Capítulo Dez
“sejamos felizes, loucos já estamos”
━ ANY GABRIELLY
EUA · Califórnia · Los Angeles
Eu toco as teclas e as melodias sooam pelo ambiente. Olho para a garota de dezesseis ao meu lado, ela parece distante da realidade e triste como nunca vi em todas nossas mais de trinta aulas.
— Gwen. — eu chamo a garota.
— Hum. — ela resmunga olhando para mim.
— Você pode me dizer o que está te deixando tão distraída, se quiser. Vejo que não está tudo bem. — eu dei um meio sorriso.
A garota suspirou e se levantou do banquinho do piano. Gwen começou a andar de um lado para o outro pensativa e nervosa.
— Promete não contar para meus pais? — ela questionou nervosa e um pouco corada.
— Eu nem os vejo, Gwen, apenas recebo pelas aulas através de um aplicativo. — eu tento confortá-la de alguma forma.
A menina não tem pais presentes e eu posso entendê-la se essa for a causa da sua apatia momentânea.
— Eu fiquei com um garoto mais velho. — ela sussurra, tão baixo que quase não entendo.
Eu não tive uma reação imediata.
— Quão mais velho?
— Ele tem dezoito e está prestes a entrar na faculdade. — ela rói uma unha, parando de andar de um lado para o outro.
— Ele usou camisinha? — eu questionei rápido.
— Não. — ela quase berrou, mas se conteve.
— Como não? Você é uma garota inteligente, Gwen, não posso acreditar que... — ela me cortou.
— Não transamos. — ela falou, a pele pálida muito corada em suas bochechas e pescoço. — Só beijos.
Eu soltei o ar que nem percebi estar prendendo até então.
— Ufa. — sorri aliviada. — Bom, acho que isso se tornou normal hoje em dia, não? Ficar. Seus pais tem problemas com isso? — questionei tendo mais seriedade.
— Muitos problemas. Se eles souberem irão me mandar para um convento. — ela disse com uma careta.
— É por isso que está tão para baixo? Está arrependida? — tentei entender mais profundamente.
— Não exatamente. Bom, eu gosto dele a algum tempo e nos beijamos na festa de um amigo em comum, mas ele não é o tipo príncipe encantado. — ela disse, voltando a se sentar do meu lado no banquinho.
— Você tem uma forte paixonite, então. — ela assentiu, apenas confirmando minha afirmação. — E ele é um tipo garanhão.
— O pior tipo. — ela revirou os olhos e eu ri baixo.
— Bom, você ainda é uma garota muito jovem e vai querer experimentar muitas coisas e irá se apaixonar, talvez, muitas vezes. Apenas não faça nada por impulso e emoção, seja racional, porque se você for imprudente pode acabar traumatizada. Não esconda dos seus pais, pois pode ser muito pior futuramente se eles descobrirem por outros ou por si mesmos. E lembre-se: garotos maus só são bons em livros, então fuja deles. — aconselhei.
— Você parece experiente nisso. — ela comentou.
— Digo isso por experiência própria, me apaixonei por um e fui traída da pior maneira. Ele era assim, mais velho do que eu e me fazia pensar que dependia dele para viver e isso me causou alguns traumas. Não quero que viva isso. — falei e ela assentiu.
— Deus me livre viver isso.
— Então se ele não fizer de tudo para conquistar você, acima, e seus pais, ele não vale a pena. — lancei uma piscadela e ela riu fraco.
...
Eu caminhei para a linha do metrô e puxei o telefone da minha bolsa, que vibrava disparado com as mensagens que chegam.
Gostoso❤️🔥:
Ei! Você está livre hoje?
Queria te ver.
Vamos comer juntos? Sou ótimo com ovos mexidos.
Me:
Você quis dizer destruídos.
Para você eu estou livre. Aonde nos encontramos?
Gostoso❤️🔥:
Você é tão engraçadinha, princesa má.
Venha ao meu apartamento o mais rápido que puder, ovos frios são nojentos.
Me:
Ok, senhor.
Eu respondi suas mensagens, após pagar meu bilhete, e passei pela roleta da estação antes de correr para entrar no metrô a tempo. Josh me mandou seu endereço enquanto eu estava à caminho da estação mais próxima de sua casa.
Foram exatos trinta e cinco minutos até chegar em seu prédio e ter meu acesso ao elevador privado que me leva até a cobertura do Beauchamp. A porta foi aberta e eu o analisei de baixo a cima em sua roupa casual e cabelo úmido, quase secos.
— Eu já comi meus ovos, mas acabei de preparar outros para você. — ele disse antes de me dar espaço para entrar.
— Sem problemas, obrigado por fazê-los. — eu sorri e fui guiada para a cozinha com a mão dele na base das minhas costas, muito próxima a curva da minha bunda.
Ele puxou uma banqueta para mim e eu me sentei com uma certa dificuldade devido a altura, enquanto isso Josh pega minha bolsa de trabalho e a pendura na cadeira de uma pequena mesa da cozinha.
— Coma. — ele colocou o prato com ovos mexidos formando um coração.
Muito fofo.
— Ownt. — eu balbuciei e peguei o ovo em uma garfada e o provei. — Está delicioso, Sr. Beauchamp.
Ele soltou um baixo grunhido.
— O que foi? — questionei terminando de mastigar, enquanto vejo seu maxilar marcando com a firmeza de sua mandíbula.
— Quando você me chama assim me deixa louco de duas maneiras. — ele diz, apoiando os cotovelos na ilha/balcão e me encarando com os olhos semicerrados.
— Quais maneiras? — eu falei, um pouco provocadora talvez.
— Raiva e tesão. — ele diz e eu gargalho.
— Eu imaginei, por isso o chamo assim. — mastiguei mais um pouco dos ovos mexidos.
— Estou certo de te chamar de má então. — ele pisca e eu balanço os ombros.
— Para que me chamou aqui? Sei que não é só para apreciar minha beleza de perto. — perguntei curiosa e fantasiando o que seria.
— Não sexo como você está pensando. — o sorriso malicioso que se formou em meu rosto se desfez rápido. — Eu aprecio sua companhia, gosto de quando está por perto e em como posso ter conversas profundas e bobas com você.
— Isso nos faz amigos com benefícios? — eu questiono com uma careta e o cenho franzido.
— Amigos coloridos com uma boa parcela de diferença? Isso. — ele diz e eu fico pensativa sobre o assunto.
Nunca fui o tipo de garota que me arrisco em aventuras, sempre fui mais reservada e careta, procurando fazer sempre o certo para orgulhar meu pai, até que conheci Lamar e foi um problema no início, pois ele era mais velho e meu pai o odiava até saber o quanto ele poderia nos favorecer financeiramente com tudo o que tinha conquistado.
Eu me envolvi com Lamar mesmo contra a vontade de meu pai, já minha mãe sempre foi neutra sobre isso e sobre tudo. Ele era o cara que parecia ser bom, apesar de um pouco galinha, até você estar tão cega por manipulação, então eu me vi dependente e deixei meus sonhos para viver os dele, até que descobri a traição.
Justo quando eu pensei que seria apoiada por meu pai após a separação fui agredida por suas palavras dolorosas. Do quão insuficiente eu seria para o resto da minha vida se não estivesse com um homem bem sucedido como Lamar.
Agora eu estou envolvida com um homem bem sucedido, mas como amigos coloridos, porque eu não sei se um dia poderia ultrapassar isso depois de tudo o que vivenciei.
— É um bom rótulo. — eu sorri de lado.
— Bom, eu comprei algo para você. — ele diz me tirando de um breve transe que tive.
— O quê? Por quê? — eu enruguei o nariz.
— Porque eu quis. — ele disse como se fosse óbvio. Josh se afastou e eu aproveitei para terminar de comer tudo o que restava do ovo.
Ele voltou em pouco tempo com uma pequena e delicada embalagem com Tiffany & Co escrito, nome que remete a luxo.
— Espero que goste! — ele me entrega com um sorriso torto. Meio ansioso.
Eu peguei e tirei a caixa da embalagem e abri.
Tinha um cordão delicado com um pingente de uma coroa em pedras claras, rosas e pretas.
— É especial para uma princesa má. — ele diz mordendo o lábio, os olhos azuis cintilando em expectativa da minha reação.
— Isso é absurdamente lindo. — eu falo muito animada. — E muito caro, eu aposto.
— Nada que você não mereça.
— Eu posso merecer, mas não aceitar. — falei, querendo negar, porque sou um pouco orgulhosa.
— Não aceito resposta negativa sobre isso, é um presente porque eu o vi e me lembrei de você, preço é só um detalhe sem importância. — ele falou pegando o cordão na caixinha. — Vire-se. — falou mandão.
— Mal nos conhecemos, mal trocamos palavras. Isso o que temos é casual, você não pode fazer esse tipo de coisa comigo. — eu falei, quase choramingando.
— Eu sei que estou ultrapassando o limite, mas eu estive pensando sobre o que sinto sobre isso, eu tenho um instinto e ele me diz que devo cuidar de você. — ele fala, jogando meu cabelo para a frente do meu ombro e prendendo o colar em meu pescoço em seguida. — Não vou falar que é como uma sobrinha, tipo Sina, é diferente e forte, então apenas aceite tudo e não pense muito.
— Eu deveria fugir. — murmurei.
— Talvez fosse o mais prudente a se fazer, mas já estamos loucos, então apenas vamos aproveitar o agora. Mas caso você não quiser nada disso mais tarde, por favor, me avise.
— Ok, Sr. Beauchamp. — eu me viro e jogo meus braços por cima de seus ombros largos. Abraçando o pescoço dele e acariciando sua nuca.
— Você não tem jeito quanto a isso, não é? — ele aperta minha cintura e me puxa para ele, pressionando seu corpo no meu.
— Não. — eu o beijei no canto dos lábios.
— Então eu deveria te ensinar uma lição e pôr isso para fora de você. — ele falou, pincelando meu nariz com o seu, roçando nossos lábios um no outro.
— Pode tentar a sorte. — brinquei e ele grunhiu, me segurando pelas coxas e me erguendo em seu colo antes de me levar aos beijos para seu sofá da sala de estar.
— Eu vou conseguir, sempre consigo tudo o que eu quero. — ele fala quando deixa de me beijar para poder arrancar toda a roupa do meu corpo.
To be continued???
Alguém mais amando a relação deles?
Vamos ver até onde eles conseguem ser apenas casuais.
Em quanto tempo vocês apostam que isso vai durar?
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