Capítulo Três
━ ANY GABRIELLY
EUA · Califórnia · Los Angeles
Cheguei para mais um dia de trabalho em plenas cinco da manhã, ainda estou morrendo de sono, tive um pesadelo a noite e estou acordada desde as três da madrugada. A cafeteria já estava aberta e eu corri para dentro ensopada pela chuva que peguei.
Infelizmente meu guarda-chuva quebrou a cinco minutos da cafeteria, graças a ventania que começou.
— Meu Deus, Any. — Shiv chegou logo após mim. Ela estava seca. — Está muito frio para colocar o uniforme e não dá para você ficar com essas roupas molhadas. — Shiv disse com preocupação.
— Está tudo bem, Shivani, eu estou com meia-calça por baixo e elas estão secas, não vou ficar com tanto frio. — a tranquilizei e fui para o banheiro.
Em uma das cabines me troquei, tive que ficar sem casaco, por conta do único que eu tenho estar molhado.
— Any, eu tenho um casaco extra. — Shiv esticou para mim assim que eu sai da cabine.
— Obrigada, Shivani. — eu aceitei o casaco e a abracei. — Você é um amor.
— Não há de que, sempre que precisar pode contar comigo. — ela disse com um sorriso de lado.
— Vou me lembrar disso! você pode contar comigo também. — falei a olhando e logo sai do banheiro e fui guardar minhas coisas.
Stefan já estava no caixa atendendo a um cliente. Logo o homem foi para uma mesa e eu fui atende-lo.
— Bom dia, senhor! Bem-vindo ao Mandon's Coffee. — disse a fala decorada.
O homem moreno estava de cabeça baixa, com uma expressão de alguém que está frustrado com algo muito importante.
Ele levantou a cabeça e eu sorri.
— Um café forte e sem açúcar. — ele resmungou me olhando de cima a baixo.
Seu pedido me lembrou do cliente arrogante.
— Já vou trazer. Deseja mais alguma coisa? — perguntei incomodada com seu olhar sobre mim.
Sempre são olhares muito avaliativos e maliciosos que recebo, mas mesmo estando acostumada meu incomodo não diminuiu.
— Você é muito bonita. — ele comentou.
— Obrigada. — mantive-me calma e educada. — Se o senhor não vai pedir mais nada eu já vou entregar o pedido. — declarei.
— Vou querer um croissant de queijo com presunto. — falou antes que eu fosse. Anotei e fui para o balcão e falei os pedidos da mesa.
— Você viu como aquele cara é estranho? — perguntei para Shivani.
— Ele tem cara de quem tem dinheiro. — ela balançou os ombros. — Gente rica tende a ser estranha. Mas realmente ele é um estranho diferente, não gostei de como ele te olhou.
Eu fui para a sala dos funcionários e me sentei na cadeira. Com a cabeça encostada na parede, fechei os olhos por alguns segundos.
Estou com muito sono e com uma leve dor de cabeça, tudo o que eu queria era estar em casa, mas eu não posso me dar esse luxo.
O pesadelo que tive começou a vir em minha mente. As chamas consumindo tudo, os gritos sufocados, a tosse e o a dor no peito.
Ouvi Stephan me chamando, eu me levantei rápido e quase cai com a tontura que senti. Fui para a frente do balcão e os pedidos estavam ali prontos para entrega.
Eu os peguei e levei até a mesa do cliente estranho. Ele sorriu para mim quando coloquei tudo na mesa.
— Você trabalha aqui a muito tempo? — perguntou me observando. O encarei.
— A uma semana, sou novata. — falei tentando não ser rude.
— Hum. — resmungou parecendo pensativo. — Você pode me trazer um suco de maçã bem doce?
— Claro. — eu falei e me virei de volta para o balcão.
— Cinthia, prepara um suco de maçã. — eu pedi para a cozinheira chefe.
Ouvi o barulho do sino que fica no alto da porta, duas mulheres altas e bonitas entraram e procuraram por uma mesa. De imediato fui ao encontro delas com nosso cardápio.
Eu as reconheci logo, Sina e Sabina, são duas modelos exclusivas da empresa do Sr. Beauchamp.
Sempre as vejo nos comerciais das novelas da minha tia e nas capas de revista da Dona Clara.
Me aproximei e repeti o mesmo bordão as questionando o que desejam comer.
— Queremos dois cafés gelados. — a loira falou me olhando e abrindo um sorriso simpática.
— E um doce daqueles de dar orgulho por ter quebrado a dieta. — Sabina falou olhando o cardápio.
— Pode ser, estou feliz, finalmente vou ter minha independência fora das cordas do meu pai. — Sina comentou sorridente. — Você é nova por aqui? Nunca te vi antes e eu estou sempre por aqui quando não viajo.
— Sou. — respondi sorrindo de lado. Eu anotei os pedidos em meu bloco. — Mais alguma coisa.
— Apenas isso. — Sina disse e eu assenti.
Eu fiz os pedidos das modelos e fui entregar o suco do cliente logo em seguida.
— Obrigado, você é uma das melhores garçonetes que já vi e eu já estive em muitos estabelecimentos. — o homem de olhos esverdeados sussurrou.
— Obrigada. — sorri timidamente.
Voltei ao trabalho e logo vi Josh Beauchamp chegando muito antes do horário comum. Ele se juntou as modelos deixando um beijo no rosto de cada uma.
Ele parecia as respeitar diferente de mim. Claro eu não sou como elas.
Assim que os pedidos das meninas ficaram prontos eu fui levar.
— Any. — Josh disse chamando minha atenção para si. As meninas olharam dele para mim.
— Sr. Beauchamp, bom dia. — eu falei sendo educada, como ele rico que deveria ter boas maneiras parece não ter. — O de sempre?!
— Não, eu vou querer um café latte. — pediu.
Coloquei os pedidos das meninas na mesa.
— Vocês se conhecem? — Sina perguntou curiosa.
— A conheci a aqui, ela é uma garçonete muito eficiente. — ele disse para elas e eu estranhei ele não querer me humilhar me julgando como pobre de mal gosto.
— Estamos vendo que sim, obrigada, Any. — Sina disse sorrindo.
— Apenas estou fazendo o meu trabalho. — curvei a cabeça por alguns segundos.
— Você é simpática, Sarah não era. — Sabina comentou.
— Você tem quantos anos? Parece tão jovem e é tão bonita, poderia ser modelo como a gente. — Sina disse me analisando.
Eu corei com o elogio.
— Não bonita como vocês. — sussurrei.
— Claro que não, cada um tem uma beleza diferente pelos traços diferentes que se possui. Você só precisa de um pouco mais de autoestima. — ouvi Josh rir. Sina olhou com cara feia para ele.
— Eu também acho. — ele disse erguendo as mãos.
— Você não disse sua idade.
— Tenho vinte anos.
— Mais nova que nós duas. — Sabina falou. — Faz faculdade de alguma coisa?
— Eu fazia de direito, mas não pude continuar. — mantive meu tom de voz firme, mesmo quando queria chorar.
Odeio falar sobre minha vida, me faz sentir envergonhada, ainda mais perto dessas pessoas que tem a vida feita.
— Ah sim, uma faculdade que eu não suportaria. — Sabina disse. — Tem que estudar demais.
— Claro que não faria, você é uma preguiçosa. — Sina implicou.
Elas começaram a brigar uma com a outra, tipo irmãs com suas intrigas. Vi minha deixa e fui trabalhar.
Levei o café de Josh e fui levar a conta do outro cliente.
— Eles tem razão, você daria uma ótima modelo. — o homem disse tirando a nota do bolso. — Pode ficar com o troco como gorjeta. Até uma próxima. — ele acenou antes de ir embora.
Eu fiz uma careta e levei o dinheiro para o caixa.
As horas passaram e o movimento estava muito fraco, então o gerente nos liberou mais cedo. Saímos as sete horas.
Eu estava andando distraída com meus fones de ouvido, rumo ao metrô, quando fui para a calçada quase fui atropelada por um louco que parou o carro ao meu lado.
A possa de água pelo qual ele passou espirrou em mim e eu fiquei toda molhada.
Merda!
Eu xinguei baixo sentindo vontade de chorar de exaustão. Por que tão sensível Any Gabrielly?
— Any. — eu ouvi a voz do meu pesadelo das manhãs na cafeteria. — Desculpa aí, eu não tinha te visto.
Josh disse ao abrir a janela do seu conversível de luxo.
— Não acredito. — falei estressada. — Mas deixa para lá, eu não ligo.
Eu continuei meu caminho pisando duro. Puta da vida e toda ensopada.
Vi ele dar a ré me acompanhando.
— O que você está fazendo? Vai embora. — eu gritei parando de caminhar.
— Deixe-me e recompensar por isso, vou te dar uma carona. — ele gritou de volta.
— Não. — eu voltei a caminhar ignorando que ele parou o veículo e saiu dele para começar a correr atrás de mim.
— Se não vai aceitar minha carona então aceita meu casaco. — ele esticou um moletom em minha direção, assim que me alcançou.
— Por que você simplesmente não pode me deixar em paz? Eu não sou uma idiota que você pode ficar pertubando. — eu falei firme na cara dele.
— Estou tentando te ajudar e você está sendo grossa?! — ele falou com indignação.
— Eu não preciso da sua ajuda, filhinho de papai, estou bem assim. — eu falei empurrando o ombro dele, o tirando da minha reta.
Ele desistiu e parou de correr atrás de mim, eu fui para casa tremendo de frio.
Eu não precisava de nada que viesse dele, pois vejo que ele é o tipo que você aceita uma esmola e depois ele joga na sua cara.
Um maldito arrogante.
Eu cheguei em casa e me surpreendi ao ver Bailey jantando com minha tia e Dona Clara. Eles me olharam preocupados ao ver meu estado, eu corri para meu quarto para me ajeitar e trocar de roupa.
— Você pegou chuva? O que aconteceu com o guarda-chuva que te dei? — minha tia perguntou preocupada.
— Quebrou de manhã, mas eu comprei outro no armazém do Jeff. — falei me juntando a eles na mesa.
— Boa noite, Any. — Bailey disse chamando minha atenção.
— Bai, o que te trouxe até aqui?
— Eu vim trazer um remédio para Dona Clara e ela me chamou para jantar já que eu já terminei meu turno hoje. — ele explicou sorrindo.
— Como está Joalin? Vocês ainda estão tendo algo? — puxei assunto, enquanto Dona Clara e minha tia falavam sobre a novela das oito.
— Estamos ficando ainda, mas eu quero pedir ela em namoro. — ele contou sorrindo. — Mas nós somos de realidades tão diferentes, tenho medo de não dar certo, pois não posso oferecer muito a ela.
— Se ela gostar realmente de você não irá se importar com a diferença de classe social, Bai. — falei dando uma garfada na comida. — Mas você precisa conversar com ela seriamente antes de assumirem uma relação.
— Eu sei. — ele coçou a nuca. — Obrigado pelo conselho.
— Sou sua amiga, claro que vou sempre te aconselhar, pois quero o melhor para você. — falei sorrindo levemente.
— Se eu mereço o melhor você merece o triplo. — nós rimos e voltamos a comer quietos.
To be continued???
Um homem suspeito.
Josh um abusado.
E uma Any orgulhosa.
Eita que nós teremos um enemie to lovers.
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