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Capítulo 4










— Mas o que está acontecendo aqui?! — Octavia praticamente gritou, assim que passou pela porta da cabana, ao ver a confusão que se sucedia ali.

— Agora sim estamos ferrados, galera. — Ouviu Julian sussurrar e o fuzilou com o olhar, querendo logo uma explicação pela baderna que se encontrava o lugar. — Juro pelo Estige que tentei controlar as coisas, Tavy, mas então Marcus sugeriu uma brincadeira, então Liv acordou e... — Era perceptível o desespero na voz de Julian, uma vez que ele estava falando muito rápido e gesticulava inquietamente com as mãos, até ficar paralisado e boquiaberto olhando para algo atrás da irmã mais velha.

Octavia uniu as sobrancelhas confusa, até sentir uma forte lufada de ar quente atingir seu pescoço, acompanhado por um rosnado. Imediatamente seu olhar recaiu sobre os trigêmeos e César, que estavam encolhidos atrás da mesa caída, que acompanhados por Vick sustentavam um olhar assustado para o que estava atrás de si. Revirando os olhos, Octavia se virou, já sabendo do que se tratava.

Subitamente, um urso gigantesco com cerca de três metros de altura, de pé apenas com as patas traseiras, surgiu em seu campo de visão. O urso possuía garras incrivelmente longas e mortais, fitava Octavia, com seus olhos vermelhos assassinos, abrindo a gigantesca boca, revelando dentes tão pontiagudos que poderiam rasgar a pele de qualquer um com uma facilidade absurda, para rugiu ameaçadoramente fazendo gotículas gigantesca de saliva respigarem completamente em si, recebendo um banho de saliva nojenta, o que a obrigou a fechar os olhos com força e apertar os lábios, para evitar que a saliva entrasse em contato com seus olhos e sua própria boca.

Victória, que estava um pouco longe de si, segurando o pernil firmemente, assim como seus irmãos, ela tentava segurar a risada, abafando-a com as duas mãos sob a boca, por Octavia estar agora coberta de baba de urso demoníaco, mas nem Vick, ou os trigêmeos e César eram corajosos o suficiente para rir da situação da irmã mais velha, não, se eles quisessem passar a próxima década de castigo, pois ninguém melhor do que os cinco sabiam que sua irmã poderia ser bastante rigorosa com castigos. Além do temor de serem castigados, nenhum dos Stones mais novos gostariam de irritar Octavia, pois sabiam que a irmã fica assustadora quando está nervosa.

Os Stones mais novos não temiam nada, eram filhos de Ares e Marte (contraparte romana de Ares), filhos da guerra e violência, entretanto só existia duas coisas, que temiam mais do que qualquer coisa... Uma delas era: Octavia furiosa e a outra era: Fofo, o urso demoníaco de Lívia, a caçula da família. E agora as duas coisas que eles temiam haviam se unido... O resultado não poderia ser mais catastrófico.

Octavia respirou fundo, tentando manter a compostura e não se sentir enjoada por estar coberta de baba fedorenta de Fofo, elevando a mão direita sob os olhos fechados, tentou retirar a baba dos seus olhos, para que pudesse abri-los. Quando retirou o excesso e abriu seus olhos, todos os Stones perceberam o brilho vermelho escarlate na íris, antes castanha, de Octavia, que rapidamente fez seus olhos começar a pegarem fogo.

Ops, aquele era um péssimo sinal.

— Lívia... — Disse entredentes tentando manter a calma e a paciência, o que era realmente um problema, porque filhos de Ares não tinham paciência. — Lívia Valentina Fonseca Stone! — Chamou a irmã caçula. — É melhor fazer esse urso voltar ao normal, ou você vai ficar de castigo pelas próximas cinco semanas! Sem internet, sem netflix, sem ipad, sem televisão e sem CHOCOLATE! — Elevou um pouco a voz na última palavra.

— Isso não é justo! — A voz infantil ressoou por cima de Octavia e logo percebeu que Lívia estava montada no pescoço de Fofo, apoiando seus braços curtos e pequenos na cabeça do urso, enquanto seu rosto tinha uma careta brava, que Octavia poderia achar incrivelmente fofa, se não estivesse coberta de baba e nervosa. — Você e a Vick não me levaram na cerimônia, me deixaram para trás e ainda deixou o Julian no comando!

Não demorou para que uma luz vermelha envolvesse Fofo, fazendo o grande urso diminuir seu tamanho gradativamente e logo perdendo a "vida", voltando ser um inanimado e pequeno ursinho de pelúcia, sem o brilho vermelho mortal nos olhos e com uma carinha fofinha, que Lívia abraçava possessivamente com seus curtos bracinhos.

Maldito presente divino... — Octavia pensou, mas não ousou dizer em voz alta, pois ainda se negava a dizer palavrões e xingamentos na frente de seus irmãos, como forma de educa-los da maneira correta, por mais, que às vezes era difícil não deixar escapar um: "puta que pariu" vez ou outra.

Queria muito socar a cara do seu pai, por dar um urso demoníaco amaldiçoado para a caçula da família, dizendo que ele seria o guardião de Liv e só poderia ser controlado por ela. Que grande guardião... Liv usava qualquer desculpa esfarrapada para libertar o Fofo e colocar medo em seus irmãos, quando Octavia ou Vick não estavam por perto, obrigando Julian, Augustus, Marcus e César a fazerem tudo que ela queria, como se não fossem seus irmãos e sim seus escravos.

Sabia que aquela falta de pulso firme em Liv, era sua culpa. Octavia a mimava demais, talvez porque ela era a única ali que nunca conheceu a mãe, Helena, pois quando ela foi assassinada, Lívia era só um bebe de apenas um ano de idade. Então de cinco crianças, eles passaram a ser seis com a chegada da caçula, seis crianças das quais Octavia era responsável e tinha que cuidar e criar.

Por muito tempo chegou se questionar, caso conseguiria criar seus irmãos, afinal ela era só uma garotinha com recém onze anos completados e virou órfã de mãe e também perdeu a família. Para falar a verdade, até mesmo hoje, Octavia se questionava se estava conseguindo os criar bem ou até mesmo ser uma "boa mãe".

Uma lembrança surgiu em sua mente:

"— Não posso fazer isso, Hylla. — Disse aos onze anos, quando tinha acabado de chegar à ilha de Temiscera. — Sequer vou conseguir cria-los... — Sua voz saiu um pouco falha, enquanto observava seus irmãos dormirem depois de um tempo sem conseguirem por presenciar tantas mortes em uma única noite.

Octavia estava tão perdida, confusa e com ódio, que sequer estava conseguindo dormir ou pensar com clareza. Sua família foi tirada de si e de seus irmãos, a única coisa que passava pela sua mente era o desejo de vingança. Iria caçar os culpados e matar todos eles, sem misericórdia ou culpa, eles iriam pagar, nem que tivesse descer até o tártaro para se vingar.

Sentiu de repente uma mão calorosa em seu ombro, despertando-a de seus pensamentos e a obrigando olhar para os olhos chocolate de Hylla, que lhe olhava com compaixão.

— Octavia, você vai conseguir... — Ela disse com convicção. — Sabe, por quê? Porque você é forte... — E lhe deu um sorriso confiante.".

Liv precisava ser castigada, precisava entender que nem sempre pode fazer tudo e ficar impune. Tudo tem uma consequência.

Sentia a adrenalina correr rapidamente pelas suas veias, seus olhos ainda queimavam, sabia que deveria manter e recuperar imediatamente a calma, afinal Lívia era só uma garotinha de sete anos, não poderia perder a cabeça, por mais que essa seja sua vontade desde que conversou com seu pai. Fechou os olhos com força e respirou fundo três vezes, até acalmar seus batimentos cardíacos e sentir o fogo em seus olhos desaparecer, quando os abriu novamente.

— Lívia, não pude levar você, porque você ainda é muito nova, geralmente só as garotas de nove anos, podem presenciar a cerimônia, você ainda tem sete... — Disse com uma voz mais suave e menos rígida. — Depois de mim e Vick, Julian é o mais velho, por isso ficou no comando. — Explicou e lhe direcionou um olhar rígido. — Está de castigo por uma semana, por libertar o Fofo e por insubordinação, sem netflix por enquanto... — Liv arregalou os olhos.

— Estou alucinando, ou a Tavy realmente deu um castigo para Liv pela primeira vez? — Ouviu Marcus cochichar para os outros e em resposta ao irmão, Octavia o censurou com o olhar, causando-lhe um arrepio na espinha. — Não tá mais aqui quem falou. — Ergueu as mãos em rendição, desviando o olhar.

Octavia arqueou a sobrancelha esquerda ao perceber que Julian, Augustus, Marcus e César estavam escondidos por detrás da mesa de jantar, que estava tombada para o lado virando provavelmente uma "barricada" improvisada para se protegerem e defenderem de Fofo... Desviando o olhar, para poder observar melhor todo o espaço ao seu redor, os olhos castanhos se arregalaram, ao perceber, pela primeira vez, a bagunça que estava à cabana.

Tudo estava revirado, roupas, colchões, lençóis, cadeiras, panelas, talheres e tantas outras coisa, que o pânico passou pelo rosto de Octavia, ao supor que os pão de queijos, que havia assado, também haviam sido revirados, mas ao olhar para a forma de metal, sob o fogão, respirou aliviada um pouco, por eles ainda estarem intactos no mesmo lugar que havia os deixado.

— Não é justo! — Octavia só ouviu Liv gritar e então muitas das facas de metal, que estavam espalhadas pelo chão, se ergueram, como se estivessem voando, vindo em sua direção.

Vick e seus irmãos prenderam a respiração, enquanto Octavia, em um movimento rápido, graças aos seus bons reflexos, parou as facas no ar, bem diante de si e as deixou cair no chão, fazendo o som ensurdecedor do metal se chocando contra o chão de madeira. Quando o som dos metais, havia se dissipado apenas restou o silêncio. A cabana ficou totalmente em silêncio, enquanto seus irmãos encaravam perplexos Liv pelo o que ela acabou de fazer, Octavia tinha um olhar sombrio direcionado a caçula, que estava tão assustada quanto eles. Estava totalmente atônica e perplexa pelo o que acabou de acontecer, que sequer conseguia dizer algo.

Tudo havia sido muito rápido, assim como o movimento de Octavia.

Mas todos estavam perplexos por Liv ser tão nova e conseguir manipular metais, algo que até mesmo Octavia só aprendeu aos treze anos e os trigêmeos ainda estavam começando aprender, César e Liv eram os mais novos, enquanto César sequer dava indícios de conseguir manipular metais com doze anos, Liv apenas com sete havia conseguido, não só conseguiu como tentou ferir Octavia.

Sabia que não poderia culpar a irmã caçula, afinal metalocinese era um dom complexo de lidar, era um dom incrivelmente raro de aparecer em filhos de Ares, assim como a pirocinese era algo raro nos filhos de Hefesto, metalocinese era algo raro em filhos do deus da guerra. Era um poder quase que incontrolável, se você não começasse logo a discipliná-lo e treinar o autocontrole, pois caso contrário seu poder seria certamente escravo de suas emoções. Liv, por exemplo, estava com raiva por Octavia a colocar de castigo e seu poder de manipulação de metais veio em resposta disso.

Eram poucos os filhos de Ares que já despertaram o dom da metalocinese, pelo que Octavia pesquisou na biblioteca do palácio das amazonas. Hipólita, a segunda rainha das amazonas filha de Ares, foi a primeira na história com esse dom, depois dela apenas mais vinte semideuses filhos de Ares conseguiram tal proeza, agora, atualmente só Octavia e seus irmãos conseguiam dominar a metalocinese. Pelo que se lembrava de ter lido também, o último filho de Ares na história, que conseguia dominar os metais, era John Rech, um soldado das tropas nazistas, durante a segunda guerra mundial que foi morto por um filho de Poseidon que lutava com os países Aliados, contra os países EIXO.

Se os mortais soubessem a verdade sobre a segunda guerra mundial...

Pelo que se recordava das últimas notícias do Acampamento Meio-Sangue, Léo Valdez, um filho de Hefesto qualquer — cujo não conhecia pessoalmente apenas tinha ouvido falar através de Reyna —, tinha as mesmas condições que Octavia e seus irmãos, ele também possuía o raro dom da pirocinese destinado apenas uma minoria significativa dos filhos de Hefesto. Que por acaso, além de irmão, o deus das forjas, também era o maior rival do seu pai, que por sinal tinha muitos, inclusive Poseidon. Depois de anos, Octavia soube o motivo para que seu pai odiasse Poseidon, portanto isso talvez explicava porque ela sentia uma grande vontade de socar a cara de Percy Jackson toda vez que o visse, afinal não só se herda o sangue divino das mães ou pais divinos, mas também se herda a inimizade e a rivalidade.

Estava tão imersa em seus pensamentos, que só despertou deles, quando viu os olhos claros de Liv se encherem de lágrimas e também observou a caçula, passar ao seu lado correndo e saindo da cabana, com as mãos sob o rosto. Tão rápido, que ninguém conseguiu impedi-la. Só então Octavia percebeu que Liv, não só estava assustada por manipular metais, mas também por quase feri-la.

Respirou fundo, se culpando por dentro por ao invés de consolar a irmã caçula, que acabou de descobrir novos poderes, apenas ficou pensativa.

— Lívia! — Ouviu Vick e seus irmãos gritarem fazendo menção de irem atrás da caçula, se aproximando rapidamente da porta da cabana, quase a atravessando, mas foram impedidos por Octavia com seu olhar sério e a mão que segurava delicadamente o braço fino de Vick.

— Ninguém vai atrás da Liv, eu vou. — Seus irmãos abriram a boca para protestarem. — Enquanto isso, vocês vão arrumar a cabana e arrumar suas coisas, malas, comida, pertences, pois ao amanhecer, vamos partir para o Acampamento Meio-Sangue... — Não conseguiu terminar, pois Augustus a interrompeu.

— Espera! Não íamos para o Acampamento Júpiter? — Seu irmão estava com os olhos arregalados e confuso, assim como todos ali, mexendo inquietamente na sua boina xadrez.

— Sim, mas resolvi mudar os planos... — Suspirou e antes que mais algum de seus irmãos resolvessem falar alguma coisa, Octavia decidiu disparar logo: — Apenas façam o que pedi, vou procurar e conversar com Lívia, quando voltar, vamos comer alguma coisa, antes de traçar nossa estratégia para chegar em Long Island, na costa leste, em segurança sem nenhum monstro nos perseguindo... — Imediatamente deu as costas aos seus irmão e saiu da cabana atrás de Liv, o mais rápido possível para evitar perguntas e mais perguntas sob sua repentina mudança de planos. Pois sabia que não conseguira contar para eles o que seu pai havia lhe contado no templo.

Esse era só mais um dos vários segredos sombrios que Octavia teria que guardar para si mesma e esconder de seus irmãos, eles não poderiam saber disso...





***





Após sua conversa com Clarisse, Nico apenas ficou ainda mais confuso e voltou para seu chalé, na tentativa de terminar de ler as outras cartas deixadas por Octavia. Talvez, fosse melhor deixar aquelas cartas de lado, sabia que esse era o certo a se fazer, mas por algum impulso sobrenatural ou divino, ele não conseguia deixar essa história de lado.

Estava curioso para saber o que dizia naquelas cartas sobre si e sobre o que ela escreveu.

Infelizmente, Octavia Stone estava morta, porém, por sorte Nico era um filho do deus da morte e uma de suas especialidades era a necromancia, talvez pudesse invocar o espírito de Octavia ou encontrar com ela quando estivesse fazendo uma visita ao Submundo, caso ela não tenha escolhido reencarnar, como Bianca havia escolhido. A verdade era que: podia encontrar com essa tal de Octavia quando quisesse...

Mas... Porque iria querer vê-la? Ela era só uma garota que estava apaixonada por si e decidiu escrever cartas... Entretanto, isso certamente não deveria ser motivo suficiente para ir atrás dela no submundo, porque caso a encontrasse, o que ele diria a ela? Iria questioná-la sobre as cartas? Iria dizer a ela que talvez não poderia corresponder os sentimentos dela? Mas do que adianta dizer essas coisas a ela?! Ela estava morta!

Já que isso era verdade, então porque se sentia ansioso e com essa vontade de ir atrás dela? Talvez fosse arrependimento por não ter a seguido até o bosque, quando a viu pela última vez? Ou seria culpa? Sabia que não poderia ter feito nada para evitar a trágica morte dela e de seus irmãos, mas se talvez eles fossem amigos naquela época antes de Bianca morrer, teria feito alguma diferença?

Perguntas e mais perguntas, sem nenhuma resposta que se preze ou valha a pena.

A pior parte dessa história toda era que: estava começando a se simpatizar com Octavia só por ler suas cartas e pelo o que Clarisse havia lhe dito. No início, havia ficado um pouco irritado por ler o que ela havia dito sobre Jason e Percy, que agora eram seus amigos mais próximos, e por ela ser uma covarde, que se escondia por detrás de palavras em um pedaço de papel, porém depois que Clarisse lhe disse que ela estava morta, Nico se sentiu culpado por estar irritado com uma garota que morreu muito nova, juntamente com os outros irmãos em um trágico incêndio.

Sentia-se absurdamente ansioso, queria ler todas aquelas cartas e tentar contatar o espírito dela, mesmo que ainda não soubesse o que dizer a ela, mas acreditava que quando terminasse de ler aquelas dezoito cartas que faltavam, ele saberia...

Quando estava prestes a abrir o envelope com o número "2", a porta do seu chalé foi subitamente esmurrada, o fazendo sobressaltar de sua cama pelo susto e automaticamente enfiou a carta de Octavia dentro da caixa vermelha, a escondendo debaixo de sua cama. Não sabia por que fez isso, era como se ele fosse culpado por algum crime e estivesse escondendo um cadáver, o que não seria estranho, porque ele é filho de Hades então...

Outra vez sua porta foi esmurrada e Nico se levantou da cama resmungando mal humorado, tudo bem que desde que a guerra contra Gaia tinha passado e ele finalmente começou namorar Will, havia se tornando uma pessoa bem mais sociável e menos "sombria", o que o possibilitou a fazer alguns amigos pelo acampamento, mas isso não queria dizer que ele não ficaria incomodado com pessoas o interrompendo quando estivesse fazendo algo importante...

Até porque ler as cartas deixadas por uma garota morta para ele, realmente era algo de suma importância.

Balançou a cabeça tentando se livrar desse pensamento, não era possível que mesmo depois de morta, aquela garota estava mexendo com a cabeça dele, a começar pelo suposto medo irracional que sentia ao pensar em alguém pegá-lo lendo as cartas de Octavia.

Por Hades, essa garota estava começando a irritá-lo.

Tentou expulsar seus pensamentos em relação à Octavia e suas cartas, quando abriu a porta de seu chalé se deparando com um loiro alto, forte, usando óculos de ouro imperial e com uma tatuagem no antebraço SPQR.

— Jason... — Disse desanimado, enquanto encarava o filho de Júpiter parado em sua porta.

— Cara, você está bem? — Perguntou o loiro, logo entrando imediatamente dentro do seu chalé, sem esperar um convite.

Nico revirou os olhos e fechou a porta.

— Como pode ver; estou bem...

— Não, não está! — Jason afirmou, o olhando fixamente. — Esqueceu da nossa reunião?

— Que reunião? — Perguntou confuso, não conseguindo se lembrar do que seu amigo dizia.

Jason suspirou.

— Café da manhã... Reunião para a sua missão de reconquistar o Will... — Disse esperando alguma reação de Nico.

— Ah... — Nico se recordou do que o Grace estava se referindo. — Sobre isso...

— O quê? Não me diga que desistiu do Solace?

Octavia havia ocupado tanto sua mente, que se esquecera que ia se reunir com Jason, que se voluntariou para ajuda-lo a reconquistar seu antigo namorado, para discutir sobre um novo plano. Entretanto, ao pensar em Will agora, Nico se sentiu totalmente desanimado e desmotivado, sabia que havia feito merda e que o Solace estava totalmente certo em não querer mais vê-lo.

Fazia cerca de dois meses que haviam terminado e Nico iniciou um plano em conjunto com Jason e sua namorada Piper, filha de Afrodite, para que pudesse reconquistar seu namorado e todas as tentativas durante ao longo desses meses foram totalmente mal sucedidas. O Di Ângelo acreditava que ao invés de reconquistar Will, ele estava dando mais motivos para o Solace odiá-lo ainda mais.

Talvez devesse reconhecer derrota, às vezes nem sempre relacionamentos dão certo, simplesmente porque é o que acontece. Namoros sempre vão e vem; o tempo todo, às vezes é questão de sorte ter alguém que retribua você na mesma intensidade, às vezes o relacionamento vai se desgastando aos poucos, obrigando o casal perceber que talvez seja hora de seguir em frente um sem outro, goste ou não. Sentia que era isso que estava acontecendo com ele e com Will, o relacionamento deles realmente foi algo incrível e bom, é claro que também sentia ainda algo pelo Solace, afinal ninguém deixa de amar alguém tão fácil assim, mas talvez fosse a hora deles seguir caminhos diferentes.

Além do mais, Will estava cada vez mais ocupado ajudando o pai, Apolo, a conseguir o perdão de Zeus depois de ter irritado o rei dos céus.

Realmente, talvez fosse a hora de seguir em frente e aceitar de uma vez por todas que ele e Will jamais vão conseguir voltar.

— Preciso te mostrar algo... — Dito isso, Nico foi até a caixa de Octavia, escondida debaixo de sua cama, a retirando de seu esconderijo e a colocando sob a cama, enquanto Jason o observava com um olhar confuso.

Nico rapidamente destampou a caixa vermelha, deixando que os olhos azuis de Jason pudessem ver plenamente o monte de cartas e os outros itens, que também estavam ali, dentro da caixa.

O loiro uniu as sobrancelhas, sem entender.

— O que é isso? — O filho de Júpiter perguntou.

— Cartas. — Nico respondeu o óbvio. — Cartas de Octavia.





***





Octavia andou por certo tempo nas redondezas da floresta envolta da cabana, ainda se sentindo completamente enjoada e seu nariz implorar por um banho, uma vez que ainda estava coberta de baba de urso demoníaco, mas ainda não podia se dar a esse luxo, pelo menos não até encontrar sua irmã caçula.

Não demorou para que Octavia avistasse Lívia, sentada em uma clareira, abraçada aos próprios joelhos, enquanto chorava e soluçava. Só de ouvir os baixos ruídos tristes e melancólicos de sua irmã, o coração de Octavia começou apertar e doer em seu peito; afinal ela tinha um pouco de culpa naquelas lágrimas, por não dizer nada a Liv, quando essa usou seu dom da metalocinese.

Suspirou fundo e deixou os ombros caírem desanimadamente, antes de continuar seu caminho até Liv e se sentando silenciosamente ao lado da caçula da família, sem coragem para encarar o rosto vermelho e choroso de Lívia, Octavia optou olhar distraída para as árvores densas e gigantes que as florestas temperadas do norte possuíam. Até mesmo a vegetação do norte era diferente do seu país natal, no Brasil, as florestas e as matas eram mais úmidas, possuindo uma variedade de plantas e árvores, coisa que era tão difícil se ver nos Estados Unidos.

Ah como sentia falta de casa, do Brasil, onde as pessoas eram animadas e tinha comidas tão gostosas, apesar de também possuir uma sociedade muito segregada e muito elitizada, com diversos problemas socioeconômicos. Pois, assim como muitas coisas tinham seu lado bom, seu país também tinha seu lado ruim...

Por um momento se perguntou se sua família não tivesse sido tirada de forma tão brutal de seus irmãos e dela, talvez eles estivessem mais felizes? Será que tudo estaria bem? Bom, pelo menos ela poderia ser sempre só a irmã mais velha e não "mãe" ao mesmo tempo. Talvez, Lívia e César gostassem do Brasil se o conhecesse, mas eles eram muito novos quando todo inferno começou, sequer puderam aproveitar com mais tempo a presença dos avós e da mãe, porque eles foram mortos e o pior de tudo foi: Octavia e seus irmãos presenciaram aquela barbárie, pelo menos Liv era a única privilegiada entre os irmãos que não se lembrava e não tinha pesadelos constantes daquela maldita noite.

Até mesmo Octavia ainda tinha pesadelos com o que tinha visto naquela noite, mas agora não os temia mais, pois tinha de ser forte por ela e seus irmãos. Eles, seis crianças, foram o único motivo que a manteve sã e a fez ficar forte, não por ela e sim por eles, para os protegerem de tudo e de qualquer coisa. Sabia que seus irmãos eram o único motivo pelo qual ainda estava viva e lutava todos os dias para continuar respirando, eles eram tudo que havia restado da sua família, eles eram sua salvação e as únicas pessoas pela qual, ela se esforçava para ser uma pessoa melhor, uma pessoa mais paciente, gentil, empática, sorridente e outras coisas mais. Seus irmãos eram a luz que a impediu de ser engolida pelas trevas do passado, por mais que ainda era difícil afastar seus demônios internos e o crescente desejo de vingança.

— A mamãe gostava de lugares assim... — Comentou, enquanto ouvia os cantos dos pássaros no alto das copas das árvores. — Dizia que lugares assim a deixavam relaxada e inspirada para pintar...

Helena além de ser uma ótima mãe, ainda era uma excelente pintora, Octavia havia herdado o hobbie da mãe por pintura e desenhos, mas já fazia muito tempo que não pintava ou desenhava algo, afinal quando estava no acampamento meio-sangue só sabia e queria desenhar o filho de Hades, Nico Di Ângelo, sua grande paixão platônica de infância. Pintar e desenhar sem sua mãe ao seu lado lhe ajudando, lhe dando dicas das combinações de cores perfeitas ou de como fazer um traçado perfeito, não tinha muita graça ou tampouco era divertido fazer essas coisas como antes, porque agora ela estava morta e Octavia não podia fazer nada em relação a isso.

— Como ela era...? — Ouviu Liv perguntar ainda com uma voz chorosa, se referindo a falecida mãe.

— Incrível... — Disse automaticamente. — Era a pessoa mais generosa, linda e com um grande coração. Ela possuía uma luz própria, sabe? Qualquer lugar que ela fosse ou ia, deixava todos alegres e totalmente leves só com sua presença. — Então se virou para a caçula, que lhe olhava atentamente com os olhos castanhos um pouco inchados e vermelhos, mas com um brilho fascinante. Octavia sorriu para Liv. — Mas também era teimosa como uma mula, ai de quem ousasse desobedece-la ou a respondesse, ela virava um monstro.

Liv riu.

— Até mesmo com o papai?

— Principalmente com o velhote. — Octavia revirou os olhos. — Uma vez, quando tinha nove anos e Vick seis, nossa mãe pegou o velhote comendo um pedaço do bolo de cenoura, do qual ela disse que não era para comer ainda e sabe o que aconteceu?

Liv negou, balançando a cabeça para os dois lados.

— Bateu na cabeça dele com um rolo de macarrão.

A caçula arregalou os olhos e depois gargalhou.

— E ele o que fez?

— Ficou resmungando mal humorado, disse que ela era pior do que o próprio Hércules, no quesito força. Mamãe sempre teve a mão pesada para certas coisas e delicada demais para outras.

— Ela também tinha nossa força?

— Tinha! Ela era um legado de Júpiter, consequentemente herdou a força desumana de Hércules e a imunidade de Perseu a certos poderes passivos dos filhos de Júpiter. — Disse. — Soube mais tarde que ela frequentou o Acampamento Júpiter e, tanto ela quanto Quíron, o centauro, eram amigos próximos.

Liv ficou pensativa por um instante e desviou o seu olhar perdido para suas pequeninas e delicadas mãos, tão diferentes das mãos calejadas e com algumas leves cicatrizes de Octavia... Segurar e manejar armas, não era algo que deixava as mãos muito bonitas, na verdade, com o tempo elas se tornavam mais bruscas e menos delicadas.

— Esse "dom" especial que temos... Como é o nome, mesmo?

— Metalocinese.

— Não é estranho isso?! Quero dizer, esse dom deveria ser exclusivo dos filhos de Hefesto, já que consiste em manipular metais, certo?!

Octavia fez careta.

— É uma boa observação, Liv, mas não se esqueça que grande parte das armas e equipamentos de guerras são feito de grandes metais resistentes. É um dom raro de se ver em filhos de Ares, pois... — Octavia parou imediatamente de falar, porque havia percebido que quase havia deixado escapar uma informação importante, que geraria preocupação entre seus irmãos e depois de tudo que já aconteceu, a última coisa que eles precisavam eram se preocupar.

Porém, Liv era uma garotinha irritantemente esperta, com certeza havia percebido algo errado no silêncio repentino na irmã mais velha.

— Pois...? — A olhou sugestivamente, a incentivando a continuar.

— Pois é algo difícil de manipular com êxito. — Não havia mentindo, aquilo que havia dito era uma verdade, porém ainda assim, ocultou o que estava prestes a dizer anteriormente.

Logo o semblante de Liv, mudou completamente para um triste e melancólico, o mesmo que estava, quando Octavia a encontrou.

— Tavy, me desculpe por mandar as facas em você, não foi intencional, juro pelo Estige e ainda aceito o castigo. — Disse olhando para o chão, sem coragem para encarar a irmã mais velha. — E me desculpe pela baba do Fofo... — Disse baixinho.

Octavia se aproximou da caçula e a envolveu num abraço apertado e beijou o topo de sua cabeça, enquanto Liv aceitava seu gesto de carinho e também abraçava a irmã, mesmo com a mais velha fedendo.

— Eu sei... Tá tudo bem, não se preocupe... — Sussurrou.

— Ah? Tavy? — Liv a chamou em meio ao abraço.

— Sim?

— Você ainda tá fedendo... — Fez uma careta desgostosa, quando se afastou, apertando o nariz com a mão esquerda e abanando o ar ao redor com sua mão direita, na tentativa de espantar e não sentir o fedor.

Octavia riu, mas mesmo com um semblante tranquilo e relaxado, sua mente ainda era rodeada pelo o que quase deixou escapar para Liv.

Metalocinese era um dom raro nos filhos de Ares, porque quando um deles o desperta; é um sinal de mau presságio. Um sinal de que uma grande guerra está por vir e que era para se prepararem para isso, assim como John Rech despertou seu dom antes do início da segunda guerra mundial e assim como Hipólita também despertou seu dom antes da amazonomaquia, contra Hércules e seus companheiros, pelo seu cinturão roubado.

Em todos esses anos em que estava viva, Octavia, soube de duas guerras iniciadas e travadas: a segunda guerra titã e a guerra contra Gaia; ambas foram vencidas por Percy Jackson e seus aliados, mas Octavia e seus irmãos se mantiveram neutros nos dois conflitos, sem participarem ativamente, pois ainda tinham que se manterem "mortos". Talvez o dom de seus irmãos e de si, fosse apenas o presságio sobre essas duas grandes guerras, o que a deixava aliviada, por elas já terem acabado e sequer ela e seus irmãos tiveram uma participação direta. Estava aliviada por todo o caos instaurado pelas guerras, finalmente tinha acabado.

Entretanto, Octavia mal sabia que uma nova guerra se aproximava, colocando ela e seus irmãos diretamente no conflito, sem a opção de neutralidade, pois a ascensão do rei deposto, só estava apenas começando...

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