Capítulo 12
Pov Josh Beauchamp
Los Angeles • Califórnia
×××
Um mês e alguns dias se passaram desde a transferência de Gabrielly para um outro hospital psiquiátrico e da minha transferência para a penitenciária – que por sorte eu consegui fugir. Durante todas essas semanas tenho lutado pela minha causa e tentado ajudar Any a fugir do hospital que deveria ser considerado uma verdadeira prisão de alto nível.
Porém, tudo tem estado completamente fora do meu controle e a responsável por toda essa desgraça é ela. Sarah Davis.
Uma mulher que encontrou na minha vida e tem feito de tudo para acabar comigo das piores formas possíveis. Ela quem tinha pago alguém para reabrir meu caso e me colocar em uma prisão, ela quem foi a principal culpada pelo incêndio que matou mais de trinta pessoas.
Ela é o monstro que me atormenta nas minhas noites de pesadelo.
Agora ela está lutando para me matar de vez, não é só a polícia que está atrás de mim, mais também os capangas dela – que me perseguiram ontem a noite e o resultado foi um tiro que pegou de raspão em meu braço.
Por sorte eu consegui escapar antes que fosse tarde demais.
Eu enviei mais uma carta para Any a uma semana dizendo que finalmente tinha como ajudá-la, mas fracassei. Tudo o que eu mais quero é tirar ela daquele lugar, mas tudo está contra nós.
Só espero que ela esteja bem, realmente bem.
Eu conheço o lado sombrio daquele lugar, as histórias são terríveis.
Sei que ela é uma garota forte, mas pensar em coisas ruins é inevitável.
Eu não conseguia parar de pensar nela. No jeito espontâneo, no sorriso, na sua voz doce e firme, nos cachos castanhos e nos olhos brilhantes. Sinto a falta dela como nunca senti de qualquer outra pessoa antes e isso é loucura.
Sinto falta até de seu sem vergonhismo.
Eu afastei meus pensamentos quando ouvi o toque do telefone usado que eu arranjei de um ambulante. Atendi mesmo sem saber quem era.
— Josh. — eu senti um frio na barriga.
— Gabrielly? — eu questionei, sentindo meus olhos inundarem de lágrimas.
Algo que não acontecia a um mês desde que ela partiu. Quando ela se foi eu chorei depois de anos e agora só de ouvir a voz tão idêntica me sinto impactado por emoções que não sei distinguir e descrever.
— Sim, sua parceira de aventuras. — um sorriso instantâneo se abriu em meu rosto.
— Como conseguiu me ligar? — eu perguntei, sentindo meu coração mais acelerado só em ouvir a respiração acelerada dela.
— Eu ajudei. — outra voz soou, no mesmo segundo meu corpo tensionou e eu entrei em alerta.
— O que está fazendo com Any? — minha voz se tornou mais rouca e severa.
— Eu vim fazer uma visita para sua amiguinha, não posso? Queria contar um pouco sobre você. — Sarah disse com puro cinismo.
— É melhor que não encoste em nenhum fio de cabelo dela. — eu falei vociferando, já sendo tomado pela raiva.
— Senão vai fazer o que? — provocou.
— Senão eu farei questão de arrancar fio a fio da sua piruca barata. — falei entredentes e ela gargalhou do outro lado da linha, debochando de mim.
— Sua ameaças não causam efeito. — ela pontuou. — Se quiser essa coisinha bem terá que me dar o que eu quero. Estou te dando essa última chance de salvar sua vida da infelicidade completa.
— Eu vou acabar com você. — ela riu.
Uma mensagem do mesmo número chegou ao meu celular. A chamada foi encerrada por ela.
Uma imagem de Any presa nos braços de um dos homens que tentou me matar ontem a noite foi aberta por mim. Sua aparência está acabada, os hematomas nos braços são evidentes apenas por uma foto de mediana qualidade.
Embaixo havia a seguinte mensagem: Se você gosta mesmo dessa garota não demore muito, o tempo de o próximo te encontrar e acabar com você é curto e eu não vou impedir.
Após ler a mensagem soquei o estofado do sofá velho, descontando a raiva crescente dentro de mim.
— Miserável. — eu murmurei de pé, abrindo e fechando as mãos que arderam assim que a leve adrenalina passou.
Eu peguei a bolsa esportiva com a minha arma e a munição. Preparei o que precisava e vesti uma jaqueta de couro forrada de cor preta. Eu fui para o lado de fora do casebre de madeira e montei na moto dando partida sem enrolação.
Eu teria que enfrentar tudo o que eu evitei por ser um covarde de merda, por ser um coração derretido e o maior bunda mole da América.
Any não merece nada disso e se não fosse por Sarah tudo seria diferente. Eu tentei amá-la, mas eu a odeio, qualquer consideração ou pena que eu já senti por aquela mulher caiu por terra.
No banco central foi toda uma burocracia longa e demorada, mas por sorte eu consegui sacar toda a quantia de dinheiro vivo que a cadela queria.
Eu mandei uma foto da bolsa de dinheiro e mandei o endereço de um antigo casarão da família, onde eu entregaria o que ela queria.
Eu fui de moto até o casarão e estacionei a moto no jardim que estava descuidado, caminhei para dentro da casa sendo tomado por lembranças. Lembranças boas e também amargas.
Lembranças de que um dia eu corria por essa casa como uma criança comum querendo descobrir o mundo, querendo se aventurar e dar orgulho para os pais.
Mas eram apenas sonhos de uma época que se passou.
Porque foi nessa mesma casa que tudo começou a desmoronar. Filho único de uma família perfeita, tinha tudo para ser o garoto dos sonhos e no final me tornei o louco e foragido da polícia.
Mas eu não tenho toda a culpa, cada um tem sua forma de reação.
Eu ouvi o som de motor de carro e em poucos minutos Sarah adentrou a casa ao lado de seu capanga.
— Cadê Any? — perguntei, vendo que ela não estava.
— Cadê o meu dinheiro? — ela contradisse me questionando.
Eu coloquei a bolsa esportiva no chão e a abri, mostrando os milhares de dólares em notas muito bem separadas.
Eu chutei a bolsa na direção dela deixando alguns bolos de dinheiro cair no decorrer. O capanga se ajoelhou para catar a merda do dinheiro como ela mandou enquanto tira uma arma do cós da calça ao mesmo tempo que eu.
— Cadê a Any? — eu perguntei de novo e me aproximei lentamente, passo a passo.
— Ela está no lugar para loucos. É isso o que ela é, não? — ela sorriu torto e eu travei os músculos da mandíbula.
— Eu vou acabar com você. — eu disse destravando a arma já com um dedo pronto para puxar o gatilho.
O capanga se levantou e parou entre nós. Ele deu a bolsa para Sarah e tentou entrar em uma briga corpo a corpo comigo antes de derrubar a minha arma com um chute.
Mas um disparo foi efetuado tirando a consciência do homem naquele instante. Eu o joguei para o lado e me levantei rápido vendo Any armada com sua arma apontada para a nuca de Sarah que me olha com o maior ódio existente dentro dela.
— O que está acontecendo aqui? — todos nós voltamos nossa atenção para o casal de meia idade.
Os meus pais.
Da maneira que eu planejei.
— Sarah?! — meu pai encarou a filha que estava abraçada a bolsa de dinheiro e ainda sobre a mira de Any. — E quem é você?
— Josh, o que está acontecendo? — minha mãe perguntou nos encarando com a mão sobre a boca, em completo choque.
— Está acontecendo o seguinte, a amada bastarda de Ron Beauchamp está a solta e com boa parte da fortuna tão idolatrada em mãos, mamãe. — eu contei com uma evidente amargura.
— Sarah... — meu pai foi interrompido.
— Me poupe das suas abobrinhas. — ela riu com desgosto. — Pela primeira vez seu filhinho fez algo certo, agora esse dinheiro só não será meu se me matarem e se isso acontecer a vida dessa família podre estará totalmente fodida.
O casal está em total choque, a bastarda adorada estava mostrando a verdadeira face.
— Estão vendo, essa é a queridinha de vocês. — eu comecei. — A que manipulou a cabeça de vocês, a que manipulou a minha só pela ganância. A que tentou me matar inúmeras vezes porque eu sempre defendi o bem maior de vocês.
— Não venha querer me culpar, não tenho culpa se vocês são trouxas. Eu fiz o que deveria fazer, porque vocês merecem, merecem saber o que é a miséria e o desprezo. — ela vociferou com escárnio. — Por muito tempo eu fui a bastarda inútil e sem futuro, agora eu me dou a oportunidade de alavancar as suas custas.
— Nós sempre cuidamos de você. — minha mãe falou com toda aquela falsa meiguice e ingenuidade.
— Vocês sempre me toleraram, porque não queriam que um escândalo se espalhasse, porque se todos descobrissem que o famoso Ron Beauchamp é um adúltero de merda vocês teriam se ferrado. Eu manti a família de vocês estruturada. — Sarah gritou. — Mas eu sempre fui a sombra.
— Briga de família, acho que quero uma pipoca. — Gabrielly disse e nós a encaramos. Ela não largou a arma e nem saiu da posição.
— Quem é você? — meu pai perguntou. — Tire essa arma da cabeça da minha filha. — falou como um pai exemplar.
A grande merda de pai que ele deveria ter sido antes.
Any me encarou pedindo sugestão do que fazer. Ela não abandonou a posição só de me olhar.
— Ela é a sua norinha. — Sarah disse rindo. — E veio do melhor lugar possível, um hospício para psicopatas.
Ela gargalhada de se contorcer, enquanto Any apertava a arma fortemente entre os dedos.
— Eu vou matar ela. — Gabrielly murmurou.
— Isso é sério? — Ron perguntou e eu assenti.
— Assim como eu, Gabrielly foi deixada de lado pela família quando mais precisou. — eu fui para perto dela, mas antes peguei minha arma. — Cresceu sendo cuidada por pessoas ruins, como eu e foi internada por ter matado, mas não tanto quanto eu matei. E a culpa é de vocês.
— Família deveria ser quem zela e ama, mas foi a nossa família quem mais nos destruiu. — eu olhei para Sarah e Gabrielly. — Aonde está o amor?
— Não existe. — Sarah gritou. Ela estava fora de si nesse momento e por estar perto dela senti o cheiro forte de droga.
— Foram vocês que nos destruíram e sei que não sentem remorso, mas não se preocupem. — eu peguei a bolsa de Sarah, que caiu no chão de joelhos choramingando.
Gabrielly a segurou pelos ombros.
— Fiquem com o dinheiro e o poder, a partir de hoje não existem mais filhos que tenham vindo de vocês. Esqueçam que existimos. — eu joguei a bolsa cheia de dinheiro no colo deles.
— Agora terão a oportunidade de não ter que aguentar mais o fardo que nós fomos para vocês, nunca mais. Eu vou cuidar de Sarah, da maneira como ninguém fez, porque eu sei o que é o mínimo amor fraterno. — eu me virei de costas para eles e peguei Sarah nos braços.
— Diga a todos que morremos em um incêndio aonde nossas cinzas não passavam de pó. Da mesma maneira que inventaram para a mídia para não revelarem o filho assassino e destruir a imagem de vocês. — eu me virei para eles que não falavam nada.
Seus queixos erguidos e posturas eretas mostravam o que eles realmente são.
— Adeus. Vamos Gabrielly. — eu dei as costas para ele seguindo para fora do casarão ao lado da Gaby e com Sarah nos braços.
— Josh. — ouvi minha mãe me chamando. Eu não dei ouvidos, apenas coloquei Sarah no banco traseiro do carro que ela tinha vindo. — Você é o meu filho.
Ela fingia chorar enquanto corre até mim.
— Não, eu fui o objeto que você queria exibir para suas amigas, o filho perfeito que você dizia para elas que eu era, mas que nunca disse para mim. Tudo sempre foi uma farsa, para você tudo o que importa é o dinheiro, por isso que não se importou de criar o fruto de uma traição de meu pai. Você também o trai, essa é a vida de vocês e eu não a quero para mim. — eu disse seriamente.
Ela cessou o choro e me olhou com desdém.
— Está certo, se é isso o que quer, muito bem, mas não me procure quando precisar, meu dinheiro não está mais disponível para você. — ela falou entredentes.
— E nem a minha disposição para você. — eu dei as chaves da moto para Gabrielly e pedi para que ela me seguisse pilotando minha moto enquanto eu dirijo o carro de Sarah. — Cuida do corpo do cara que está lá, pelo menos uma coisa boa por mim poderá fazer.
Eu sorri falsamente e dei partida indo para longe dali.
To be continued???
Voltei!!!
Que capítulo foi esse! Uma baita confusão para vocês.
Essa confusão vai ser explicada nos capítulos que vão vir, onde será contada a história do Josh.
Pelo menos daqui já viram quem são os verdadeiros vilãos dessa parte da história.
Sarah Davis Beauchamp
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