Capítulo 14
Pov Any | Gabrielly
Los Angeles • Califórnia
×××
Minha cabeça estava prestes a explodir de tantos nervos e ansiedade. Em poucas semanas tudo tinha mudado, num dia eu estava sendo agredida em um hospital psiquiátrico para psicopatas e em outro fui sequestrada pela meia-irmã louca do homem que eu nem sabia como considerar. Eu ainda não sei rotular o que Josh Beauchamp significa para mim.
Mas é algo fora do comum, do raso, pois eu confiei o suficiente nele para o seguir até esse lugar com pessoas divertidas, mas ainda assim desconhecidas. No nosso convívio no antigo hospital meu maior objetivo desde que eu o conheci era saber tudo o que se passava na mente e no coração do loiro que eu via pelos olhos que não eram simples. Eu queria saber sua história, não apenas a cor de seus olhos.
Eu queria mergulhar no mar azul e turbulento dos olhos dele.
E eu persisti, agora chegou a hora de que ele se abre finalmente para mim, como eu almejei desde o começo.
Só espero não me afogar no oceano de palavras da história que eu tentei ler somente em observar.
Ele estava nitidamente nervoso. Eu segurei na mão dele e ele me encarou soltando o ar que por poucos segundos prendeu. E então ele começou a falar.
— Quando eu tinha por volta dos meus nove 'pra dez anos uma menininha de apenas seis anos chegou em minha casa, era Sarah, ela era tão fofinha, mas sua presença trouxe muito transtorno na família. A mãe de Sarah havia morrido após uma overdose que sofreu, então Sarah veio morar conosco, depois de tanto tempo meu pai ter tentado esconder o fruto de uma traição. Eles criaram Sarah e eu separados, ela não aparecia na mídia, por que eles não queriam que um escândalo acontecesse. — contou calmamente.
— Durante isso tudo eles foram se distanciando de mim, tudo era motivo para briga e ainda mais cobrança. O relacionamento familiar se desgastou e tudo o que vinha deles era tóxico e abusivo. — ele movia os polegares em uma brincadeira, ou mania.
— Com o passar dos anos, eu e Sarah nos aproximamos. Por muito tempo eu via ela como a menina que roubou toda a alegria da minha família, como uma praga, mas com nossa aproximação eu estava descobrindo uma garota boa e dócil. Contudo, era tudo uma farsa, ela descobriu sua origem e ela começou a me atormentar. Ela queria ser como eu, então em todas as suas oportunidades ela brincava com meu psicológico. — ele fez uma pausa respirando mais profundamente.
— Assim que atingi a maioridade me mudei para um apartamento num prédio distante dos meus pais, mas eu ainda dependia deles. Ela continuou me perseguindo, ela queria que minha vida fosse um inferno como a dela e a de sua mãe foi. Até que um dia ela surtou e tentou me matar, eu estava esgotado e tive uma crise horrível. Ela tentou me esfaquear, mas eu consegui me livrar da faca, então ela tentou atear fogo em mim, mas houve um erro e quando eu tentei desviar e consegui pegar o isqueiro dela, o líquido inflamável, que ela arranjou, foi despejado e o isqueiro aceso caiu de minha mão.
— Bombeiros foram acionados, mas o fogo se alastrou tomando uma proporção enorme, a estrutura do apartamento que deveria ser segura rapidamente foi incendiada e Sarah fez questão de espalhar mais do líquido enquanto fugia. Eu tentei impedir que piorasse, mas no final muitas pessoas morreram, eu estava tão desestabilizado que não tive mais reação e então eu fui culpado pelo crime.
— Como um pequeno isqueiro pode ter feito tanto estrago? — eu questionei em choque com o que acabei de ouvir. — Não tinha câmeras que provasse que foi ela quem começou e espalhou tudo?
Eu estava indignada.
— Tinham, mas assim que meus pais souberam tomaram a decisão de me culpar, para que não surgisse o escândalo que eles tanto evitaram. Que a filha bastarda fosse parar na mídia. Eles aproveitaram dos meus problemas psicológicos para me internar no hospital psiquiátrico, para que eu não ficasse em uma cela imunda. — ele explicou.
— Sarah nunca abriu a boca para a mídia? Ela poderia ter feito o escândalo, mas por que justo mexer com você? — eu estava quase gritando. Josh ainda cabisbaixo se manteve agora calado. — Josh...
— Eles tem controle sobre ela, mas não sobre mim, eu não ficaria surpreso que de saber que eles quem a influenciaram para que ela me matasse. — ele disse com a voz mais rouca. — Se o fogo tomou uma proporção ao ponto de matar tantas pessoas foi porque deveria ter mais alguém para ajudar a finalizar a tragédia.
— Mas você é o filho deles. — falei colocando a mão no ombro de Josh.
— Eu era apenas o objeto deles, Any, nada mais. — falou com escárnio.
— Por que matariam você?
— Porque eu ameacei revelar tudo para a mídia e destruir a reputação da família assim que sai de casa. Eu realmente ia fazer isso, mas tudo isso aconteceu. Para eles tudo o que importa é a fama e o dinheiro. — finalizou e eu suspirei pesado tentando raciocinar. — Eu fui planejado para ser o herdeiro de um grande Império, mas com Sarah e os meus problemas mentais, eu me tornei inútil para eles.
— Se agora decidi cuidar de Sarah é porque eu sei que ela foi totalmente manipulada pelos meus pais, eles criaram ela da pior maneira. Ela se revoltou com a vida e com todos e descontar tudo em mim se tornou sua válvula de escape. — eu senti meu coração se apertar.
— Mas você não merece isso. — encostei minha cabeça no ombro dele.
— Não importa, agora eu vou reconstruir minha vida. — ele murmurou virando um pouco a cabeça para me olhar.
— Mas e como ficamos agora? Savannah vai enlouquecer assim que saber do meu desaparecimento, você está foragido e agora eu também estou de certa forma, porque eu sim matei uma pessoa. — falei me afastando um pouco para o olhar seriamente.
— Eu não sei bem, mas por enquanto vamos ficar aqui, é um lugar seguro e temos pessoas que vão nos ajudar. — ele beijou minha testa e se virou de frente para mim segurando em meus braços. Ele passeou com os polegares sobre minha pele, em cima dos hematomas. — Quem fez isso com você? Foi Sarah?
— Não, um dos pacientes me agrediu quando teve um surto de alucinação, era um dos psicopatas, por pouco não me matou. — falei tentando não relembrar os momentos.
— Desgraçado, você deve ter sofrido tanto lá. — disse tocando meu rosto.
— Não imagina o quanto, senti sua falta. — eu me ergui e o abracei. Ele abraçou minha cintura enterrando o rosto na curvatura do meu pescoço.
— Eu não consegui parar de pensar em você. — ele sussurrou no meu ouvido. Eu estremeci.
— Nem eu. — sussurrei de volta sentindo ele me apertar mais em seus braços.
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Enquanto os amigos de Josh me contam como eles se conheceram e se tornaram essa família que eles dizem ser, o jantar ficou pronto e nós comemos a comida preparada por Liza.
— Então vocês são criminosos? — perguntei com os olhos arregalados.
— Sim, eu conheci Josh no primeiro dia dele na cadeia. — Vinnie contou como se fosse super normal, coisa do dia a dia.
— Sim, Vinnie e eu dividimos a cela e juntos montamos um plano de fuga, foi por causa dele que eu consegui fugir.
— Foi preso por qual crime? — questionei curiosa.
— Fui pego transportando drogas, foi uma armadilha que fizeram para mim, mas agora estou livre. — ele disse mastigando um pedaço de carne.
— Ave Maria. — eu falei e Mia riu. — Você não vai ser advogado?
— Sim, mas apenas para saber o que os dois lados pensam. Um dia eu herdarei o que hoje é do meu pai, os negócios. — ele disse balançando os ombros.
— E você Mia? — perguntei voltando para ela a minha atenção.
— Eu nunca fui pega, porque uso o cérebro diferente de uns. — Mia falou desdenhando.
— E você o que faz?
— Eu sou a quem planejo tudo e ajudo Liza com a administração dos negócios. Basicamente nós estamos em preparação para ocupar a gangue. — contou resumindo tudo.
Encarei Josh que balançou os ombros mastigando a comida.
Aonde foi que eu amarrei meu burro, Senhor?!
To be continued???
Acham que foi realmente o pai de Josh que manipulou Sarah e mandou alguém matar ele?
Tadinha da Any, acabou de se meter no meio de uma tropa barra pesada.
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