Capítulo 13
Dezembro de 2023
Any e eu sorrimos para a foto, enquanto Lisa em meu colo estava se divertindo com meus cabelos. Noah riu e falou:
Noah: Mais uma, a Lisa não fica quieta.
Sina: Filha, olha pra cá! - Exclamou, chamando a atenção da bebê para a câmera de Noah.
Minha sobrinha tinha apenas seis meses, mas parecia ter mais de tão esperta que era. Odiava morar longe dela, entretanto minha vida e de Any em New York era parte dos nossos sonhos e compessávamos a distância da nossa família com incontáveis ligações e viagens para Santa Cruz sempre que possível.
Os natais, por exemplo, aconteciam na cidade californiana. E as fotos com Lin naquele instante eram ao redor da árvore, estávamos na casa de Priscila e Carlos, Any, Noah, Sina, Alex, Sofya, Lisa e os donos da residência.
Era meu segundo Natal com eles e o primeiro de Lisa para mim, parecia um sonho colorido. A família toda reunida, suéteres feios, disputas pelo melhor lugar à mesa e depois de tudo sentar no sofá com Any ao meu lado.
Any: Ela está tão crescida. - Comentou enquanto nós dois olhávamos para Lis no colo de Sina, estávamos sentados no sofá, comigo a abraçando e minha noiva com a cabeça recostada em mim.
Any tinha se mudado para New York em janeiro, depois de passarmos alguns meses namorando à distância, mas comigo indo visitá-la em Santa Cruz uma vez por mês. Eu tinha largado o balé, começado a terapia e investido no meu segundo livro. Ela tinha conseguido um trabalho de assistente em uma editora em New York, mudado o nome da sua conta no Instagram para Any e começou a mostrar seu rosto lá.
De janeiro a junho Any morou em um micro apartamento no Queens. Quando ela se mudou para New York falei que poderia morar comigo, mas entendi que também seria bom para nossa relação ter alguns limites e não passarmos de namorados à distância para namorados vivendo na mesma casa em um piscar de olhos.
Em julho, quando o contrato dela acabou e percebemos que eu estava passando mais tempo no apartamento no Queens, escrevendo principalmente com Sophie e Lucy se revezando no meu colo, decidimos que era a hora certa de morarmos juntos. O apartamento do Queens foi devolvido, ela e suas gatas que passaram a ser minhas também - se mudaram para Manhattan comigo.
No meio de outubro eu a pedi em casamento, sendo absurdamente clichê fiz isso diante da Torre Eiffel quando viajamos para Paris. Any chorou muito e mal conseguiu dizer sim, mas nos beijamos e oficializamos nosso noivado.
Casaríamos em outubro do próximo ano, em New York mesmo. Queríamos um casamento pequeno, com celebração no Central Park, era o sonho dela e se tornou o meu, a lua de mel aconteceria na Austrália, um destino pouco tradicional, mas sempre quis conhecer o país e o meu sonho virou o dela.
Any também tinha começado a terapia, investindo o dinheiro que antes reservava para o salão da mãe no tratamento da sua saúde mental. Priscila chorou muito no dia que descobriu sobre o dinheiro, ordenando que a filha gastasse consigo e que não precisava se preocupar com os sonhos da mãe, só com os próprios.
Minha sogra era ótima, eu não poderia dizer que ela tinha se tornado uma mãe para mim, mas era bom tê-la perto. Nunca mais falei com Úrsula desde o dia que a confrontei, encontrei ela algumas vezes por New York, mas fazia questão de dar meia volta e não ceder às suas tentativas de conversar.
Úrsula Beauchamp era egoísta, controladora e invasiva. Talvez ela pudesse mudar, mas eu não queria correr o risco de cair em sua prisão mais uma vez.
Eu estava bem, melhor do que nunca, e queria continuar assim. Meu segundo livro tinha sido lançado em fevereiro, daquela vez assinei como Josh assumindo o nome que herdei do meu pai -, sem pseudônimo algum, e claro que críticas negativas foram feitas, mas tinha amado o resultado final e ponto.
A cada dia aprendia mais a lidar com negativas, aprendia que não podia usar elas como motivo de fuga. E bom, Any também tinha amado o livro, depois de ser honesta após a primeira versão apontando o que poderia ser alterado.
Meu terceiro livro, que escrevi basicamente inteiro no apartamento dela no Queens, falava sobre uma ex-bailarina e um músico metido a pintor cruzando o país em uma road trip, Noah era péssimo cantando, mas a história tinha inspirações nele e na minha irmã. E aquele livro vendeu como água, fazendo muito mais sucesso do que esperava, ainda não sabia qual das minhas muitas ideias seria o quarto a ser lançado, mas estava tranquilo e feliz em poder escrever, era tudo que sempre quis e finalmente estava vivendo meu sonho.
E muito feliz que minha noiva estava animada com sua carreira, Any estava crescendo muito nas redes sociais falando sobre literatura, conseguindo parcerias e publicidades, e considerava deixar a editora em breve para focar naquilo, já tínhamos conversado a respeito disso e ela não se sentia largando um sonho - o de trabalhar em uma editora -, mas sim indo atrás de novos sonhos. Mais para frente Any também sonhava em fazer uma faculdade, ela estava em dúvida entre inglês ou algo de marketing.
Sofya: Any vem tirar uma foto comigo e com o Noah! - Chamou por minha noiva, que me deu um rápido beijo antes de ir se juntar a eles.
Sina ocupou o lugar que Any estava antes, Lisa que ainda estava no colo dela veio para o meu. Sorri e abracei minha sobrinha, que ficou brincando com a manga do meu suéter de árvore de Natal.
Sina: É maravilhoso ter você aqui, irmãozinho – Falou, olhei para ela e beijei o topo da sua cabeça. - Esse com certeza é o melhor Natal da minha vida. - Afagou as costas da filha.
- Também é o melhor Natal para mim. - O do ano anterior já tinha sido ótimo, mas esse com Lisa presente tornava tudo melhor.
Sina: Quando você e Any irão me dar sobrinhos? - Perguntou me fazendo rir.
- Sabe que não está nos nossos planos imediatos, queremos ser pais, mas ainda tem um monte de coisa que queremos fazer antes disso. Vamos ser apenas tios dessa coisinha fofa até lá. - Beijei a bochecha de Lis. - Ou você já está esperando o segundo?
Sina: Tá doido - Disse nervosa. - Nem brinca com isso, quando a Lisa for pra faculdade eu faço outro. - Nós dois rimos. — Brincadeira, mas ainda não estamos prontos para outro bebê.
Sina continuava trabalhando como professora de dança na mesma escola, minha irmã parecia contente e satisfeita em ensinar as crianças a amar dança também. O café que Noah trabalhava foi colocado à venda, então Alex, meu cunhado e Sina acabaram comprando o estabelecimento juntos e era o irmão de Any que gerenciava o lugar.
Para meu segundo livro tinha encomendado uma ilustração de Noah para a capa, como outros desenhos para o corpo da história e a arte dele fez sucesso entre os leitores. Em algumas crises na minha vida de escritor até me questionei se o livro não tinha sido um sucesso por conta das ilustrações, porém entendi que a história e os desenhos andavam de mãos dadas e trabalharam juntos para conquistar as pessoas.
Entre Lisa, o café e ser um marido, ele não tinha muito tempo para atender todas as encomendas que surgiram, mas já conseguia ter um bom lucro com sua arte - especialmente a parte dele com as cópias vendidas do livro - e foi como pagou por sua parte no café.
Ele e Any ainda pagavam as dívidas referentes ao de seu pai. Ela tinha recusado minha ajuda para isso e seu irmão já tinha recusado a de Sina. Os dois também começaram a juntar dinheiro para Priscila abrir o próprio salão, mesmo que ela mandasse os dois gastarem o dinheiro deles com suas próprias vidas e negócios.
Sina: Josh, você tem falado com Úrsula? - Minha irmã perguntou baixinho.
- O quê? Não, não a vejo há meses e sabe que não falo com ela desde aquele dia no meu apartamento. - Minha irmã assentiu e suspirou.
Sina: Às vezes me perguntou se isso não está sendo cruel demais da nossa parte, não estamos sendo egoístas como ela a mantendo longe das nossas vidas? Eu odiaria se Lisa me afastasse da vida dela um dia. E porra, quando penso que fui egoísta com você ano passado falando que não poderia ficar com a Any...
- Ei. - A interrompi. – Você estava preocupada e tinha todo direito de se preocupar, Sina. E talvez estejamos sim sendo egoístas com ela, mas se tem algo que aprendi é que preciso pensar em mim primeiro, não adianta nada passar a vida toda tentando agradar os outros, isso é impossível. Quanto ao futuro da Lis, você é uma mãe maravilhosa, ela te ama e só vai amar mais a cada dia. Úrsula não foi uma boa mãe para mim e foi absurdamente cruel com você, nem por um segundo ache que é como ela, irmã.
Sina respirou fundo e me abraçou, segurei Lisa com um braço, enquanto com o outro mantinha minha irmã perto de mim. Eu queria muito que nosso pai estivesse lá conosco, mas também sabia que ele odiaria nos ver presos ao passado e diria para seguirmos nossas vidas, sermos felizes e lutar por nossos sonhos.
••••
Any e eu estávamos hospedados no hotel dos May, mesmo com Carlos e Priscila falando que poderíamos ficar na casa deles, preferimos algo mais reservado. Chegamos ao quarto e ela foi logo ligando a TV e perguntando:
Any: Qual filme prefere? Jingle Bells ou Aprendiz de CEO? - Estava parada diante da TV, nomeando comédias românticas que gostava, uma mão apoiada na cintura e outra segurando o controle remoto.
Me aproximei e tirei o controle da mão dela, minha noiva me olhou confusa. Sorri para ela, desliguei a TV e sussurrei em seu ouvido:
- Agora só quero te levar para a cama, podemos assistir a qualquer filme depois, meu amor.
Any: Ok, prefiro isso também. - Disse ansiosa, se movendo para me beijar, segurando meu pescoço e ficando na ponta dos pés para colar seus lábios nos meus. Deixei o controle ir ao chão, para usar minhas mãos para segurar as costas dela e unir mais ainda nossos corpos. - Amo você. - Falou, olhos castanhos brilhando para mim na iluminação fraca do quarto. - E talvez eu não diga isso com tanta frequência como deveria, mas espero que esteja claro nos meus gestos.
- Está muito claro. — Beijei a testa dela. - E eu te amo.
Mais um beijo, outro, sussurros apaixonados e fomos para a cama. Um tempo depois, deitados e abraçados, ela contou algo:
Any: Tive ideia para um livro.
- Você tá falando sério? - Perguntei animado, fazia tempo que insistia para ela escrever algo, pois sabia que Any tinha muito potencial para isso.
Any: Sim, mas não sei se vou escrever, as pessoas vão odiar...
- Para, não deixa isso te impedir de escrever. Qual a ideia? Conta!
Ela respirou fundo, pegou seu celular na mesinha ao lado da cama e colocou para tocar no Youtube o som de chuva e lareira.
- Para que isso?
Any: Porque tive a ideia naquela cidadezinha em Washington para onde viajamos mês passado. - Disse. - Quando estávamos deitados junto da lareira na cabana que alugamos. Enfim, vamos à ideia agora que criei o clima sonoro perfeito!
E ela me contou o enredo que tinha em mente, passamos o resto da noite compartilhando ideias, beijos e abraços. Horas depois ela acabou dormindo primeiro, eu ainda estava sem sono e peguei meu caderno de anotações.
Conversando sobre a ideia de Any, também tive uma ideia nova e ela me incentivou a trabalhar no enredo novo o quanto antes, prometendo que também iria começar a escrever o dela quando retornássemos para New York depois do ano novo.
Minha nova história falaria sobre um hotel, um homem ranzinza de passado sombrio e uma mulher que voltava à cidade Natal deles para a abertura de uma cápsula do tempo.
Alguns dias a ansiedade aparecia, a síndrome do impostor batia à minha janela e os fantasmas do passado me assombravam mais uma vez. Porém, naquela noite, tudo que sentia era orgulho próprio, não era uma fraude, estava longe de ser um impostor.
••••
Fim!
Eu tenho um bolso, um bolso cheio de raios de sol.
Eu tenho amor, e sei que ele é todo meus oh.
Faça o que quiser, mas você nunca vai me quebrar.
Paus e pedras nunca vão me abalar, oh.
Eu tenho um bolso cheiro de raios de Sol.
Eu tenho amor, e sei que ele é todo meu, oh.
Gostaria que você pudesse, mas você nunca vai me dominar!
Faça o que você quiser, você não pode me atrapalhar. Oh não.
Se você gosta de fazer amor á meia-noite.
Nas dunas do cabo.
Então eu sou o amor que você estava procurando.
Escreva para mim e fuja.
•••
Espero que tenham gostado! Até a próxima.
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