais uma vez. O primeiro a quebrar, surpreendentemente, é o Fera.

- Estamos ouvindo, querida.

A mulher se aprumou na cadeira e soltou um suspiro longo e exasperado.

- Noite passada tive sonhos muito... vívidos.

- Quase abriu um buraco no nosso teto, aliás.

- Isso parece promissor. - Warren responde, um pouco grato pelo assunto ser outro diferente da briga que incitou.

- Os sonhos são a manifestação mais honesta do subconsciente humano. Se você sonha que está sozinho numa rua escura, você tem medo de ser abandonado, e por aí vai. Para os psíquicos, a maioria dos sonhos tem algum significado. Propósito. - Faz uma pequena pausa, mexendo no seu cordeiro sem muita animação. - Como cresci tendo um bilhão de sonhos malucos o suficiente para me deixar maluca se eu não os entendesse, comecei a estudar meu próprio cérebro para me poupar algumas horas de sono. Desde então, consigo me proteger de pesadelos, controlar sonhos...

- Sério, às vezes me pergunto como Emma consegue ser tão mau humorada com poderes tão legais como esses. - Bobby comentou casualmente.

- Mas alguns... Os que mais me marcam são os que mais importam. São os que não tenho controle algum de quando e como acontecem. São selvagens e imprevisíveis. Alguns dos meus sonhos mais selvagens, por exemplo, foram precursores de... bem, de tragédias. As vindas da Fênix, a primeira ressurreição do Apocalypse, minha morte...

Todos se movem em seus assentos, inquietos. Scott tenta passar tranquilidade, mas suas emoções pipocavam pelo campo empático de Jean ainda mais forte que a dos outros três.

- Cara, você previu tudo isso? - Bobby pergunta com a expressão atônita.

- Como assim, Jean? Por que só estamos sabendo disso agora? - Warren, naturalmente, é o que mais parecia interessado com essa revelação.

Jean consegue ver cada uma de suas intenções dançarem por trás dos olhos azulados. Ele pensava em como deveria ter sido para ela entender que morreria e de como ela ainda estava bem com tudo isso. Também se pergunta o quanto ela previu de Apocalypse. Se ela sabia do Arcanjo.

- São visões do futuro, eu sei, mas não são nada como as de Destiny. São enigmas. Metáforas, na maioria das vezes. Nunca algo concreto ou realmente útil até as coisas realmente acontecerem. Bem inúteis, se quer mesmo saber... O ponto em que quero chegar é que, agora, consigo discernir sonho de precognição ou, como no sonho de ontem... memórias. Memórias há muito enterradas por alguém muito poderoso.

- Por quem? - Warren pergunta.

- Eu não sei, Warren. Seja lá quem for, se aproveitou da minha pouca idade para nos atacar mentalmente. - Ela suspirou e apoiou a mão abaixo do rosto. - Mas tenho minhas suspeitas.

Foi como se, de repente, todos entrassem em um consenso a respeito dessas tais suspeitas de Jean. Se entreolharam por apenas alguns segundos e isso foi o necessário para que os outros originais seguissem Jean em sua linha de pensamento.

- Será possível? - O Arcanjo pergunta, incrédulo.

- É triste dizer isso, mas estamos em um ponto onde não consigo duvidar. Não dele. - Bobby continua.

- Só podem estar malucos, né?

- Já passamos por crises o suficiente para saber que não podemos descartar ninguém numa situação como essa, Hank. Todos já tivemos nossos momentos sombrios, principalmente ele. - Scott diz. Por mais que fosse sincero, ainda lhe doía pensar nessa possibilidade.

- E eu não estou acusando o Professor. Eu o amo assim como sei que cada um que está aqui o ama. Talvez até mais. - Jean é a primeira a citar seu nome. Ela aperta os olhos, levando as pontas dos dedos até a testa. - Mas também não posso me dar o luxo de ignorá-lo. Ele é um dos maiores telepatas que conhecemos e um dos poucos que já estava com tanta potência naquela época. E a lista nem é tão grande... Emma ainda era uma criança, enquanto Exodus estava enterrado nos confins da França. Isso nos deixa com o Professor e...

- Cassandra Nova. - Hank responde, analítico. Apoia os cotovelos na mesa e une ambas as mãos. - Pensou nela, certo?

A ruiva acena com a cabeça. Scott continua.

- Mas ela só foi conseguir se manifestar no mundo físico quando éramos adultos. Até então, ela estava dormente na mente do Professor. - Vira-se para Jean, esperando que ela confirmasse sua teoria. - Não estava?

- É difícil afirmar qualquer coisa na relação entre o Professor e Cassandra. Nunca vi nenhum outro caso de parasitismo psíquico fora o deles, então não tenho muito para me basear... mas sim, Hank, é possível que ela tenha se manifestado através do Professor em algum outro momento. - Jean responde, depois fica alguns momentos em silêncio. Como se estivesse pensando se devia falar o que pensava. - Ainda assim, não tenho fortes suspeitas a respeito dela. Quando a enfrentei da última vez, estive em sua mente da mesma forma que ela esteve na minha. Se ela tivesse algum plano preparado pra gente desde que éramos crianças, não acham que ela já o teria colocado em ação? Quer dizer, ela ainda é uma genocida em reabilitação, então o que a impediria?

- O Professor já foi pego com a mão na massa em alguns momentos bem horríveis, isso é fato, mas estamos falando de mentir para nós pela maior parte de nossas vidas. Achamos mesmo que ele é capaz disso? - Warren diz. Parecia querer alguma confirmação de que estavam mesmo naquele caminho. Quando ninguém fala nada, é o que ele parece ter. - É, foi o que eu pensei...

- Olha, eu sei que geralmente sou o cara das piadas e o inimigo da seriedade, mas preciso falar uma coisa. - Todos se viram para Bobby, atentos. - Eu sei que a maioria aqui cresceu como um X-Man, mas, no final das contas, Hank e eu somos os únicos que ficamos pelos arredores em basicamente todas as eras. Enquanto vocês estavam por aí, vivendo suas vidas como vagabundos tipo o Warren, ou... - Ele repousa os olhos azuis sobre Scott e Jean, meio risonho. - ... não vivendo, heh, nós estávamos aqui, convivendo com o careca.

Termina sua frase abruptamente, umidificando os lábios com a ponta da língua. É aí que vira o olhar para Hank.

- Então, peludo, não vou mentir, não. Me surpreende muito você tomar o lado de Charles tão rápido depois de termos um número bem chato de provas de que ele faria o que achasse necessário pelo que acredita. Com a motivação certa, o Professor Xavier faria qualquer coisa. Com qualquer um. E isso não é achismo, caras... Todos somos humanos no final das contas e todos humanos têm hábitos. Os do Professor são ter sensos de moralidade bem ferrados e um complexo de Deus. E não fazer as sobrancelhas.

Os outros mutantes nada dizem por alguns minutos. Não que o achassem burro, mas sempre se assustavam quando o Homem de Gelo resolvia contribuir com a dinâmica de equipe com outras coisas fora seus poderes gelados e piadas que nem todos achavam engraçadas. Jean, orgulhosa, concorda com um sorriso de canto. Scott também o faz, soltando um pigarro. Hank, em silêncio, acena com a cabeça e fecha os olhos por alguns momentos.

- Tudo bem, então. E o que vamos fazer agora? - Warren indaga, cruzado uma das pernas por debaixo da cadeira. - Scott? Jean?

- Jean tem um plano. Além do jantar, os chamamos aqui justamente por isso. Ela vai acessar nossas memórias mais profundas atrás desse dia apagado.

- Sim. Eu precisava de vocês, todos vocês, aqui.

- Não poderia fazer isso enquanto dormíamos? - Pergunta Hank.

- Com a exceção de Scott, vocês não estão totalmente acostumados comigo dentro de suas cabeças. Se fosse apenas uma incursão psíquica, não precisaria de tanto zelo, mas preciso ir bem mais fundo dessa vez. Suas mentes adormecidas poderiam me ver como inimiga, reagir e os machucar no processo.

- Bem, é bom saber que ainda se preocupa comigo, Jean. O sentimento é recíproco.

- Eu não te odeio, Hank. Pelo contrário. Só ainda não consegui fazer as pazes com o fato de que você não é mais o irmão que eu conhecia.

- Tudo bem, vamos logo com isso? - Bobby os interrompe antes que mais farpas sejam trocadas. - Tenho um date marcado amanhã e ainda tenho que me depilar...

- Eca... - Diz Warren.

- Vamos pra sala. - Diz Jean.

Todos se assentam no espaço vazio deixado pelo sofá movido pelos dons telecinéticos de Jean. Ela havia se sentado no meio dos Originais, com as pernas cruzadas. Os outros fazem o mesmo, um em cada ponto cardeal.

- Alguma instrução, Jean? Além de fechar os olhos, é claro. - Henry indaga.

- Apenas mantenha a mente vazia, azulão.

- Pra você é fácil falar, Bobby.

- Mas ele não está tão errado, Warren.

Os dois encaram a ruiva, assustados. Nem Bobby esperava estar certo.

- Tudo o que precisam fazer é me deixar guiar suas mentes enquanto tento preencher as lacunas em nossas memórias.

- Nós vamos sentir alguma coisa? - Warren pergunta.

- Farei o possível para que não seja o caso, mas algumas sensações vão escapar dependendo do que encontrarmos.

- Ela precisa que estejamos conscientes, como disse, mas não será tão fácil lembrar que estamos bem e que já passamos por... bom, seja lá o que aconteceu quando éramos mais novos.

- Exato. - Ela concorda com Scott. - Tentarei manter vocês conscientes e fixos na nossa linha do tempo, mas, como o Scott disse, suas mentes acreditarão no que for mais crível.

- E mesmo que nosso consciente esteja acostumado com você e seus charmes telepáticos, nosso subconsciente ainda mantém o medo irracional do desconhecido. Entendo.

A ruiva acena com a cabeça para o Fera.

- Vamos, então.

Depois, fecha os olhos. Os quatro fazem o mesmo.

Estava prestes a começar quando pressentiu convidados que não estavam em sua lista naquela noite. Ela abre os olhos logo em seguida. Estava encarando a planta Krakoana à sua frente, a observando se contorcer no ar ao abrir um portal azul no meio de sua sala.

- Ele está aqui.

Três indivíduos se materializam. Destiny. Emma Frost. Xavier.

- Boa noite, meus X-Men. - O Professor diz com a voz clara e limpa. Estava de pé, no meio das outras mulheres, com as mãos atrás das costas.

Os Originais não demoram para se levantar. Jean comanda as moléculas de ar ao seu redor que a ergam até tocar o chão com seus pés mais uma vez, ficando de pé como os outros. Tenta encarar Xavier nos olhos, mas não consegue. Todo aquele aparato ao redor de sua cabeça o deixava apenas com o queixo descoberto. Nunca havia parado para pensar nisso.

Todos permaneceram em silêncio por vários minutos. A primeira a o quebrar, no entanto, é a Rainha Branca.

- Em dias normais, queridos, eu estaria me deliciando com a tensão transcendendo suas cabecinhas. E um pouco chateada por não ter sido convidada para o jantar, se querem mesmo saber. - Diz, com um ar sorridente e travesso, enquanto dança com os olhos brilhantes e frígidos pelos Originais até chegar em Jean. Em seguida, dá de ombros e acena com a cabeça para Xavier. - Mas não estamos em um dia normal, estamos?

- Não, Emma. Não estamos. - Destiny diz, entredentes. Seu capacete dourado impossibilitava uma possível leitura de sua expressão. Mesmo assim, vez ou outra, seu tom de voz dizia tudo o que Jean precisava saber. - E então, Garota Marvel? Não vai contar ao querido Professor o que sua aluna preferida está armando contra ele?

- Não estou gostando do seu tom com a minha mulher, Irene. Muito menos do que está insinuando. - Scott toma a dianteira. Ele dá alguns passos a frente, apoiando o peso do corpo no pé direito. Havia se colocado entre os três transeuntes em sua casa e seus amigos. -Está em nossa casa e eu quero respeito. E explicações. - Faz uma curva no olhar, indo do Professor para Emma alternadamente.

A loira, por sua vez, dá de ombros mais uma vez e revira os olhos como quem desvia de um problema.

- Nem olhe para mim, querido. Só estou aqui pois peguei esses dois de cochichos psíquicos na reunião do Conselho de hoje. Não consegui desvendar o que estavam discutindo, então ameacei contar tudo para nossos fiéis companheiros de cadeira. Como podem ver, deu certo.

- E então? - Fera indaga com o olhar totalmente focado em Xavier. - Você já deve saber porque estamos aqui. O que tem a dizer em sua defesa?

Xavier engole em seco, acenando com a cabeça para os cinco mutantes em sua frente.

- Eu os decepcionei muito, não decepcionei? - Diz com a voz embargada em melancolia. - Eu sei que decepcionei. Tantas mentiras, manipulações e armações... Vocês deveriam ser meus filhos mais próximos, e eu gosto de pensar que realmente são, mas, para vocês, eu sei que não passo de um perfeito espécime de pai narcisista. Se é que algum de vocês ainda me considera tanto.

- Olha, Professor, se você está tentando soar inocente, sinto lhe dizer que as coisas estão bem esquisitas pro seu lado.

- Não, Bobby. Eu não estou tentando soar inocente.

- Então explique. Tudo. - Scott rebate. - Como chegaram aqui tão rápido? Está nos espionando há quanto tempo? Não quer que descubramos o que, exatamente? Sabe, Charles, eu realmente te amo como um pai. Talvez seja meu pai até mais do que meu próprio pai. E apesar do que a maioria pensa, nunca fechei meus olhos para todos seus erros. E eles foram muitos. O que eu realmente fiz foi confiar em você apesar deles. Confiava em você pois sentia que a bondade em seu coração supera a maldade. Que seus ideais seriam nossa salvação. E eu ainda confio nisso. Talvez até mais que você mesmo nesses últimos dias. Jean e eu trouxemos os X-Men de volta com a sua benção, sim, mas também em seu nome. - Scott faz uma pequena pausa em seu monólogo, voltando o olhar para a esposa atrás de si como se precisasse ter certeza de que ela ainda estava ali. - Mas tudo o que tenho ouvido sobre o Conselho Silencioso desde que Jean saiu... Manipulações, esquemas, mentiras... E você, Charles, no meio disso tudo. Mas nós ficamos quietos. Calados. Afinal, nós confiamos em você. Até o momento. Então, por favor, seja honesto com seus tais filhos pela primeira vez em muito tempo.

A catarse de Scott tira as palavras da maioria dos que ali estavam. Os Originais concordaram com tudo. Emma se retrai um pouco, percebendo que as coisas eram bem mais sérias do que pareciam. Destiny, por sua vez, se mantém apática. Charles Xavier se aproxima ainda mais dos mutantes, erguendo uma das mãos sobre o ombro de Scott.

- Você está certo, Scott. E eu vou explicar tudo. - Se vira para os outros X-Men. - É o que vocês merecem.

Dá mais uma pausa, cruzando os braços na frente do peito.

- É mais simples do que imaginam. Tudo começou quando Destiny abriu sua mente para mim e me mostrou o que estavam prestes a fazer. E o que isso desencadearia.

- Não foi fácil. - Irene diz com a voz amarga. Mesmo que seu rosto estivesse coberto pela máscara, todos sabiam que ela ainda olhava para Jean. - Graças a você, não consigo prever o que aguarda os X-Men desde que essa equipe começou. Tudo é uma surpresa. Tudo me dá dor de cabeça.

- O que ela quer dizer com isso? - Bobby pergunta, dividindo o olhar entre Irene e Jean. Emma também parecia curiosa.

- Jean é, para todos os efeitos, uma incógnita. Um dos únicos pontos cegos das minhas visões. Não consigo prever nada que tenha ela no meio. - A vidente responde, ainda irritada. - Ao mesmo tempo em que não me deixa ver nada, ela pode significar tudo. De bom ou, é claro, ruim.

Os lábios da ruiva crispam. A tensão era palpável.

- Estamos esperando, Charles. - Ela responde, de braços cruzados, ignorando as provocações. - Explique-se.

Charles limpa a garganta, se preparando para continuar.

- Ela me mostrou que vocês iriam permitir que Jean buscasse suas memórias perdidas.

- E o que tem de errado nisso? - Pergunta Warren.

- Nada, meu caro. Esse não é o ponto. O meu temor era o que aconteceria depois disso. Sei que vocês imaginariam que eu estava por trás disso. Eu sei porque não foi a primeira vez.

Os cinco se entreolham. Destiny suspira. Emma pegava o que precisava da mente desavisada de Bobby.

- Chega de enigmas, Professor. O que quer dizer?

- Exatamente o que eu disse, Henry. - Faz uma pequena pausa. - Vocês se lembram de quando eu fingi minha morte? Quando Jean foi imbuída com a posição de telepata da equipe? - Leva seus olhos para a ruiva. - Foi quando destravei seus poderes, se lembra?

- É claro que eu me lembro.

- Não foi meu melhor momento, eu sei, mas não pelos motivos que imaginam. Toda essa história de morte falsa é parte de uma história improvisada que coloquei em suas mentes. Tudo para esconder o que realmente aconteceu naqueles meses. E tudo, meus caros, começou naquela fatídica noite no Estádio Doubleday. - Limpa a garganta, retirando seu Cérebro com rapidez. - Tudo o que você se lembrou ontem, Jean, é verdade. Vocês foram até lá atrás de mim. Eu fui sequestrado por...

- Quem? - Bobby pergunta, ansioso.

- Não sei. Até hoje, eu não sei. Eu não sei o que aconteceu naquela noite porque também fui vítima da amnésia. E estaria assim até hoje se Jean, há tantos anos atrás, não tivesse destravado essas memórias em um de seus sonhos. Entretanto, diferente do que aconteceu ontem, Jean ainda era uma telepata em crescimento e não conseguiu se proteger do backlash psíquico de todas aquelas memórias. Ainda menos por não ter acesso total às suas habilidades graças às barreiras que coloquei nelas.

Todos suspiram. Todos, com exceção de Hank e Jean. Hank, por ver sentido nisso, e Jean, por não se permitir pensar nisso o suficiente.

- Ela não soube lidar com tanta dor e procurou ajuda. Me procurou. E procurou vocês. Elas uniu nossas mentes e, naquela noite, todos sofremos com seja lá o que sofremos no Estádio Doubleday. Foi difícil tirar Jean disso e, enquanto não o fizesse, todos sofreriam com isso. Quando finalmente consegui, todos estavam em uma espécie de coma mental. Suas psiquês, em frangalhos. Demorei uma semana para...

- Não! - Scott ralha, apontando o dedo na cara de Xavier. - Você não vai culpá-la por isso! Se tivesse sido honesto com ela sobre...

Jean, um pouco trêmula, puxa Scott pela mão.

- Scott, para.

- Não, Jean! Ele-

- Ele está certo, Jean. A culpa é minha. O erro foi todo meu. Você não tinha como se defender daquilo. Vocês. E vocês... - Ele suspira, também trêmulo. - Vocês ficaram tão mal... Estavam quebrados. Incrédulos. Jean, de todos vocês, foi quem mais caiu. Sua mente se fechou para o mundo mais uma vez. Ela tinha medo de levantar até mesmo uma caneta. Pensou em sair dos X-Men. Scott ia junto. Os X-Men iriam acabar. Eu... Eu...

- Você apagou nossa memória. De novo. - Warren continua.

- Vocês têm que entender! Era o único jeito do nosso sonho seguir vivo.

- Nosso? Não quer dizer seu? - Bobby rebate com frieza.

Até mesmo Hank se mantém em silêncio.

- Crianças, eu juro por tudo o que é mais sagrado... Eu juro por Krakoa! Eu fiz por vocês. Pensando no bem de vocês.

- Chega. Por favor. - Jean murmura. O rosto estava encharcado de lágrimas. - Só preciso que essa noite acabe.



Bạn đang đọc truyện trên: Truyen2U.Com