Capítulo 2
Nico já havia decidido que naquela manhã ficaria dentro do seu próprio chalé. Nem ao menos foi tomar café no pavilhão, preferindo continuar sentado em sua cama, enquanto pretendia ler incansavelmente as cartas deixadas em frente ao seu chalé. Todas elas, escritas por Octavia Stone para ele. Procurou pela sua memória várias vezes, mas não conseguiu se lembrar de nenhuma Octavia. Se ele sequer a conhecia, porque ela lhe escreveria cartas?!
Por sorte, não demorou muito para perceber que os envelopes pareciam estar numerados. Era um total de dezenove cartas e ao vasculhar bem o fundo da caixa, ele viu vários papeis amontoados uns sob os outros e também viu um caderno velho, com as folhas já amarelas e cheio de orelhas. E também dentro da caixa tinha alguns materiais de pintura e desenho, alguns potes de tinta já velhos e com o líquido colorido já ressecado, com a data de validade já vencida. Pinceis de pintura tinha de todos os formatos e gostos, juntamente com lápis de colorir das mais diversas cores e tons. Ao reparar bem, também existiam cinco livros, mas infelizmente não conseguia ler os títulos, graças a sua dislexia.
Ao que tudo indicava todos aqueles materiais e pertences eram da tal Octavia, a qual nunca sequer tinha ouvido falado ou pelo menos se lembrava.
Ainda estava completamente curioso, sobre como aquela caixa havia parado na frente do seu chalé e o que aquelas cartas destinadas a ele, queriam lhe dizer ou contar. Não conhecia todos os campistas do acampamento, mas sabia que nunca tinha ouvido alguém chamando por alguma Octavia, entretanto, ainda não poderia ter plena certeza. Talvez se fosse falar com Annabeth sobre isso, ela poderia lhe dizer quem era essa garota, uma vez que a filha de Atena estava a mais tempo do que ele no acampamento.
Tinha certeza que essa Octavia era do acampamento meio-sangue, porque caso contrário, como ela poderia lhe conhecer? Ao menos que ela fosse do outro acampamento, o acampamento Júpiter... Porém, se ela fosse do outro acampamento, não faria muito sentido ou explicasse como aquela caixa apareceu bem em frente ao seu chalé...
Era muitas dúvidas e esperava encontrar suas respostas ao abrir e ler aquelas cartas. Afinal elas eram destinadas a ele mesmo e por isso que mal teria lê-las?
Antes de abrir o envelope, que tinha um grande número "1" desenhado na frente, Nico se viu curioso ao pegar uma das folhas brancas de papel no fundo da caixa. Quando ele pegou uma das folhas, seus olhos se arregalaram em espanto e perplexidade ao se deparar com um desenho de si mesmo, com doze anos de idade, muito bem feito. Ele estava sentado debaixo de uma árvore comendo uma batata-frita do Mcdonald, com sua espada deitada ao seu lado e possuía um olhar pensativo. Os traços eram tão perfeitos que aquele desenho poderia ser facilmente confundido com um retrato dele.
Abaixo dos traçado do desenho tinha uma assinatura de "Oc. St.", que não demorou muito para assimilar como Octavia Stone. E em letras pequenas abaixo da assinatura tinha a seguinte frase: "O garoto que ama Mc Lanche Feliz, mas, na verdade, é profundamente triste.". A frase era escrita incrivelmente em grego antigo, o que facilitou sua leitura sem que sua dislexia atacasse, como foi o caso dos títulos dos livros.
Aquela frase e aquele desenho feito dele; havia sido a gota d'água final para Nico, tinha perdido totalmente sua paciência e precisava imediatamente saber quem era essa tal de Octavia Stone, que não só escrevia cartas para ele, como também o desenhava e se achava no direito de escrever aquilo sobre si. Tudo bem, que aquela frase poderia estar um pouco certa sobre ele, mas isso não quer dizer que o Di Ângelo gostava de ser observado ou estudado como um rato de laboratório. E tinha um pressentimento de que era isso mesmo que aquela garota havia feito consigo.
Sem nenhum pouco de delicadeza rasgou o envelope e retirou a folha de caderno, escrita grega antiga frente e verso, impedia que sua dislexia atacasse o possibilitando ler com mais clareza.
O chalé de Hades era tampouco aconchegante ou até mesmo acolhedor, o fato de ser o único a não possuir janelas, permitia que a escuridão reinasse dentro do chalé, obrigando Nico sempre acender as luzes quando estava dentro dele — por mais que a escuridão em si não o incomodasse de fato —, mesmo sendo dia e mesmo que o fogo grego que queimava vinte e quatro horas por dia dentro do chalé ajudasse um pouco na iluminação interna, não era o suficiente para que pudesse ver com clareza, então ele era sujeitado a sempre ascender às luzes.
Ao desdobrar o papel e segura-lo com sua mão direita, ele iniciou sua leitura, com a necessidade e esperança de que naquelas cartas poderia haver uma dica de quem era Octavia e como ela o conhecia. Quando leu a data no começo da carta, percebeu que ela foi escrita cerca sete anos atrás em um dos verões do acampamento.
"Bem... Sei que talvez devesse iniciar essa carta com um: "Querido, Nico" ou algum pronome de tratamento idiota, mas isso soa tão clichê que sinto na maioria das vezes vontade de vomitar. Odeio coisas comuns e cansativas, gosto de coisas novas e inovadoras, por isso irei começar essa carta com um simples, porém carregado de um significado peculiar, um: Olá, sou Octavia Lucrécia Fonseca Stone.
Decidi escrever essas cartas, para aliviar um pouco o que andei sentindo e guardado dentro mim durante esses anos desde que você chegou a esse acampamento, Di Ângelo. Aqui vou escrever tudo, não só as coisas que sinto com uma intensidade avassaladora, como também será aqui nesse simples papel que irei dizer tudo o que sempre quis lhe dizer, mas fui covarde ou até mesmo medrosa ou tímida (chame do que quiser) para lhe dizer diretamente.
Não sei se você me conhece (ok! Essa frase é tanto clichê quanto estupida, mas tudo bem, eu supero...), bom você já falou comigo apenas três vezes desde que chegou ao acampamento (Mas quem está contando, não é mesmo?!). Entretanto, devo ressaltar que todas essas vezes uma catástrofe sempre acontecia, ou desmaiava de vergonha, ou saia correndo como uma maluca,
Bem... Sempre tenho a tendência de fazer besteira ou alguma bobagem quando estou triste, o que me faz ficar com raiva.
Mas como uma filha de Ares, acho que sempre devo ter a tendência de ficar com raiva rapidamente *risos*. E sim, sou meia irmã da Clarisse (sabe aquela que implica constantemente com você, Percy, Annabeth e qualquer um que faça parte do seu grupo fechado de amigos?), a mesma filha de Ares que tentou enfiar a cabeça de Percy dentro do vaso sanitário feminino e ele deu um banho de esgoto nela (eca!). E admito que tenha certa implicância com o sardinha ambulante, por esse episódio. Na verdade, possuo birra de Thalia também, quero dizer... Ela é , se me permite dizer, uma insuportável. Todos os filhos dos três grandes são... Bom, pelo menos exceto você.
Não gosto muito da ideia de me sentir inferior a alguém ou ser obrigada a me curvar/submissa perante alguém. Admito que quando Percy foi reclamado filho de Poseidon, naquele dia durante a captura a bandeira, fui à única que não se ajoelhou perante a ele. Por sorte estava um pouco mais afastada e ninguém presenciou o meu tamanho desrespeito para com o príncipe das sardinhas. Poseidon deve me odiar! Que medo!
Thalia Grace, já é uma história diferente... Lembro de uma vez quando ela tinha acabado de deixar de ser um pinheiro e me empurrou, furando a fila do banheiro feminino e ousando ficar na minha frente. Quando fui contestá-la, ela apenas me deu aquele olhar que os filhos lhe dão quando querem que você fique com o bico fechado ou se sinta no seu devido lugar. Bom... Isso não funcionou em mim e por isso agarrei os cabelos dela e começamos uma briga, o que me resultou num castigo de ir limpar esterco de Pégaso e Quíron deixou a Barbie das trevas sair impune, graças à má reputação de encrenqueiros que nós os filhos de Ares, injustamente possuímos (tá, talvez não seja tão injusto assim...).
Então assim começou minha birra com a Grac, pois ela é insuportável.
Mas de todos os filhos dos três grandes, você foi o único que percebi que parecia não estar feliz em ser uma das crias dos "poderosos". Tudo bem que seu pai é Hades, o deus da morte, o meu é o da guerra e infelizmente não escolhemos nossos parentes, mas mesmo assim, não vi sequer um resquício de superioridade, algum ato metido ou coisa parecida. E confesso que isso despertou meu interesse (e olha que são poucas as coisas que me interessam), você despertou uma vontade quase que insana de querer me aproximar de você.
Não demorou muito para que soubesse que você na verdade possui cerca de 80 anos, mas está com essa aparência de doze congelada, porque ficou preso no cassino lótus com sua irmã mais velha, até ser resgatado pelo príncipe sardinha e sua trupe de um reformatório. Soube também que sua irmã, Bianca, te deixou para se tornar uma caçadora de Ártemis, sei que por mais que você não demonstrasse isso te feriu profundamente, a única pessoa que você teve perto de si o tempo todo e foi a mesma que lhe deixou...
Não posso dizer que entendo, porque isso seria mentira, ninguém nunca me abandonou ou estive realmente sozinha, na verdade sou até que privilegiada por ter a vida e a família que tenho, mas gostaria de ter vencido minha timidez, aquela vez que o vi comendo batatas-fritas do Mcdonald sentado debaixo de uma das árvores da floresta, para lhe dizer que você não precisava ficar triste, pois aqui você fará e terá uma nova família e um lar, que você não precisava ficar triste pela Bianca, porém... Sabemos que não fiz isso...
Apenas me acovardei mais uma vez e decidi fazer um desenho seu. Bem, sei que fujo um pouco dos padrões de filha de Ares, mas sou apaixonada por arte e desenhar é minha paixão, acho que isso acontece, porque é a única forma que consigo me expressar com mais facilidade...
Voltando ao desenho... Talvez você fique bravo por estar o espionando escondida e ter usado você como modelo para meus desenhos, pensei que naquele instante em que desenhava você e sua expressão triste... Bem... Eu não sei por que o desenhei, acho que agi por impulso, como sempre, mas de uma coisa eu sabia: não gostaria de ver você com aquelas feições nunca mais...
Eu sei que geralmente uma carta possui mais caracteres do que essa, mas tente levar em consideração de que essa é a primeira carta que escrevo para alguém, então como não tenho coragem de lhe dizer ou lhe contar muitas coisas olhando em seus olhos, irei contar nesse papel, que assim como meus desenhos, parece que é a nova forma que encontrei de me expressar... E lidar com o que estou sentindo nesse momento, enquanto escrevo.
Sinto-me culpada e até mesmo muito estupida, a sensação de que fiz algo errado me corroí completamente, me deixando com um aperto forte no peito. Sei que sou apenas uma garotinha de dez anos, que teve seu coração partido pela primeira vez... Acho que Platão estava certo sobre o amor ser quase que uma doença mental, por que...
Por Ares... Parece que estou confessando um crime, ao só escrever essas palavras a seguir... Eu gosto de você, Di Ângelo... Mas agora acho que isso não vale muita coisa, no entanto independente disso, gostaria de ter lhe dito que você tinha uma amiga ou alguém apenas para te ouvir".
Só no instante em que terminou de ler a carta, Nico percebeu que havia prendido o ar, e então respirou fundo, ainda com os olhos arregalados pelo o que havia acabado de ler. Por Hades, era muita coisa para ele poder processar ou engolir rapidamente. Em um movimento automático e impulsivo, Nico se levantou da sua cama, indo em direção à porta do seu chalé saindo imediatamente dele, apressado.
A única coisa que tinha em sua cabeça era: precisava encontrar Clarisse e precisava agora!
***
— Está atrasada! — Foi à primeira coisa que Calypso lhe disse, quando Octavia se juntou com as outras generais que observavam atentamente a corrida.
— Mas estou aqui, não estou?! — Respondeu um pouco grossa a amiga.
A conversa que acabara de ter com seu pai, não foi das melhores... Por isso Octavia estava com o humor péssimo e sem paciência para nada e ninguém, mesmo que essa pessoa fosse sua amiga como Calypso era. Toda vez que encontrava com seu pai, sempre era a mesma coisa, ele a esgotava emocionalmente e a deixava de mau humor, sempre prestes a explodir como uma bomba nuclear.
Sempre se sentiu orgulhosa do seu espírito selvagem e indomável, que até mesmo se negava a ceder às vontades e caprichos do seu pai, como também sempre se negou a dobrar o joelho para qualquer filho dos três grandes. Era orgulhosa demais para fazer isso. Entretanto, seu pai havia pegado no seu ponto fraco, seus irmãos, ao levantar aquele argumento que mais parecia uma ordem. E pela primeira vez em sete anos, Octavia não tinha outra saída, ao não ser obedecer a seu pai e fazer sua vontade, não por ela, mas sim pela segurança dos seus irmãos.
Não poderia estar com o humor pior, porém teria de escondê-lo, para que Victória não a visse daquele jeito em um dia muito importante para sua irmã. Quando a cerimonia terminasse, iria contar para seus irmãos que os planos haviam mudado.
— Como ela está? — Perguntou para Calypso ao seu lado, ainda mantendo os olhos fixos na trilha.
— Ansiosa e o fato de não ter visto você no início, a deixou preocupada.
Octavia fechou os olhos com força, soltando um baixo palavrão.
— Sou a pior irmã de todos os tempos... — Resmungou, arrancando uma risada de Calypso.
— Não se preocupe, acredito que Zeus e Poseidon ganham de lavada esse título de pior "irmãos", olha o que fizeram com o pobre Hades. — A loira disse em um tom de divertimento, que aliviou um pouco a tensão interna de Octavia.
Sabia do que a irmã se referia. Segunda Guerra Mundial, filhos de Hades versus os filhos de Zeus e Poseidon, o juramento perante o Estige para nunca mais procriarem com os mortais. Zeus e Poseidon, obviamente não cumpriram o juramento e deixou Hades furioso.
— Isso se esquecermos, que meu pai virou amante da esposa do irmão. — Comentou fazendo uma referencia ao triangulo amoroso histórico, entre Ares, Afrodite e Hefesto.
Calypso deu uma risada.
— Acho que então temos um empate?
— Com certeza. — Afirmou. — Mas obrigada por me lembrar de que os deuses em si são os piores irmãos que alguém poderia ter já não me sinto tão culpada.
Ao dizer aquilo um trovão poderoso ecoou nos céus, indicando que Zeus parecia ter ouvido a provocação de Octavia e não gostado nenhum pouco. As outras amazonas trocavam olhares significativos entre si, se questionando quem havia ofendido e irritado o rei dos céus, sem saber quem era a verdadeira responsável. Octavia fechou os olhos, torcendo para que ninguém ali descobrisse que foi ela que ofendeu Zeus, por caso contrário, seus problemas só iriam aumentar.
— Acho que alguém não vai ser chamada para a ceia de natal na casa do vovô. — Calypso a provocou, fazendo-a lhe olhar feio.
Sentiu um forte impulso de mandar sua amiga para as entranhas do tártaro, mas não poderia fazer isso, pelo menos não com a rainha Hylla tão perto e próxima de si. Devido a essa limitação, Octavia se limitou a revirar os olhos, mas ainda sim, fazendo uma lista mental dos piores xingamentos que poderia proferir contra Calypso mais tarde.
— Porque, em nome de Ares, não te deixei apodrecer naquela maldita ilha?! — Murmurou mal humorada.
— Porque sem mim, você não teria uma melhor amiga. — A loira rebateu alegremente.
— Que bela amiga hein... — Revirou mais uma vez os olhos, ouvindo o "ei!" em protesto ao seu lado.
Octavia conheceu Calypso aos quinze anos de idade, quando ela e Fiver estavam explorando as ilhas próximas da costa oeste dos Estados Unidos, quando uma forte tempestade os surpreendeu no ar e sem muita opção, Octavia foi obrigada a pousar em uma ilha que jamais havia visto antes, mas antes que pudesse fazer um raio quase a atingiu, assustando Fiver e fazendo ela se desequilibrar, caindo do seu dragão. Quando acordou, ela havia cortado a testa e então Calypso estava cuidado de seu ferimento e Fiver estava junto da loira.
Não demorou muito para que elas se tornassem amigas, mesmo Calypso sendo obrigada a aguentar o mau humor e a personalidade mutável de Octavia. Calypso era uma jovem muito bonita e parecia ser um pouco mais velha do que Octavia em si, mas logo a loira de olhos amendoados lhe contou sobre a maldição que os deuses a jogaram, por apoiar seu pai na luta contra os deuses.
Calypso era submetida a ter seu coração partido e destroçados várias e várias vezes, quando se apaixonava perdidamente por qualquer herói que caia por acidente na ilha e era obrigado a partir quando ela se apaixonasse, a deixando sozinha e triste. Octavia por mais que tentasse esconder, sempre teve um coração mole para certas coisas e até mesmo cruel demais para outras, se sensibilizou com a história da garota e ficou em fúria quando ela havia lhe dito que Percy Jackson havia passado pela ilha certo tempo atrás prometendo libertá-la, o que não aconteceu.
Estava confiante de que conseguiria quebrar a maldição de Calypso, afinal, já havia quebrado a maldição que Afrodite havia jogado em seus irmãos, o que era mais uma, não é mesmo?!
O seu sangue lhe dava certos privilégios e habilidades, uma delas era poder convocar Atena — herdado pela benção que Diomedes recebeu —, se essa aceitasse o seu chamado. Octavia estava insegura e temerosa, porque primeiro nunca havia ousado convocar Atena e em segundo sabia da relação nada amistosa entre sua tia e seu pai, o que não impedira da deusa da sabedoria a transformasse em um misero aracnídeo, para depois ser esmagada pela deusa.
Ao contrário do que pensava, Atena aceitou o seu chamado e apareceu diante delas em todo o seu resplendor, usando uma túnica branca e cinza, segurando sua lança com a mão direita e o brilho dourado do seu elmo que possuía desenhos de uma esfinge do lado esquerdo e do direito tinha um grifo. Mas a plenitude nos olhos acinzentados da deusa durou pouco, quando Octavia fez o pedido para que Atena conversasse com os outros deuses para que Calypso fosse libertada de sua maldição.
Não sabia se Atena poderia lhe ajudar, mas esperava que sim. Caso se lembrava de bem, seu avô sempre ouvia sabiamente os conselhos e opiniões da sua tia, bom, seu pai sempre reclamava que ela era a filha favorita. Mas naquele momento, ela lhe pareceu uma boa opção a lhe ajudar a quebrar a maldição, como uma vez lhe ajudou certo tempo atrás a quebrar a maldição de Afrodite.
Claro que Atena perante aos seus argumentos, ficou ainda mais irredutível e vendo que nada do que dizia, convencia sua tia, Octavia teve que jogar sujo, tocar no orgulho e ego da deusa da sabedoria, o ponto fraco de Atena.
Sempre soube que sua tia sempre foi contra a ideia de sua filha Annabeth, namorar um filho de Poseidon, Percy Jeckson, uma vez que já existia uma rivalidade milenar entre os dois deuses. E utilizando dessa informação privilegiada e suja, Octavia conseguiu convencer Atena a interceder a favor de Calypso, contando a sua tia que Percy havia iludido sua amiga com a falsa promessa de que a libertaria e a magoou profundamente, depois de fazê-la se apaixonar por ele.
Tudo bem que Calypso já era meio amaldiçoada a se apaixonar por qualquer um herói que caísse na ilha, mas Octavia resolveu ocultar essa informação, uma vez que seu objetivo era jogar toda culpa no Jackson, para conseguir o que queria.
"Típico de um filho daquele velho... Já disse várias vezes para minha filha que aquele garoto não vale nada igual ao pai...". E após sentir seus ouvidos doerem de escutar várias reclamações de sua tia para com o príncipe e rei das sardinhas, como esperado sua tia interveio em favor de Calypso, durante uma reunião do Olimpo e sua amiga depois de tantos milênios, finalmente estava livre, mas sob ainda uma condição, se ela se apaixonasse ela estaria fadada a perder sua imortalidade, se tornando apenas uma semititã.
E assim, Calypso veio com Octavia para o lar das amazonas.
Sabia muito bem, que havia utilizado de manipulação para lidar com sua tia e possivelmente só aumentou a vontade de Atena assassinar o namorado de sua filha, mas isso não importava. Como seu filosofo favorito, Maquiavel já disse uma vez: "os fins, justificam os meios".
E Octavia quando queria uma coisa, ah, ela sempre conseguia.
***
Demorou mais do que esperava, mas Nico finalmente conseguiu encontrar Clarisse perto da gigantesca estatua Atena Partenos, o que era estranho, já que raramente um filho de Ares ficava perto daquela estatua. A conselheira chefe do chalé 5 parecia ter conseguido se recuperar da pegadinha de cedo, obra dos Stolls, provavelmente Chris teve que intervir em favor dos irmãos para que sua namorada impedisse que os irmãos assassinasse Connor e Travis, como sempre fazia.
Nunca havia falado por mais de cinco minutos com a filha de Ares, por não ser muito próximo e também por Clarisse ser uma verdadeira encrenqueira como seus irmãos, sempre tirando sarro das pessoas indefesas ou se metendo em alguma briga. Sem falar que, pelo o que se lembrava de Annabeth e Percy há detestavam certo tempo atrás, mas pelo o que sabia por agora, os três haviam virado amigos, mas mesmo assim possuíam uma típica rivalidade saudável em todas as competições do acampamento.
Quando se aproximou de Clarisse, percebeu que ela estava cercada de mais quatro dos seus meio irmãos, eles pareciam rir de alguma coisa, porém não soube o que era, pois assim que os filhos de Ares o viram, a risada de todos haviam desaparecido e todos os encaravam com uma mistura de confusão, curiosidade e receio. O que era algo meio óbvio, era um filho de Hades, então era comum causar um calafrio quase que agonizante na espinha e a sensação da "morte" em qualquer pessoa que estivesse perto dele.
Ignorando os olhares, Nico apenas direcionou seu olhar para Clarisse que estava bem na sua direção. Ainda tinha a carta de Octavia em sua mão direita e pelo que acreditava, estava diante da única pessoa que poderia lhe dizer ou lhe dar uma direção de quem era a garota que escreveu a carta.
— Precisa de algo, ghost king? — Clarisse questionou, usando um tom altamente debochado ao chama-lo pelo título que havia conquistado, arrancando alguns risinhos dos seus irmãos, que logo pararam quando seu olhar sério recaiu sobre eles.
Pensou seriamente o porquê de estar falando realmente com aqueles trogloditas sem cérebro, deveria deixar essa carta e essa tal de Octavia para trás, porém quando leu o que estava escrito na carta, sentiu um misto de sensações, uma delas foi raiva por ela falar aquilo de Percy e Thalia — que eram seus amigos —, e também por ser covarde e se esconder por detrás de uma carta ao invés de nunca falar diretamente com ele, outra foi confusão por ela nunca ter falado com ele também, porque ela nunca o fez? E a informação que estava dando vários nós em sua cabeça: a confissão de que ela estava apaixonada por ele.
Sabia que deveria ignorar, mas algo dentro de si não gostaria de ignorar.
— Onde está Octavia Stone?! — Decidiu ser direto, com o objetivo de poupar seu tempo gasto com aqueles trogloditas sem cérebro.
Porém, do contrário que esperava, a expressão debochada de Clarisse logo foi substituída por uma cara assustada e Nico podia jurar que viu o sangue desaparecer dos lábios dela, a deixando totalmente pálida. O mesmo havia acontecido com os outros filhos de Ares a sua espreita.
Nico uniu as sobrancelhas completamente confuso pela expressão de todos ali, perante a sua pergunta simples.
— O-o quê?! — Clarisse gaguejou ao questiona-lo, para depois engolir o seco.
— Octavia Stone... — Ele disse. — Ela é sua irmã, certo?! Onde ela está?! — Questionou visivelmente impaciente.
Clarisse e seus irmãos trocaram olhares significativos, como se pudessem se comunicar por eles. Depois de alguns longos segundos, se comunicando pelos olhares, a conselheira chefe do chalé 5 lhe olhou fixamente e depois de soltar um longo suspiro, ela finalmente disse:
— Di Ângelo, a Octavia está morta...
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