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Capítulo 3

"Morta".

Era a única palavra que ecoava pela sua mente. Nico abriu e fechou a boca, várias e várias vezes, ainda muito perplexo pela notícia que Clarisse havia lhe dado. Arqueando as sobrancelhas e piscando também algumas vezes, tentando se recuperar do baque que aquela resposta havia lhe causado.

— Como?... — Foi à única coisa que conseguiu dizer.

A conselheira chefe do chalé 5, o olhou fixamente por alguns longo segundos, até que ela desse um longo suspiro e seus olhos castanhos se fixassem no outros meio irmãos, fazendo quase que um pedido silencioso para que eles os deixassem a sós. O recado parecia ter sido dado com sucesso, uma vez que, os outros trogloditas sem cérebro começaram a caminhar para longe deles, os deixando sozinhos. Nico os acompanhou com o olhar, até que cada um dos quatros se distanciasse cada vez mais, a ponto de desaparecem do seu campo de visão.

Talvez eles não fossem tão sem cérebro assim...

— Como soube da Octavia? — A voz da Clarisse era dura e parecia estar um pouco triste, talvez?

A pergunta da filha de Ares, o fez virar seu pescoço imediatamente para frente, atraindo sua atenção.

— Perguntei primeiro. — Disse quase que automaticamente.

Clarisse o fuzilou com o olhar perante a resposta que recebeu, mas diferente do que pensava, ela não disse nada a respeito da sua audácia e ao invés disso, ela disse:

— Ela morreu cerca de sete anos atrás em um incêndio na casa do avô dela, em Londres. — Suspirou. — Ninguém sobreviveu ao incêndio, sequer nenhum dos irmãos dela. Quíron nos contou quando ela não voltou no verão seguinte...

— Irmãos?

Nico a viu massagear uma de suas têmporas, fazendo-o perceber que aquele era um assunto bastante delicado e pelo visto era também uma ferida que não havia cicatrizado.

— Sim... Seis ao todo. Todos eles filhos de Ares, bom menos os trigêmeos, que eram filhos de Marte. Todos morreram. — Disse, antes de encara-lo seriamente e o estuda-lo atentamente com o olhar. — Mas porque agora você despertou todo esse interesse na Octavia? Antes você sequer reparava nela, ou melhor, você a ignorava em absolutamente tudo! — O acusou.

Aquilo que Clarisse havia dito, o fez trincar os dentes, pensou em contar para a filha de Ares sobre a caixa deixada na porta do seu chalé, mas preferiu guardar essa informação para si mesmo, tratando rapidamente de esconder a carta de Octavia em suas mãos, a enfiando no bolso de trás da sua calça jeans.

— A ignorava?! — Exclamou irritado, ofendido com a acusação. — Eu sequer a conhecia ou falei com ela!

— Agora decidiu ser o filho de Hades injustiçado?! Ou só bateu com a cabeça fortemente?! Você já falou com ela sim! Bom pelo menos algumas vezes, como na aula de esgrima do Fred e depois da Tavy desmaiar por você se oferecer a ajuda-la a segurar uma espada... — Disse pensativa. — A Tavy sempre enchia minha cabeça sobre diversos assuntos relacionados a você, tinha que manda-la calar a boca, para meus ouvidos parassem de doer. — Resmungou.

Nico ficou confuso com o que Clarisse acabara de lhe dizer e tentou procurar em sua mente o acontecimento, do qual a filha de Ares havia o relatado. O apelido que a conselheira chefe havia chamado Octavia, havia ficado ecoando diversas vezes em sua mente, até então uma lembrança de uma garotinha um pouco mais nova do que ele, cabelos castanho escuro até nos ombros, olhos castanhos intensos e muito baixinha para ser uma filha de Ares, surgir em sua mente.

Os olhos negros do filho de Hades se arregalaram, ao se dar conta que essa garotinha que surgiu em uma das suas lembranças, sempre ficava vermelha quando ele se aproximava dela ou ficava sempre o observando de longe ou até mesmo o perseguia. Uma vez durante a aula de esgrima, ele tentou ajuda-la a segurar uma espada e a garota desmaiou e quando a encontrou depois do episódio, a garota simplesmente saiu correndo de perto dele, como se ele tivesse algum tipo de doença contagiosa.

A última vez que havia falado com ela, percebeu que os olhos castanhos, antes tão intensos, estavam muito tristes, ele tentou ser simpático com ela e essa foi totalmente rude e hostil consigo logo em seguida ela havia saído correndo para dentro do bosque, enquanto ele a seguia com o olhar. O filho de Hades sentiu uma forte vontade de ir atrás dela, porque dava para perceber que ela não estava bem, mas Nico não foi. Ele apenas deu as costas e voltou para seu chalé. E aquele foi o último verão que havia a visto.

Todos apenas a chamava de Tavy e naquela época, Nico acreditava que esse fosse mesmo seu nome, porém agora, Clarisse havia o feito perceber que aquele nome era só um apelido, que o nome verdadeiro daquela garota era Octavia e ela estava morta...

Mas se ela estava morta, então quem poderia ter deixado àquelas cartas em frente ao seu chalé?

***

Os olhos atentos de Octavia se fixaram na irmã, que estava quase chegando ao local onde havia sido delimitada a chegada da corrida. A cerimonia de iniciação era basicamente uma corrida às cegas e com as mãos amarradas e só depois dela, todas as garotas poderiam iniciar seu treinamento como guerreira para assim, ascender de posição, caso desejar.

Tinha que admitir que quando sua cerimonia ocorreu, Octavia tinha apenas doze anos e tinha acabado de quebrar a maldição de Afrodite, essa maldição que a proporcionou uma visita ao submundo, também lhe custou um preço alto, as cicatrizes extras em suas costas, denunciava isso.

Hoje não só seria um dia importante para Victória, como também seria para Octavia e seus irmãos, depois de anos vivendo escondidos, havia finalmente chegado o dia de ela partir com eles. Por mais que destroçasse seu coração, Octavia tinha de ir embora da ilha e do lar das Amazonas, não poderia mais adiar o inevitável. O trato que havia feito com Hylla era claro, assim que Octavia tivesse idade e estivesse treinada o suficiente, ela poderia partir da ilha com seus irmãos.

Infelizmente não poderia ficar mais, pois quatro de seus irmãos caçula eram homens e homens não tinha a permissão de ficar mais do que três dias em Temiscira, mas sua prima, Hylla, havia se apiedado dos sete recentes órfãos e desafiou as leis das amazonas, para que pudesse selar um trato com Octavia. Talvez nunca pudesse agradecer o suficiente Hylla por ajuda-la tanto e pela primeira vez em sua vida, Octavia dobrou o joelho para alguém e essa pessoa era sua prima, que por sua vez era uma ótima e justa rainha.

Brincando com o pingente do colar, que sua falecida mãe havia lhe dado muito tempo atrás, Octavia estava totalmente imersa em seus pensamentos, quase se afogando neles. Aquilo que seu pai havia lhe dito no templo tinha se fixado em sua cabeça e irritantemente aquela informação mudava seus planos de ir para o Acampamento Júpiter, como havia planejado toda a vida, a forçando ir contra gosto para o Acampamento Meio Sangue, o que realmente lhe parecia uma péssima ideia.

Suspirando e batendo o pé inquietamente contra a terra úmida, os olhos de Octavia não demoraram recair sobre sua prima, que ainda estava com as mãos apoiada sob o guarda-corpo da sua tenda, com uma visão totalmente privilegiada da cerimonia de iniciação. Como quase um sentindo sobrenatural, Hylla percebeu o seu olhar e fixou toda sua atenção em si, a rainha amazona já parecia saber do assunto que queria tratar com ela, por isso Octavia sentiu um pouco de alívio quando viu Hylla assentir afirmando com a cabeça para ela.

Aquele era o sinal de que conversariam mais tarde.

Quando seus olhos voltaram para a linha de chegada, Octavia viu Victória chegar primeiro, fazendo seu peito se encher de alegria e orgulho, aliviando sua preocupação e até mesmo irritação depois da conversa que teve com seu pai. Uma onda de gritos e aplausos preencheu a trilha da floresta, sem se aguentar de tanta espera e temendo que sua irmã não a perdoasse por estar ausente no início da cerimonia, Octavia se apressou para estar perto da irmã, antes que essa tivesse a faixa que cobria seus olhos avelã fosse retirada.

No instante em que Victória teve seus pulsos desamarrados e sua venda retirada, os olhos avelã intensos recaíram sobre si, viu um sorriso gigantesco se abrir nos lábios dela, antes dela saltar em seu pescoço, a abraçando fortemente.

— Você veio! — Quase gritou animada.

— Disse que viria, não?

— É, mas tive minhas duvidas quando não te vi no início. — Victória disse ao se afastar.

Por um instante quis contar a irmã sobre o motivo do seu atraso, mas não queria preocupa-la com responsabilidades estupidas de adulto e também com o fato de que teve um encontro nenhum pouco paternal com o próprio pai. Ares havia jogado literalmente uma bomba relógio no colo de Octavia e ela teria de arrumar um jeito de lidar e resolver isso, antes que fosse tarde demais. Hoje era um dia de se comemorar, não para iniciar novas preocupações e reviver o passado sombrio que a família Stone tentava esquecer e recuperar das feridas deixadas por ele, só iria estragar o dia.

— Acabei me distraindo explorando o arquipélago e perdi a noção do tempo, me desculpe. — Odiava mentir para qualquer um dos seus irmãos, mas com o tempo, Octavia aprendeu que algumas mentiras são necessárias se quiser proteger aqueles que amam.

Victória a olhou intensamente, como se estivesse procurando algum furo no relato que havia dito, pensando se deveria ou não acreditar na sua desculpa deslavada. Na maioria das vezes, Octavia se esquecia do quanto sua irmã estava crescendo, Vick não era mais a garotinha assustada de sete anos de idade, que ainda tinha medo do escuro, agora ela já estava com quatorze anos e tinha quase sua altura, dentre todos os irmãos, era Victória que mais tinha os traços idênticos de Octavia, tirando o tom mais claro nos olhos que a mais nova possuía.

Não era só Victória que estava crescendo, todos seus irmãos estava e Octavia não sabia como se sentir perante a isso. Desde que sua mãe e seus avós se foram, ela teve que criar seis crianças, completamente sozinha aos onze anos de idade não era fácil. Ensinar o que era certo e também o que era errado, aprender a cozinhar para poder alimentá-los e também aprender a trocar fraldas, acordar no meio da madrugada para tentar acalmar todos, que tinham constantes pesadelos pelo o que presenciaram em Londres e tantas outras coisas... Octavia de irmã mais velha, ela se tornou quase que uma mãe para eles e até mesmo ela reconhecia que na maioria das vezes tinha um instinto maternal para com os irmãos, sempre os querendo protegidos e seguros.

Mas hora ou outra as crianças crescem e ela teria lidar com esse fardo, gostando ou não.

— Tudo bem... O importante é que você está aqui. — Victória sorriu. — Acho melhor voltarmos para a cabana, tenho a leve impressão que Lívia vai odiar a ideia de não ter vindo para a cerimonia e vai libertar o Fofo.

Octavia suspirou em derrota.

— Aquele urso demoníaco, não... — Gemeu. — Da próxima vez que encontrar com o velhote, me lembre de chutar o traseiro dele, por dar um urso de pelúcia amaldiçoado para uma criança de sete anos. — Fez uma careta.

Vick riu.

— Aquele velhote é o nosso pai.

— Mas mesmo assim não deixa de ser um velhote.

Sua irmã parecia que estava prestes a dizer algo, porém, Calypso havia se aproximado delas, já dizendo:

— Parabéns, Vick! — A loira estendeu os braços, envolvendo sua irmã em um abraço.

— Obrigada, Calypso! — Vick sorriu.

Os olhos amendoados da sua amiga se fixaram por um bom tempo, em sua irmã e em si mesma, sempre alternando o foco do olhar.

— Vocês não vão ao banquete?

Victória abriu a boca para dizer algo, mas Octavia foi mais rápida:

— Dessa vez não, deixei Julian responsável pelos os outros na cabana e tenho que ir ver se eles ainda não causaram nenhuma catástrofe.

Calypso riu.

— Tavy, eles só são crianças...

— Uma das espécies mais perigosas do mundo, quando não estão na presença de um adulto. — Suspirou.

Talvez Hylla e as outras amazonas pensassem que Octavia pudesse estar fazendo desfeita do grande banquete, mas não era bem assim, no banquete só poderiam frequentar mulheres, excluindo assim seus irmãos. Mas dessa vez não poderia ficar, já havia passado tempo demais longe deles e só Ares, sabia que seus irmãos eram capazes quando estão sozinhos.

Sua rainha e suas "irmãs"; teriam de compreender sua ausência no banquete.

— Posso dar os parabéns também a minha prima? — Hylla surgiu por detrás de Calypso, com toda sua elegância de rainha das amazonas e os olhos chocolate logo se recaíram sob Victória.

— Majestade! — Octavia e Calypso disseram juntamente, abaixando à cabeça em uma reverencia respeitosa, o que fez Hylla rir.

— Octavia não precisa me tratar com toda essa formalidade. — Alertou ainda risonha. — Somos da mesma família, lembra?

Octavia fez careta.

— Força do hábito. — Se explicou.

Hylla era filha de Belona, a versão romana da deusa grega Ênio, uma divindade da guerra também, sendo considerada a "fúria da guerra" e conhecida como "destruidora de cidades", irmã do seu pai, Ares, o que as fazia ter o parentesco de primas. Diferente dos outros semideuses que não eram muito ligados ao seu parentesco uns com os outros, Hylla e Octavia juntamente com seus irmãos haviam construído laços familiares fortes uns com os outros, talvez o fato de todos forem latino-americano aquecia ainda esse laço e proximidade.

Diferente dos americanos e canadenses, que mantinham sua relação familiar distante e fria, alguns até tinham pouco contato com primos ou tios, os povos latinos eram calorosos e bem unidos com seus parentes, até mesmo os distantes, o que de certa forma causava um choque entre as culturas.

Antes que pudesse refletir ainda mais sobre as diferenças dos Estados Unidos com o seu próprio país, Octavia teve seu raciocínio interrompido quando Victória foi envolvida pelos braços da rainha.

— Hylla, obrigada por tudo... — Vick disse entre o abraço.

No fundo de si, sabia que sua irmã não estava só se referindo ao fato de Hylla tê-la treinado por três semanas para cerimonia, Victória estava se referindo a tudo que a rainha amazona havia feito pela sua família, os acolheu lhe deu um abrigo, um refúgio, foi contra as leis amazonas para que elas não fossem separadas dos irmãos, os ajudou, treinou Octavia muito bem e várias coisas a mais. Realmente, Octavia nunca conseguiria pagar toda a dívida que possui com a prima.

Ouviu Hylla soltar um "não há de quê", provavelmente pensando que Victória estava se referindo ao treinamento para a preparação da cerimonia, sendo incapaz de perceber o qual profundo era aquele obrigado.

Quando as duas se afastaram, os olhos chocolate da rainha amazona recaíram intensamente sob si, Octavia suspirou fundo, já supondo o que aquele olhar dizia. Ela e sua prima precisavam conversar, antes de partir com seus irmãos.

***

— Ainda não acredito que você roubou o pernil do banquete! — Victória disse em português brasileiro; totalmente incrédula pela atitude ilícita da irmã mais velha.

Octavia deu de ombros, arqueando as sobrancelhas, respondeu a irmã no seu idioma de origem também:

— Acho que Hylla pode me perdoar por isso...

— Ou te atirar nas masmorras do palácio. — Devolveu a caçula.

— Por favor, aquelas lojas "Amazon", espalhadas pelo país, dão dinheiro o suficiente para comprarem quantos pernis quiserem. — Contra argumentou Octavia. — Além do mais, o que é um simples pernil roubado em meio aos montes deles?

— Mas você pegou o maior!

— Você e nossos irmãos estão em fase de crescimento! — Sorriu sarcástica. — Fala sério, Victória, você também não quer comer pão de queijo com pernil? — Encarou a irmã com uma sobrancelha arqueada.

Octavia viu a caçula, abrir e fechar a boca diversas vezes, sem saber o que dizer. Havia pegado no ponto fraco de sua irmã, os tão famosos pães de queijo do Brasil, era quase que irresistível para qualquer um deles que agora estavam em outro país e dificilmente conseguiam encontrar a típica comida brasileira. Por isso Octavia havia decidido fazer pães de queijo à mão, para quem sabe assim fazer os irmãos terem boas lembranças de quando sua mãe e sua avó também os faziam para eles quando crianças.

Sabia muito bem que não deveria dar esse mau exemplo aos seus irmãos, como roubar um pernil de um banquete, mas seria só aquela vez, e todo brasileiro concordava que pernil com pão de queijo era quase que um verdadeiro banquete dos deuses. E também queria trazer um pouco mais de alegria para seus irmãos, afinal, seus dias em Temiscira já estavam absolutamente contados e além do mais tinha que dar a notícia sobre a mudança de planos.

E também gostaria de acreditar que seu pequeno roubo, não atingisse proporções muito grandes, afinal as amazonas fundaram a loja online tão famosa no mundo conhecida como "Amazon", de onde elas tiravam seu dinheiro e sustento para manter os luxos e a vida de guerreiras amazonas em segredo. Elas tinham dinheiro o suficiente para comprar quantos pernis quiser para poderem perdoar esse pequeno furto de Octavia.

Claro que muitas amazonas, além de treinarem o suficiente para serem guerreiras, muitas também ajudavam na sede da empresa Amazon, ajudando também a embalar os tão desejados Kindles para envia-los a todo o mundo. Octavia e seus irmãos estavam restritamente proibidos de deixar o arquipélago, uma vez que ainda tinham que manter a mentira de que todos estavam mortos, para que assim não chamassem muita atenção dos monstros e outros inimigos que sua família tinha.

Sorriu vitoriosa, quando percebeu que Victória perdeu todos seus raciocínio, estava abrindo e fechando sua boca diversas vezes, como se pudesse ter um argumento tão bom para rebater o de sua irmã. Mas nada veio, naquele instante Octavia percebeu que havia ganhado e sua irmã perdido com uma cara carrancuda.

— Por que você sempre ganha nas discussões?!

— Já disse várias vezes e repito: mais velha, mais inteligente, mais bonita e mais qualquer coisa. Privilégio de ser a primogênita. — Zombou.

— Eu já disse que te odeio?!

— Já, umas mil vezes, mas não ligo. Meu amor fraternal por você é maior que seu ódio. — Deu uma piscadela debochada, fazendo Vick bufar.

Por mais que na maioria das vezes tinha que ter pulso firme com seus irmãos e tinha que ser mãe quase o tempo todo, Octavia gostava das poucas vezes que tinha a liberdade de voltar ser só a irmã mais velha que ama tirar ou zombar dos mais novos, como deveria ser isso se sua família não estivesse morta. A morte deles sempre irá lhe assombrar pela sua vida inteira, mas tinha que ser forte, ao sempre se lembrar desse fato e não sentir vontade de chorar ou se lamentar, o que está feito, está feito e seu pai era o culpado.

— Fica longe Fiver Bigwig Stone! — Alertou Octavia, rapidamente tirando o pernil envolvido por alumínio, de perto do seu dragão. — Você invadiu uma fazenda perto da costa, ontem e comeu duas vacas! Os fazendeiros pensaram que foram os ursos! — Exclamou. — Nem me vem dizer que está com fome!

Fiver a olhou tristemente.

— Não adianta fazer essa cara! — Se manteve firme.

Seu dragão vendo que sua tática estratégica não funcionaria com Octavia, apenas bufou, saindo de perto dela e da irmã, batendo suas asas no ar e voando, até que chegasse rapidamente ao seu "ninho" perto da cabana no topo da colina, na qual era a morada de Octavia e seus irmãos por sete anos.

— Guloso! — Reclamou, bufando também.

Enquanto começavam sua subida até o topo da colina, Octavia percebeu e se incomodou com o silêncio repentino de Victória, dentre seus irmãos Vick era uma das mais falantes e agitadas. Quando estava prestes a perguntar o que estava acontecendo, sua irmã finalmente decidiu falar:

— Ei, Tavy... — Começou sem lhe olhar nos olhos. — Eu estava pensando, você nunca nos contou sobre como era o Acampamento Meio-Sangue ou muito menos tocou no assunto e nunca entendi o porquê...

Octavia trincou os dentes furiosamente, todo o bom humor e tranquilidade que havia adquirido depois da conversa exaustiva com seu pai, haviam desaparecido tão rápido quanto surgiram. Odiava falar naquele assunto, porque era delicado demais para ela e não sabia se seus irmãos a compreenderia.

Seus olhos castanhos evitaram olhar para a irmã, se fixando na claridade do sol da tarde. Sabia que cedo ou tarde aquele assunto iria surgir, mas ela só gostaria de adia-lo e evita-lo o máximo possível.

Claro que amava o Acampamento Meio-Sangue, mesmo que frequentasse somente nas férias de verão — o que era férias de inverno no Brasil —, amava poder treinar como uma verdadeira guerreira, conviver com seus outros meio irmãos, inclusive Clarisse, gostava até das piadinhas que fazia constantemente contra o chalé de Atena e o de Apolo, sem falar nos insultos que dedicava exclusivamente a Percy, Thalia, Jason e outros mais com quem não ia com a cara. Era até patético admitir que também tivesse uma paixonite forte por algum garoto que já não se lembrava mais. E ainda tinha a imensa saudade que sentia de seu melhor amigo: Will Solace.

Tinha muitas histórias sobre o Acampamento e até mesmo tinha descoberto diversos lugares secretos, mas seu pico de fúria foi quando descobriu a verdade que Quíron escondeu dela por anos.

A maldita linhagem perigosa que carregava, ela e seus irmãos eram um legado muito forte de Zeus, uma vez que só na sua antecedência existia dois semideuses famosos, o primeiro era Perseu e o segundo era Hércules, bisneto de Perseu e ancestral de todos os reis espartanos. Sua avó era um legado de Zeus e seu avô um descendente de Diomedes, que herdou a benção da deusa Atena. Sua mãe era uma humana com exceção a regra, um legado de Júpiter e com a benção de Atena, por causa da sua condição, ela frequentou o acampamento meio sangue por alguns anos.

A linhagem da sua mãe era forte, perigosa e instável. Tão instável que as parcas chegaram alertar aos deuses para que ninguém ousasse se envolver com ela, pois ter um semideus com uma linhagem dessas requeria um alto preço a ser pago, além do fato de serem muito poderosos, suas vidas seriam curtas e dificilmente chegariam vivos aos doze anos.

Seu pai decidiu desafiar o aviso das parcas e como punição, sua mãe e sua família pagaram o preço. Até mesmo Octavia teve que se sacrificar pela vida de seus irmãos, as cicatrizes nas suas costas, não só denunciavam às diversas vezes que foi chicoteada, como também a fúria que tinha provocado em Hades, ao desafiá-lo. Tudo para que a maldição de Afrodite fosse quebrada e as Parcas ficassem saciadas pelo castigo que condenou a família Stone.

Quíron sabia que sua família iria ser morta, sabia de tudo isso e não a contou. Ele escondeu coisas importantes da sua vida e Octavia não sabia se era capaz de perdoá-lo por aquilo, confiava no centauro e ele a traiu. Semanas depois que seu pai a trouxera e seus irmãos para as amazonas, Quíron a procurou tentando a convencer ir para o acampamento, pois lá era mais seguro e acabou lhe contando toda a verdade, havia ficado tão furiosa com o centauro que por muito pouco não tentou mata-lo e disse para ele dizer aos seus meio irmãos do chalé 5 que ela estava morta e que nunca ia voltar para lá.

Mas as Parcas realmente gostam de brincar com sua vida e seu destino, afinal eram três velhas estupidas que teciam as linhas do destino e vida de qualquer um, talvez ainda estivessem raivosas por Octavia tê-la as enganado, porém isso não importava... Agora não tinha outra opção, a não ser retornar para o lugar do qual jurou nunca mais colocar os pés.

— Tavy...? — Victória a chamou, a despertando de seus pensamentos com um sobressalto.

— Não quero falar sobre isso. — Disse ríspida.

— Mas...

— Eu disse que não quero falar sobre isso, Victória. — O tom que usou foi totalmente autoritário e censurando a pergunta da irmã, que ficou cabisbaixa, dando um fim ao assunto.

Odiava ser tão ríspida com seus irmãos, mas às vezes era necessário.

Dessa vez o silêncio não pareceu durar tanto, entretanto quando um rugido ensurdecedor e raivoso pode ser ouvindo de dentro da cabana, acompanhados por gritos que Octavia e Victória conheciam muito bem.

As duas irmãs se entreolharam, antes de dizerem juntas:

— Fofo! — Gritaram e saíram correndo pela colina até chegarem à cabana.

***

— Você ainda não me respondeu; Di Ângelo... — Clarisse disse. — Como ficou sabendo da Octavia?

Nico que ainda estava um pouco perdido em seus pensamentos, logo despertou no instante em que ouviu a pergunta da conselheira-chefe do chalé 5.

— Comentaram comigo, que tinha uma Octavia que gostava de mim e fiquei curioso, apenas... — Disse rapidamente.

Não era um bom mentiroso, raramente suas mentiras eram aceitáveis, mas acreditava que Clarisse não fosse tão esperta assim, para descobrir que ele estava mentindo, assim como Annabeth era. Afinal, filhos de Ares não famosos pela sua capacidade intelectual. Ainda não conseguia entender o motivo pelo qual, não queria contar a Clarisse sobre as cartas, talvez porquê, a filha de Ares a sua frente, com certeza iria lhe tomar as cartas, antes que ele pudesse lê-las, por se tratar de uma irmã falecida.

Pela primeira vez em anos de convivência distante com Clarisse, Nico se solidou com sua dor da perda de uma irmã, afinal ele também havia perdido a sua, então conhecia essa dor melhor do que ninguém. Mas, infelizmente, não sabia as palavras de condolência certas a se dizer para ela, por isso decidiu ficar calado.

— Hum... — Foi à única coisa que a filha de Ares lhe disse, parecendo se convencer de sua mentira.

Sabia que essa era sua deixa para ir embora, mas Nico ao invés de fazer isso, ele ousou perguntar:

— Porque a Octavia gostava de mim?

No fundo ele gostaria de saber o porquê aquela garota havia se interessado nele, mesmo acreditando que não seria capaz de correspondê-la, ao menos não na época.

Clarisse deu de ombros.

— Até hoje me pergunto a mesma coisa, para ser franca a Tavy era boa demais para alguém como você. — Disse sincera e Nico tentou não ficar incomodado com o insulto. — Eu não sei muito bem, acho que ela te achava diferente, esquisito, peculiar, enfim, por isso começou a gostar de você. Ela sempre odiou os filhos dos três grandes, porque os achava esnobes, metidos e perfeitinhos demais, sabe? Sempre essa coisa de ser o herói sem defeitos ou lado sombrio?

Nico assentiu.

— Acho que a Tavy notou que você também não era como seus primos, o bonzinho superficial, ela viu você como era de verdade, um garoto assustado, perdido, fora do tempo que nasceu e abandonado pela irmã...

— Bianca não me abandonou! — Rebateu um pouco furioso, mas Clarisse ficou impassível, sem demonstrar medo por irritar um filho de Hades.

— Não precisa ficar ofendido, ô rei fantasma. — Disse. — Você perguntou e estou te respondendo...

O que Clarisse havia dito era verdade. Ele perguntou e ela estava o respondendo, por mais que tocar no assunto da sua irmã morta, ainda o causasse desconforto e o deixasse sensível. Era um assunto delicado.

— O que estou tentando dizer é que: Octavia gostava de você, porque você era real.

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