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⚡︎ Capítulo 10

ANY GABRIELLY

Chegou ao fim a última aula do dia, eu recolhi meus materiais e os guardei em minha mochila. Após pendurar a mochila sobre meus ombros peguei meus AirPods conectados vía Bluetooth ao meu celular e tapei os buracos dos meus ouvidos com o fone e a música que sooa dele.

Caminhei para fora da sala e segui pelo corredor cheio de universitários exaustos. Senti um braço rodear meus ombros e vi que era Sina.

- Você me assustou. - eu disse fingindo estar muito brava.

- Desculpa. - ela beijou meu rosto. - O filho da puta sumiu a uma semana, reparou nisso? - ela questionou.

Pausei a música no celular.

- Bailey? - eu franzi a testa. Sina assentiu. - Eu estranhei, talvez ele não tenha coragem de olhar para minha cara depois do que fez, o que eu acho muito difícil.

- Também, mas eu ouvi os amiguinhos dele falando que ele está em casa de repouso, parece que ele não está muito bem. - ela disse, mordendo o lábio.

- Deve ser o karma.

- Quero acreditar que sim, mas ainda acho uma injustiça ele está solto. Justiça maldita e injusta. - ela xinga.

- Nós tentamos Sina, mas meus pais já sabem do ocorrido e tomaram providências, vamos esperar para ter notícias. - falei calmamente.

Não gosto de falar sobre isso, tudo o que eu mais quero é esquecer aquela noite que por muito pouco o pior não aconteceu. Graças a Deus que através Josh e Sina chegaram bem a tempo de me livrarem daquela situação que poderia ter se agravado ainda mais.

- Você não gosta de falar sobre isso, então não vou insistir. - ela tirou o braço do redor dos meus ombros.

- Obrigada. - sorri para a loira, assim que paramos no estacionamento. - Você vai dormir lá em casa hoje?

- Não vai dar, eu vou sair com Heyoon. - ela disse e meu ânimo sobre tudo o que planejava para nossa noite murchou.

- Ah. - murmurei. - Vocês estão ficando com constância, não é?

- Eu gosto da companhia dela. - Deinert falou com um sorriso meio bobo. - Me desculpa por furar com você.

- Sem problemas, se divirta por nós duas. - me despedi e caminhei para fora do estacionamento.

Hoje estou sem meu carro, pois o deixei no mecânico pela manhã e minha carona está indo para um encontro nesse momento.

Eu parei na calçada e com meu celular em mãos liguei para o meu vizinho antipático.

- O que você quer? - ele atendeu e perguntou alto e rápido.

- Que jeito de atender, heim! - resmunguei.

- Diga logo, Any, não tenho todo o tempo do mundo. - ele disse me cortando.

- Certo. - eu revirei os olhos. - Você poderia me buscar? Eu estou sem carro e carona.

- Oi?

- Me buscar. Está surdo? Tenho um médico bom da família para recomendar. - fui irônica.

- Muito engraçadinha. - ele debochou. - Não sabe pedir carro por aplicativo não?

- Sei.

- Então pra que está me ligando?

- Porque eu quero uma desculpa para te ver e andar no seu carro chique. É crime agora? - fui ríspida.

- Any. - alguém me chamou.

Me virei e encontrei Sam em sua moto sinistra.

- Oi. - eu acenei para o cara de rosto bonito. - Você é do curso de engenharia, não?

- Isso. - ele parecia um pouco nervoso. - Vi você aqui parada e pensei em perguntar se precisa de uma carona.

- Oh, eu... - eu ia responder, mas ouvi o grito através do meu celular e aí lembrei que ainda estava na chamada com Josh. - Com licença.

- Eu vou buscar você. Me passe o endereço. - ouvi Josh dizer e desligar em seguida.

- Bom, meu amigo virá me buscar. - eu disse para Sam.

- Poxa. - ele coçou a nuca.

- Quem sabe numa próxima. - eu falei, sorrindo de lado.

- Bom, eu apenas queria uma desculpa para te chamar pra sair. - ele disse parecendo envergonhado.

- Oh, sério? - eu estava um pouco surpresa. Os garotos quase nunca me chamavam para sair.

- Seríssimo.

- Quando seria? - eu questionei. - Sabe eu preciso olhar na minha agenda.

Minha agenda inexistente. Eu não tenho compromissos marcados. Preciso me fazer de difícil para saber qual é a dele para querer me chamar pra sair se nós nunca realmente conversamos.

- Amanhã às oito? - ele disse e eu fingi procurar pela agenda no meu celular.

- Bom, eu não tenho nada para amanhã nesse horário, tem sorte. - eu disse lançando uma piscadela para ele.

Ele gargalhou.

- Ótimo. - ele sorriu e ficou me analisando.

- Mas por que você quer sair comigo? - perguntei, antes que ele fosse embora. - Nunca nos falamos.

- Any, você é uma das garotas mais bonita do campus, todos sabem disso. E desde que você me ajudou na biblioteca comecei a te observar mais de perto. - ele falou com um sorriso singelo. - Gosto de como você é inteligente e extrovertida. Quero ter a chance de te conhecer mais.

Eu fiquei sem palavras.

Um pouco confusa.

Porque isso é estranho para mim.

Durante toda minha adolescência eu fui uma nerd esquisita e com o bullying que sofri tomei como um trampolim e melhorei muito, principalmente na aparência. No último ano do ensino médio todos queriam ser meus amigos e os garotos eram loucos para ter qualquer coisa comigo.

Eu nunca dei chances, pois tudo o que eles queriam eram sexo e eu sempre sonhei em me casar.

Nunca ninguém olhou para mim além da beleza que conquistei ao longo de dois anos com muito cuidado estético e tratamento.

- Me mande mensagem no direct, podemos nos falar melhor por lá. - eu falei depois de uns longos segundos estática.

- Claro. - ele puxou o celular. - Qual seu user?

Eu peguei o celular dele, que o mesmo me entregou, e digitei meu user do instagram.

- Bom, eu não sou de sair com ninguém, mas vou te dar um voto de confiança, Sam. Aproveite, porque é pra poucos. - falei divertida.

- Creio que sim. - ele colocou o capacete. - Certeza que seu amigo virá? Ele está demorando.

- Bom, ele é ocupado, mas disse que viria e eu acredito nisso. - eu disse devolvendo o celular dele.

- Você pode cancelar e eu posso te levar. - sugeriu.

- Não quero incomodar. - tentei dispensá-lo com mais gentileza possível.

- Não é incômodo, assim eu saberei o caminho para te buscar amanhã. - ele disse como um bom espertalhão.

- Você é bom com argumentos. - eu sorri, um pouco sem graça.

- Então vamos? - ele questionou.

- Ir pra onde? - ouvi a voz rouca no tom grosseiro de Josh. Ele acaba de parar na rua a nossa frente com seu Porche.

- Finalmente. - eu ergui as mãos para o céu. - Sam, esse é o meu amigo, Josh. Josh, esse é o Sam. - os apresentei.

Os dois ficaram se encarando seriamente. Havia uma tensão perturbadora entre eles. Eu sai correndo para o outro lado e entrei no banco do carona do carro de Josh.

- Tchau Sam, nos vemos amanhã. - eu acenei.

- Até nosso encontro. - ele infatizou a palavra "nosso". Vi Josh cerrar os punhos e dar partida com o carro sem dizer absolutamente nada.

- Obrigada por ter vindo me buscar. Aquele cara estava muito insistente e eu já não sabia mais o que falar. - agradeci.

Ele ficou calado.

- Seu carro é incrível. - eu falei analisando a parte de trás.

Ele estava com o semblante fechado e seu aperto no volante era tão firme que ressaltava suas veias do antebraço descoberto.

- Quem é aquele cara? - ele questionou tão baixo que quase não escutei.

- Ele cursa engenharia, eu o ajudei algumas vezes com alguns trabalhos e agora ele me chamou para sair. - falei sem tirar nem por. - Por quê?

- Ele não parece confiável, não deveria sair com ele. - ele falou curto e grosso.

- Oras, ele não é como Bailey. - eu defendi Sam.

- Pode não ser como Bailey, mas isso não o torna confiável. - disse focado na pista.

- Você o conhece por algum acaso? - questionei, cruzando os braços.

- Não.

- Então não deve opinar, eu saio com quem eu quero. - falei curta e grossa, como ele.

- Então que se foda. - ele falou um pouco exaltado.

- O que há com você? Independente do que seja não deveria descontar em mim. - falei seriamente.

Ele ficou calado e sua expressão era de alguém frustrado.

- Você não está ajudando, Beauchamp.

- Por que disse a ele que sou seu amigo? - ele ignorou tudo o que eu disse.

- Porque eu te considero assim, independente se você concorda ou não. - falei, balançando os ombros.

- Não somos amigos, nunca seremos. - ele falou rude.

- Por quê? Que mal tem em ter uma amizade comigo? Eu não sou digna? - eu debochei.

- Você não entende. - ele sussurrou.

- Então me explique, eu não tenho uma bola de cristal.

Ele se calou novamente e eu acabei por me cansar de sua atitude, também decidi me calar.

Ele ligou o rádio e uma música aleatória do The Weeknd tocava baixinho, enquanto percorremos o caminho não muito longo até meu prédio no Porche. Durante o caminho começou a trovejar tão pior quanto estava a tarde e em questão de poucos minutos começou a chover.

Josh parou com seu Porche na frente do meu prédio, sem me olhar por um segundo.

- Obrigada pela carona. - agradeci abrindo a porta do veículo e descendo do carro.

Bati a porta e, segurando na mochila, corri para a entrada do prédio. Cliquei nos botões do elevador e logo a porta se abriu e eu entrei. Em meu andar encontrei quem eu não queria.

- Oi, Any. - Jake tinha um sorriso largo na face.

Eu passei direto fingindo não ter ouvido ele, pois não estou afim de forçar simpatia.

- Ei, quanta falta de educação. - ele falou, entrando em meu caminho e negando com a cabeça.

- Me deixe em paz. - eu murmurei tentando passar, mas ele não permitiu.

- Eu nunca fiz nada de ruim para você me tratar assim, Any. - ele falou fazendo beicinho. Irônia pura.

- Não quero ser pior do que já estou sendo, então suma da minha frente. - falei grosseira e o empurrei.

Dei um passo e senti a mão dele tocar meu ombro.

- Porra. - eu me virei bruscamente, completamente sem paciência para continuar aturando Jake.

Josh estava ali, foi mais rápido que eu e puxou Jake para longe de mim e o prendeu contra a parede, intimidando o pobre coitado.

- Deixe-a em paz, do contrário teremos problemas. - Josh falou tão firme que até eu senti um tremor.

Josh o soltou e Jake estava vermelho de raiva.

- Não se meta. - Jake tentou se fazer de machão.

Bastou um olhar mais duro de Josh para ele sair disparado.

- Você gosta de dar uma de herói, não é? Eu devo ser a mocinha indefesa para você. - eu falei com deboche e ele ainda estava sério demais.

- Eu prometi te ajudar. - ele disse, com as mãos sendo enterradas no bolso da calça de alfaiataria.

- E ainda diz que não é meu amigo. - eu neguei com a cabeça, sorrindo.

- Eu gosto de ser sozinho, por isso não quero e não preciso de amigos. - ele falou.

- Isso é tão ruim e solitário. - eu me aproximei dele. - Me diz quem te traumatizou, Beauchamp.

Vi seu pomo de adão se mover. Ele ficou desconfortável de repente.

- Ninguém me traumatizou. - ele coçou a garganta. - Bom, agora eu preciso da sua ajuda.

- Com o que?

- Quero que encontre essa pessoa para mim. - ele puxou um papel do bolso da calça e me entregou.

Tinha um nome no pedaço de papel.

- Quem é essa pessoa?

- Isso é um assunto pessoal. Essa pessoa está no mesmo curso que você, preciso que arranje o contato dela. - ele falou e eu o encarei com desconfiança.

- Não tem ninguém no meu curso com esse nome.

- Apenas procure.

- Grosso. - ele ia dizer algo, mas se conteve.

- Boa noite, Any. - ele virou de costas.

- Ei. - o chamei.

- O que foi? - ele se virou.

- Dorme comigo. - eu pedi.

Ele começou a tossir.

- Oi?

- Quero dizer, dorme na minha casa. Eu tenho um pouco de medo de dias tempestuosos e não consigo dormir direito. - juntei as mãos. - Por favor! Não é como se fosse a primeira vez, você dormiu no dia da festa.

- Foi um caso delicado. - ele diz chocado com meu pedido.

- Por favor, Josh! - fiz minha melhor cara de pidona.

- Sem chances.

- Seu sem compaixão. - fiz biquinho.

- Tudo bem, mas eu terei que passar em casa. - ele se deu por vencido e eu bati palmas muito contente. - Mas só hoje, não sou seu amigo para ficar fazendo presença.

- Obrigada, obrigada. - eu o abracei.

- Chega. - ele me afastou rápido. - Eu volto logo.

To be continued???

Eles se amam.

Josh assuma logo!!!

E esse Sam heim?

Sam Meadows
23 anos
Cursando engenharia

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