Chapter four: Minha Boneca Está Chorando

O silêncio era tudo que me rodeava. A partir do momento em que a escuridão abandonava a minha cabeça tudo ficava em silêncio. Desde que me lembrava, e não era como se a minha memória fosse muito boa, sempre havia silêncio e a solidão à minha volta. Minha única companhia era Elizabeth, em momentos mais tristes e difíceis que conseguia lembrar ela estava lá, não entendia como as outras pessoas não viam nela o mesmo que eu.

Todos os que me viam me rotulavam como louco ou algo assim, bom por algo que eu estava aqui ou não? Embora eu realmente não me importasse de estar aqui, não agora. Porque ela vinha todos os dias para estar comigo. Não era como se estivesse aqui por sua vontade, mas não era como as outras garotas que vieram para "cuidar de mim". Eu não precisava ser monitorados todos os dias, a mulher bonita de cabelos loiros tinha me sido ensinado a não depender das enfermeiras.

Mas com Gabrielly, Elly como ela me disse para chamá-la, as coisas eram diferentes. Ela cuidava de mim além de sua responsabilidade ou dever. A memória desse primeiro dia ficou muito claro na minha cabeça, talvez o mais claro que estava lá. Ela apenas sorriu e foi gentil comigo, não entendi muito bem a sua atitude, que não era normal, ninguém era gentil comigo, só Ron e Heyoon.

Eu pensei que no dia seguinte, ela provaria ser tão cruel e doloroso como as outras enfermeiras, mas não o fez. Ela manteve o sorriso e aquele brilho no seu olhar que me fez querer confiar nela.

"Não o faça. Vai te machucar como as demais." - Elizabeth tinha me dito que não podia desconfiar dela, ela cuidava de mim. Elizabeth raramente falava, mas quando ela fazia era para cuidar de mim e eu tinha que fazer o que ela me dissesse.

Então ela vinha todos os dias e me trazia café da manhã feito para ela. Eu era muito grato por isso, sua comida era deliciosa, mas talvez a melhor de tudo era a sua companhia, às vezes, ficava em silêncio, eu sentia presença dela, sabia que estava lá. Quando Ron vinha e ela saia era estranho, porque não queria que ela se fosse. Quando ela voltava a entrar por essa porta era tão diferente para mim.

No final do dia, ela sempre me dava palavras amáveis antes que eu caísse na escuridão. Eu desejava vê-lo em minha escuridão, e talvez tudo fosse melhor, mas nunca podia, ela nunca iria aparecer lá, como poderia?

Mas havia a esperança de que, quando as sombras fossem, ela estaria lá, mesmo que seja só para vê-la de longe.

Mas esta manhã os olhos dela não eram os mesmos, seu sorriso se foi, ela parecia cansada e os olhos castanhos estavam vermelhos. Eu não sabia o por que.

Como sempre ela me cumprimentou e eu fiz o mesmo.

Me chamou para tomar café da manhã, tentando levantar os lábios, como um sorriso, mas só fez seu rosto ficar mal.

Any: Bom, hora do café da manhã. Hoje eu trouxe ovos mexidos.- Disse e eu fiz o que me indicou.

A rotina era que ela ficava lá olhando até que eu terminasse de comer, mas desta vez ela se sentou na minha cama.

Por um momento, houve o silêncio habitual, mas de repente eu ouvi um soluço virei para descobrir que ela estava chorando. As lágrimas corriam pelo seu rosto e seus olhos estavam perdidos em algum lugar do quarto. Silenciosamente eu me levantei para sentar a seu lado.

- Por que está chorando?

Any: Eu não estou chorando. Não se preocupe, tudo bem? - Como não chorava? Claro que o fazia. 

Seu rosto estava muito triste e não soube porque eu também me senti assim. Eram as lágrimas que afetavam seu rosto, ela era muito bonita para ficar assim, além disso estava triste, sempre sorria para mim e hoje não o fazia, eu amava o seu sorriso. Não sei por que, mas eu passei minhas mãos sob seus olhos e, em seguida, pelo seu rosto, delicadamente removendo os rastros que as lágrimas haviam deixado, sua pele era macia e delicada, ela era bonita e boa, ela não deveria chorar, não devia sofrer.

- Você está triste. Você nunca está triste. Algo está errado, e tudo bem que não me diga. Mas não gosto de ver você chorar.- Disse sabendo que ela não me contaria nada..

"Você não pode fazer nada por ela nunca poderá fazer nada para as pessoas que você se importa..." As palavras que ressoaram na minha mente me doeram, porque era a verdade. Eu nunca poderia fazer nada.

Any: Querido, porque você está chorando? - Me perguntou com doçura tirando-me da minha lacuna mental.

- Eu te disse, eu odeio ver você chorar. Por favor, não o faça. - Pedi, já não queria vê-la assim.

Any: Ok, não choro, mas você também não. - Disse colocando sua delicada mão no canto dos meus olhos limpando as lágrimas que se formara. Mas ela ao invés de se acalmar chorou mais e mais forte.

"Você vê, mesmo se você quiser, não pode ajudar" - Elizabeth queria que a deixasse, mas eu não o faria. 

Ela ergueu as mãos ao rosto como se estivesse tentando parar de chorar e o único que eu consegui fazer foi aproximá-la para mim, abraçando-a, tentando acalmá-la, mas talvez fosse o contrário. Seu calor, seu cheiro, seu carinho, tudo dela me invadiu. Ela era boa, ela era doce, ela era gentil, ela era linda, ela era delicada, seu coração era delicado muito mais do que uma boneca de porcelana. Ela era muitas coisas e não merecia estar sofrendo assim.

Quando ela finalmente acalmou-se, afastei-me dela antes de limpar as suas bochechas mais uma vez sentindo o calor do seu rosto nas minhas palmas enchendo meu estômago com uma sensação de cócegas, eu vi seus olhos, por um momento fiquei perdido na sua beleza e calor. Eu me aproximei dela e lhe deu um beijo na testa. Foi um gesto que alguém já usou para me acalmar depois de chorar muito, mas não lembro quem, apenas que funcionava.

- Não chore mais. Você é muito bonita para fazer isso. - Sussurrei para ela antes de levantar, antes que ela se espantasse por minha aproximação. Eu não deveria me aproximar dela, Elizabeth me disse, mas ela estava tão frágil que não pude evitar.

Logo Ron chegou e ela saiu do quarto.

Ron: Como você está Edward?

Não respondi.

Ron: Hoje não quer falar? Elly fez algo a você? - Perguntou preocupado.

- Não é isso. Ela esta triste e não sei porque. Ela não deve estar triste. - Murmurei mais para mim do que para ele.

Ron: Por que acha que ela está triste?

- Não tem o seu sorriso de sempre e logo estava chorando muito. Durante muito tempo.

Ron: Não se preocupe falarei com ela.

- Vai poder ajuda-la? - Perguntei emocionado, talvez eu não pudesse, mas Ron sim poderia e ela voltaria a sorrir para mim.

"Ela não sorri para você."

Ignorei isso, e continuei a falar com Ron. Até que ele teve que sair.

E passei um tempo só e pensei que desde que Any chegou Elizabeth dizia coisas que me faziam mal. O que não é suposto que ela era minha amiga?

Esqueça por um momento de Elizabeth e eu estava atento a chegada de Any, quando finalmente cruzou pela porta, eu podia ver a felicidade nos olhos dela que sempre haviam neles. E o seu lindo sorriso que alegrou a mim também.

Ela caminhou até seu lugar de sempre, mas antes que passasse a escutei murmurar um suave: "Obrigada".

- Qualquer coisa para te ver sorrir. - E era a verdade eu faria o que fosse para ver seu sorriso. Ela era agora para mim como Elizabeth foi, era como minha boneca e por isso não devia chorar.

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