⚡︎ Capítulo 12
ANY GABRIELLY
A última aula do professor George chegou ao fim, ele nos orientou para mais um trabalho sobre teoria e prática da cor. Foi proveitoso e eu até o mostrei alguns rascunhos de minhas criações e tive auxílio para o tipo ideal de cor e tecido que poderiam moldar e se aperfeiçoar ao corpo e a cor de quem o vestir.
Com minha empolgação vi que a hora havia passado e eu estava atrasada para meu compromisso com Sam. Por não ter tempo suficiente para passar em casa e me arrumar decentemente, apenas retoquei minha maquiagem e peguei o primeiro táxi que apareceu.
Enquanto eu conversava com Joalin e lia seus conselhos para o que fazer em cada hipotética situação, mensagens de Sam surgiam no alto da tela.
Sam Meadows
×
Hey Any!
Já estou a sua espera.
Se ainda estiver em casa posso buscá-la.
Eu já estou a caminho, o trânsito que não coopera.
Eu o respondi sem entrar em muitos detalhes. Não me sinto animada como estava ontem a noite, quando fui chamada para sair. Ou talvez eu apenas me senti bem por ter sido vista por alguém que não quisesse transar de cara.
Sinceramente não sei o que pensar. Eu sempre fugi dos garotos, porque no fundo nunca acreditei que eu fosse capaz de chamar atenção de algum deles e quando isso mudou no ensino médio parecia bom, no começo. Então começaram os assédios e eu comecei a me sentir mal.
Um dia eu era uma nerd de cabelo poroso, no outro uma garota que pensava que roupas justas e curtas seriam o suficiente para se sentir desejada e confiante do próprio corpo. E então eu comecei a construir meu próprio estilo, minhas próprias peças e uma autoestima que nunca tive antes.
Dai surgiu minha paixão por moda. Eu receio uma combinação do elegante e extravagante, sem parecer com uma perua brega.
Um dos meus maiores sonhos e transformar vidas com roupas divinas. Com a marca que eu sonho todas as noites eu desejo passar a mensagem de que você não precisa impressionar os outros se não se sentir bem consigo mesma.
O taxista parou no meio-fio da calçada em frente ao píer, paguei pela corrida e desci do automóvel amarelo. Peguei meu celular em mãos e mandei uma mensagem para Sam, para que assim ele viesse ao meu encontro. Sem delongas, ele visualizou e poucos segundos veio ao meu encontro me assustando quando me agarrou por trás.
- Que susto! - falei com a mão sobre o peito.
- Desculpa. - ele disse rindo de mim. - Veio direto da faculdade?
- Sim. Não tive tempo de ir em casa. - falei e ajeitei minha mochila pendurada em meu ombro esquerdo.
- Se tivesse me falado antes teria te dado uma carona.
- Eu tinha algumas coisas para resolver com o reitor, esse também é um dos motivos do meu atraso. - contei e juntos começamos a caminhar na direção do parque.
- Tudo bem. - ele passou o braço por cima do meu ombro. - Quer comer algo ou ir em algum dos brinquedos primeiro? - me questionou quando paramos próximo a fila para comprar as pulseiras.
- Bolinho com sorvete seria uma boa. - eu disse sentindo meu estômago doer de fome.
Sam assentiu e juntos caminhamos até a sorveteria que fica a alguns metros de distância. Ficamos na fila por alguns minutos e logo fizemos nossos pedidos e Sam pagou por eles. Enquanto aguardávamos nos sentamos em uma mesa.
Eu me senti um pouco perdida, sem saber o que falar ou como agir e a maneira como ele me olha agora é intrigante.
- Como tem sido o curso de engenharia? - eu questionei, querendo quebrar o clima estranho causado pelo silêncio.
- Desafiador e exaustivo, mas eu gosto. - ele disse, apoiando os cotovelos na mesa e o queixo sobre a palma das mãos. - E o seu? Moda, não é?
- Sim. - eu sorrio. - Na infância meu sonho era ser bailarina, eu adorava as aulas de balé, mas com o tempo vi que aquela não era minha real paixão e então quando aprendi a costurar com meu avô comecei a me apaixonar por esse mundo da moda.
- Seu avô é estilista?
- Alfaiate. Ele era ótimo no que fazia. - sorri torto, os pensamentos vagando para memórias distantes, mas boas. - Ele se foi a quatro anos.
- Sinto muito. - ele tocou a minha mão por cima da mesa.
- Foi o melhor pra ele, já estava muito doente e cansado. - puxei minha mão para mim quando nosso pedido ficou pronto.
Nos levantamos e fomos buscar nossos sorvetes e bolinhos de chocolate. O famoso Petit Gateau.
- Me diz um pouco sobre você. Eu não sei nada além do seu primeiro nome. - puxei assunto assim que retornamos a mesa.
- Bom, minha vida é bem desinteressante. - ele disse pegando um pouco do sorvete com a colher. - Tenho vinte e três anos, moro sozinho, meus pais são divorciados e vivem na Europa comandando a empresa deles, eles são sócios.
- Sério? - ele balançou a cabeça em afirmativa. - Deve ser horrível trabalhar com o ex. - faço careta.
- Eles adquiriram uma certa maturidade e até se dão bem hoje em dia. - ele balança os ombros.
- Que bom pra você, porque seria horrível viver com os pais em um pé de guerra. - ele concordou comigo.
- E seus pais?
- Eles são casados e se mudaram para o Japão a pouco tempo.
- Então agora você vive sozinha? - ele questionou com uma leve ruga na testa.
- Sim. - eu peguei um colherada do sorvete e do bolinho.
- Deve ser solitário. Quando comecei a morar sozinho foi difícil, eu ficava perdido sobre minhas tarefas, porque tudo eu tenho que fazer sozinho.
- Estou aprendendo a lidar com isso ainda. E já está sendo terrível, mas eu tenho amigos. - sorrio ao me lembrar de Sina, Joalin e até do meu "não amigo", Josh.
- Eu nunca fui de fazer amizades, então pra mim foi mais difícil. Mas eu gosto assim.
Nós entramos em assuntos relacionados a faculdade e as fraternidades do campus e as irmandades, a qual não somos ligadas. A conversa foi fluindo e até pedimos outro sorvete antes de voltar para o parque e comprar as pulseiras de passe-livre.
Enfrentamos filas, mas conseguimos ir em todos os brinquedos que queríamos e foi divertido, fazia muito tempo desde a última vez que realmente parei minha rotina para ter um momento assim. Sam se mostrou o cara bom de papo que faz piadas horríveis e joga cantadas aleatoriamente, mesmo tendo momentos que ele parece muito reservado e um pouco introvertido.
- Obrigada pela carona. - falei antes de descer da moto vintage do Sam.
- Sempre que precisar terá um espaço pra você na garupa. - ele lança uma piscadela e eu rio.
- Quando eu te vía na faculdade parecia muito reservado apesar da aparência de bad boy, mas agora te conhecendo melhor dá pra ver que é totalmente ao contrário. - comentei.
- É o que todos falam. - ele pega o capacete que eu entrego para ele.
Ele ficou me encarando em silêncio, um silêncio ensurdecedor. Eu não sabia o que dizer, estava começando a sentir minhas bochechas esquentarem de vergonha e com isso me sinto como uma adolescente com hormônios a flor da pele. Mas existe uma diferença, algo no olhar dele me faz sentir um arrepio na espinha de um jeito estranho.
- Foi ótimo, será que podemos já marcar a próxima? - ele indaga, voltando a sorrir.
- Claro, só deixa eu ver minha agenda. - sorrio.
- Então seguimos nos falando. - eu aceno com a cabeça.
Ao invés dele colocar o capacete e seguir seu caminho ele saí de cima da moto e fica a poucos centímetros de mim.
- Eu não sei como expressar, mas quero dizer que você é especial de um jeito magnífico. - ele diz, pegando uma mecha do meu cabelo e a colocando atrás da minha orelha.
Minhas bochechas devem ter mudado a tonalidade agora.
Ele conseguiu me deixar sem jeito, não apenas com suas palavras, mas o olhar penetrante.
- Você deve dizer isso para todas. - sorrio de um jeito brincalhão.
Ele continua com a mesma expressão, algo que continua me causando arrepios. Eu dou um passo para trás me sentindo desconfortável tão de repente.
- Todas as outras não são você. - ele coloca o capacete sobre a cabeça e volta para sua moto. - Até a próxima, Any.
Ele disse antes de partir para sabe Deus onde.
Eu me virei para caminhar até a entrada do meu prédio e quase tive um ataque cardíaco quando vi Josh parado nas sombras.
- Tiraram o dia para me assustar hoje. - falo com a mão no peito, enquanto chego perto dele.
- Foi bom o "encontro"? - questionou ele saindo das sombras.
- Foi. - eu sorri e mostrei a pequena flor lilás que eu ganhei. - Linda, não é?
Ele revira os olhos e cruza os braços fortes. Eu parei para olhar para ele de cima a baixo e eu acho que uma baba escorreu pelo canto da minha boca.
Porque, porra, ele está tão estupidamente atraente vestido com uma camisa e calça social completamente preta e ajustadas tão perfeitamente, abraçando os músculos de suas pernas e braços. Algumas tatuagens no antebraço e as veias me fazem ter pensamentos do qual eu não deveria.
- Minha nossa senhora das vizinhas encalhadas. - eu tossi e ele franziu a testa.
- Bom pra você. - ele disse me encarando seriamente.
- Você? Com certeza. - eu falei meio desnorteada.
- O encontro, espantalho. - ele diz e eu saio do meu transe.
- Só não retribuo o apelido ridículo porque... - eu me calo.
- Por que o quê? - indaga.
- Porque nada, eu vou entrar, pois estou cansada. Boa noite, amigo. - falei causando uma irritação nele.
Eu passei por ele, mas o mesmo puxou meu braço e eu me virei e acabei batendo contra o peitoral dele.
- O que foi agora? - eu perguntei, puxando meu braço de seu aperto.
- Quero saber se descobriu sobre a pessoa que te dei o nome.
- Ainda não, tive trabalhos para resolver, mas logo te entregarei resultados.
- Não demore, preciso disso até a próxima semana. - ele exigiu.
- Tá bom, Sr. Beauchamp. Só isso que você queria? - questionei o encarando com tédio.
- Apenas.
- Ótimo, durma bem. - eu acenei e corri para o elevador.
Assim que cheguei no apartamento pendurei minha mochila e joguei a flor no lixo, porque ela estava murcha. Meus pensamentos iam entre Sam e Josh, mas principalmente para o vizinho estúpido.
Seria mais fácil se eu detestasse ele como a maioria, mas é como o ditado diz, você não pode mandar ou controlar seu coração.
E também não consigo controlar minha mente estúpida que não consegue deixar ele por alguns segundos, minutos ou horas. Ele tem sido como uma obsessão e penso que isso não deve ser saudável.
Nem meu encontro com Sam foi o suficiente para exterminar esse ser loiro da minha cabeça.
Talvez Joalin tenha razão, é melhor eu arriscar tudo, porque mesmo eu podendo perder tudo com ele, depois vou carregar na minha mente que pelo menos eu tentei. Ninguém consegue nada se não der o primeiro passo.
Mas Josh também não facilita para mim.
To be continued???
Qual a opinião de vocês sobre esse Sam?
E esse jeito tão misterioso e essa pessoa que josh está procurando?
Tem muito rolo por aí e vocês nem imaginam a loucura que vai vir.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen2U.Com