Capítulo Dois
━ ANY GABRIELLY
EUA · Califórnia · Los Angeles
Eu vi o homem arrogante se afastar, com uma careta de indignação.
Quem ele pensa que é? Só porque é multimilionário não tem o direito de jogar assim na minha cara que não tenho dinheiro nem para comprar bons sapatos.
Mas, enfim, ele está certo.
É triste a vida do pobre.
Me voltei para detrás do balcão, após recolher os pratos dos últimos clientes. Eu organizei e limpei toda a loja com a ajuda de Shivani, uma colega de trabalho.
Faz apenas uma semana que eu estou trabalhando aqui na Mandon's Coffee, mas já estou muito bem habituada. Os funcionários são pessoas incríveis, exceto pelo gerente.
Segundo Shivani, ele é muito arrogante, metido a rico e é um assediador.
Ele já deu em cima de mim uma vez, então eu prefiro me manter o mais longe o possível dele, assim como todas as outras funcionárias. A última que foi demitida teve um sério problema com ele que ninguém sabe ao certo, apenas especulações de que ela estava ficando com ele e com outros, o gerente não gostou de saber. A questão maior é que ele é casado.
Então eu prefiro evitar os problemas mantendo a distância de pessoas nojentas como ele. De traidores e assediadores.
Eu já convivi com um, sei como pode ser horrível.
Quando terminei, eu fui até a sala dos funcionários e peguei minhas coisas, no banheiro eu me troquei e guardei meu uniforme da mochila.
Com meus fones no ouvido tocando As it was do Harry Styles, eu sai do estabelecimento caminhando até a estação de metrô. Que fica a quase quinze minutos andando da cafeteria até a estação.
Shivani ficou de fechar a loja com Stefan que cuida do caixa, eu quis os deixar a sós para que tivessem um momento. Ele e Shiv vivem flertando, mas nunca tomam coragem para expor os sentimentos um para o outro.
Eu apenas dei um empurrãozinho.
Na estação peguei o metro e seis estações após, completamente prensada contra os corpos de outros trabalhadores, eu cheguei no meu destino final.
Destino final? Eu dei uma gargalhada. Eu espero que meu destino seja muito mais do que estou vivendo atualmente.
Saindo do metrô lotado, senti alguém se esfregar contra mim. Eu não pude identificar no meio de tantas pessoas que passavam, acuada eu decidi continuar meu caminho, porque escândalo nenhum adiantaria.
As pessoas não ligam para isso. Elas ignoram simplesmente.
Eu estou tentando ignorar, mas vai se tornando marcas na memória e isso é cansativo e doloroso.
Eu segui mais vinte minutos a pé até chegar ao meu bairro, até chegar na minha casa. Cumprimentei a Dona Clara, que é um senhora de idade muito simpática que ajuda minha tia quando não estou.
— Ela se comportou hoje, Dona Clara? — questionei com um sorriso.
— Por incrível que pareça sim, mas é só porque ela estava dolorida da última vez que aprontou e caiu. — a senhora respondeu com divertimento.
— Obrigada pela ajuda. — eu agradeci.
— Laura é uma ótima amiga, é bom ter uma companhia quando se é tão sozinha como eu. Faço isso porque gosto. — ela disse passando a mão em meu cabelo. — Eu preparei o jantar, tchau querida.
Ela se despediu e eu acenei a vendo partir para sua casa.
Suspirei com exaustão e entrei em casa. No pequeno sofá encontrei minha tia laura assistindo suas novelas mexicanas de sempre.
— Tia, cheguei! — eu falei deixando minha mochila em cima da mesa e fui até ela.
— Oi, meu amor. — eu beijei a testa dela e ela beijou a minha. — Como foi o trabalho hoje? Conseguiu boas gorjetas com esse sorriso lindo?
— Uma ótima gorjeta. — eu tirei as notas do bolso. — Vou conseguir comprar seu remédio para os próximos dois meses.
Eu disse sorrindo para ela.
— Ah querida, compre algo para você, não gaste comigo. — ela disse segurando meu rosto em suas mãos frágeis.
— Mas você precisa, essa é a garantia de remédios por um bom tempo. — eu falei firme e ela fez um bico. — Clara disse que você se comportou, estou orgulhosa.
Ela revirou os olhos.
— Eu estou com dores no quadril, apenas por isso. — ela resmungou.
— O remédio não amenizou? — perguntei com preocupação.
— Amenizou, mas ainda sinto. — ela disse.
— Ok, eu vou pedir o remédio na farmácia. Já jantou? — questionei me sentando ao lado dela.
— Sim. Clara fez uma sopa e deixou para você. — minha tia falou, mas sua atenção toda na novela.
Eu encostei minha cabeça no ombro de minha tia e me encolhi no sofá.
— Você está exausta, né? — ela murmurou começando um cafuné. — Não sabe o quanto eu queria estar boa para trabalhar e te deixar estudar, porque é isso o que você merece. Focar nos estudos. — ela lamentou.
— Você não tem culpa, foi um acidente. — eu falei olhando para a TV.
Ela se calou e continuou a fazer um cafuné.
Eu decidi me levantar quando percebi que estava quase dormindo. Liguei para a farmácia, pedi os remédios e jantei enquanto aguardava.
Eu lavei a louça e logo ouvi a buzina.
— Bailey. — eu sorri ao ver o filipino em minha porta com os remédios.
— Oi cachinhos. — ele esticou a sacola para mim e bagunçou meus cabelos.
— Você anda sumido. — eu comentei verificando a sacola com os remédios.
— Estive ocupado com a faculdade. — ele disse coçando a nuca. — Você não sabe o quanto faz falta por lá.
Ele disse tristemente. Faz um ano que tranquei a faculdade por falta de recursos e tempo.
— Um dia eu vou voltar, mas eu preciso de dinheiro. — ele concordou e se despediu.
Eu guardei os remédios da minha tia e peguei outros, pois já estavam na hora.
Minha tia sofre com um problema em ambas as pernas desde o acidente que sofreu na antiga fábrica em que trabalhava. Isso aconteceu a três anos, a partir daquele dia eu comecei a trabalhar em tudo o que aparecia. Isso além da diabetes e o problema no estômago. E não larguei os estudos desde então, mas eu tive que trancar a faculdade devido dívida que acumulei.
Eu fui para meu quarto quase desmaiando de cansaço, mas antes fui aprontar minhas coisas para o trabalho de amanhã e adiantar o conteúdo de estudos que conseguia.
...
Sete horas da manhã e ele chegou com um sorriso ladino. O tal Joshua Kyle Beauchamp, o famoso rico arrogante.
Eu coloquei um sorriso no rosto como todos dias e fui até a mesa dele com o pedido rotineiro dele.
Ele parece esnobe e deve ser, mas não posso negar que é devastadoramente lindo.
— Bom dia, Sr. Beauchamp. — fui simpática. — Aqui está seu café.
Coloquei a frente dele.
— Deseja mais alguma coisa? — questionei o vendo muito silencioso.
— Estou vendo que não fez o que eu disse. — ele olhou para meus sapatos.
Eu mordi meu lábio inferior para conter a vontade de responder a altura. Não quero problemas com clientes, ainda mais com um cliente tão importante como ele.
— Eu tenho prioridades, Sr. Beauchamp.
— Eu disse para me chamar pelo primeiro nome, não disse? — me encarou franzindo a testa.
— Sooa íntimo, prefiro ser formal. — eu comentei e ele riu fraco.
— Quanto você calça?
— Desculpe, senhor, mas isso não te diz respeito — falei educadamente. — Se não quer nada mais vou deixa-lo sozinho, tenho um trabalho a fazer.
Ele me olhou com um brilho estranho nos olhos azulados. Olhos incríveis aliás.
— Suponha que não passa dos trinta e nove. — ele falou quando estava prestes a seguir para outra mesa.
— Como você... — ele me interrompeu.
— Eu trabalho com moda, eu posso adivinhar perfeitamente o tamanho dessa roupinha cafona. — ele disse apontando meu uniforme discretamente.
— O senhor consegue ser incoveniente. — eu sussurrei. Mas ele ouviu e sorriu.
— Vou falar com o dono, assim você ficará mais bonitinha com um novo uniforme e sapatos. — ele disse e deu um gole no café.
— Faça o que quiser, Sr. Beauchamp. — eu disse sorrindo falsamente. — Com licença.
Eu me curvei brevemente e segui para outra mesa. Entreguei alguns pedidos e limpei duas mesas até ser chamada pelo Josh.
— Já terminou? — questionei. Ele assentiu me entregando outra nota grande.
— Você realmente precisa de algo novo para vestir aqui, assim que você se agachou aqueles homens tiveram os olhos em sua bunda, Any. — ele disse.
Minha sobrancelhas se uniram.
— O senhor também estava, não é? Se não jamais perceberia. — eu disse sem abaixar a cabeça envergonhada.
Ele passou a língua entre os lábios e eu como uma idiota acompanhei o movimento.
— Talvez. — ele murmurou balançando os ombros. — Fique com troco, não queira dar uma de pobre orgulhosa novamente.
Eu abri a boca para falar, mas nada saiu e ele então foi embora.
To be continued???
A Any é tão guerreira, orgulho dela!
E o Josh é um tarado, falo mesmo.
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