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Capítulo 19 Part. I







Octavia estava dormindo tranquilamente com a cabeça apoiada no peitoral de Will, com o loiro adormecido abraçando possessivamente sua cintura. Depois de trocar alguns demorados beijos, os dois tinham voltado para o "acampamento" e adormecido juntos, quando foi à vez de Hazel assumir o posto de vigia.

Claro que a filha de Pluto os encarou de forma estranha, quando viu o quão próximos estavam, mas nada disse e Octavia agradeceu aos Deuses por isso.

Quando finalmente amanheceu, Hazel os despertou, fazendo-os acordar rapidamente, pois sabiam o longo dia que os esperavam.

Frank, graças aos Deuses, parecia bem melhor do que na noite anterior, até mesmo seu semblante estava mais saudável, o que significava que tudo que fizeram na noite passada tinha dado resultados bons. No entanto, o romano ainda tinha dificuldades para andar ou até mesmo pressionar o pé contra o chão sem sentir nenhuma dor aguda, algo que fez Octavia ir procurar um bom galho reforçado para que seu meio irmão pudesse se apoiar sem dificuldade e andar também, o utilizando como uma bengala.

— Precisamos chegar ao litoral. — Octavia comenta, ajeitando a aljava e o arco em seus ombros.

— E depois...? — Hazel pergunta com certa expectativa no olhar.

— Eu não sei... — Confessa em um longo suspiro. — Se estamos em uma ilha mesmo, como Barba Negra deixou claro, vai ser difícil sair daqui sem um navio, avião ou outro transporte do gênero. Mas acredito que aqueles malditos devem ter algo como um "porto" por aqui, com navios. Se eu estiver certa, podemos roubar um deles e sair desse fim de mundo.

A Stone ainda estava inquieta e agitada. O fato de seus irmãos terem lhe localizado pela marca de Hera não era acolhedor, só servia para deixa-la mais preocupada. Eles não foram treinados como ela. Não tinham experiência em combates ou muito menos em sobrevivência. Então sim, ela tinha motivos de sobra para se preocupar. Se Barba Negra ou algum daqueles semideuses psicóticos tentassem ferir ou matar algum de seus irmãos, ela ficaria completamente louca.

Precisava honrar a promessa que tinha feito à sua mãe. A qualquer custo e faria isso.

Will sabia que ela estava preocupada e por isso não deixou de envolver seus dedos, os apertando levemente, como uma forma de mostrar apoio à ela. O ato fez, Octavia despertar de seus pensamentos internos e encarar o loiro com um fraco sorriso, antes de se virar para Hazel e Frank.

— Não é seguro seguirmos o curso do rio até o litoral. Aqueles psicóticos estão nos rastreando ainda, o que significa que estaremos expostos e vulneráveis se seguirmos por esse caminho. — Octavia soltou os dedos de Will, para se abaixar e começar a usar um galho qualquer para desenhar sob a terra úmida abaixo de seus pés. — Frank está ferido, o que infelizmente nos torna mais lentos e vulneráveis. Hazel terá que ajuda-lo a caminhar e cuidar dele, enquanto Will e eu ficamos atentos a qualquer movimento surpreso. — Diz com sua sinceridade dura. — Mas a nossa vantagem é que os inimigos não sabem disso, então podemos tirar vantagem disso...

Octavia então começou a fazer um pequeno mapa na terra úmida utilizando um graveto qualquer, sendo acompanhada pelos olhares atento do trio.

— Se não podemos ir pelo curso do rio, devemos então passar pelo centro da floresta? — Frank pergunta já compreendendo seu raciocino.

A filha de Ares assente, mas solta um suspiro cansado.

— Sim... — Diz contragosto. — O problema de passar pelo centro da ilha é que geralmente é o lugar onde a grande parte de predadores perigosos estão. Já tivemos que lidar com um crocodilo, então se encontrarmos, por exemplo, com um jaguar ou uma cobra peçonhenta é grande. E isso é preocupante. — Octavia percebe o desconforto perceptível que Will demonstra quando ela menciona as cobras.

Assim como os filhos de Atena involuntariamente morrem de medo de aranhas, os filhos de Apolo também possuem um medo quase irracional de cobras, tudo isso graças à gigantesca Píton enviada por Hera para perseguir Leto com seus filhos ainda bebês, Apolo e Ártemis, por um longo tempo, até que Apolo crescer e matar a cobra que atormentou sua mãe a vida toda com suas flechas. Desde então, assim como os descendentes de Aracne fazem questão de perseguir e atormentar os filhos de Atena, os descendentes da grande Píton, faziam os mesmo com os filhos de Apolo.

— Porque você diz isso? — Hazel a encara, a despertando de seus pensamentos internos.

— Seleção natural. — Will responde por ela, também compreendendo seu raciocínio como Frank, tentando disfarçar seu incomodo e medo de cobras. Mais uma vez Octavia assente em concordância.

— Se estamos em uma ilha isolada do mundo moderno, isso é ruim. Pois pode significar que existe certas espécies exóticas de animais e serpentes peçonhentas, que graça a seleção natural, podem ter se tornado mortalmente venenosas e quais ainda sequer foram encontrados ou feito antídotos para seus venenos. — Explica. — Meu medo é que alguém fraco e ferido como Frank seja picado e não podermos fazer nada, então por isso, tomem cuidado. — Os três assentiram. — E infelizmente também existe outras coisas que podem nos matar aqui, além de monstros, semideuses psicóticos, cobras, crocodilos. Malária e dengue são alguns exemplos.

— Já disseram que você é muito pessimista? — Will questiona e a Stone revira os olhos.

Eu sou realista. É diferente. — Disse se levantando e indo até a árvore mais próxima, pegando impulso com os braços para começar a subir no tronco. — Irei tentar pegar uma visão mais clara de onde exatamente podemos estar e para onde devemos ir. — Dito isso, continuou a subir no troco, até chegar à copa da árvore.

No momento em que Octavia chegou finalmente ao topo da árvore, sendo arranhada ou tendo alguma parte de suas roupas rasgadas pelos galhos, sua visão foi cegada e ofuscada pela forte luz completamente do sol, por alguns minutos, até que ela piscasse incansavelmente até suas vistas se acostumarem com a claridade irritante da luz.

Quando sua visão finalmente se adaptou e se tornou nítida. Octavia pode ver com clareza a paisagem de tirar o folego que a cerva. Havia três cadeias de montanhas, das quais alguns pássaros brancos planavam no ar, também existia inúmeras copas de árvores que ofuscavam e atrapalhavam a vista clara do solo. Entretanto, algo naquela paisagem chamou a atenção dos olhos da Stone.

Alguns metros ao leste, existia repetidos cinturões de pedras que eram separados por repetidas piscinas de água, existia uma grande estátua feita em mármore, mas infelizmente pela distância, não conseguiu distinguir o rosto que era esculpido ou muito menos entender a quem aquela estatua se assemelhava. Outra coisa que chamou também sua atenção foi um templo grego antigo muito bem conservado bem ali, naquele local também.

Octavia uniu as sobrancelhas e trincou a mandíbula. Não sabia por que, mas seus instintos gritavam para que ela fosse até aquele lugar. Como se um imã a estivesse atraindo até ali. Talvez fosse bom ir até aquele templo, quem sabe assim quando descobrisse qual era o Deus patrono da ilha, poderia saber exatamente onde estavam. Isso seria bom e vantajoso para eles.

Mas rapidamente os olhos avelã da Stone se desviaram do templo e foram em direção para sudeste, onde pode contemplar por alguns momentos a imensidão azul do oceano e o litoral. Entretanto, a paisagem exuberante apesar de ser de tirar o fôlego, Octavia não se deixou levar e reconheceu o grande navio guerrilheiro nazista, Brismarck, ancorado perto da costa. Era uma filha de Ares, então era capaz de reconhecer qualquer equipamento ligado a guerra com uma facilidade absurda e involuntária.

O sinal que Brismarck estava ali só poderia significar duas coisas: ou Barba Negra ou outro meio irmão psicótico tinha conseguido invocar o grande navio ou só pediu ao seu pai como era comum. Ou...

— Clarisse, sua grande imbecil! — Cuspiu as palavras sentindo a raiva aos poucos lhe dominar.





***





Andar na selva era exaustivo, principalmente quando não se tem um facão a sua disposição para poder abrir caminho pela mata densa.

— Acha que esse navio que você viu pode ser alguém que veio nos ajudar? — Frank a pergunta, quando Octavia abria caminho entre os galhos, com as próprias mãos.

A garota teve que segurar a risada desdenhosa para não soar ainda mais cruel do que já era. Não sabia se eles eram ingênuos ou apenas burros demais ao ponto de sempre serem positivos ou esperar que alguém aparecesse para salvá-los. Octavia desde criança aprendeu da pior maneira a não depender de ninguém ou muito menos confiar, a sempre apenas contar consigo mesma. Foi graças a isso que estava viva até aquele momento.

Barba Negra era um filho da puta. Mas ele estava certo sobre ela. Octavia não era uma guerreira como pensava ser, ela era uma sobrevivente. E os sobreviventes eram capazes de fazer coisas ruins e desumanas para continuarem vivos. A filha de Ares, sabia disso melhor do que ninguém.

— Na melhor das hipóteses, pode ser a Clarisse e a tropa do chalé cinco. Mas na pior das hipóteses Barba Negra ficou ainda mais perigoso com Brismarck em suas mãos. Aquele navio nazista é a maior arma já feita na segunda guerra mundial. Ele era o terror dos mares. Muitos navios ingleses foram derrotados facilmente por ele. Se aquele pirata psicótico está em posse dele, estamos literalmente fodidos. — Disse sem olhar o irmão romano.

— Mas ainda há chances de ser a Clarisse, sim? — Hazel a questiona e Octavia bufa.

Como eles conseguiam ser tão irritantemente positivos na extrema situação delicada da qual se encontravam? Estava desconfiando que eles não era ingênuos ou burros, e sim apenas retardados com sérios problemas de autoconfiança.

— Sinceramente? Espero que não seja a burra da Clarisse. — Resmunga mal humorada. — Porque se for, aquele navio extravagante gigante jamais iria passar despercebido por Barba Negra e nada impediria ele de explodi-lo facilmente. Brismarck é uma arma perigosa, mas perigosa em alto mar. Em terra ele é inútil, o que dá grande vantagem para o bigodudo biruta. — Confessa. — Posso ter sido general apenas poucos meses em Temiscira, mas sei reconhecer bem quando uma luta é perdida. Se Clarisse estiver no Brismarck, ela vai ser morta. — Bufa impaciente.

Nunca comece uma luta, da qual você não consegue terminar. Foi uma das preciosas lições que Hylla ensinou Octavia e uma das quais ela jamais se esqueceria. Tinha apenas quatorze anos quando a guerra contra Cronos eclodiu, talvez ela deveria ter ido lutar ao lado de seus irmãos e apoia-los, mas não podia. Não podia se expor ao risco de morrer em batalha e deixar seus irmãos de sangue sozinhos. Alguns a chamariam de covarde e talvez ela realmente tivesse sido, mas Octavia sempre colocava seus irmãos em primeiro lugar. Família sempre vinha em primeiro lugar para si.

Não importava se ela tivesse que ser uma covarde, ela sempre escolheria sua família.

E também naquela época, Octavia sabia que não era capaz de terminar uma luta. Ainda era fraca e pouco treinada. Ela seria inútil na guerra, seria apenas o mesmo peso morto que era no acampamento, incapaz de empunhar espadas, atirar flechas, escalada, corrida e tantas outras diversas atividades que lhe fazia ser péssima em tudo que fazia. Alguns campistas maldosos diziam que era impossível alguém tão inútil, fraca e frágil ser filha do todo poderoso Ares. E naquela época, Octavia realmente acreditava nisso.

Ela não se encaixava. Ela era até mesmo muito estranha para seus próprios irmãos. Era baixinha, braços e pernas tão finos quanto um palito, sem coordenação motora, usava sempre vestidos iguais de bonecas, cheio de enfeites como laços, saias com babados e sempre, sempre utilizava uma tiara diferente no topo da cabeça. Sim, ela era uma verdadeira bonequinha de porcelana. E se arriscaria dizer que se não tivesse perdido sua mãe, ela teria se tornado a própria versão de Blair Waldorf, filha de Ares.

Mas com a perda de sua família, Octavia mudou. Se tornou menos fresca e se importar menos com coisas superficiais como aparência ou com o medo de suas delicadas mãos se tornarem calejadas e ásperas. Ela teve que aprender na marra como se virar sozinha, não por ela, mas para que pudesse cuidar dos irmãos. De princesinha mimada, ela virou quase que uma versão feminina do próprio Rambo e se orgulhava disso. Acreditaria que até mesmo Clarisse estaria orgulhosa dela, se a visse novamente, caso não tentasse cortar sua garganta.

Temiscira poderia até mesmo ser isolada do restante do mundo moderno, mas as noticias quentes do verdadeiro mudo mítico que se escondida por detrás da névoa, corriam rápido. Rápido o suficiente para chegarem até a ilha.

Após a guerra contra Cronos ela soube que Clarisse tinha derrotado um Drakon, isso a fez se sentir feliz pela irmã, afinal a La Rue mesmo sendo mais velha, sempre foi a maior inspiração de Octavia, mesmo quando era uma mimada. Sempre queria fazer um dia sua irmã mais velha se orgulhar de si um dia. Mas infelizmente, com a guerra veio as perdas também. Octavia se lembrava que passou três dias seguidos chorando quando soube que seu irmão Frederic Smith e o namorado Peter Willians foram mortos na guerra.

Fred era um irmão incrível, sempre lhe ajudando, lhe motivando ou lhe colocando para cima quando estava triste. Peter também era bastante gentil com ela e tinha ideias malucas e divertidas de querer fazer com que ela e seu irmão, Will, se tornassem as versões mirins de "Freter", o nome do shipp de seu namoro que o filho de Apolo havia inventado.

Pessoas sempre morrem desnecessariamente em guerras. Por isso que Octavia as evitava ou até mesmo as odiavam. Poderia ser a filha de uma divindade da guerra, mas odiava as consequências que ela trazia consigo. Uma guerra sempre seria uma guerra, não importava se suas intenções fossem nobres ou benevolentes. Pessoas morrem. E o fato de serem mortais, era a prova viva de que os Deuses os odiavam, pois se eles realmente amassem os semideuses, não os deixariam morrer por culpa deles.

O mundo seria um lugar bem melhor sem os Deuses. Se pudesse, Octavia mataria cada um deles ou talvez iniciasse uma nova revolta seguindo os ideias de Luke. Deuses eram apenas crianças mimadas que nunca receberam um castigo por suas más ações. Mas um dia, ela acreditava que tudo que os malditos Deuses fizeram iriam ser cobrado. Afinal o karma nunca falha, seja Deus ou mortal.

Se o que Barba Negra tivesse insinuado for verdade e ela fosse realmente a campeã que lutaria pelos Deuses, como Hércules fez no passado, Octavia preferia a morte certa, ao invés de ter que fazer algo do gênero. Jamais lutaria pelos Deuses ou tampouco morreria por eles. Que o fim do mundo começasse e todos morressem, mas ela não faria tal coisa.

Não era uma filha de Atena, mas era completamente orgulhosa.

— Vamos fazer uma pausa. — Octavia anunciou atraindo a atenção de todos, que apenas acataram sua ordem.

Hazel logo se dispôs a ajudar Frank a se sentar em um tronco podre caído no chão, em meio às folhas secas e cipós. O momento em que escolheu para descansarem da longa caminhada não poderia ser mais próprio, pois era visível o cansaço que seu irmão romano demonstrava. O Zhang ainda tinha sua panturrilha ferida, então a melhor opção era não obriga-lo a se esforçar mais do que necessário.

— Esses mosquitos são realmente uma droga. — Will reclama tentando esmagar alguns com a palma de suas mãos.

— Nisso, eu tenho que concordar. — Hazel se manifesta gesticulando sem parar suas mãos no ar, tentando afastar os mosquitos inconvenientes.

— Esmaguem as formigas e depois as passam nos braços. Os indígenas no Brasil fazem isso e funciona bem, sendo um tipo de repelente natural. — Octavia diz esmagando algumas formigas que estavam no tronco próximo de si mesma e usando a secreção que saia delas esmagadas para passar nos braços, sem se importar com os olhares que recebia.

Era verdade que grande parte do conhecimento que aprendeu sobre sobrevivência na selva, os indígenas brasileiros lhe ensinaram quando era pequena. Helena, além de ser uma artista renomada, era uma ativista que lutava bastante pela causa indígena e quilombola no Brasil, sempre fazendo o possível para ajuda-los e graças à isso, Octavia adotou indiretamente alguns costumes indígenas que lhe foram ensinados quando brincava com outras crianças indígenas que convivia graças ao trabalho humanitário de sua mãe.

Sua mãe era realmente uma mulher incrível e não merecia ter morrido da forma que morreu.

Pensar em Helena ainda doía. Como se seu peito fosse rasgado em diferentes partes e formas. Só esperava que seja onde a alma dela estivesse, que sua mãe estivesse orgulhosa de si. Que visse que ela estava tentando o máximo possível em honrar a promessa que tinha a feito.

Estava tão perdida em seus pensamentos internos, que a Stone se distraiu em observar seus companheiros, algo que se não tivesse feito, poderia ter evitado o que viria a seguir:

— Octavia! — A Stone foi desperta de seus pensamentos pelo chamado em conjunto do trio, fazendo-a dar um pequeno sobressalto e piscar repetidas vezes.

Os olhos avelã, instintivamente foram na direção de Frank e logo rapidamente se desviaram para Will e Hazel que estavam praticamente mais baixos do que o comum, com as canelas praticamente afundadas no solo e tinham expressões assustadas em seus rostos. Nesse momento, Octavia sugou todo o ar para dentro de seus pulmões, quando constatou que aqueles dois idiotas estavam sobre areia movediça.

Não posso tirar os olhos deles por nenhum segundo. Pensou se sentindo um pouco irritada, porque manter aqueles três vivos e à salvo estava sendo mais cansativo e problemático do que cuidar de seus seis irmãos.

— Estamos presos. Não conseguimos tirar nossas pernas. — Hazel anuncia o óbvio e assim como, Will, tenta se mexer mais para tentar sair dali.

— Não se mexam! — Octavia quase grita, completamente furiosa.

— Porque quanto mais eles se mexerem mais vão afundar e ficar presos? — Frank pergunta completamente aflito e visivelmente inquieto, querendo fazer alguma coisa para ajudar mesmo em seu estado debilitado.

Octavia o encara com uma expressão assassina.

— Fala sério, quantos filmes você assistiu para chegar a essa constatação estúpida? — Pergunta. — Areia movediça é uma mistura de água, argila e areia, não um bicho de sete cabeças. — Bufa. — E também é um fluido não newtoniano. Sem mencionar que a densidade do corpo humano, é inferior a da areia movediça.

— Octavia, sério, estamos amando sua breve aula de física, mas como isso pode nós ajudar?! — Will pergunta ironicamente.

A filha de Ares bufa.

— Estou dizendo que vocês não vão afundar ou morrer sufocados como nos filmes de Hollywood. Só estão atolados. Então parem de drama. — O olhar dos três pareceram suavizarem quando aquelas palavras saíram da sua boca.

Céus, ela estava cercada por um bando de desprovidos de inteligência. Poderia ser uma filha de Ares, mas a mente ardilosamente brilhante tinha herdado de sua mãe.

— Eu só me preocuparia mesmo se... — Começou, mas como se o destino estivesse de gozação com a sua cara, um grande vácuo na areia, próximo a Will e Hazel, explodiu, fazendo uma grande parte de areia voar em pleno ar e a que estava no chão se afundasse mais. — Oh-ou. — Disse com os olhos arregalados vendo Will e Hazel serem puxados lentamente para baixo, sendo engolidos lentamente.

— Octavia! — Os três gritaram, totalmente alarmados e dessa vez com razão.

— Você não tinha dito que era impossível afundar?! — Hazel questiona indignada.

— É, mas isso foi antes de descobrir que tem erosões de vácuo nesse solo! — Se defendeu. — Fiquem com os braços levantados, vou ver se encontro algo para puxar vocês. E Jackie Chan. — Se virou para Frank. — Não faça ABSOLUTAMENTE nada! — Rugiu ameaçadoramente. Já tinha que cuidar de Hazel e Will e se tivesse que também lidar com Frank, ela iria enlouquecer.

E esse foi seu último pensamento antes de adentrar na mata a procura de algo que pudesse ajudar.





***





OCTAVIA:





Eu nunca fui boa com pessoas. Nunca. Desde criança fui considerada estranha e até mesmo muito inadequada para ter um título nobre perante aos olhos acusatórios e preconceituosos de minha bisavó. Aprendi a falar mesmo apenas com quatro anos, isso depois de inúmeras idas ao fonoaudiólogo que conseguiu magicamente me fazer falar e minha primeira palavra na vida não foi mamãe ou papai, como normalmente é o caso das crianças, foi um palavrão.

Sim, minha primeira palavra foi um xingamento, porque no dia meu fonoaudiólogo havia puxado minha língua com tanta força que soltei um: porra. Uma criança de quatro anos já falando palavrões que cresceu ouvindo a bisavó maluca proferir diversas vezes. É por razões assim, que realmente acredito que sou uma filha de Ares. Não tenho papas na língua ou tampouco sou capaz de falar duras verdades com pouca delicadeza.

Não sou boa com pessoas e talvez nunca serei. Sou grossa demais para ser polida demais. E sincera demais para ser falsa.

— Toma, segura bem firme! — Ordeno em um tom totalmente autoritário jogando o "recurso", que encontrei mais próximo que consegui encontrar estando literalmente na selva e com poucos recursos, na direção de Hazel, que sem recuar o segurou bem firme.

Por sorte, Frank havia tido a decência de me ouvir e não tentar nada estupido, porque juro pelo estige que se ele tentasse, dessa vez o deixaria morrer. Não ligo se é meu irmão, se me desobedecer eu mando literalmente a merda. Sou bastante controladora, o suficiente para quase enlouquecer quando alguém me desobedece. Nunca soube lidar com insubordinação de maneira saudável e acredito que nunca saberei.

Puxei, Hazel com toda a força que dispunha naquele momento, pressionando firmemente os pés contra o chão e tentando usar minha força mortal para arrastá-la para fora da areia movediça. Confesso que isso teria sido bem mais fácil se estivesse com minha força de heráclida. Na verdade, toda a nossa situação poderia ser bem diferente se estivéssemos com nossas habilidades de semideuses. Mas como Edward havia feito o favor de nós retirar isso, seja lá o que fosse o abracadabra que tinha feito, ele tinha realmente nos fodido.

A filha de Pluto saiu rastejando sobre a areia movediça, completamente suja, até que estivesse segura ao meu lado. Mesmo estando de costas para Frank pude perceber que ele aliviou ao ver a namorada sã e salva. Eu juro que se esses dois começarem de melação e se pegarem na minha frente, vomitarei os restos da carne de crocodilo que ainda restavam no meu estômago.

Mas graças aos Deuses eles não fizeram isso, pelo contrario, Hazel teve a decência de estar ao meu lado para me ajudar a puxar Will para fora daquilo, o que me aliviou bastante.

Quando foi a vez de tirar o solzinho da areia movediça, Will praticamente gritou apavorado, sério ele era bronzeado naturalmente, mas ficou totalmente pálido quando percebeu que o tal "recurso" que usei para retirar Hazel da areia movediça, era nada mais e nada menos que uma sucuri ou popularmente conhecida como anaconda.

— Cobra! — Ele gemeu totalmente apavorado e arrepiado quando joguei a calda da sucuri contra seu rosto.

— Pega! — Ordeno ignorando suas reações assustada.

— Segura, Will. — Hazel e Frank o incentivam e a sucuri que tinha a garganta segurada e pressionada pelas minhas duas mãos emite o famoso som de cobras. Aquele famoso sssss assustador.

— COBRA! — Will grita novamente e geme tentando se afastar o máximo da cauda, enquanto se afundava cada vez mais, até areia chegar próxima ao pescoço.

Algo me dizia que o Solace preferia ser engolido vivo pela areia movediça ao invés de segurar na cobra.

— É uma sucuri filhote ainda! Elas não são venenosas! — Tento.

— Ah, claro, só te sufocam com seu abraço mortal. — Ele revida e eu bufo. — Arruma outra coisa!

— Ah é? Tipo o quê? — Retruco irritada.

— Um cabo... Corda... Sei lá...

— Não se se percebeu, não estamos na porra da Disneylândia, Andrew! Não é como se tivesse uma loja de ferramentas virando à próxima esquina! Então... PEGA O CARALHO DA COBRA! — Gritei totalmente descontrolada.

— Não, não precisa! Acho que meus pés já estão sentindo o fundo. — Diz fechando os olhos com força.

— Não tem fundo, Will! — Dessa vez é Hazel quem fala.

— Eu já estou sentindo o fundo...

— PEGA A COBRA! — Grito sem paciência.

— NÃO CHAMA ELA ASSIM!

— Ah então quer que eu chame de quê? George Washington? É a porra de uma cobra, Andrew!

O loiro fecha ainda mais os olhos com força e fala:

— Diz cabo! — Ele começa.

— O quê?! — Dessa vez, Frank, Hazel e eu questionamos juntos em coro.

— Diz "pega o cabo"! — O Solace diz quando a areia já esta na metade de seu pescoço e ele continua com os braços erguidos para o alto.

Hazel e eu olhamos uma para a outra sem acreditar no que estava acontecendo, antes de nos viramos novamente para o filho de Apolo e gritarmos.

— PEGA O CABO, ANDREW! — Gritamos juntas e; ainda relutante, Will segura a cauda da cobra, para finalmente o puxarmos para fora.

Frank até mesmo nos ajudou a puxar o loiro para fora da areia movediça, quando finalmente o tiramos de lá, Will se senta com a respiração acelerada ao nosso lado e solta rapidamente a cobra como se ela fosse um vírus contagioso dizendo:

Se livra disso, Lucrécia! — Ele geme mais uma vez e se arrasta sentado para trás mantendo uma distância que ele considerava segura da cobra. Sem nem ao menos pensar, seguro a sucuri filhote a arremesso para o mais longe possível e só depois de fazer isso, Will parece respirar aliviado.

É, acho que realmente subestimei a fobia de filhos de Apolo contra as cobras.

Frank, Hazel e eu estávamos de pé e nos encaramos silenciosamente por alguns longos e demorados segundos, antes que eu começasse a rir feito retardados com sérios problemas mentais e os dois me acompanharam com risadas ainda mais exageradas do que as minhas, enquanto certo filho de Apolo nos fuzilava com o olhar.

Realmente esse momento iria ficar marcado como o do mais assustador, até o mais cômico.





***





Já cheguei a mencionar ou citar o quão irritante eu poderia ser? Se não, vejam por si próprios:

Minha anaconda não. — Comecei — Minha anaconda não. Minha anaconda não quer nada a menos que você tenha um bundão, gata. — Continuei cantarolando a música Anaconda da Nicki Minaj.

Will bufa descontente e se vira para mim:

— Dá para parar, Lucrécia?

Sorrio inocentemente e faço minha melhor cara de santa.

— O quê foi, solzinho? Só estou cantando inocentemente uma música... — Digo me fazendo de sonsa.

O loiro espreme os olhos e me encara com aquela típica expressão: a quem você quer enganar? Porque a mim você não engana.

Em resposta a isso sorriso maliciosamente.

— Não deveria debochar do medo das pessoas, isso é cruel.

— Mas eu gosto de ser cruel.

— Como se sentiria se todos começassem a debochar do seu medo irracional de esquilos e agulhas?

Ok, ele me pegou.

Sim, eu posso ter um metro e oitenta e seis de altura, mas tenho PAVOR de esquilos com seus míseros trinta centímetros. Eu morro de medo de esquilos desde que minha bisavó maluca me lambuzou propositalmente de pasta de amendoim só para soltar doze esquilos selvagens e famintos que ficaram correndo atrás de mim o tempo todo, por causa do cheiro do amendoim, pensando que eu era literalmente um amendoim gigante. A velha maldita não me ajudava, só ficava rindo sem parar fumando um baseado.

Segundo ela, eu estava acima do peso ideal de uma marquesa e por isso eu deveria correr para queimar a gordura. Só que nunca pensei que teria que correr pela minha vida de esquilos assassinos famintos. Como se não bastasse meus berros e choros, quando passei correndo na frente de Sophie, ela colocou propositalmente o pé na minha frente, para que eu caísse de cara na grama e os esquilos me alcançassem. Fiquei semanas com as marcas dos arranhões e mordidas dos diabretes peludos por semanas.

Uma vez, no acampamento, os filhos de Apolo estavam na fogueira e eu chamei Will para assistirmos um filme no chalé dele, sozinhos. Ok, até ai tudo bem. O Solace queria escolher um filme e eu deixei, MAS EU NÃO SABIA que ele escolheria o maldito filme Alvin e os Esquilos. Para mim assistir esse filme foi o mesmo que assistir um filme de terror. A cada minuto que aparecia um esquilo eu berrava e abraçava Will tão forte, que por pouco não o estrangulei. Will sendo o verdadeiro cavaleiro que sempre foi, não debochou do meu medo, mas sua irmã Kayla por outro lado...

A ruiva canadense maldita um momento entrou no chalé e percebeu que eu estava com medo de esquilos. Ela riu e debochou de mim, antes de sair correndo e ir contar para seus irmãos que estavam na fogueira sobre meu medo. Por semanas eu tive que aguentar Michael Yew e todo chalé sete cantando "bolinha de queijo" de Alvin e os Esquilos 2, na minha cabeça o tempo todo.

Will para me proteger chutou o traseiro do Michael e eu chutei seus países baixos. Só depois disso ele parou de me zoar e o chalé sete também.

Agora sobre meu medo agulhas...

Quando era pequena, era viciada no filme A Bela Adormecida da Disney. O capeta — como sou pagã acho que o termo correto seria titânide, que dá no mesmo do termo cristão — da minha bisavó, sabendo disso, decidiu que seria divertido dá uma de malévola — sério a velha realmente era bruxa, só faltou os chifres e a pele verde —, decidiu me espetar com agulhas todas as vezes que errava uma nota nas nossas aulas de piano. E o resultado: fiquei traumatizada.

— Eu ficaria bem puta. — Confesso. — E depois arrumaria um jeito doloroso para matar o maldito ou maldita.

— Então você compreende a situação.

Reviro os olhos e bufo.

— Pode ser...

Will ri e tirando proveito que Hazel e Frank estão andando magicamente mais rápido na nossa frente, o Solace me puxa pela cintura e cola nossos corpos, antes de beijar o topo da minha cabeça. Minhas bochechas ficam vermelhas automaticamente, mas na tentativa de não deixa-lo ver, puxo violentamente o colarinho da sua camisa para baixo e isso faz com que o filho de Apolo se abaixasse, visto que Will se tornou miseravelmente mais alto do que eu.

Junto nossos lábios e o beijo com fervor. No início, ele parece surpreso, mas logo em seguida sua língua pede passagem em meus lábios e iniciamos um beijo demorado.

Céus, esse maldito idiota beija bem. Muito bem. Tão bem que me faz ter pensamentos sujos com seus lábios.

Bendito seja o útero da tia Naomi, porque ela conseguiu parir belezura e gostosura em um único ser.

Quando o maldito oxigênio nos faltou, nos separamos e Will demorou um pouco para abrir seus olhos.

— Nossa... — Ele disse. — O que foi isso...?

Eu ainda estava segurando seu colarinho e dei um sorriso de canto.

— Quando sairmos dessa maldita ilha, eu vou cavalgar em você como se fosse um touro.

O rosto de Will ficou vermelho e ele engoliu o seco. Algo que me fez rir.

Soltei seu colarinho e voltei a seguir o caminho atrás de Hazel e Frank. Will veio rapidamente atrás de mim e segurou meu pulso.

O encarei, confusa. De repente, Will parecia ter ficado mais pálido do que antes com a cobra.

— Will? O que aconteceu?

— Octavia... Ontem... Nós... — Ele começou a murmurar palavras desconexas. Antes de engoli o seco e voltar a falar. — Não usamos camisinha, ontem. E eu... Bem... Ejaculei dentro de você... Isso é ruim...

— Você acha que o fato de poder esta grávida é ruim? — Digo com divertimento.

— Octavia! Isso é sério! — Ele rugiu. — Merda! Fomos irresponsáveis ontem! — Ele diz tocando minha barriga como se eu estivesse grávida. Ou como se isso fosse possível. Irritada bati com força na sua mão e a afastei da minha barriga.

— Eu não estou grávida, Andrew!

— Como pode dizer isso? Talvez não agora, mas daqui alguns meses...

EU SOU ESTÉRIL! — Gritei furiosa ao me lembrar desse fato e Will me encarou perplexo, ao perceber o quão magoada eu estava. Tocar nesse assunto sempre me deixava assim.

— O que...?

Respirei fundo.

— Há muito tempo, a minha vida e dos meus irmãos estava em perigo. Foi profetizado que morreríamos no instante em que completaríamos doze anos. E eu fiquei louca, precisava impedir isso. — Desviei o olhar. — Então invadi o Olimpo e uma reunião dos Olimpianos, da qual Hades também estava presente. Eu implorei para que eles fizessem algo para interferir isso. Zeus obviamente não gostou da minha audácia e petulância, ele teria me matado bem ali mesmo, se Hera não tivesse intercedido ao meu favor. E sabe o que minha querida avó fez?

Will negou com a cabeça.

— Ela propôs um desafio para mim. Eu não entendia bem o porque Hera queria me testar, mas depois da conversa que tive com Barba Negra as coisas ficaram um pouco claras até demais para mim. — Digo contrariada. — Hera disse que cada olimpiano e Hades me dariam um trabalho impossível de se fazer, totalizando trezes trabalhos, mas se eu conseguisse fazer cada um, ela prolongaria minha vida e a vida de meus irmãos como recompensa. — Foi inevitável não tocar a marca no meu pescoço. — Eu consegui completar os trabalhos e Hera cumpriu o que prometeu, mas eu tinha um preço a pagar... Para prolongar as vidas, eu teria que abrir mão da minha capacidade gerar vidas.

— E então você se tornou estéril...

Assenti, engolindo o seco.

— Na época isso não parecia ser tão importante para mim, eu tinha apenas doze anos... Mas agora eu percebo que perdi minha chance de ter uma família, para salvar o que restou da minha antiga. — Meus olhos se enchem de lágrimas. Eu tento controlar o fato de que não deveria chorar, deveria me manter firme, mas não consigo.

A vida de um semideus sempre é curta, então nós deveríamos vive-la ao máximo como se fosse o último momento. Houve uma época quando criança que me imaginava casando e tendo uma família grande como minha mãe. Eu queria sim ter filhos futuramente, mas infelizmente não terei. A linhagem de Marqueses de Whittemore morreria comigo. Claro que não me arrependia do que tinha sacrificado para salvar meus irmãos, eu faria novamente, mas a verdade é que... Eu não consigo me sentir bem com as consequências dessa escolha.

Eu abraço meu corpo e começo a chorar desesperadamente na frente de Will. Como a garotinha chorona e fraca que eu era. Logo sinto os braços de Will me envolver e eu os aceito, afundando minha cabeça em seu peito e soluçando sem parar. Will beija o topo da minha cabeça novamente e me abraça com mais força.

— Eu sinto muito, Tavy. — Ele me chama pelo meu apelido de infância. E meu peito aquece. — Não sabia disso... Droga! Eu me sinto um imbecil. Você passou por tanta coisa nesses sete anos e eu sequer estava do seu lado para te apoiar e te proteger. Queria poder aliviar toda sua dor e voltar no tempo. Fazer as coisas serem diferentes. Mas como não posso, eu vou jurar agora pelo Estige, eu nunca, nunca mais vou te deixar sozinha de novo, Tavy. Eu prometo.

E ouvir aquela declaração, eu me senti mais leve.





***





Depois que me acalmei, Will e eu demos as mãos e seguimos Hazel e Frank, depois que o filho de Apolo e eu conversamos sobre DST's. Era verdade que fomos irresponsáveis por transarmos sem camisinha, mas aparentemente nem eu ou Will tínhamos alguma doença sexualmente transmissível, eu porque sempre me protegia com camisinha toda vez que transava, o fato que Will e eu não usamos naquele momento foi apenas um deslize que nunca mais aconteceria de novo. Will me confessou por ser médico, ele também sempre se preveniu e fazia exames regulares, e como eu, também tinha sido a primeira vez dele que ele também tinha cometido um deslize.

Nós prometemos um ao outro que caso houvesse uma na próxima vez, seriamos mais responsáveis e usaríamos proteção.

Eu estava me sentindo um pouco melhor, mesmo que meus olhos estivessem um pouco vermelhos ainda e ardiam pelo recente choro.

Hazel e Frank ainda seguiam na frente e não pareceram notar o que aconteceu entre Will e eu alguns minutos atrás, e agradeci mentalmente por isso.

Não demorou muito para que chegássemos até o templo com piscinas naturais em formato de repetidos cinturões que tinha visto mais cedo do topo da árvore. Quando pisei naquele lugar diversas correntes elétricas atravessaram meu corpo me deixando completamente em alerta e de alguma forma mística eu sentia que Frank, meu irmão romano, também sentiu o mesmo que eu, pois subitamente ele olhou para trás encarando meus olhos e eu fiz o mesmo com ele.

Que lugar é esse? Ou melhor a que Deus esse templo foi dedicado?

Naquele lugar havia diversas fontes de água limpa, a água brotava e saia com facilidade dos blocos de mármore, como nunca sequer tinha visto antes.

Um formigamento tomou conta das pontas dos meus dedos.

Outro fato curioso, era que aquele lugar cheirava a sal marinho e estava cheio de belos cavalos, que despreocupadamente ou sem sequer se importar com a nossa presença bebiam a água de um dos cinturões aquáticos que estavam cheios de peixes.

— Esse é um templo. — Hazel observou. — Mas de qual Deus?

— É o que vamos descobrir. — Digo soltando meus dedos dos dedos de Will e seguindo na frente de Hazel e Frank com determinação ao atravessar o curto e estreito caminho de pedras que cortavam e separava os cinturões de água como se fosse uma ponte.

Precisava chegar ao centro daquele lugar, onde estava o templo e a grande estatua de mármore, da qual estava de costas para nós. A cada passo que dava uma sensação estranha tomava conta de mim, quando via algas marinhas, estrelas do mar, ouriços e até mesmo peixes mortos pelo meu caminho. O maldito cheiro de sal marinho não saia das minhas narinas.

O que estava acontecendo comigo?!

Quando cheguei ao epicentro, minha respiração falhou por um segundo quando vi um enorme tridente esculpido no chão. Imediatamente meus olhos foram até a estatua coberta em partes de musgo marinho diante de mim e tive que morder com força minha língua para não soltar um palavrão em meio a um terreno sagrado.

— Poseidon?! — Gritei alarmada, olhando para estatua que estava diante do templo totalmente petrificada e sem reação.

Rapidamente, Will, Hazel e Frank vieram até mim, ficando mais surpresos do que eu por verem a estatua de Poseidon de pé segurando seu precioso tridente com uma mão, enquanto a outra segurava um escudo feito de bronze celestial.

— Ele é o Deus Patrono da ilha... — Resmungo ainda sem acreditar nas minhas próprias palavras.

— Como isso é possível? — Will questionou. — Poseidon tentou ser o patrono de Atenas em primeiro lugar, mas perdeu a disputa para Atena. Então mais tarde se tornou o Deus Patrono de Tessália. Isso quer dizer que estamos em Tessália?

— Não é tão simples assim. — Disse cruzando meus braços, pensativa. — Se isso fosse verdade não estaríamos numa ilha, mas sim, no continente. — Respiro fundo. — Pode parecer loucura o que vou dizer, mas acho que essa ilha não é uma ilha. É um continente.

— Que continente...? — Hazel pergunta.

— Atlântida. — Digo e todos arregalam os olhos.

— Octavia isso é... — Will começa.

— Impossível? Insano? Louco? É eu também acho. Mas de alguma forma estranha eu sinto que estou certa sobre isso e Frank também sente o mesmo.

O romano me encara surpreso.

— Como você...

— Eu não sei, Frank! Estou me sentindo estranha desde que pisei aqui, o que não faz sentindo. Eu não tenho nenhuma ligação com Poseidon como você, que é Legado dele tem. — Digo contrariada. — Mas eu estou sentindo tudo aqui. Os peixes nas piscinas e os cavalos, é como se eles estivessem tentando falarem comigo. Sinto o intenso cheiro de sal marinho e Deuses! Eu acho que sou capaz até mesmo de ouvir o som das ondas se quebrando! E sinto que de alguma forma, Frank e eu estamos conectados, não pelo elo de irmãos, mas por outra coisa. Não sei o que está acontecendo comigo! — Rosno frustrada.

Hazel e Frank se encaram demoradamente por um longo momento. Como se estivessem conversando apenas com o olhar. Isso me deixa irritada, pois de alguma forma sinto que eu sou parte do assunto.

— Vocês vão compartilhar logo qual é o meu diagnostico ou vão continuar fazendo mistério?!

Hazel me encara engolindo o seco e Frank volta me olhar depois de dar um longo suspiro.

— Octavia você é um legado de Júpiter, estou certo? Por isso é uma heráclida. — Confirmo com a cabeça. — Talvez você não seja só um legado de Júpiter, mas também de Poseidon ou Netuno. É a única explicação logica para isso que você está sentindo, pois eu também sinto o mesmo.

O encaro incrédula.

— Não! Isso não pode fazer sentido...

— Talvez faça. — Will diz e o encaro. — Olhe você está sentindo as mesmas coisas que Frank e foi a primeira a dizer que sentia que esse lugar era Atlântida. Octavia, você também é um legado de Netuno ou Poseidon. É a única explicação.

Tento não surtar com isso, ao me lembrar da minha avó autista e surda. Foi dela que herdei o legado de Júpiter. Minha mãe sabia disso. Respiro fundo e tento não cair para trás, quando me lembro de outra lembrança, uma lembrança muito antiga que tinha me esquecido, pois eu tinha apenas três anos de idade. Era como se o fato de ser um possível Legado de Poseidon ou Netuno estivesse desbloqueado essa lembrança no fundo da minha mente.

Uma vez quando tinha cinco anos, eu abri rapidamente e sem avisar a porta do banheiro do quarto da minha mãe quando estávamos passando as férias de Natal na mansão Whittemore, minha mãe se assustou e me encarou perplexa com seus olhos azuis completamente arregalados. Mas meus olhos rapidamente foram para as mãos dela sujas de base e a tatuagem que ela tinha no antebraço direito. Não dava para vê-la completamente, mas vi o S.P. e o desenho de um tridente.

"Querida, o que está fazendo aqui?" Minha mãe perguntou, mas ignorei sua pergunta. Ela parecia nervosa e ansiosa.

"O que está fazendo?" Pergunto a encarando fixamente.

"Me maquiando." Ela força um sorriso, antes de puxar rapidamente a manga de seu hobby de cetim roxo para cima da tatuagem a cobrindo rapidamente. "Porque não vai brincar com a Vick?" e sem dizer mais nada fiz o que ela tinha me pedido.

O S.P era S.P.Q.R e o tridente... Essa era a tatuagem típica do Acampamento Romano. Minha mãe... Porque ela escondeu isso de mim? Porque nunca me contou sobre o Acampamento Romano e sobre ela ser um legado também de Netuno?! Porque tantos segredos?

— Octavia? — Ouço os três me chamarem em coro, me fazendo despertar dos meus pensamentos internos e encará-los ainda em estado de choque.

— Você está bem? — Will pergunta.

— Estou. — Minto e balanço minha cabeça para os lados na tentativa de espantar meus tormentos internos e tentar concentrar no que estava acontecendo nesse momento. Precisava me manter focada e concentrada, poderia deixar esses questionamentos sobre o passado para depois. De preferencia quando todos nós estivéssemos fora daqui e sem ninguém querendo nos matar.

— Encontrei algo. — Hazel anuncia olhando para a parte inferior da estatua de Poseidon com atenção, enquanto sua mão tirava os musgos daquela região. — Parece que está escrito em minoico arcaico. Não consigo ler.

Frank encarou o mesmo lugar que a namorada.

— Eu também não consigo ler.

Respiro fundo e vou andando até eles.

— Deixe-me ver... — Digo e os dois se afastam para que possa me aproximar da inscrição antiga. Assim que coloco meus olhos ali, percebo algo que eles não perceberam. — Vocês não conseguem ler, porque não está em minoico arcaico. Isso é sumério. Acho que consigo traduzir.

— Como você... — Frank começa e eu o interrompo.

— Meu avô era arqueólogo e mitólogo, ele me ensinou algumas coisas. — Dou de ombros antes de voltar a focar minha atenção na escrita. — " Para agradar nosso Deus, Poseidon, e ganharmos mais um ano próspero com a proteção do Senhor dos Mares, a cada solstício de inverno, sete virgens serão sacrificadas para que Atlântida possa ascender. " — Traduzo o trecho. — Sacrifício de virgens, um ato clássico de todos pagões. Porque não estou surpresa? — Digo com ironia me levantando. — A boa noticia é que sim. Estamos em Atlântida. Podemos nos sentir sortudos, muitos ficaram loucos ou morreram tentando descobrir esse lugar ou provar que ele era real.

Os três parecem surpresos com a revelação.

— Tem certeza que traduziu isso certo? — Hazel questiona.

— Claro! — Digo rispidamente. — Sumério não é uma língua tão difícil assim. Cada setinha e traço são uma letra.

— Isso não faz sentindo, Octavia. O sumério era o idioma da Mesopotâmia, porque um lugar sagrado grego como esse teria esse idioma escrito na estatua de um Deus Grego? — Will questiona.

Octavia deu de ombros.

— Vai saber? Talvez eram turistas perdidos? — Digo. — O mundo antigo era bagunçado Will, a Mesopotâmia valorizava bastante a água, tanto que ela existia entre dois rios, por que ela era um deserto. Os fenícios ensinaram nós gregos a como navegarem. Os Persas eram descendentes de Perseu, o herói grego. E os Romanos, nunca foram romanos, descendiam de gregos colonizadores da Península Itálica. — Explico. — Viu só? Como disse uma verdadeira bagunça.

— Mas Atlântida? Percy disse que ela não existia. Que na verdade era o palácio submerso de Poseidon! — Frank diz convicto.

Reviro os olhos e bufo.

— Agora vocês acreditam em tudo que a sardinha ambulante diz? — Digo me sentindo irritada. — Esse lugar é Atlântida! Talvez Poseidon pode ter mentido para Percy dizendo que era seu palácio submerso, para ele não saber da verdade.

— Que verdade?

— Que o pai dele é um assassino.

— Todos os Deuses são, Octavia. — Will diz. — Até meu pai.

— É... — Dou de ombros. — Mas isso não muda o fato de Poseidon querer que Atlântida fosse um segredo. Na verdade todos os Deuses.

— Porquê? — Hazel questiona.

— Simples: Atlântida foi o primeiro lugar que ousou desafiar os Deuses. Não estou surpresa por Barba Negra escolher esse lugar para se esconder. Aqui é praticamente o lugar onde nasceram os ideais de revolta contra os Deuses. E ele tem Jacob, um filho de Poseidon, ele pode ter sido capaz de trazer esse lugar de volta a superfície. O que explica porque há tantos animais marinhos mortos por aqui.

— Como assim os ideias de revolta? — Frank questiona.

— Você não conhece a história? O mito de Platão? Caso também não sabia, Platão era um filho de Poseidon.

Frank negou com a cabeça.

Bufo tentando procurar paciência, Deuses sabe-se lá onde.

— Ok, vou contar a história de Atlântida. É melhor se sentarem, a história é longa. — Digo me sentando no chão com as pernas cruzadas. E logo os três fazem o mesmo.

" O mito da  baseia-se, desde o princípio dos tempos, na existência de uma ilha chamada , que, juntamente com todos os seus habitantes, fora engolida pelo oceano."

" Situada no Oceano Atlântico, esta terra possuía uma civilização mais antiga do que a dos Árias () e mais civilizada do que a egípcia. O império próspero de  estendia-se por uma vasta região, com bosques, montes e templos de grande beleza, rios, lagos e estradas sem fim, onde palácios maravilhosos, jardins suspensos e torres de cúpulas douradas espelhavam o orgulho de um povo."

" Entre os atlântidas ou atlantes, corpo, mente e espírito eram alimentados por uma arte, religião e filosofia mais avançadas do que as dos . Os sábios estudavam o movimento dos astros e meditavam sobre os segredos do  enquanto os homens se fundiam nos mistérios da natureza. O homem comum tinha acesso a todo este conhecimento e vivia sabiamente na simplicidade do dia a dia, gozando da paz que o respeito pela tradição e pelas leis equilibradas gerava. A sua perfeição e felicidade eram tão grandes que os próprios deuses ficaram invejosos e resolveram seduzir os habitantes com a ambição do poder e das conquistas."

" Na obra de Platão, a história de Atlântida é contada através de um diálogo entre Timeu e Críticas, os dos personagens de Platão."

"Eles contam a história de um povo que habitava além das Colunas de Hércules que hoje é o Estreito de Gibraltar e cujos reis haviam formado "um império tão grande e maravilhoso"."

" No outro diálogo, chamado Crítias, ou A Atlântida, Platão, sempre pela boca de Crítias, fornece maiores detalhes sobre aquela sociedade. Conta que, quando os deuses dividiram as terras do planeta entre si, Poseidon (o deus dos mares) ficou com a Ilha de Atlântida. Em uma montanha no centro da ilha vivia Cleitó, uma jovem mortal por quem o deus se apaixonou. Para proteger sua amada, ele isolou a montanha, rodeando-a com água e terra, fossos e muros, alternadamente.Da união de Poseidon e Cleitó nasceram dez filhos homens, em cinco pares de gêmeos. Poseidon dividiu então a ilha em então a ilha em dez partes, uma para cada um dos filhos."

" O mais velho recebeu o nome de Atlas, que em grego significa suporte e que passou a designar a ilha intei-ra. O trono era herdado pelo filho mais velho de cada um dos reis, e o poder se conservou assim durante séculos. A ilha, segundo Platão, era maior que a Líbia e a Ásia juntas, pelo menos do que se conhecia desses territórios na época. Muito rica dispunha de grande quantidade de oricalco, uma espécie de liga de metal muito valiosa.Lá viviam muitos animais domésticos e selvagens, incluindo elefantes, e a terra proporcionava grande quantidade de frutos."

" Os reis tinham todo o poder seu reino e faziam a maioria das leis, podendo castigar e condenar à morte quem quisessem. Contudo, o poder de um rei sobre outro era ditado pelos decretos de Poseidon. Uma inscrição gravada pelos primeiros reis sobre uma coluna de oricalco que se encontrava no templo em honra a Poseidon, no centro da ilha ordenava que eles se reunissem periodicamente a cada cinco ou seis anos, quando acontecia um julgamento mútuo. A cerimônia se iniciava com ritos táureos."

" Os reis ficavam sozinhos no recinto sagrado de Poseidon, onde eram soltos vários touros. Eles tinham de capturar e degolar os animais, após o que se aspergiam com seu sangue. Jogavam parte dele no fogo, enquanto juravam respeitar as leis sagradas. Ao anoitecer, vestidos com belas túnicas, sentavam-se para serem julgados uns pelos outros. Esses reis permaneceram durante muitas gerações ligados às leis divinas e, como conta Crítias, mantinham seu senso de justiça."

" Mas, com o decorrer do tempo, abandonaram o principio divino e passaram a ser dominados por sentimentos humanos, tornando-se ávidos de poder. Foi então que começou a decadência."

" Os atlantes formaram exércitos invencíveis, só possíveis com os seus elevados conhecimentos científicos. Invadiram a  e a , matando e pilhando, vencendo e escravizando. Dominadores da Terra, voltaram vitoriosos a , acompanhados de tesouros incalculáveis, belas princesas escravizadas e humilhados guerreiros algemados. Recebidos com êxtase pelo seu povo, os guerreiros atlantes, orgulhosos e arrogantes, em vez de agradecerem aos deuses dos céus, elegeram um imperador como o deus atlante na Terra, como forma de desafiar os Deuses e iniciar seus princípios de revolta."

" Zeus, o deus do Olimpo, decidiu tomar providências e promoveu uma reunião com todos os deuses. Nesse ponto, Platão interrompe a narrativa. Entretanto, retomando o Timeu, ele conta sobre o fim da ilha: "Durante um dia e uma noite horríveis, todo seu exército foi tragado de um golpe pela Terra, e ainda a Ilha de Atlântida afundou no mar e desapareceu"."








GENTE CALMA QUE ESSA É SÓ A PRIMEIRA PARTE.

A segunda vou postar hoje ou amanhã, ainda to trabalhando nela. Vocês vão querer me matar quando descobrirem o que aprontei. KKKKKK

EU SEI TÁ! ATLÂNTIDA NÃO "EXISTE" NOS LIVROS DE PJO, MAS VAMO FINGIR QUE EXISTE PORQUE PRECISO DISSO PARA DESENVOLVER O PLOT DA FIC.

Não se esqueçam de votar e comentar <3

Beijos e até a segunda parte.

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