⚡︎ Capítulo 13
ANY GABRIELLY
Assumindo a missão que Josh me deu, fui até a mesa da secretária do reitor e perguntei se ele estava livre para uma breve conversa. A ruiva me encarou por baixo dos óculos de grau e pegou o telefone, ligando para o seu superior.
— Ele está a aguardando. — ela informou.
— Obrigada. — eu forcei um sorriso. Me virei e caminhei até a porta com uma placa com o nome do reitor.
Dei dois toques.
— Entre. — ouvi a voz rouca do reitor.
— Com licença. — eu falei ao entrar na sala. — Bom dia, Sr. Bishop.
— Boa tarde, Srta. Soares. — ele me corrigi sério e eu sorrio amarelo.
Por dentro reviro os olhos.
Eu estava tão perdida no tempo devido a minha correria que nem tinha noção da hora e nem da data de hoje.
— O que a senhorita deseja? — ele pergunta quebrando o silêncio.
— Eu estive verificando algumas coisas. Acabamos de formar um time para um trabalho do professor George e no meu time tem um cara chamado Jun Kang. Bom, ele era desconhecido para mim até hoje e eu queria saber se tem como o senhor me passar alguma informação sobre a família dele.
— Isso é algo confidencial. Para que a senhorita precisaria disso? — ele questionou desconfiado.
— Porque mesmo ele sendo desconhecido, eu de certa forma o reconheço, mas não me recordo de onde. Ele diz que é asiático e eu já estive lá e ele me lembra um garoto que conheci. — inventei, mordendo o canto interno da bochecha.
— Por que você mesma não pergunta para ele? — ele indaga alisando o queixo.
— Já fiz isso, mas ele se disse se lembra vagamente e quando perguntei sobre a família ele disse que perdeu os pais em um acidente. Eu o procurei na internet e não encontrei absolutamente nada. O tempo que ele diz que perdeu os pais não batem de quando eu o vi com eles. — menti. — Você é o único que possui essas informações, por isso estou recorrendo ao senhor. — isso era verdade.
O reitor ficou me encarando.
Eu sou tão burra para mentir e péssima atriz. Josh vai se arrepender de ter me pedido o favor de descobrir quem é esse menino.
— É um assunto delicado. Jun perdeu os pais a alguns anos e ele é muito reservado sobre isso. Tudo o que ele possui é uma herança que o trouxe para cá e nada mais. Não é o tipo de coisa que eu deva falar, ainda mais para uma aluna. — ele explica.
— Entendo. Eu só pensei que estava sendo enganada, mas ele não deve ser o mesmo menino. — eu falei, suspirando frustrada. — De qualquer maneira obrigada. Desculpe atrapalhar seu tempo com essa besteira.
Falei caminhando para a porta com meus livros apertados contra mim em meus braços.
O reitor não disse mais nada, então eu me retirei e segui caminho pelo corredor.
Esse garoto não me é muito estranho e no fundo eu realmente acho que o reconheço de algum lugar, mas eu nunca estive em seu país natal. Algo não bate nesta história e eu acho que ele está mentindo sobre muitas coisas, principalmente sobre quem ele é.
Agora o que eu quero saber é o porque de Josh está atrás deste menino.
Enquanto seguia pelo corredor afim de chegar até a garagem, onde meu carro está estacionado, sou parada por Sam que surge não dei daonde. Eu levei um susto que me fez derrubar alguns livros.
Eu me agachei para pegar os livros e ele também. A cena que seguiu foi aquela clichê em que nossas mãos se toca enquanto pegamos os livros do chão e nos olhamos por alguns instantes que parecem não ter fim.
Mas para mim isso não era algo que dava borboletas no estômago.
— Desculpa, não queria assustá-la. — ele sorri me entregando um livro.
Eu forço meu melhor sorriso simpático.
— Sem problemas. — eu falo. — Como vai?
— Estaria bem se você respondesse minhas mensagens. — ele diz ficando mais sério e então sorri de canto.
— Eu estive ocupada, nem respondi minha mãe ainda. — menti. Ele se aproximou de mim, me deixando desconfortável com tamanha proximidade.
Um arrepio sobe pela minha espinha pela forma como ele me olha, um jeito malicioso que me deixa sem jeito.
— Vou perdoá-la, sei que a faculdade toma nosso tempo. Mas quero outro encontro como recompensa e dessa vez eu escolherei o lugar. — ele diz, abrindo um sorriso maior que o anterior.
— Bom, como você mesmo disse, a faculdade toma muito do nosso tempo e eu tenho um trabalho para fazer e o prazo de entrega está apertado. — digo.
— Podemos deixar para outro dia?
Só que não. Eu não quero sair com ele de novo. Não gosto do que ele transmite quando estou perto.
Pode parecer loucura, mas existem pessoas que você não precisa trocar muitas palavras para saber que não parecem boas.
Ele tem uma energia um tanto sombria e eu sinto arrepios estranhos, muito diferente dos que eu sinto quando estou com Josh.
Com Josh é tudo completamente diferente do que já senti com qualquer outro homem.
— Não aceito um não como resposta. Teremos um rápido encontro, para dar tempo de você fazer seu trabalho. Vou te buscar em casa. — ele diz sem me dar chances de retrucar.
Ele partiu quando eu abri a boca para negar.
...
— Minha nossa. — eu falei com as mãos na boca enquanto olho para minha nova criação no manequim.
Uma vestido com tecido de seda em um tom marrom brilhante, constituído por um corsset, saia pouco justa e cruzada formando uma fenda, além das alças grossas e caídas.
Era a perfeição em forma de vestido, devo confessar. Eu sou uma artista, podem falar.
Eu fingi limpar o suor inexistente em minha testa e sorri ainda olhando para minha obra-prima. Foi trabalhoso terminar esse vestido, mas valeu toda a pena vendo o atual resultado do vestido finalizado. Estou apaixonada.
Ouço um toque de celular e vou em busca do meu aparelho, que estava em cima da minha enorme cama de casal. Eu o peguei e pensando que poderia ser minha mãe ou então Sam, mas era Josh.
Com certeza ligando para perguntar o que descobri hoje, pois de manhã enviei uma mensagem dizendo que hoje mesmo procuraria pela pessoa do nome que ele me deu anotado em um simples papel.
— Alô. — falei assim que atendi a chamada.
— Encontrou o cara? — ele perguntou diretamente, sem ao menos dizer um oi.
— Oi, como vai? Estou bem graças a Deus. — eu falo sarcástica.
Posso imaginar ele revirando os olhos agora e dando aquele sorriso cínico.
— Oi Gabrielly. — meu nome soando de voz um pouco mais grossa que o habitual envia arrepios.
Arrepios de quem acabou de mexer com uma parte da minha sanidade. A parte que está obcecada por ele.
— Bom, mas pode melhorar. — eu digo com deboche.
— Fale logo. — ele pede, zero paciência. Nenhuma novidade.
— Venha até meu apartamento e eu lhe direi. — eu disse e não dei tempo para que ele retrucasse.
Com o telefone desligado, o joguei em cima da cama e corri no banheiro para tomar um banho na velocidade da luz, acho que será tempo o suficiente para vestir algo adequado antes da chegada dele.
É o que eu espero.
Os minutos passaram e eu estava tão distraída em meu banho ao som de Taylor Swift, enquanto me depilava, que esqueci que deveria ser o mais rápida possível. Desliguei o chuveiro após me enxaguar por inteira e enrolada em uma toalha segui para meu closet em busca de uma lingerie e roupa confortável.
Eu me vesti com uma calcinha, shorts jeans curto e uma regata de alça fina do mesmo tom da minha calcinha, lilás. Que é uma das minhas cores da minha paleta de cores favoritas.
Enquanto eu terminava de arrumar meu cabelo ouvi as batidas sequenciais em minha porta e sai correndo para atender. Assim que abri me deparei com meu vizinho lindo, porém mal-humorado para um cacete.
Ele deve ter ficado putinho porque desliguei a chamada na cara dele.
Pobrezinho.
— Entre. — eu disse com um sorriso bem-humorado, diferente do dele.
Josh me olhou de cima a baixo e baixo a cima por o que pareceu longos minutos, mas na verdade foram breves intensos segundos.
Abri espaço para ele passar e assim que ele passou fechei a porta e o segui até minha sala de estar.
— Fale. — ele pediu, não, mandou.
Ele ama dar ordens.
— Calma, meu anjo. — falo sarcástica. — Primeiro você cumprimenta. Não te deram educação, não?
— Para que tanta enrolação? Se não tem nada apenas fale e eu vou embora. — ele diz muito afobado, se sentando em meu sofá.
— Você está precisando relaxar, o trabalho está sendo muito estressante? Não precisa descontar na sua amiga. — eu faço beicinho.
Ele revira os olhos.
— Quantas vezes eu vou ter que di... — eu o interrompi.
— Descobri algo. — conto. — Não encontrei nenhum Krystian Wang, mas Jun Kang.
— Jun Kang? — ele pergunta.
— Sim. E eu tenho a impressão de já ter visto ele em algum lugar, mas não na faculdade. Ele disse que se lembra de mim vagamente, mas eu não sei se devo acreditar. E sobre a família dele, parece que os pais morreram. — falo tudo o que sei.
Josh ouve tudo atentamente, coçando a barba recém aparada e expressão de quem está viajando em pensamentos.
— Entendi. Bom, obrigado pelo o que conseguiu. — ele agradece.
— De nada. — sorrio. — Para que queria essas informações? Quem é ele para você?
— Ninguém importante. — ele encolhe os ombros. Ele se levanta do meu sofá. — Tchau. — ele está partindo, mas eu o contenho.
— Opa. — agarro o antebraço dele. — Fique mais um pouco. Eu estou assando cookies e já devem estar quase prontos.
Eu nem dou tempo para ele falar, o arrasto até minha cozinha e puxo uma banqueta do balcão para ele se sentar.
— Eu não gosto disso. — ele diz.
— É porque não comeu os meus. — eu digo enquanto pego luvas apropriadas e tiro a forma com os biscoitos do forno após desligá-lo.
— Duvido. — ele sussurra.
Minha vez de revirar os olhos.
Eu entendo do porquê as pessoas o destestar. Josh tem um humor do cão.
Mas eu não sou todo mundo e tenho um gosto peculiar para homens.
Não sei se isso é bom ou ruim.
Penso que é muito ruim dado ao fato de que já gostei de Bailey.
Balanço minha cabeça para esquecer o indivíduo que hoje eu odeio com todas as minhas forças. Falando nele nunca mais o vi na faculdade, parece que ele foi transferido para uma outra unidade.
Eu pego uns cookies e coloco em um prato. Tiro as luvas e coloco o prato em cima do balcão em frente a Josh. O vejo analisar os cookies no prato.
— O que prefere beber? — pergunto abrindo minha geladeira para ver o que tinha para beber.
— Qualquer suco. — ele diz. E eu pego o único que tinha. Um de laranja natural.
Sirvo para ele em um copo de vidro.
— Experimenta. — eu digo, puxando uma banqueta para mim e me sentando ao lado dele.
Ele faz uma careta, mas pega um cookie e dá uma mordida generosa. Fico o olhando com expectativa de agradá-lo.
Talvez eu posso conquistá-lo pela barriga.
Funcionou um pouco com meu pai, segundo minha mãe, além da beleza e lábia dela.
Ele mastigou e mastigou sem esboçar nada.
— Gostou? — perguntei. Ele terminou de comer o primeiro e logo pegou o segundo o mordendo quase inteiro. — Acho que já tenho minha resposta.
Eu apoio meu cotovelo no balcão e meu queixo na mão. Fico olhando para ele como uma boba.
Ele comeu todos os cookies em cinco minutos e tomou todo o suco do copo.
— Estava faminto mesmo. Pode pedir que eu faço mais para você qualquer dia. — eu digo.
— Bom, se era só isso já vou. — ele diz se levantando.
— Não vai nem agradecer? — eu o sigo até a porta.
Ele se vira para mim e força um sorriso.
E que puta sorriso esse homem tem.
É aquela famosa frase: "Deus tem seus preferidos".
— Obrigado, Gabrielly. Você é até boazinha na cozinha. — ele diz.
— De nada, amigo Beauchamp. Venha mais vezes e aí eu te ensino a ser tão bom quanto na cozinha e na educação. — eu dou uma piscadela.
Ele ri com cinismo.
— Estou indo. — ele abre a porta e então eu vejo Sam prestes a bater.
Agora os dois estão se encarando seriamente.
Josh parece mais rígido e Sam tem um sorriso em seus lábios.
Eu tinha até me esquecido desse garoto.
Eu pigarreio e fico ao lado de Josh.
Preciso pensar rápido em uma maneira de enxotar esse garoto daqui antes que ele avance mais.
— Oi Sam. — eu aceno. Minha mão toca o ombro de Josh e ele me olha de soslaio.
Acho que ele entendeu meu olhar de desespero.
O porteiro aparece ofegante.
— Eu não o deixei subir senhorita. — o porteiro disse meio sem fôlego.
— Sem problemas, pode voltar para seu trabalho, eu dou conta daqui. — eu falo e o porteiro olha entre nós três e logo segue de volta para a portaria.
— Oi Any. Vejo que ainda não está pronta. — ele diz com as mãos enterradas nos bolsos de sua calça jeans.
— Talvez porque ela estivesse ocupada. — Josh disse em meu lugar. Seu braço envolveu minha cintura e ele me puxou para si.
Eu estou tendo um treco internamente, mas por fora apenas forço um sorriso para Sam.
Agora ele deve me ver como uma puta, mas não me importo, eu só o quero longe de mim.
— Humm... Você é? — ele questiona Josh.
— Ninguém que interessa. — Josh diz rude. — E você? Quem é você?
Sam dá um passo para trás quando você me solta e dá um passo a frente.
— Querido, você já não está de saída? Sam, eu não posso sair com você, me desculpe. — eu falo com um sorriso sem graça.
Sam olha entre mim e Josh em completo silêncio. O olhar dele é sombrio.
— Ahn... Tudo bem. — ele sorri. — Talvez possamos...
Ele é cortado pelo choque que toma nós dois.
Josh acaba de me beijar.
Digo e repito.
Josh Beauchamp acaba de me beijar e acho que vou desmaiar.
Ele simplesmente segurou meu queixo e me beijou de maneira que parecia querer sugar minha alma. Ok, isso soou estranho, mas é tão profundo e excitante.
Minhas pernas estão fracas.
Moles.
— Eu já vou. Ah, você deve ser o amigo da Gaby. — ele me chama pelo apelido que nunca usara.
Estou em choque.
— Bom, eu acho melhor ir. — eu nem tenho como dizer nada. Sam vai embora rapidamente e Josh o segue, me deixando aqui com as pernas bambas depois de ter me beijado deliciosamente bem.
Eu estou caindo.
To be continued???
Eu sumo e apareço com essa bomba.
Amaram?
Odeio esse Sam.
Amo o Josh. .
Inspiração do vestido que ela fez:
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