Capítulo 1
Tenho que provar para mim mesma
Que estou no topo de tudo
E você nunca conhecerá
Um Deus sem as Deusas
Woman | Doja Cat
━ ANY GABRIELLY
─ Não acredito, Gabrielly Soares. ─ minha mãe soltou um grunhido ao invadir meu quarto. Ela abriu as cortinas com força e rapidez deixando uma luminosidade exagerada entrar.
Eu resmungo baixo pelo incomodo que me causou assim que abri meus olhos para a encarar.
─ Não acredita no que? — murmurei perguntando.
─ Não acredito que continua deitada se lamentando por causa de um imbecil. ─ ela falou entredentes.
─ Eu não estou me lamentando por causa daquele idiota. ─ falei com a voz começando a embargar.
─ Oh não, imagina se estivesse. ─ ironizou puxando o edredom que me cobria.
─ Me deixa. ─ choraminguei querendo dormir por toda a eternidade.
─ Enquanto você está aqui chorando por aquele babaca ele deve estar nesse momento fodendo a outra, então tenha um pingo de amor próprio e se levante. ─ ela fala com desgosto e repreensão.
─ Eu tenho amor próprio. — resmunguei e ela gargalhou. ─ Mas eu tenho o direito de poder lamentar por ter tido meu coração partido.
─ Ele só está partido porque você não me ouviu, quis se envolver com o primeiro galanteador de meia tigela que te fez juras de amor. ─ eu revirei os olhos, pois já sabia o discurso de cor. ─ Você já se lamentou por uma semana inteira, agora é hora de reagir, eu não criei filha para sofrer por macho escroto, ele foi quem mais perdeu. Você é jovem, bonita e tem uma inteligência invejável, vai aparecer alguém muito melhor.
─ Dúvido. ─ murmurei e ela quem revirou os olhos.
─ Enquanto não aparecer você mesma procura, mas eu já te fiz um adiantamento. ─ ela tirou de dentro do bolso do macacão que veste um papel.
─ Aqui está a sua entrada para uma exposição de artes especial no Museu de Artes do Condado de Los Angeles. ─ ela disse animada. ─ É um evento especial e lá acontecerá o lançamento das mais belas artes de Joshua Beauchamp.
─ E quem é esse? ─ franzi a testa pegando da mão dela o ingresso.
─ Ele é o atual CEO da Beauchamp's Inc. E está pela primeira vez expondo para o mundo as obras primas que fez antes de se tornar o Presidente da empresa. ─ ela disse e tirou também do bolso seu celular.
─ Ele é lindo e está solteiro. ─ ela virou a tela para mim onde havia a foto de um homem de barba rala, maxilar marcado e olhos extremamente azuis.
─ E o que eu vou fazer lá? Eu não quero sair de casa. ─ joguei o ingresso para cima da mesinha ao lado da minha cama.
─ Você vai encontrar alguém que possa te fazer sair dessa foça, alguém que te traga diversos benefícios, Josh Beauchamp é um desses entre muitos que estarão lá. ─ minha mãe falou guardando o telefone de volta no bolso. ─ Pelo menos uma vez na vida me escute.
─ Não vai me deixar em paz se eu não for?! ─ ela assentiu sorrindo. Eu bufei e me levantei da cama. ─ Tudo bem, então eu vou, mas não pense que vou me envolver amorosamente com ninguém, isso não é mais para mim.
─ A vida é sua, apenas não quero ver você se matando enquanto o outro está vivendo da melhor forma. Saia e conheça alguém real e com muitos atrativos. ─ ela disse vindo até mim. ─ Quero o melhor para você.
─ Eu sei. ─ ela beijou minha testa e eu suspirei. ─ Vou dar o meu melhor.
...
Durante a tarde fui para um salão de beleza onde me preparei para o tal evento de artes e enquanto isso eu pesquisei um pouco o que a mídia americana me proporciona sobre a vida de Josh Beauchamp e sua família.
Eles são multibilionários graças ao sucesso estrondoso que é a empresa que está sendo repassada a algumas gerações. Josh, segundo a mídia, é um homem de trinta anos que tem uma vida reservada e seu último namoro ocorreu a quase sete anos atrás. Não havia nada sobre o término ou quem era a mulher, o que me pareceu estranho.
Ele é muito cobiçado por conta da beleza de alto padrão e todas os suas habilidades como um homem de diversos hobbies e um deles sendo a pintura.
As fotos que tem não são tantas, mas mostram o suficiente para demonstrar a beleza exagerada do homem de cabelo loiro e olhos azuis. Só de olhar para ele através das fotos penso no como fui estúpida por chorar por um homem meia tigela como Ryan, meu ex-namorado.
Ele não era tão feio, mas com certeza não chega aos pés do tal Joshua Kyle Beauchamp. Mas eu realmente senti algo diferente por ele, eu confiei e me entreguei para ele quando eu havia me prometido jamais fazer isso comigo mesma, como minha mãe fez com ela. A diferença é que minha mãe foi valente para superar e passar por cima da traição de meu pai, mas eu ainda me lamentava pela confiança e o ego quebrado.
Cheguei a questionar como eu sou como mulher, como pessoa. Será que eu era tão pouca coisa assim? Qual é o meu valor?
E eu me questionava isso devido as palavras que Ryan me disse e me marcaram profundamente: ─ Eu realmente tentei por você, mas nada do que temos é o suficiente para mim, não flui mais, foi passageiro.
Eu não era o suficiente? Onde eu tinha errado?
Eu amava Ryan, ou achava que amava. Hoje nem sei mais sobre o que é o verdadeiro amor, nunca tive o bom exemplo de um.
Já era por volta das sete e o evento já deveria ter iniciado quando finalmente fiquei pronta para sair.
─ Aproveite muito. ─ minha mãe falou enquanto eu caminho até a porta.
─ Vou tentar. ─ falei e acenei para ela abrindo a porta dando de cara com o Gilbert, o namorado rico e charmoso da minha mãe. ─ Oi Sr. Ross.
─ Já disse para me chamar de Gil. ─ ele disse negando com a cabeça. ─ Oi, está bonita. — sorriu. — Está melhor?
─ Obrigada, estou sim, minha mãe comprou um ingresso para um museu e se eu não for ela surta, você sabe. ─ ele riu assentindo.
─ Então aproveita, você merece relaxar um pouco. ─ ele me deu um rápido beijo na testa e entrou.
Gilbert Ross é o dono de uma empresa de arquitetura famosa na Califórnia, ele e minha mãe se conheceram a uns três anos em uma festa de gala e desde então não tem um dia que eles se desgrudem. Ele é um cara legal que pelo menos parece fazer minha mãe feliz. Eu aprecio isso.
Eu acenei para um táxi que estava vindo e assim que ele parou eu adentrei o veículo. No caminho fui trocando mensagens com Sabina, minha melhor amiga, sobre o museu e as idéias de minha mãe.
Minha Mexicana:
Eu conheço esse cara, ele é um gostosão da porra, se ele te der mole e você não querer eu me junto com dona Priscila e te mato.
Eu ri da última mensagem dela antes do carro parar e eu ter que desligar o aparelho e pagar a corrida, mas antes eu a respondi.
Me:
Eu não sou tão estúpida. Realmente mereço algo melhor do Ryan, mas não quero compromisso algum.
Tenho que ir, beijos <3
Eu sai do automóvel já de cara com a entrada do lugar. Na entrada tinha dezenas de pessoas de alto nível passando pelo corredor formado entre os fotógrafos e paparazzis.
Pelo o que posso ver o ingresso deve ter custado no mínimo uma fortuna e para o conseguir minha mãe deve ter pedido ao Gil. Claro, como eu não pensei nisso antes, eu ouvi eles falando sobre um importante evento de artes a poucos dias.
Eu passei pelos fotógrafos que registravam o momento em que cada um passava, eu dei o meu ingresso para o homem que estava logo na entrada verificando a entrada e saída de pessoas. Ele me analisou e me permitiu entrar.
Ao entrar me deparei com as obras primas feitas por diversos artistas, mas em completo destaque está uma exposição mais ao fundo onde pessoas passeiam de um lado para o outro analisando as artes tanto em quadros como em esculturas.
Ao longe vi um homem alto sendo, provavelmente, apresentado a possíveis compradores, mas isso não era uma galeria. Eu fui caminhando para mais perto querendo também apreciar as obras criadas por um artista com muito afinco.
Em uma das paredes está resgistrada uma frase em negrito: “espontaneidade, não há nada mais artístico do que ela, após o 'amor ”
Josh Beauchamp
Os quadros expostos nas paredes são enigmáticos e parecem sombrios, todos em tons escuros e em alguns existem cores como o vermelho e o amarelo que remetem a mais vida. Em um deles vi algo como um homem transtornado; Em outro curvas de um corpo feminino borrados com vermelho e traços como se fossem cicatrizes; Outro vejo como um céu tempestuoso e sob ele uma maré calma.
É tudo muito intenso e inspirador. É uma mistura harmoniosa de sentimentos diversos em cada obra.
─ Lindos, não? ─ eu levei um susto ao ouvir uma voz atrás de mim. Eu me virei com a mão no peito, depois de ficar parada analisando uma escultura que para mim não fazia muito sentindo, como o nome da própria obra dizia: Nada.
─ Enigmáticos. ─ eu respondi encarando a senhora de cabelos brancos e pele enrugada.
─ É difícil compreender, mas é só olhar com atenção. ─ ela disse sorrindo gentilmente. Eu retribui o sorriso.
─ É mais difícil ainda quando se chega em uma fase da vida em que não conseguimos compreender nem a nós mesmos. ─ falei com os pensamentos distantes por alguns segundos.
─ Isso acontece quando olhamos demais para quem não merecia nossa atenção ao ponto de esquecermos de nos olhar. ─ a senhora disse me fazendo parar para refletir. ─ O que se chama nada, significa mais do que mil palavras possam descrever. ─ ela disse olhando para a escultura abstrata.
Eu me virei voltando a olhar.
─ Talvez você tenha razão. ─ eu disse e deixei um suspiro escapar.
─ Tenho? Do que? ─ uma voz diferente, masculina e bem mais rouca sussurrou ao pé do meu ouvido. Eu senti um frio na barriga e um arrepio na espinha.
Me virei novamente encontrando no lugar da senhora, ninguém mais e ninguém menos que, Josh Beauchamp.
Ele está parado bem na minha frente olhando fixamente em meus olhos com as mãos enterradas nos bolsos da calça de alfaiataria que deve custar o dobro de toda a minha roupa. Ele tem uma expressão neutra, mas um olhar intenso.
Eu prendi o ar.
─ O gato comeu a sua língua? ─ brincou e eu soltei o ar.
─ Desculpa, do que está falando? ─ eu questionei saindo do transe em que fiquei ao ter meus olhos fixos no par de íris azuis.
─ Você disse que eu tenho razão, não entendi sobre o que estava falando. ─ ele disse com um semblante relaxado.
─ Eu estava falando com uma senhora. ─ eu tentei procurar por ela com o olhar, porém nada dela, nem uma sombra. ─ Ela estava aqui agorinha.
─ Eu não vi ninguém aqui antes de me aproximar. ─ ele disse e eu balancei a cabeça. Não devia ter bebido tanto champanhe.
─ Tanto faz. ─ balancei os ombros. ─ Parabéns pelo trabalho, ficaram extraordinários. ─ parabenizei sorrindo singela.
─ Bom que tenha gostado, foi um trabalho duro, mas está sendo satisfatório ver o resultado e a reação de algumas pessoas. ─ comentou.
─ É realmente diferente, eu gostei dos detalhes e a estética sombria e profunda. ─ falei divertida. Ele apertou os lábios em um sorriso. ─ Mas se puder me explicar o que significa o Nada eu iria ser grata, eu não entendo muito de arte e me sinto meio tola por achar incompreensível.
─ Você não é a única que não entendeu e esse era o meu objetivo. Nem tudo nessa vida vai ser óbvio e explicado, as vezes será um simples nada sem importância, em outras é um nada com múltiplos significados. ─ ele disse e eu acho que captei a mensagem que ele quis passar.
Entretanto, esse Nada me parece haver milhares de significados.
─ Josh, tenho alguém para te apresentar. ─ uma loira se aproximou de nós chamando por ele.
─ Com licença eu tenho que ir. ─ ele fez um aceno de cabeça e se afastou junto com a loira que parece bem íntima dele.
Será que é uma namorada?
Eu fiquei com essa questão em mente até quando decidi ir embora daquele lugar poucas horas mais tarde de ter conhecido algumas pessoas.
To be continued???
Primeiro capítulo dessa história que vai ser um belo clichê.
Eu espero que vocês gostem e apreciem a obra que é eles dois juntos.
Eles ainda vão nos render muito e vocês vão gostar.
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