🝮︎︎︎︎︎︎︎ ℂ𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 𝕊𝗲𝘁𝗲 🝮︎︎︎︎︎︎︎
Chapter seven: Cuidar
Estava demorando, muito. Normalmente, ela retorna ao mesmo tempo que Ron saia. Senti que algo não estava certo. Senti uma angústia dolorosa, mas ao mesmo tempo familiar, não poderia me lembrar de quando, mas ele era bem conhecido.
O silêncio estava me deixando louco.
Não, não é silêncio, é porque ela não estava. Sua ausência era o que estava me deixando louco.
"Não se supõe que você já não está?"
Sim, um pensamento muito irônico. Mas preferi deixar passar.
Eu sentei em frente à mesa para tentar desenhar alguma coisa, mas, estranhamente não pude fazer um traço bem. Os minutos continuaram a avançar, e sem perceber a página que tinha aberta estava completamente cheia de rabiscos, joguei o lápis fora pela frustração, ele saltou na mesa e terminou no chão dividido em dois. Fechei o livro e o joguei do outro lado do quarto.
"Ela não vai voltar. Deve ter cansado de você. Quem sabe já não aguenta estar com você."
Não. Não, ela era boa. Ela não podia me deixar, não podia me abandonar. Não podia.
O desespero me invadiu, senti medo, de que não voltasse. Peguei a primeira coisa que eu tinha em minhas mãos e o joguei atravessando o quarto.
Levantei-me da cadeira e dirigiu-me para as prateleiras. Todos os cadernos no chão.
Ela não podia ir embora -, repetia e repetia como se isso a trouxesse de volta para mim.
Dei um soco na parede com toda a força que pude. Terminei rasgando meus dedos, sangraram um pouco, mas eu não me importei.
Deitei-me no chão, só o silêncio iria aclarar essas palavras.
"Ela não vai voltar"
Quando escutei a porta abrir, finalmente, quase saltei de antecipação de imaginar que era ela. Mas, para minha decepção quem cruzou a porta não foi a minha Any.
Ron: Josh o que aconteceu? - Perguntou assustado ao ver o meu pequeno desastre.
- Nada. - Respondi secamente, levantando-me do meu lugar.
Ron: Como que nada? - Aproximou-se rapidamente de mim, mas eu me afastei dele, negando a oportunidade que me olhasse nos olhos e com isso entendesse algo. Ele suspirou diante minha negação de falar com ele. Sempre dizia que ele podia dizer tudo, mas não desejava fazê-lo.
Examinou minha mão, enquanto ambos estávamos em silêncio. A limpou e colocou algo nela.
Ron: Amanhã vai estar melhor - disse em uma maneira de me alegrar, isso não podia fazer. - Josh, precisa que Heyoon venha ficar com você? - Perguntou enquanto sentei na cama, diante sua pergunta algo dentro de mim quebrou. Era verdade, ela não voltaria.
- Por quê? Any está cansada de estar aqui? Já cansou de se sentir presa? De conviver com um louco? - Perguntei amargamente.
Ron: Josh, Elly teve que ir embora. - Disse de maneira seca.
- Por que?
Ron: Não posso dizer.
- Não pode dizer? Por que não? - Perguntei irritado, estava me alterando outra vez. Tentava me controlar na frente de Ron, mas era muito difícil.
Ron: Não, Josh. Fique calmo.
- Não fico calmo. Onde ela está? - Voltei a perguntar ficando de pé. Estava muito irritado.
Ron massageava cansadamente têmporas enquanto suspirava.
Ron: Está bem Josh. Mas primeiro se acalme, não quero te sedar. - O obedeci imediatamente.- Josh faz umas horas um dos internos atacou Any em um dos corredores. - Demorei um minuto para entender o que ele disse. E no momento que compreendi meus olhos se encheram de lágrimas.
- Ela... ela... está bem? - erguntei com um nó na garganta.
Ron: Sim, Josh, ela está bem. Um pouco assustada, mas nada de ruim aconteceu, além de algumas contusões em seus pulsos não tinha nada físico.
- Vai voltar? - Perguntei com medo. Talvez isso fosse motivo suficiente para que ela não voltasse a pisar nesse lugar.
Ron: Claro que vai voltar. E mais, ela não queria ir. - Respondeu dando-me um sorriso.
- Sério, ela está bem?
Ron: Sim. Está bem. Pode ficar tranquilo. - Disse colocando sua mão no meu ombro. - Agora precisa que Heyoon venha ou que eu fique com você?
- Não, não. Está bem. Posso ficar um pouco só.
Ron: Tem certeza?
- Sim, não se preocupe.
Ron: Tudo bem. E se acalme ela está bem, de acordo?
Só assenti, depois de um tempo ele me deixou sozinho de novo.
"Ela estava sendo ferida e você, outra vez, não pode fazer nada."
Não, não podia fazer nada por ela. Nunca. Por mais que desejasse ajuda-la ou cuidar dela jamais poderia fazê-lo.
Eu não sei o que aconteceu comigo no resto do dia, só estive ali, esperando por alguém que não viria. Desejando que o dia seguinte chegasse.
"Você acha que ela virá? Não se iluda muito mais. Lembre-se que sempre seremos você e eu."
Não, não. Ela viria. Ron havia me dito, eu queria acreditar nele.
Vesti minhas roupas quase inconscientemente, apenas pensava que se ela estava bem.
Sentei-me para esperar, como todas as manhãs. Mas neste dia foi diferente, tinha a incerteza se viria.
Me remexia no lugar desconfortável, ansioso, nervoso.
Depois de um tempo de espera tinha perdido a esperança de que viesse.
Mas quando escutei o som da porta todas as esperanças voltaram como um golpe.
Esperei ansioso até a porta se abrir. E ao fazê-lo, lá estava ela.
Ela sorriu, tanto quanto eu gostava que fizesse. Seus lindos olhos castanhos pareciam um pouco apagados, e suas lindas bochechas estava um pouco corado.
Quando estava dentro do quarto, eu não consegui me conter de levantar-me e tomar sua mão. Quase a arrastei comigo.
O calor que ela me fazia sentir no peito era único, especial.
Peguei a sua mão direita e levantei cuidadosamente para ver seus pulsos.
Fiquei horrorizado com a visão de um roxo quase preto, com muito cuidado o meu dedo percorreu através das figuras feias, na esperança de não machucá-la.
- Dói? - Não pude evitar perguntar.
Any: Um pouquinho. - Disse com a voz entrecortada.
Deixei sua mão no meu colo e levantei o outro para a inspeção.
Lá estavam as mesmas marcas pretas. Dedos. Dedos que tinha a tomado com força, que a havia machucado, que a havia assustado, que a tinha afastado de mim.
Não queria a machucar mais. Tomei ambas as mãos e as subi até meus lábios, senti suas mãos tremerem, mas não quiser soltá-la. Beijei as marcas com ternura e delicadeza, como ela merecia ser tratada, desejando poder apagá-las, desejando desaparecer com sua dor.
"Sabe que por mais que queira fazer, não pode."
Dessa vez não era um comentário malicioso, era a pura verdade.
Ainda assim, não soltei suas delicadas mãos. Passava meus dedos por suas pisaduras, desejando-me a sensação boa que senti que ele só queria atenção, proteção. Embora Como eu poderia? Se você pensou que era parte da culpa em mim. Ela esteve aqui para mim. Se ela não tivesse vindo, não teria acontecido. Eu não tinha pensado isso, mas agora que ele fazia sentido. E ela estava lá comigo, como de costume.
- Desculpe. - Disse muito suavemente.
Any: Por que pede desculpas? - Perguntou, como se não me entendesse.
- É minha culpa que isso passe. Se não tivesse que estar aqui comigo, isso não teria acontecido.
Any: Josh, isso não foi sua culpa. Foi minha por estar distraída e por não poder cuidar de mim mesma.
Como ela podia se culpar? Cuidar-se, se defender? Como poderia? Ela era tão delicada, tão preciosa. Ela precisava que alguém a defendesse, e seguramente esse alguém não era eu.
Não disse nada, soltei suas mãos e fui até a mesa.
Logo Ron veio. Como todos os dias. Às vezes não entendia porque o fazia. Ele dizia que avançávamos, que tinha melhoras. Pedia para que eu saísse do quarto, mas sinceramente não desejava fazer isso, até pouco tempo.
- Ron, ainda posso sair do quarto?
Ron: Claro que sim. - Respondeu surpreso. - Ao que deve sua mudança?
- Não sei. Gostaria de sair e caminhar um pouco. - Disse desinteressadamente.
Ron: Fico feliz. Deixe-me falar com Any, ela deverá te acompanhar, você sabe.
Claro que eu sabia, ela era a razão pela qual eu queria deixar o meu refúgio seguro. Estar com ela, cuidar dela por um momento que fosse.
Logo Ron saiu. E eu me sentei esperando minha linda boneca.
Eu pensei no que poderia estar fazendo.
A coisa mais segura é que ela vinha pelos corredores.
Os corredores onde ela foi atacada.
Entrei em pânico, pensando que isso poderia acontecer de novo e até coisas piores. Horríveis.
Quando entrou no quarto, eu senti que poderia respirar novamente.
Atravessou o quarto rapidamente sentando-se junto a mim.
Levantou uma bela flor que tinha entre suas mãos.
- O que é? - Perguntei, já havia visto antes, mas não lembrava seu nome.
Any: É uma rosa.- Respondeu, quando a tomei entre suas mãos. É claro, rosa. Sim, esse era o seu nome, tinha tempo que não via uma. Lembrei certa vez que Elisabeth me disse que se dá de presente quando gosta de uma garota.
Isso significava que... É um presente de alguém? Por quê? Quem seria?
- Quem te deu? - Perguntei ao perder a alegria do momento
Any: Demetri me deu, um enfermeiro. - Um cara tinha lhe dado. Deixei a rosa na cama e fiquei de fora. Eu não queria que me visse chateada e que me incomodei com isso.- O que aconteceu?
- Nada. - Peguei um dos meus livros e começou a desenhar.
Eu olhei de soslaio para onde ela estava e podia a ver sorrindo enquanto brincava com a rosa.
Ela gostava.
Isso me chateou ainda mais. O cara gostava dela? Será que ela gostava dele?
Como saber?
Vendo-a com a rosa me dei conta de algo. As rosas não eram para ela.
É verdade que é uma linda flor. Mas é muito extravagante, muito opulenta. Não era como ela.
Ela é preciosa, sim. É delicada, mas é mais sincera, mais pura. Ela seria como... como...
"As frésias."
Sim, era isso. Frésias.
Ela era tão linda e delicada como essas flores. Era igualmente pura, e igualmente simples como ela. Ela não precisava de mais do que um sorriso para ser o mundo para alguém.
Virei a página para iniciar o traçado, sem perceber, minhas mãos estavam se movendo rapidamente em todo o papel. Eu queria terminar hoje. Para poder dar a ela.
Eu coloquei todo o meu esforço para torná-la mais bonita para ela. Ela merecia o melhor, o mais bonito como ela.
Quando menos pensei o desenho estava terminado. Um pequeno buquê de frésia, amarrado com uma fita.
Quando terminei, ela estava a ponto de sair.
"E se prefere a rosa?"
Isso foi um golpe baixo.
Não havia pensado no que iria gostar. Talvez ela preferisse a rosa.
- Elly? - Chamei temeroso.
Any: O que foi?
- Você gosta mais das frésias do que das rosas? - Seu riso tilintante encheu o lugar. Não havia como interpretar.
Any: Sinceramente, sim. Gosto mais das frésias do que das rosas.- Sorri diante sua resposta. Ela imediatamente saiu.
Terminei os detalhes da imagem.
Peguei um lápis de cor e dei cor a fita, de um lindo azul.
Eu me debatia entre a possibilidade de escrever alguma coisa ou não. E se o fazia o "que" escrevia.
Eu decidi escrever um simples "para você."
Fechei o caderno antes que ela entrasse. Quando o fez me deu os horríveis comprimidos e as tomei rápido. Fui para a cama, debatendo-me em como dar-lhe o desenho. Ela estava arrumando as coisas que estavam fora do lugar.
E se não quisesse?
Não queria enfrentar a sua rejeição. Ainda que estava certo de que ela não me rejeitaria, não queria enfrentar essa possibilidade.
Notei que em uma das estantes estava a rosa. Arranquei com cuidado a pagina do desenho e o coloquei embaixo da rosa. Esperando que ela entendesse que era para ela.
Logo deitei na cama e fechei os olhos fortemente. Não queria ver se ela o deixasse ali.
Não soube quanto tempo passei assim, até que senti um suave toque na minha bochecha.
O seguinte que escutei foi "obrigada" em um murmúrio.
Imediatamente soube o que era. Os lábios de Elly. Elly tinha me beijado. Tinha gostado do presente.
Havia aceitado o que eu dei. A havia feito feliz.
"Quem sabe não te machuque".
Ela não o faria. Jamais o faria. E com esse ultimo pensamento a escuridão se fez passo em mim.
Spoiler do Capítulo 8
Joshua: Tenho medo, sei que é bobo. Mas temo sair daqui, ver essas pessoas que vão me olhar como se fosse de outro planeta ou algo assim.
Partiu meu coração o ver tão indefeso. O único que pude fazer foi abraça-lo. Jamais o havia feito, mas sentia que era o que precisava nesse momento.
O estreitei fortemente, ele ficou estático por um momento, mas logo senti como seus braços me rodeavam de uma maneira que me fez tremer.
- Não deve ter medo, eu estarei com você. - Sussurrei contra sua pele.
Joshua: Me promete?
- Prometo.
◈ ━━━━━━━ ⸙ ━━━━━━━ ◈
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