⚡︎ Capítulo 5
JOSH BEAUCHAMP
Era para ser dias normais dentro da minha rotina imutável, até aquele ser, que eu chamo de gata Borralheira, aparecer na minha vida com toda sua inconveniência. Depois do episódio em que a Soares e sua amiga me fizeram ouvi-las por mais de meia hora na cafeteria principal da cidade, eu não conseguia parar de pensar nela.
Aquela coisa morena e miúda conseguia tirar a paciência de qualquer com uma rapidez impressionante.
Pelo menos a minha que é como um pavio curto.
E é algo que nem ao menos consigo explicar, ela chega rápido, causa uma bagunça e vai embora como se estivesse tudo completamente bem. O que deveria estar, mas eu deveria evita-la, como tem feito com todos ao meu redor a tanto tempo.
Ignorando a existência para não adicionar problemas.
A noite caiu e eu já tinha passado do meu horário de trabalho, quando finalizei aproveitei para passar rapidamente na concessionária para pegar meu mais novo bebê.
Uma BMW M8, que custou milhares de dólares. Minha nova aquisição para a coleção de carros. Na minha atual residência tenho apenas dois, os outros sete ficaram em minha casa em Beverly Hills.
Já dirigindo a mais nova belezura, eu cheguei em minha rua atraindo a atenção dos vizinhos fofoqueiros. Tudo o que eles poderiam falar sobre mim eram fatos exagerados.
Que sou um rico metido e arrogante.
E eu realmente sou. Para que negar, não é?
Assim que tive a chave da casa em mãos, sai do veículo e fui abrir o portão com sua tranca automática. Olhando ao redor a alguns metros avistei a gata borralheira com um garoto que já o vi pela rua.
Será um namorado?
Ela não poderia ter tanto mal gosto? porque, segundo sua amiga, ela tem uma "paixonite secreta" por mim e com certeza não sou de se jogar fora.
A Soares parecia irritada com a proximidade dele, decidi ignorar balançando minha cabeça e afastando qualquer pensando em relação a morena.
O portão se abriu e eu voltei para o carro. Estacionei o veículo brilhante na garagem e voltei ao portão para me certificar que estava bem fechado.
- Ei, Josh! - ouvi alguém chamar por mim e eu sabia que era ela.
- O que você quer agora? - perguntei sendo um pouco mais grosso do que gostaria.
Talvez acostumada com meu jeito arredio, ela balançou os ombros e abriu um sorriso.
- Será que podemos conversar um pouquinho? Nada constrangedor, prometo. - ela pediu juntando as mãos em súplica.
- Não acho uma boa ideia. - falei sério e ela fez um biquinho que eu tive que pedir para o papai do céu, ao qual eu orava quando criança, para conseguir resistir a sua fofura descabida.
- Por favor. - ela fez aqueles olhos do gato de botas que convence até o pior dos homens.
Porra de garota insuportável e fofa.
- Entra Gabrielly. - eu dei um espaço para ela passar, antes de voltar a fechar o portão.
Ela analisou o lado de fora como se procurasse por alguém.
- Ele se foi. - ela suspirou.
- Quem? - fingi não saber.
- O Jake. Ele é o meu vizinho de apartamento e vive dando em cima de mim, por mais que eu dê tantos foras nele. - ela disse se virando para mim e bufando de uma breve irritação.
- Sobre o que quer falar? - eu perguntei cruzando os braços.
- Não vai me convidar para entrar e beber algo? - ela disse sorrindo de lado.
- Você é muito folgada. - eu falei incrédula com a intimidade que ela ter comigo.
Eu segui para dentro de casa, destrancando a porta e pegando o tablet e clicando num botãos. As luzes da casa se acenderam assim que cliquei.
- Nossa, que chique. - ela disse com os olhos brilhando em animação.
Parece uma criança.
- Vai querer alguma coisa, madame? - perguntei com um tom sarcástico.
- Um suco por gentileza, bem gelado de preferência. - ela falou se sentando em meu sofá.
Eu me controlei para não revirar os olhos. Segui para a cozinha, mas antes deixei o tablet aonde ela não alcançaria, porque de Any nunca se sabe o que esperar.
Enchi um copo com suco de laranja e peguei biscoitos, assim ela poderia comer e não falar tanto, já que estaria com a boca ocupada.
- Toma, folgada. - eu falei entregando para ela.
- Obrigada, vizinho. - ela disse sorridente.
Será que não dói as bochechas?
- Você não para de sorrir nunca não? - perguntei por pura curiosidade.
- Quando estou estressada costumo ficar bem séria, não queira me ver no auge do estresse. - ela disse e pegou um cookie para mastigar.
- Eu realmente não quero, você sorrindo já não é muito tolerável. - comentei.
Any me olhou com desdém.
- Para que veio aqui? - perguntei vendo que ela estava calada demais.
- Quero ser sua amiga. - ela disse e eu não me contive em não revirar os olhos. - É sério.
- Por que você quer tanto isso? Já não tem sua amiga, Sina, não é? E a que trabalha na cafeteria? - questionei me sentando no sofá não tão perto dela.
- Tenho, mas elas tem suas próprias vidas longe de mim também. - ela disse com mais seriedade.
- Você acha que eu não tenho? - eu cruzei os braços e sorri com desdém.
- Não além do trabalho, porque você parece sempre estar infurnado nessa casa. É uma baita casa? Sim, mas você quase nunca sai dela desde que eu cheguei da minha viagem.
- Você pensa que sou um jovem homem solitário e que estou me corroendo aqui? Que preciso da sua pena para viver melhor? - eu franzi a testa. - Eu não preciso da sua amizade, a de ninguém.
Ela juntou as sobrancelhas me analisando.
- Não é isso o que eu vejo. - ela murmurou e bebeu um pouco do suco.
- O que vê, heim? - perguntei sério e travando a mandíbula.
- Eu não o conheço, mas eu vejo em você um pobre menino que precisa de alguém atenciosa que o mostre que nem todos que o cercam são apenas por puro interesse e no final te machucam. - ela disse com os semicerrados.
Eu rangi os dentes e puxei o ar.
- Você é ótima, deveria se formar em psicologia. - eu falei sorrindo de lado.
Ela voltou sorrir novamente.
- Sério?
- Não, gata borralheira. - falei e ela arregalou os olhos com indignação.
- Gata borralheira? Que tipo de apelido é esse? - ela enrugou o nariz e mordeu mais um pedaço de biscoito.
Eu quase que me bati por ter dito o maldito apelido em voz alta.
- Por causa da noite em que você apareceu aqui toda desleixada e com minha gata nas mãos. - me justifiquei enquanto ela me olha duvidosa.
- Ainda não faz muito sentido.
- Então devo te chamar de espantalho? - perguntei e ela se esticou me batendo na perna.
- Só poderá me chamar assim se virar meu amigo. - ela disse fazendo beicinho e se ajeitando.
- Eu estou acostumado com minha solidão, quero me manter assim.
- Na zona de conforto?
- Isso, na minha zona de conforto. É dessa maneira que eu devo ficar, porque as pessoas não conseguem ficar por muito tempo. - eu murmurei vagamente.
- Bom, eu também quero você como meu amigo porque agora ficarei sozinha aqui, logo meus pais vão se mudar e eu morarei sozinha e com Jake ainda mais no meu pé precisarei de alguém para espanta-lo. -
- Mas o espantalho é você. - eu brinquei com uma expressão séria.
- Você é quem está mais para um espantalho com esse cabelo de espiga de milho bagunçado. - ela mostrou a língua como um criancinha.
- Podemos fazer um trato então... - eu murmurei tendo uma ideia repentina.
- Qual? - ela perguntou com curiosidade.
- Você pode me chamar quando precisar de ajuda, mas nada além disso, sem amizade. - eu falei e ela ficou pensativa.
- Vai me ajudar em tudo?
- Tudo o que eu quiser. - eu falei e ela alisou o queixo.
- Pode ser. - ela esticou a mão para mim e eu estiquei a minha para ela.
- Trato feito. - apertamos a mão um do outro.
- Obrigada por me ouvir. - ela se levantou deixando o pacote de biscoito e o copo em cima da mesa de centro. - Obrigada pela disponibilidade em me ajudar, sei que sou um pouco entrona e que você não deve estar acostumado com isso, mas se acostume-se.
- Contanto que não volte a me perturbar com esse lance de amizade. - eu me levantei e a levei até o portão.
- Você também pode me chamar se precisar de uma ajudinha, Josh, o trato serve para ambos. - ela disse me olhando intensamente. - Me passa seu número para facilitar as coisas.
Eu peguei o celular em meu bolso e mostrei o número, ela anotou em seu próprio telefone.
- Boa noite, gata borralheira.
- Boa noite, vizinho. - ela acenou antes de se afastar a caminho do seu prédio.
To be continued???
Relação de amor e ódio deles é tudo pra mim!!!
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