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002

𝘤𝘢𝘱𝘪́𝘵𝘶𝘭𝘰 𝘥𝘰𝘪𝘴
𝘶𝘮𝘢 𝘯𝘰𝘷𝘢 𝘳𝘰𝘵𝘪𝘯𝘢

O cheiro de tinta fresca e madeira polida ainda impregnava o ar do apartamento, misturando-se ao aroma forte do café recém-passado. As caixas abertas, os móveis desalinhados, o eco das paredes vazias—tudo parecia gritar que aquele espaço ainda não era um lar. Não ainda. Talvez nunca fosse.
Josephine estava de pé diante da grande janela da sala, os braços cruzados sobre o peito como se tentasse se proteger de algo invisível. Do lado de fora, Seattle despertava sob um céu nublado, seu cinza melancólico refletindo perfeitamente o turbilhão dentro dela. A balsa deslizava preguiçosamente pela água, indiferente às vidas que iam e vinham.

A cidade seguia em frente.

O mundo continuava girando.

Mas ela não.

Ela estava presa.

Uma e outra vez.

Sua mente a arrastava de volta àquela noite.

A traição.

Mark.

Addison.

Cada detalhe daquela cena era uma lâmina que se cravava mais fundo em sua carne, cada recordação um lembrete cruel do quanto ela fora ingênua.
Ela sentia o peso sufocante da ironia. Addison Montgomery, a mulher que ela tanto admirava, a cirurgiã brilhante que a inspirou a escolher a pediatria. Addison, que lhe deu conselhos sobre pacientes, sobre técnicas, sobre como lidar com a pressão esmagadora de ser uma médica. Addison, que a incentivou quando ela duvidava de si mesma.
E agora tudo aquilo estava contaminado.

A pediatria deveria ser o caminho certo. Ela deveria estar empolgada. Deveria estar ansiosa pelo primeiro dia no hospital, deveria estar revendo mentalmente cada página dos livros que estudou, cada técnica que dominou. Mas tudo parecia errado. A única coisa que conseguia associar àquele novo começo era Addison e Mark—seus toques, seus beijos, seus corpos entrelaçados em lençóis, lençóis esses que ajudou Mark a comprar.

Josephine fechou os olhos, os dedos apertando os braços com mais força. Ela não conseguia respirar.
O barulho da cafeteira interrompeu seus pensamentos, e logo os passos de Derek ecoaram pela sala. Ele parou ao lado dela, segurando uma caneca fumegante, e seguiu seu olhar pela janela.

— Você ainda está aqui. — ele disse, sem qualquer tom de cobrança.

Ela não respondeu.

— Você devia estar no hospital. — ele continuou, tomando um gole do café.

Josephine soltou um riso fraco, sem humor.
— Eu sei.

Derek não disse nada por um momento. Apenas observou a cidade, a mesma cidade que Josephine observava, mas provavelmente com olhos menos amargos.

— Você não está vestida para ir — ele comentou, casualmente.

— Eu sei.

Ele esperou.

Ela hesitou antes falar, como se estivesse segurando as palavras dentro de si, tentando decidir se deveria deixá-las escapar.

— Eu não consigo, Derek.

Foi um sussurro. Uma confissão despida de qualquer resistência.
Ele a encarou de lado, os olhos azuis brilhando com algo que ela não sabia nomear. Não foi surpresa, nem decepção. Apenas compreensão.

— Ok.
Ela finalmente se virou para ele.

— Ok? Só isso?

— Sim.

Ela franziu a testa.

— Você não vai dizer que eu preciso ir? Que eu tenho que superar isso?

Ele tomou outro gole de café e deu de ombros.

— Não sou sua mãe.

Ela revirou os olhos, mas o sorriso não veio.
Derek suspirou e encostou-se ao parapeito da janela, cruzando os braços.

— Olha, Joe... O hospital não vai explodir se você não aparecer hoje. Ninguém vai morrer porque você adiou seu primeiro dia.

Ela abaixou o olhar.

— Eu deveria estar animada — sua voz era baixa, quase hesitante. — Eu esperei tanto por isso. Trabalhei tanto por isso. Mas agora... agora tudo parece sujo.

Derek ficou em silêncio.

— Addison foi minha mentora. Ela me ajudou a escolher esse caminho. Ela me ensinou coisas que eu nunca teria aprendido sem ela.

Ela soltou uma risada curta, amarga.

— Deus, ela foi minha referência. Eu queria ser como ela.

O silêncio que seguiu foi pesado.

— E Mark...

Derek finalmente desviou o olhar da janela para encará-la.

— Você o amava.

Ela não confirmou, não precisava.

— Eu confiava nele.

— Eu também.

A dor compartilhada entre os dois era quase palpável. Eles conheciam Mark Sloan melhor do que ninguém. Ou achavam que conheciam.
Por um momento, nenhum dos dois disse nada.
Então, Derek quebrou o silêncio com um tom despreocupado demais para ser genuíno.

— Eu vou dar um jeito nisso.

Josephine franziu a testa.
— O que isso significa?

— Vou ligar para o diretor do hospital e dizer que você está doente.

Ela ergueu uma sobrancelha.

— E ele vai acreditar?

Derek sorriu, malicioso.

— O cara me adora. Vou inventar algo dramático. Talvez febre hemorrágica.

Josephine bufou.
— Você é um péssimo mentiroso.

— Você me subestima.

— Você vai ligar mesmo?

Derek ergueu a caneca como se estivesse brindando.

— Claro. Não posso te deixar ser a única covarde da casa.

Ela o olhou por um longo momento antes de murmurar:

— Você acha que algum dia isso vai parar de doer?

Derek suspirou e passou um braço ao redor dos ombros dela, puxando-a para um abraço breve, mas firme.

— Sim — ele respondeu, com mais convicção do que realmente sentia. — Um dia vai parar.

Josephine fechou os olhos e se permitiu acreditar, pelo menos por um instante.

A luz já entrava pelas grandes janelas da sala, iluminando a poeira que dançava no ar e destacando o caos que ainda dominava o lugar. Caixas abertas se espalhavam pelo chão, algumas com roupas pela metade, outras revelando livros, porta-retratos embrulhados em jornais e pequenos objetos de uma vida que ambos ainda estavam tentando reorganizar.
Josephine passou a mão pelos cabelos, que estavam grandes demais, sentia a exaustão pesar em seus ombros. O dia já deveria ter começado de verdade — para ela, significaria estar no hospital, vestindo um jaleco, com um estetoscópio no pescoço e um crachá pendurado na roupa. Mas, ao invés disso, estava ali, de moletom e meias, encarando a bagunça à sua frente como se fosse um quebra-cabeça impossível de resolver.

Derek, por outro lado, parecia absolutamente confortável com essa reviravolta.

— Você não vai? — Josephine perguntou, observando-o casualmente folhear um jornal velho que havia encontrado em uma das caixas.

— Não.

Ela franziu o cenho.
— Você realmente vai faltar no seu primeiro dia só porque eu não consegui ir?

Ele lançou um olhar preguiçoso para ela, apoiando um braço no encosto do sofá.

— Eu conheço o chefe do hospital, lembra? Ele me adora. Vou mandar uma mensagem. Ele vai entender.

Josephine cruzou os braços.

— O seu nível de presunção é assustador.

— Meu nível de presunção é realista.

Ela pegou uma almofada do sofá e jogou nele sem hesitar. Derek, sem nem precisar olhar, pegou a almofada no ar com uma mão só e jogou de volta para ela.

— Reflexos impecáveis — ele comentou.

— Você é insuportável.

— Eu sei.
Ela suspirou e olhou ao redor.

— Já que estamos sendo dois covardes hoje, pelo menos deveríamos arrumar esse apartamento.

Derek fez uma careta.

— Eu preferia passar o dia inteiro no hospital a ter que organizar essa bagunça.

— Bem, não deveria ter escolhido um apartamento do tamanho de um palácio.

— Não é um palácio.

— É quase um palácio.

— Você exagera.

Ela abriu uma das caixas e puxou um monte de livros.
— Certo, começamos por onde?

Derek analisou a sala como se estivesse prestes a operar um cérebro exposto.

— Pelo mais importante.
— Que seria...?

Ele apontou para a cafeteira na bancada da cozinha.
— Café.

Josephine revirou os olhos, mas não conseguiu evitar um pequeno sorriso.

— Deus me livre de um Derek sem cafeína.

— Finalmente você entende.

Ela foi até a cozinha, e preparou o primeiro café oficial do apartamento, pelo menos o seu, ela franziu o cenho com o gosto, realmente não era maior fã, já Derek começava a abrir uma caixa.

— Você trouxe muita coisa inútil — ela comentou, servindo duas canecas e entregando uma para ele.

— Defina "inútil".

— Você realmente precisa de três versões diferentes da mesma gravata azul?

Derek pegou a gravata da mão dela e a ergueu, analisando-a com um olhar crítico.

— São tons diferentes de azul.

— Meu Deus, você é impossível.

Eles passaram a próxima hora organizando o apartamento, dobrando roupas, montando os móveis e empilhando livros na estante. Josephine colocou uma playlist com músicas antigas para tocar, e Derek fez questão de reclamar de cada uma.

— Isso é tortura.

— Isso é arte.

— Isso é um crime contra os meus ouvidos.

Ela riu, e Derek sorriu, satisfeito. Era um som que ele sentia falta de ouvir.

Quando terminaram de organizar a sala, Josephine se jogou no sofá, exausta.

— Isso foi um inferno.
Derek caiu ao lado dela.

— E ainda falta a cozinha.

Ela fechou os olhos.

— Me mata.

Ele deu um tapinha no joelho dela.

— Vamos, soldado. A guerra ainda não acabou.
Ela bufou, mas se levantou.

— Você me deve um jantar depois disso.
Derek sorriu, pegando outra caixa.

— Fechado.

E, por um momento, o peso da traição parecia um pouco menor.

(...)

Era quase um lar.

Uma semana já tinha passado. O apartamento não parecia mais uma bagunça, as caixas estavam agrupadas no corredor, e agora havia a cara deles. A coleção de cápsulas de café de Derek estava ao lado do chá favorito de Josephine, criando um equilíbrio curioso entre cafeína e calma.

Livros e mais livros ocupavam a estante, e havia ainda mais espalhados pelo escritório que ambos compartilhavam. Sua coleção de Legos, da qual Joe tanto se orgulhava, estava em destaque em uma prateleira reservada somente para eles. Vinis antigos, bugigangas sem função aparente—como um cachorrinho de porcelana que balançava a cabeça—e algumas plantas (do tipo que não exigiam muitos cuidados, porque ambos sabiam que não teriam tempo) decoravam o espaço.

Um lar.

Ou quase.

Josephine saiu do quarto com uma toalha enrolada no corpo e outra no cabelo, o celular na mão, enquanto caminhava descalça pelo apartamento.

— Sem pizza, Derek. Comemos isso a semana toda.

— É pizza ou nada. Eu não sei cozinhar, e você muito menos, querida.

Ela revirou os olhos, seguindo para a cozinha e abrindo a despensa. O que encontrou foi um estoque vergonhoso de comida enlatada e pacotes de macarrão instantâneo.

— A gente precisa fazer compras. Urgentemente.

— Claro, querida, faremos isso no fim de semana.

— Sem fim de semana. Precisamos pra ontem.

Ela não conseguia vê-lo, mas sabia que ele tinha revirado os olhos do outro lado da linha.

— Eu preciso ir, cirurgia. Eu escolho a pizza.

— Não, Derek... Nada de—

Ele desligou.

Josephine bufou, jogando o celular no balcão da cozinha. Era sempre assim. Derek fugindo de discussões banais e deixando-a lidar com as consequências. E a pior parte? Ele sabia que ela acabaria aceitando.

Derek chegou em casa tarde naquela noite. Josephine estava no sofá, pernas cruzadas e um livro aberto no colo, mas os olhos estavam fixos na televisão, onde algum programa qualquer passava sem som. Ela nem olhou para ele quando ouviu a porta se fechar.

Ele suspirou e balançou a sacola que trazia nas mãos.

— Trouxe pizza.

Josephine finalmente levantou o olhar e arqueou a sobrancelha.

— Você sabe que se alimentar só de pizza não é uma opção, certo?

— Tecnicamente, é sim. Você só precisa ser comprometida o suficiente.

Ela bufou, mas pegou uma fatia. Eles comeram em silêncio por alguns minutos, e Josephine percebeu que Derek parecia inquieto. Desde que havia começado no hospital, ele estava diferente. Algo que ela não conseguia definir.

Ele estava escondendo algo.

— Você quer falar sobre isso? — ela perguntou, casualmente, como se não estivesse lendo cada micro expressão dele.

— Sobre o quê?

Ela não desviou o olhar.

— Seja lá o que estiver te incomodando.

Derek hesitou por um momento. Ele abriu a boca para dizer algo, mas pareceu mudar de ideia no último segundo.

— Eu só... Comecei a trabalhar. Nova rotina. Muitas cirurgias. Você sabe como é.

Ela sabia. E sabia que ele estava mentindo.
No dia seguinte, Josephine acordou tarde. O apartamento estava silencioso, e Derek já havia saído para o hospital. Ela se permitiu ficar na cama por um tempo, pensando no que faria com o dia. Ela ainda não tinha voltado para o hospital. Não por falta de oportunidade, mas porque... simplesmente não conseguia.

Derek tinha falado com o Dr. Hebb, e o chefe do hospital claramente adorava Derek o suficiente para permitir que ela adiasse sua entrada por mais alguns dias. Mas isso não duraria para sempre.

E então veio a questão que ela vinha ignorando desde que chegaram a Seattle.

Mark.

Addison.

Ela tentou afastar a lembrança, mas foi impossível. A cena voltava sempre que ela permitia que seus pensamentos vagassem.

E então havia Derek. Algo estava acontecendo com ele. Algo que ele não queria contar.

Talvez fosse a culpa. Talvez fosse o hospital. Talvez fosse outra coisa.

Talvez fosse ela.

Josephine não queria pensar nisso. Mas desde que Derek começara no hospital, o nome "Meredith" aparecia sutilmente em algumas conversas, nos olhares desviados, nos pequenos silêncios que se prolongavam mais do que o normal.
Josephine se levantou e foi até a cozinha, servindo-se de uma xícara de chá. Ela sabia que precisava encarar os fatos. Precisava ir para o hospital. Precisava começar de novo.
Mas, por enquanto, ela se permitiu mais um dia de silêncio.
Porque, no fundo, sabia que assim que colocasse os pés naquele hospital, tudo mudaria de novo.

(...)

Josephine já desconfiava.

Não oficialmente, mas sabia. Sentia isso nas entrelinhas, no jeito como Derek evitava certos assuntos, no modo como seu comportamento mudou sutilmente ao longo da última semana. Mas agora, enquanto ela estava na cozinha, de pijama e com uma xícara de chá quente entre as mãos, esperava que ele finalmente dissesse em voz alta.
Ela ouviu a chave girar na fechadura e os passos pesados de Derek cruzando a sala. Ele parecia exausto. Cirurgia longa, provavelmente.
Mas não era só cansaço.

— Trouxe comida. — Ele ergueu uma sacola de papel, como se a oferta bastasse para aliviar o peso da conversa que ainda não tinham tido.

Josephine não respondeu de imediato. Em vez disso, pegou a sacola, abriu-a, viu que era comida chinesa e serviu-se sem cerimônia. Derek fez o mesmo, mas ela percebeu que ele não estava realmente comendo.

Ele estava pensando.

Se preparando.

— Ok. — Ele soltou os hashis na mesa. — Preciso te contar uma coisa.

Josephine ergueu os olhos, soprando o chá calmamente, mas por dentro, seu coração acelerou.
Ele hesitou, coçou a nuca e desviou o olhar.
— Eu conheci alguém.

Ela ficou em silêncio.

— Na verdade... — Ele suspirou. — Conheci antes mesmo de começar no hospital. Na minha primeira noite em Seattle.

A tensão no ar ficou mais densa. Josephine não reagiu de imediato, apenas observou a hesitação de Derek.

— Nós nos encontramos em um bar. Conversamos. Bebemos. E... bom, dormimos juntos.

E lá estava.

A confirmação.

Josephine sentiu uma onda de emoções conflitantes. Por um lado, não tinha o direito de se sentir traída. Não estavam juntos assim. Mas, por outro lado, era Derek. Derek, que estava ao seu lado em todos os momentos mais difíceis. Derek, que era a única coisa que restava de tudo o que perdeu.
Ela umedeceu os lábios.

— E agora?

Derek respirou fundo, esfregando o rosto.

— Agora... Eu descobri que ela é minha interna.
Josephine piscou.

— Espera. O quê?

— Meredith. — Ele finalmente disse o nome. — Meredith Grey. Ela é uma dos internos do programa.
Josephine fechou os olhos por um segundo, sentindo o peso da situação.

— Merda.

— Sim.

O silêncio se instalou entre eles. Josephine queria sentir raiva, queria gritar com ele por ser tão descuidado, por se colocar nessa posição. Mas, no fundo, o que realmente sentia era cansaço.

— O que você vai fazer?

Derek soltou uma risada sem humor.

— Eu não faço ideia.

Josephine cruzou os braços e se recostou na cadeira.

— Você gosta dela?

Derek ficou quieto por tempo demais.
E essa foi a resposta.

Josephine olhou para ele e soltou um suspiro longo.

— Você sempre complica sua vida, Derek.

Ele riu, mas não havia alegria no som.

— Eu sei.

Derek continuava olhando para ela, como se esperasse que Josephine tivesse uma explosão, que gritasse, que dissesse que ele era um idiota.

Mas ela não gritou.

Ela só pegou outro rolinho primavera, mastigando devagar, tentando organizar seus próprios pensamentos.

— Você vai lidar com isso? — Ela perguntou depois de um tempo, sem encará-lo diretamente. — Ou vai fingir que não é um problema até tudo explodir na sua cara?

Derek riu, sem humor.

— Eu já estou lidando.

Josephine arqueou a sobrancelha.

— Deixando ela confusa? Mandando sinais mistos? Agindo como se fosse só um chefe distante, mas com aquele olhar que entrega tudo?

Ele suspirou, passando a mão pelo rosto.

— Eu não sei o que fazer, Joe. — A voz dele saiu cansada, desgastada. — Eu gosto dela. E é estranho. Porque eu não deveria. Não agora.

Josephine finalmente olhou para ele.

— Você ainda ama Addison?

Derek fechou os olhos por um instante, como se aquilo doesse.

— Eu... — Ele hesitou, balançando a cabeça. — Não do jeito que eu deveria.

Isso era tudo que Josephine precisava ouvir.

Ela se inclinou para trás na cadeira, sentindo um peso se instalar no peito.

Derek sempre foi o cara das certezas. O cara que sabia o que queria e ia atrás sem hesitar. Ver ele assim, confuso, dividido, era uma raridade. E, de certa forma, isso fazia tudo parecer ainda pior.

— Você vai acabar machucando ela.

Derek piscou, surpreso com a franqueza de Josephine.

— O quê?

— Meredith. Você vai acabar machucando ela.

Ele abriu a boca para rebater, mas fechou logo em seguida. Porque, no fundo, sabia que era verdade.

— Você ainda está quebrado, Derek. — Ela continuou, a voz mais suave agora. — Ainda está juntando os pedaços. E agora você encontrou alguém que faz você sentir alguma coisa de novo... Mas isso não significa que está pronto para sentir.

O silêncio entre eles era pesado, carregado.

Derek desviou o olhar, encarando um ponto qualquer na parede.

— Eu só... Eu não esperava por isso.

— É claro que não. — Josephine deu um sorriso triste. — Mas você nunca espera.

Ele suspirou de novo, afundando na cadeira.

— Você está brava comigo?

Josephine pegou a xícara de chá, soprando o vapor antes de dar um gole.

— Não. — Ela disse, sincera. — Eu só... Estou cansada.

Ele assentiu, compreendendo.

Ela estava cansada da bagunça. Da dor. Da traição que ainda ecoava em cada canto da vida deles.

E, acima de tudo, estava cansada de ver Derek se jogar em algo novo antes mesmo de se recuperar do passado.

Porque ela conhecia Derek Shepherd.

E sabia que, cedo ou tarde, tudo aquilo voltaria para assombrá-lo.

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