HUNTRESS 〤 CAPÍTULO 4
❛ aliados ou inimigos PT 1 ❜

— Pronta? — Queen perguntou empunhando seu arco, minutos após ter estacionado em um beco escuro e isolado

— Sempre! — afirmou a jovem, tratando logo de começar a carregar sua besta

— Olha só, nós não estamos em StarCity, não sabemos como as coisas acontecem aqui. Não temos como saber quantos homens nos esperam lá dentro, quantos deles estão armados e quais tipos de armas eles estão usando. — disse fechando o veículo e caminnhando até onde a mulher o esperava

⠀⠀⠀⠀OS DOIS ESTAVAM PARADOS um em frente ao outro, sobre a fraca e falha iluminação de um poste de luz que piscava pela instabilidade elétrica. Naquela pobre e abandonada área conhecida como o beco do crime, a atmosfera era triste e pesada, como se a cidade pedisse socorro por sí só. 

— Vamos precisar do máximo de atenção possivel, — continuou enquanto vestia o capuz, ocultando seus cabelos — e agir com o máximo de sincronia que der. Quero que me deixe sabendo o tempo todo onde você está e o que está vendo, porque se notar alguma coisa estranha eu vou conseguir ter tempo pra te ajudar.

— Eu... — Helena se pronunciou com certa insegurança em sua voz, recebendo de volta a atenção do vigilante — olha, dessa vez eu acho melhor eu ser a vigia. Não acho uma boa ideia eu ir pra um lugar onde eu precisaria de toda a minha concentração. Não agora! 

— Certo! — falou depositando cuidadosamente uma mão sobre o ombro da mulher — Então encontre um bom ponto de observação e fique lá. Me chame caso perceba algo estranho, você será os meus olhos e ouvidos. E tenta não dormir dessa vez! — disse esboçando um dos seus tão raros sorrisos brincalhões, o que fez com que imediatamente a Wayne soltasse uma risada

— Fala sério, você ainda lembra disso? Foi só uma vez! — reclamou incrédula enquanto ele apenas ria da situação, fazendo-a revirar os olhos, antes de se render dando um sorriso sem dentes pela situação — Me chama se precisar de reforço, engraçadinho! — em resposta, Oliver apenas movimentou a cabeça positivamente 

— Deixe o comunicador ligado! — pediu antes de enfim vestir sua máscara verde, cobrindo seus lindos olhos azulados

— Tá! E... Oliver? — chamou segurando o braço deste de maneira fraca, por puro reflexo. Ela o queria concentrado em suas palavras — Toma cuidado!

— Pode deixar!

Assim, encerrando a conversa, o Arqueiro deu um pequeno pique correndo para fora do escuro beco. A partir disso, assim que avistou o grande galpão o Queen disparou uma flecha corda na grande construção que eles tinham como alvo, e com uma enorme naturalidade, ele a utilizou como tirolesa.

Helena por sua vez fez a mesma pequena corrida para fora da viela, e após isso apertou um pequeno botão que ficava em sua máscara, o que fez com que sua visão se ampliasse, agindo como uma espécie de binóculos.

Desta forma, ela foi acompanhando todo percurso do seu parceiro até o domínio de Roman. Ao ver que e ele estava seguro, pegou sua besta e da mesma forma como Queen havia feito, a mulher tratou logo de disparar uma daquelas cordas retráteis de aço para executar o plano combinado.

Ao chegar no chão, a Wayne apertou o mesmo botão em sua máscara, fazendo com que sua visão retornasse ao natural. Em seguida, passou a andar abaixada, aproveitando-se do tamanho das grandes caixas de madeira que haviam ali para se esconder em meio a elas.

De onde estava, a Caçadora já podia ouvir o som das vozes dos funcionários de Sionis, e isso, definitivamente era o que a deixava mais tensa. Um mero passo em falso, ou um movimento mal planejado e ela poderia dar de cara com um deles, e então, tudo estaria perdido.

Ciente disso, ao escutar passos pesados vindo em sua direção, a jovem sentiu o seu coração saltar, o que a obrigou a pensar rápido e então, escalar uma das enormes caixas de madeira. Foi sobre esta que segundos depois, viu um homem que media facilmente algo por volta de um metro e noventa, se aproximando de onde ela se escondia, o que a fez escalar uma segunda caixa, ficando a no mínimo 4 metros acima do solo.

— Tudo bem por ai? — perguntou o capanga pressionando o botão do rádio que carregava consigo

— Até agora sim! Mas se liga, deixa os olhos abertos! O chefe disse que o carregamento é muito importante, e todo mundo sabe o que acontece quando alguém decepciona ele. — respondeu alguém do outro lado da linha

— Tô sabendo! Eu ví uns caras falando que o Máscara Negra tá tretando com um maluco que usa um capacete vermelho ou sei lá o que é aquilo. Acho que é melhor a gente ficar de olho nisso!

— Desencana, provavelmente é só um boato. O chefe não faz inimigos!

— Eu duvido! Sabe, eu já ouvi falar desse cara ai! Dizem que ninguém nunca vê ele chegando mas sempre acaba em um massacre. Ele é tipo o morcego que mata tá ligado?

— Um morcego que mata? Essa é nova! — disse antes de começar a rir

— É sério! Dizem que esse cara é louco como o Cavaleiro de Arkham. E com certeza você lembra daquela noite! Todos lembram!

Aproveitando-se de tal distração em meio a conversa, o mais silenciosamente o possível, Helena começou a andar por cima dos enormes objetos, seguindo em direção ao telhado, no qual  devido ao atalho que os caixotes lhe proporcionavam, chegou em questão de poucos minutos.

Assim que os seus pés tocam as telhas, a Caçadora começou a seguir em direção ao que aparentava ser uma enorme claraboia de vidro, para obter a vantagem de conseguir observar todo o interior do armazém, e garantir a segurança do Queen, sem interferência alguma.

— O que é um pontinho verde no meio de vários pontinhos armados? — a Wayne perguntou pelo comunicador, segundo após ter se posicionado e ampliado mais uma vez a visão da sua máscara

— Já chegou no telhado? — indagou surpreso

— Duvidando das minhas capacidades?

— Definitivamente não! Aprendi a não fazer isso muito tempo atrás! Teve algum problema?

— Quase, mas não! Esses caras estão bem preocupados com um inimigo do Sionis, estão bem preparados para lidar com ele. Se essa for uma opção, é melhor que eles não te vejam!

— Não acho que isso vai ser difícil! Ainda que estejam armados esses homens são muito mal treinados.

— Vai por mim, não cai nessa! Não existe nada fácil em Gotham City. Algo estar parecendo fácil demais, é o sinal mais óbvio de todos para redobrar a atenção.

Assim que chegou na região das docas, Jason estacionou sua moto em um lugar escuro, escondendo-a na medida do possível, utilizando a falta de iluminação daquele local como sua maior aliada.

Logo depois, começou a analisar melhor, o local o qual apenas pelo seu pesado clima já era o suficiente para deixar os moradores daquela área com medo de sair de suas casas durante a noite. Apenas com uma passada de olhos cuidadosa, o homem já foi capaz de identificar todas as vantagens táticas que aquele ambiente tão desértico lhe proporcionava, assim, como as possíveis dores de que ele devido a esta mesma característica poderia vir a trazer.

Devido ao seus anos de treinamento, Todd sabia que poderia se aproveitar dos prédios próximos e da forma como aquela área tão pobre de Gotham City era completamente negligenciada pela polícia, para traçar suas diferentes rotas de fuga. No entanto, também por este mesmo motivo, ele se atentava ao fato de que se tivessem a oportunidade, os contratados de Roman estavam muito mais do que autorizados a descarregar suas armas no encapuzado, se isso garantisse a morte do maior dos problemas que seu patrão hoje enfrentava.

A relação de inimizade com o Máscara Negra, que cada vez mais o Capuz Vermelho vinha alimentando, ao fazer questão de atrapalhar sempre que podia os negócios do mafioso em uma incessável disputa por poder, era de quase dois anos. Devido a isso, Jason sempre que vestia o seu uniforme e saia pelas ruas preparado para se meter em qualquer tipo de confusão, carregava em suas costas um enorme alvo, o qual era constantemente estimulado em meio aos marginais por uma enorme recompensa que homem que se autodominava o "rei de Gotham", — não que tal título fosse de fato adequado á este — havia jurado dar a qualquer um que lhe entregasse a cabeça do vigilante em uma bandeja.

Agora, porém, o que Todd estava fazendo ali, planejando causar a maior destruição possível não era motivado por esta "relação conturbada" entre ambos, e sim por algo que estava sendo obrigado a fazer.

Sofia Carmine era uma das únicas pessoas que conheciam o real rosto por trás do capuz, assim como quase toda a história que o acompanhava, devido a péssima história de uma paixão errática e um romance de algumas noites que foi muito mais do que o suficiente para gerar uma série de dores de cabeça das quais Jason nunca mais se livrou.

Definitivamente, o seu jeito cabeça quente e impulsivo de agir sempre o levaram a tomar decisões horríveis, mas esta foi indubitavelmente uma das piores delas, se encaixando facilmente na posição de um dos maiores erros que ele já cometeu. Afinal, ameaças constantes, e missões suicídas foi tudo o que ele recebeu desde então.

Como de costume, as ordens que ele havia recebido eram claras e específicas, ele precisava causar o máximo de danos de pudesse, para que assim, a jovem Carmine pudesse se aproveitar da fragilidade que aquilo geraria no bilionário sem levantar suspeitas alguma sobre a sua pessoa.

Deste modo, a única razão pela qual ele estava naquele lugar, á aquela hora da noite, — principalmente quando devia estar literalmente do outro lado da cidade — era o fato de que quando se falava a respeito de destruir Roman Sionis, Jason Todd era um incontestável especialista.

Por este motivo, o que o homem carregava dentro da sua jaqueta naquela noite ia muito além de simples armas de fogo. O Capuz estava levando junto a si pequenas bombas que eram decoradas com o símbolo que o jovem tinha estampado em seu peito, as quais, diferente do que o seu tamanho levariam qualquer um acreditar, possuíam um inigualável poder de destruição. Definitivamente Lucius Fox se superava cada vez mais nos projetos criados para o Batman, e é claro que Jason nunca se continha antes de rouba-los.

Assim, com esses pequenos, porém perigosos instrumentos em mãos ele caminhava tranquilamente no meio da ruas seguindo em direção ao tal armazém, não dando a mínima se as pessoas dentro dos edifícios vizinhos o viam, afinal, ao vê-lo, ninguém daquela tão perigosa área se arriscaria a abrir a boca para a polícia, seja qual fosse a situação.

O que ele não esperava, era que no exato instante em que se visse pronto para escalar e pular o alto muro que circundava o seu objetivo, ele seria surpreendido por uma sombra passando por cima de sí.

Fato este, que imediatamente prendeu a sua atenção fazendo até mesmo a sua respiração se desregular, já que no mesmo instante em que olhou para cima, que ele viu que a sombra na verdade se tratava de uma pessoa que vestia uma capa e havia atravessado os muros através do auxílio de um arpéu, técnica esta que era muito utilizada por aqueles que foram acolhidos pela asa do morcego.

De fato, se aquela fosse mesmo uma das pessoas que compunham a obscura Batfamília e a sua presença ali chegasse aos ouvidos de Bruce, Jason estaria absolutamente ferrado.

Devido a isso, para verificar, o Todd deu alguns passos para trás, unicamente para desta forma pegar o impulso necessário para de uma vez só, saltar sobre o muro, este em que se sentou para observar cuidadosamente o interior do local.

Lá, a princípio tudo o que ele viu foram homens armados, caminhando por todos os cantos, fazendo a guarda da parte externa do armazém, que estava recheado por enormes caixas. No entanto, ele logo avistou a dona da tal sombra o que naquele instante fez a mente dele se embaralhar por completo, de modo que tudo o que ele foi capaz de fazer acabou sendo pular para o chão e se abaixar em meio as sombras para que a desconhecida não notasse sua presença.

Vendo ela chegando ao chão, e momentos depois se escondendo dos homens armados que patrulhavam aquela área, a confusão dele apenas aumentou, pois isso o levou a perceber que a mulher definitivamente não era uma das aliadas do Máscara Negra, e até onde sabia, não existia nem uma "membra nova" na família de vigilantes da cidade.

Foi por isso que, sem nem pensar direto, o Capuz sacou o seu arpéu, — que tinha a forma de uma pistola — e o disparou em um dos caixotes próximos, afinal, antes de fazer qualquer coisa, ele estava determinado a saber quem era esta pessoa e determinar se no próximos mintos eles viriam a ser aliados ou inimigos.

Seguindo cada passo cuidadoso da desconhecida, Jason logo chegou ao alto do armazém. Ainda confuso, não sabendo ao certo o que devia fazer, ou que atitude devia ser tomada, o rapaz mais uma vez se camuflou em meio as sombras, onde permaneceu completamente parado tentando chegar a uma conclusão a respeito dela.

Todd estava definitivamente em dúvida. Aquela mulher, cuja a identidade era escondida atrás de uma máscara, poderia tanto ser um nova "solução" para cidade, como um novo problema, afinal, ele não ficaria surpreso caso aquela fosse mais uma das pessoas sem treinamento algum a decidir de uma hora para a outra que queria se tornar uma heroína, ao ser inspirada pelas ações do famoso morcego de Gotham.

Porém, quanto mais ele a observava, mais ele concluía que despreparada talvez não fosse uma boa palavra para descreve-la, ainda mais por causa dos seus passos silenciosos, que eram quase imperceptíveis em alguns momentos.

A moça, naquele instante ia caminhando com uma besta relativamente pequena em relação ao convencional, em sua mão esquerda, seguindo em direção a uma claraboia que havia no centro telhado. E ao chegar nesta, ela simplesmente se agachou, levando a mão direita ao próprio ouvido, tirando o cabelo que estava sobre este com delicadeza, antes de pressionar um pequeno botão, passando a por fim, soltar algumas falas aleatórias. Havia mais alguém ali!

( 2741 palavras )

۰ ✦ ، Eu sei que demorou uma vida para este capítulo sair, e peço um milhão de desculpas por isso minha gente! A faculdade está tomando muito mais do meu tempo do que eu estava esperando.

Enfim, como vocês viram pelo título, esta é a parte um deste capítulo que foi dividido para que não passasse das 5000 palavras.

Não sei ao certo quando sai a parte dois, pq ainda que eu já tenha os rascunhos escritos até o capítulo 7, eu ainda preciso reescrever tudo, mas vou tentar não demorar tanto assim.

Ainda assim, espero que a espera tenha valido apena para vocês 🥺
Volto assim que eu puder, amo vocês! Se cuidem, fiquem em casa e bebam água!!!