━ ANY GABRIELLY

Despertei ao som do meu alarme cotidiano. Me espreguiçei após desligar o alarme e bocejei, enquanto coço meus olhos ainda pesados de sono. Me levantei, pronta para começar minha rotina, e me deparei com Josh no meu sofá recamier, que fica no canto do meu quarto. Diria que tinha esquecido dele se não fosse pelo sonho que tive.

Um sonho muito estranho, não sei se devo considerá-lo um pesadelo, que o envolvia.

Me recordo de pouco do que sonhei, o ponto principal foi quando eu estava de frente para Josh e ele me encarava sem esboçar nada. Quando ele esticou as mãos para me tocar havia sangue que cobria as palmas das mãos.

Eu me espantei e então acordei com o som do alarme, antes que ele pudesse dizer algo no sonho.

O sonho mais estranho que já tive na vida.

Me aproximei do sofá e me agachei para ajeitar o cobertor que quase caía. Por alguns segundos fiquei parada olhando para ele, apreciando a beleza absurda de Josh Beauchamp. Seu rosto tem as marcas do sofá e sua boca está levemente entreaberta. Mas isso não diminui o quão incrivelmente angelical ele parece quando está assim, dormindo com serenidade.

Quando dei por mim já estava ficando com dor por estar na mesma posição. O sorriso bobo que se formou nos meus lábios eu desfiz quando ouvi ele resmungar meu nome em sua sonolência.

Fui para o banheiro, coçando o olho por cima da pálpebra e ainda soltando bocejos. O dia na faculdade ontem foi exaustivo e eu ainda me sinto moída de tão cansada.

Tomei um banho não tão rápido e nem tão longo, lavei meu cabelo depois de um certo descuido e escovei meus dentes. Eu sai do banheiro depois de ter desembaraçado e finalizado meus cachos com uma boa quantidade de creme.

- Bom dia, vizinho. - eu falei ao ver Josh sentado no sofá, coçando os olhos como eu estava quando acordei.

Seu cenho está franzido e sua cara amassada. Eu sorri para ele e acenei.

Josh me encarou parecendo confuso.

- Bom dia! - ele se levantou do sofá meio grogue de sono. - Que horas são?

- No máximo são sete horas. - eu contei o tempo seguindo o horário do despertador e o tempo que eu levei no banheiro.

- Eu tenho que ir, tenho uma reunião às oito horas. - ele murmura.

- Toma café comigo antes de ir? - eu pedi fazendo beicinho.

- Não tenho tempo, Any. - ele me analisou de cima a baixo e então sua boca ficou entreaberta para dizer algo, mas nada saiu.

O vi engolir em seco, quando o pomo de Adão se moveu.

- Poxa. - eu choraminguei. - Pelo menos um almoço.

- Eu tenho que olhar a minha agenda, não sei todos os compromissos. Tenho que falar com minha secretária. - ele me encara, olhando fixamente em meus olhos.

- Prometa que verá! - eu insisto.

- Vou ver, okay? Agora eu tenho que ir. - ele se virou.

- Até logo, amigo Beauchamp. - eu acenei e ele bateu a porta do meu quarto.

Suspirei. O achei mais estranho do que o comum. Sua cara assim que saiu do banheiro era um tipo de confusão muito ruim antes dele perceber minha presença.

Eu balancei os ombros e fui procurar uma roupa de desporto para malhar na academia próximo ao prédio. Preparei minha bolsa específica e tirei uma foto no espelho para atualizar meus seguidores sobre minha vida. Não é como se eu fosse famosa, mas existe algumas garotas que gostam da minha rotina, só não invisto nisso, pois não poderia suportar ter tanta gente se metendo na minha vida.

Já basta as velhas fofoqueiras em suas janelas.

Antes de sair, eu tomei café da manhã que foi preparado pela auxiliar que trabalha para meus pais a alguns anos, ela já foi minha babá por um tempo e agora me ajuda com o apartamento.

Assim que fui para meu preparamento para começar os treinos, avistei meu personal, ele me auxiliou e me passou a sequência de treinos para coxas e abdômen.

Apesar de apreciar esse momento de treinos como uma descarga de coisas ruins, eu espero ficar gostosa logo, pois não sei se tenho disposição para encarar isso por tantos dias seguidos.

Depois de duas horas de treino eu fui para o salão de beleza e fiz as unhas que pediam socorro e de brinde as sobrancelhas. Enquanto fofocava com a manicure, recebi uma mensagem de Josh me chamando para almoçar num restaurante perto da empresa que ele administra.

Isso melhorou meu dia em noventa por cento até eu me deparar com Jake na cafeteria em que Joalin trabalha.

Ele passou por mim e não falou absolutamente nada, eu até estranhei, mas fiquei satisfeita. Mas pensei no quão estúpido ele é, todas as vezes que pedi para que ele me deixasse em paz ele nunca respeitou, agora quando é um homem ele coloca o rabo entre as pernas e sai como um bunda mole. Homens.

- Sua vadia, por que você sumiu? - Joalin falou atrás do balcão.

- Eu tenho estado ocupada com a faculdade e acabou acontecendo umas coisas que me tomaram a mente esses dias. Me perdoa. - eu pedi juntando as mãos.

- Só porque você vai pagar um café gelado com muita calda de chocolate para mim. - ela diz, com seu sorriso malicioso.

- Interesseira. - eu peguei meu cartão, pedi o café para ela e um igual para mim e paguei.

Ela foi entregar o pedido e eu fui procurar uma mesa mais reservada para ficar. Eu deixei minha bolsa no banco ao meu lado antes de me sentar. Meu celular vibrou com uma notificação e eu vi que era o Sam querendo confirmar o encontro.

Sam Meadows
×

Hey, Any!

Eu estava pensando em um local para irmos hoje, mas não sei sobre seus gostos. Qual é seu lugar favorito?

Oi, Sam.

Bom, eu gosto de parques de diversão. Poderíamos ir ao píer brincar e comer um hot-dog.

Apenas isso? Pensei que gostaria de algo chique. Você pode escolher um lugar caro, eu posso pagar.

Eu sei que pode, mas eu gosto disso.

Então tá bom. Não quer mesmo que eu te busque?

Não é necessário.
Até mais!

Eu desliguei meu celular quando Joalin se aproximou com nossos pedidos.

- Eu tenho um encontro hoje. - eu falei pegando meu copo e sugando o líquido gelado com o canudo.

- Sério? Quem é o sortudo? - ela abriu um sorriso de orelha a orelha.

- Sam Meadows. É um cara do curso de engenharia. Eu o ajudei uma vez com trabalhos e parece que de repente ele está interessado em mim. - eu balancei os ombros.

Joalin franziu a testa sorrindo mais sutilmente.

- Vai ver que ele é um daqueles observadores conservados. - ela falou pensativa. - Tome cuidado, vai que ele é um Joe da vida.

- Credo! - eu fiz uma careta.

- Você me disse que o ajudou, quando ficou tanto tempo ajudando ele que nem tinha tempo para sua melhor amiga. - ela falou dramática. - Mas isso já faz tantos meses.

- Bom, eu apenas estou aproveitando a oportunidade de me distrair com alguém. Já faz tanto tempo desde a última vez que eu beijei. - tomei mais um pouco do café.

- Então aproveite. - ela suga o café pelo canudo. - Agora me diz como vai o vizinho extremamente gostoso.

- Josh. - eu sorri. - Vou almoçar com ele hoje.

- O que? Me diz o que você tá fazendo pra ter tanto homem atrás de você dessa maneira. Estou necessitando. - ela diz com os olhos arregalados.

- Não tem um monte de homem atrás de mim. Bom, é mais fácil falar que eu estou atrás dele.

- Do vizinho? - assenti. - Está gostando dele?

- Não sei dizer ao certo, mas não posso olhar para ele por muito tempo, pois começo a ter pensamentos intrusivos. - falo, balançando a cabeça quando os pensamentos vêm.

- Não posso te julgar, não dá para deixar passar a oportunidade de pegar um homem daquele. - ela finge se abanar. Eu rio de seu exagero, mas que é a mais pura realidade.

- Ele tem me ajudado muito desde que meus pais foram para o Japão, tem sido como um amigo, mas ele se recusa que eu o chame assim. - conto.

- Deve ser porque ele te vê como alguém que ele não quer amizade, mas outras coisas. - ela diz com aquele sorrisinho ladino.

- Eu pensei nisso e até falei na cara dele isso, mas ele riu de mim. Aquele playboy. - revirei os olhos.

- Você tem que usar alguma tática. Tenta seduzir ele e vê no que vai dá. - ela diz animada.

- Você está louca. - neguei com a cabeça. - Já está difícil me manter perto dele como nada a mais do que vizinha, se eu tentar chegar perto com essas intenções ele nunca mais vai querer me olhar na cara.

- Pode ser, mas você não tem nada a perder. - ela incentiva.

- Tenho sim, a "não amizade" que temos tem mais significado do que eu deveria gostar. - falei seriamente.

- Bom, se você não tentar nunca vai saber. - ela bebericou o café e ficou me encarando por cima da borda do copo.

Questões permeiam minha cabeça. Será que vale mesmo a pena arriscar o que consegui para algo que pode estragar tudo?

...

- Mesa no nome do Sr. Beauchamp. - eu pedi ao metri e ele me guiou até a mesa em que Josh já se encontra.

Ele estava digitando algo em seu celular, mas assim que percebe a minha presença deixa o aparelho de lado e se levanta para me cumprimentar. Eu estico minha mão para ele e ele e a segura, mas não antes de me analisar põe completo e julgar minha roupa com seu olhar expressivo.

- Gostou? - eu dei uma voltinha para dar uma visão completa do meu conjunto rosinha de blazer e mini saia.

- Você parece com uma barbie de pele preta. - ele diz e eu tomo isso como um elogio.

- Esse era o objetivo. - eu disse observando-o puxar a cadeira para mim. Eu me sento assim que ele a arrasta para a frente.

Não demorou nem um minuto para um garçom aparecer e nós fazermos nosso pedido.

- Eu achei que você não iria querer me me ver no almoço. - comentei.

- Por que não?

- Você parecia muito estranho de manhã.

- Eu só tive um sonho estranho. - ele disse sem entrar em detalhes.

- Pode me contar se quiser.

- Não quero. - ele disse seco.

- Então me diz como está sendo seu dia de trabalho.

- A mesma coisa de sempre, velhos falando sobre negócios como se eu fosse estúpido demais para entender. - ele afrouxa o nó da gravata.

- Eles tem inveja, porque você é tão novo e bom no que faz sem precisar ficar babando ovo de ninguém. Tenho certeza. - tentei passar alguma confiança para ele.

- Eu sei disso. - ele já tem de sobra e arrogância também.

- Ótimo. - eu sorri levemente.

Eu poderia achar seu jeito muito estúpido se fosse em outros homens, mas não nele. Parece... Estranhamente engraçado e as vezes minuciosamente fofo. Apenas não me levem a mal, eu sei que sou esquisita.

Ele ficou calado até a comida chegar, enquanto eu falava sobre moda e como gostei do terno cheio de botões dele.
Josh só veste alta costura e ele consegue ficar sexy com todas as peças possíveis.

- Você vai encontrar aquele moleque hoje? - ele me questionou enquanto caminhamos para a saída do restaurante.

- Vou.

Ele fez uma careta, evidenciando seu desconforto.

- Mas sabe de uma coisa? Ele não parece o tipo de cara que faz meu tipo, então será apenas essa noite, mas se ele beijar bem eu posso pensar no caso. - tentei provocá-lo alguma reação.

- Faça o que quiser, você é uma mulher livre, não é? - ele coçou a garganta.

- Exatamente. Ótimo que você seja um homem inteligente. - eu disse um pouco descontente.

- Eu tenho que ir, tenho muito o que fazer ainda. - ele acenou com a cabeça.

Eu segurei em seu antebraço e ele se virou para mim novamente.

Eu beijei o rosto dele.

- Obrigada. - eu agradeci antes de caminhar na direção contrária.

Foi comigo um misto de sentimentos e uma confusão. Meu coração começou a palpitar mais acelerado e eu não sabia o que pensar sobre tudo o que tenho sentido nos últimos dias com relação ao meu quase nada amável vizinho.

To be continued???

Eu demoro, mas volto.

Sonhos estranhos, atitudes estranhas, um homem estranho.

Vocês podem fanficar, porque tem coisas por vir.

Essa fanfic vai acabar se prolongando mais do que eu queria.