⚡︎ Capítulo 9
JOSH BEAUCHAMP
Após deixar as meninas no prédio de Any, segui meu caminho para a empresa que eu administro. Eu passei pelos funcionários os evitando ao máximo por conta do meu estresse que cresceu após a ida a delegacia.
Eu tinha um plano para dar uma lição naquele filho da puta. Ele pagaria, se não pela justiça seria através de mim.
Trancado em meu escritório eu telefonei para Noah Urrea.
- Fala, irmão. Quanto tempo! - Noah atendeu com a euforia costumeira.
- Eu preciso de um favor seu, um favor que você está me devendo. - falei e o relembrei.
Ouvi ele suspirar.
- Pois diga. - ele falou e dei um gole na garrafinha de água que minha secretária trouxe para meu frigobar.
- Quero que dê uma lição em um assediador de merda. - falei e posso imaginar o sorriso perverso no rosto dele. - Ele é um universitário, se chama Bailey May, não é para matá-lo, apenas ensine o que não se deve fazer como uma mulher.
Não entrei em mais detalhes.
- Vou fazer com prazer.
- É apenas uma lição para assustar, não vá muito longe. - eu exigi e ele bufou desanimado.
- Tudo bem. - ele resmungou. - Você bem que poderia fazer uma visita, não é legal abandonar os amigos.
- Eu não vou para esse lado, Urrea, não é seguro.
- E aí não é para mim. - retrucou.
- Nos falamos depois. - eu desliguei não querendo entrar em uma discussão com ele.
Noah é um amigo de longa data, nos conhecemos desde o primário e temos contato até hoje, mesmo tendo seguido caminhos opostos o nosso vínculo permanece intacto. Ele é uma espécie de gangster, faz parte do lado podre da cidade.
Meu dia foi demorado e cansativo na empresa, tive reuniões e uma conferência para participar, o que tomou muito do meu tempo e eu só cheguei em casa depois das nove.
Eu não jantei, apenas comi uma fruta e tomei um copo de uísque antes de me deitar e apagar.
No dia seguinte a rotina se repetiu. Eu fui para a empresa e tive minhas reuniões, assinei papéis, respondi e-mails e me encontrei com clientes. O que diferenciou foi quando cheguei em casa Any estava sentada em ao meu portão, a minha espera.
- Você não deveria estar em casa? - eu questionei vendo-a se levantar.
- Não necessariamente, eu estou aqui porque quero falar com você. - ela se aproximou do meu carro.
Eu apertei o botão da minha chave que abre o portão automático. Eu dirigi até a garagem e quando saí do veículo ela estava parada a poucos metros de mim.
- Estava me esperando por muito tempo? - clico no botão para fechar o portão.
- Uns quinze minutos. - ela respondeu, enquanto eu sigo para abrir a porta da minha casa.
Entramos em casa. Eu coloquei minha maleta de trabalho em cima do sofá e Any aproveitou para se sentar nele.
- Diga o que você quer. - eu falei colocando as mãos nos meus quadris a espera dela.
- Eu queria agradecer pelo o que você está fazendo por mim, só amigos de verdade fazem isso.
- Isso é uma troca, você poderá me recompensar quando eu precisar de sua ajuda, não precisamos ser amigos para isso, só ser empáticos. - falei sério.
Ela sorriu de lado.
- Eu sei, mas eu também sei que você gosta de mim. - ela disse apoiando as mãos no sofá atrás de seu corpo. Any se inclinou para trás me observando em melhor ângulo.
- O que? - eu ri como nunca.
- Você não deixa as pessoas se aproximarem, mas deixou eu me aproximar, você se preocupa comigo e gosta de como eu te pertubo. - ela disse sorrindo brilhantemente.
Eu chego a me contorcer de tanto rir. Mas me sinto baqueado por suas palavras.
- Você é hilária, Any. - eu disse cessando a crise de riso.
- Ria o quanto quiser, eu estou falando os fatos. - ela mordeu o próprio lábio, enquanto tem aquele sorriso discreto e convencido nos lábios. - Sei que deve ser difícil assumir isso, mas não se preocupe, eu também gosto de você, loirinho antipático.
Eu revirei os olhos com o apelido ridículo.
- Eu realmente gosto de você. - falei sorrindo de lado. Ela abriu um enorme sorriso vitorioso. - Nunca ninguém me fez rir tanto, não me lembrava do quanto é bom rir.
Ela me encarou com cara de tacho.
Me aproximei e me curvei ficando a centímetros dela. Segurei o queixo dela tendo seus olhos fixos nos meus.
- Você precisa de muito mais para me fazer gostar de você, Anyzinha, eu apenas te suporto. - eu digo com um sorriso ladino.
A solto e vejo ela respirar fundo. Ela ficou desconcertada e agora estava corada como um tomatinho.
Ela coçou a garganta emitindo um barulho. Any se levantou e ficou na ponta dos pés ao agarrar a lapela do meu paletó.
- Você é muito presunçoso. Eu sei que você gosta de mim, Josh Beauchamp, não adianta negar ou fingir e eu não preciso de mais nada, eu tenho tudo. - ela disse firmemente, com seu rosto quase colado ao meu.
Suas expressão é séria e ela parece voraz.
Seus olhos exalam algo que me deixa desconcertado e que eu não tenho a capacidade, no momento, para decifrar.
Ela me solta e eu dou um passo para trás.
- Qual o seu objetivo com isso? - eu questionei quando ela deu as costas caminhando para a porta.
- Nada, vamos continuar sendo falsos amigos, você me suporta e eu te perturbo. - ela sorriu e deu de ombros.
- Ótimo. - eu falei simples.
- Ótimo. - ela chicoteou o cabelo no ar e se virou indo embora.
Ela bateu a porta. Eu corri para fora para poder abrir o portão para ela.
Any estava parada no portão com uma cara emburrada e de braços cruzados. Eu abri o portão e ela passou por ele.
- Vai ficar puta comigo? - eu questionei antes que ela fosse realmente embora.
- Eu não deveria ter vindo. - ela disse se virando para mim brevemente.
Ela finalmente foi embora e eu retornei para dentro.
Carreguei minha maleta para o quarto e comecei a me despir para tomar banho. Eu enchi a banheira e entrei quando estava cheia o suficiente.
Meus pensamentos vagaram sobre a vinda de Any e as palavras.
Eu não entendia até onde ela queria chegar com aquilo, mas sabia que ela estava certa.
Não poderia negar os fatos, eles estão escancarados para quem quiser ver. Any em tão pouco tempo tem me atraído de uma forma que só aconteceu uma vez comigo e não teve bons resultados.
O passado deixa mais marcas do que podemos imaginar e eu estava coberto por elas, mas consigo disfarça-las perfeitamente.
Menos de Any. Ela parece ver, mas ela também reprime.
Ela é estressada e ao menos tempo doce, ela me tira a paciência e me enche com seu ânimo. Any me faz sentir vivo, mas ainda tenho partes mortas e feridas que não consigo curar.
E nem todo o dinheiro do mundo pode mudar isso.
Eu sai do banho com as pontas dos meus dedos enrugadas, me sequei e vesti apenas uma cueca. Preparei um sanduíche e o devorei enquanto mexia em meu celular.
Vi que ela estava online e mandei uma mensagem.
Me:
Desculpa, sei que fui rude.
Ela demorou alguns minutos para responder.
Vizinha chata🙄:
Eu quem devo pedir desculpas.
Estou um pouco carente com a solidão desse apartamento e da minha vida.
Mas ainda acho que gosta de mim e tem medo de assumir.
Eu revirei os olhos e sorri com mensagem.
Me:
Você é muito convencida.
Vizinha chata🙄:
Sou realista, é diferente.
Me:
Chame como quiser.
Boa noite, Any!
Vizinha chata🙄:
Boa noite, loiro antipático!
Eu tinha um sorriso idiota nos lábios, tratei de desfazê-lo. Após terminar meu lanche fui me deitar pensando no passado e no como eu preciso supera-lo para conseguir seguir em frente.
Os dias se passaram e eu quase não vi Any graças a correria com um problema que surgiu na empresa. Durante isso recebi imagens de Bailey machucado e uma mensagem de Noah avisando que o trabalho estava feito.
Ele acabou passando dos limites e eu teria que ter uma conversa com ele.
Em plena sexta-feira eu sai da empresa mais cedo do que nos dias anteriores e segui a caminho da periferia, área onde a classe baixa vive e onde o perigo habita.
Eu não gosto de vim para esse lado devido a criminalidade ser maior, mas eu tenho conhecimento de que pessoas nessa área podem ter um caráter melhor do que a maioria da classe alta.
Eles são mais unidos e cuidam mais um do outro, na minha classe todos rivalizam entre si e a união vem atrás de chantagens e benefícios próprios.
Apunhalamos pelas costas e não temos medo, porque o dinheiro acoberta tudo, diferente deste lado.
Eu estacionei em frente ao beco mal iluminado onde se encontra Noah e seu grupo de marginais.
- Olha quem está aqui, o playboyzinho. - Lion falou com desdém.
Eu forcei um sorriso para ele e me aproximei. Noah, que estava abraçado com uma morena, vem até mim e me puxa para um abraço.
Ele dá tapas em minhas costas.
- Achei que nunca mais nos veríamos. - falou fazendo o drama de sempre.
- Se eu não venho com certeza não nos veríamos. - foi a minha vez de dramatizar.
- Gostou do serviço? Ele mijou nas calças de tanto medo, o maior bunda mole. - ele disse rindo.
- Você o deixou todo roxo, era para ser um susto. - eu falei sério.
- Ele me insultou e então eu só apresentei o diálogo. - ele ergueu o punho. Eu revirei os olhos. - Veio só para reclamar?
- Não, eu vim porque preciso de uma ajuda sua. Vamos para outro lugar. - eu falei e ele assentiu.
Noah me guiou até o fim do beco que dá para um grande casarão com aparência de casa abandonada. Já no interior da casa encontrei uma senhora xingando uma menina morena em espanhol.
- Essa é Marina e Sabina, são mexicanas e moram aqui comigo. - ele disse enquanto caminha por um corredor.
Nós entramos numa sala que parece um escritório um tanto vazio.
Nos sentamos frente a frente na mesa que tinha e eu comecei a conversar com ele sobre um favor com uma boa recompensa.
To be continued???
Eles se amam só não admitem!!!
falta poucos capítulos para a fic acabar!
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